Esta é a quinta parte de um texto sobre minha experiência em Londres em 2018. Se você ainda não leu, clique aqui para ler a primeira, aqui para ler a segunda, aqui para ler a terceira ou aqui para ler a quarta.
Em 1993, o show de despedida de Bruce Dickinson, que deixava o Iron Maiden, contou com a participação do ilusionista Simon Drake, que apresentou números especialmente desenvolvidos para a ocasião, como o momento em que Dave Murray tem suas mãos decepadas e o gran finale, onde Bruce Dickinson é assassinado.
Em 1993, o show de despedida de Bruce Dickinson, que deixava o Iron Maiden, contou com a participação do ilusionista Simon Drake, que apresentou números especialmente desenvolvidos para a ocasião, como o momento em que Dave Murray tem suas mãos decepadas e o gran finale, onde Bruce Dickinson é assassinado.
25 anos se passaram, e agora eu estava em Londres. Fabio, um amigo da Bahia que conheci através do Facebook, decidiu aproveitar minha estadia na cidade para ser meu "corre manager". Apesar de estar na cidade para conhecer ex integrantes do Iron Maiden, eu estava de "férias". Sim, da pra conhecer muitas celebridades em Londres que jamais vieram ao Brasil. Mas eu não estava lá para perder meu precioso tempo em esperas em hotéis ou aeroportos. Se fosse fácil e certo, eu aceitava, se não, deixava passar. E é nisso que consistia o "trabalho" de Fabio: ele entrava em contato com celebridades e tentava agendar um encontro entre eu e elas.
Naquele dia, o mesmo que fui ao Ruskin Arms, visitei as ruínas dos Sarm West Studios e o Eventim Apollo (Hammersmith Odeon), Fabio me disse que havia agendado um encontro com Simon Drake. Toda a tratativa foi com a esposa do mágico, que disse "meu marido foi levar as crianças comer hambúrgueres, seu amigo pode se encontrar com eles lá". Não lembro exatamente onde foi o encontro, só sei que tomei o underground (metrô), fui até a estação mais próxima do lugar, caminhei algumas quadras e... quando entrei na hamburgueria, Drake me convidou para sentar com ele e seus filhos. Tivemos uma longa conversa. Meu inglês não é perfeito, mas consegui entender praticamente tudo que ele me disse.
Ele contou que aquela foi sua primeira e última experiência com uma banda. Ele sabia bem que aquele show foi especial, pois era a despedida de Bruce Dickinson, e o direito de transmissão ao vivo foi comercializado para o mundo inteiro: "o Iron Maiden lucrou milhões com aquele show, mas eu ganhei apenas £10.000 para fazer o que fiz. Minha mágica atingiu milhões de pessoas, então fiquei com a sensação de que perdi dinheiro. Nunca mais quis trabalhar com bandas...". Ele disse que hoje em dia trabalha em um show próprio e me deu um panfleto com detalhes do espetáculo. Pedi para que autografasse, e fui prontamente atendido.
Seus filhos eram crianças adoráveis. Um tanto pequenas, estavam muito curiosas sobre o fato de eu não falar inglês corretamente. Sentado à mesa com a família, os acompanhei na degustação de um hambúrguer. Quando todos terminaram de comer, Simon pagou a conta - inclusive a minha parte - e se despediu. Não precisava, eu poderia pagar, mas ele fez questão. Foi um grande prazer conhece-lo, ele foi realmente muito agradável, me fez sentir entre amigos, fazendo com que minha experiência na cidade fosse um pouco mais memorável. Fabio realmente marcou um golaço agendando um encontro entre nós, com certeza ambos curtimos a experiência.
O vídeo abaixo foi postado em meu perfil do Facebook, na época do acontecimento:
Na mesma noite, eu iria a um pub afastado, no extremo norte de Londres, para assistir ao show de Den & Dave (Dennis Stratton e Dave Edwards). Para chegar, fui à última estação da Central Line, Epping e, de lá, ainda eram uns quatro quilômetros para o pub. Fui de taxi. No caminho, recebi uma informação boa: Paul McCartney acabara de postar que estava em um trem, vindo de Liverpool para Londres. Eu poderia abortar a chance de conhecer Dennis Stratton, o guitarrista que tocou no primeiro álbum do Iron Maiden, para tentar encontrar McCartney, mas mesmo se conseguisse seria muito difícil convence-lo a tirar uma foto. Preferi não trocar o certo pelo duvidoso.
O táxi entrou em uma rodovia sem iluminação, com mato dos dois lados. De repente, no meio do nada, surgiu o pub. Era o único ponto iluminado em quilômetros. Entrei. Havia muitos casais, todos na faixa dos 60 anos, talvez um pouco mais, muitíssimo bem arrumados, e eu era o único cabeludo com camiseta do Iron Maiden. Dennis estava arrumando o equipamento, testando tudo. Me viu e veio falar comigo. Expliquei que era do Brasil e que estava lá somente para conhece-lo. Ele foi bastante atencioso, assinou tudo o que levei. Disse que por várias vezes produtores brasileiros entraram em contato, querendo leva-lo ao Brasil, mas que nunca deu certo.
O repertório era composto por covers de bandas conhecidas, com ambos na guitarra e Dennis na voz na maioria das músicas. Quando terminou, tirei uma foto com ele, e outra com Dave. Quando chamei Dave, ele achou que era para ele tirar uma foto minha com Dennis, mal acreditou quando eu disse que era com ele que eu queria a foto. Na verdade, eu sabia muito bem quem ele era: o homem que acompanhava Dennis em seus projetos há décadas, especialmente em uma banda chamada Remous Down Boulevard, com quem Dennis tocou ainda antes de integrar o Iron Maiden.
Dennnis Stratton, guitarrista que participou da gravação do primeiro álbum do Iron Maiden |
Dave Edwards, guitarrista que acompanha Dennis Stratton em seus projetos há quase 50 anos |
Mas havia um problema: após o show, eu precisaria de um táxi para retornar ao underground ou ao hotel. Eu não tinha como chamar táxi ou uber, pois meu travel card era rejeitado pelos aplicativos - e nunca entendi exatamente o porque, já que estava devidamente carregado - na prática, é um cartão pré-pago. Eu estava no meio de nada, não havia onde encontrar táxi. Retornei ao pub, falei com Dennis, e expliquei o que acontecia. Ele foi falar com o dono do pub, que conseguiu chamar um táxi para mim.
Eu o ajudei a carregar todos os equipamentos para o carro. Ele poderia, então, simplesmente se despedir e ir embora, mas fez questão de ficar até me ver dentro do táxi. Achei isso de um respeito e consideração enorme, foi uma grande noite. Mesmo sabendo o quanto seria caro, optei por ir de taxi até meu hotel, já estava tarde e no dia seguinte eu viajaria para a Grécia.
Esta é a quinta parte de um texto sobre minha experiência em Londres em 2018. Se quiser ler a sexta parte, clique aqui.
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