segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Os corres mais varzeanos de todos os tempos

Rage

Em fevereiro de 2018, houve o show do Rage no Vic Club. A banda tocou dia 3 em Buenos Aires, dia 4 em São Paulo e dia 7 em Bogotá. Saber o dia da chegada era óbvio: o mesmo do show. Adivinhar o dia da saída seria mais complicado, pois haviam dois days-off. A banda poderia voar tanto no dia seguinte, 5, como poderia ir no dia 6. Voar no dia 7 era possível, mas extremamente improvável, então valeria apostar entre os dias 5 ou 6.

De fato, a banda chegou dia 4 da Argentina, e a van que a recepcionou no aeroporto a conduziu diretamente ao local do show, onde seus integrantes passaram o resto do dia. Após o show, a van levou os músicos ao hotel. Mas... não havia quartos! Era apenas para tomar banho e se arrumar, em quartos onde estavam integrantes de outra banda, trazida para outro evento pela mesma produtora. Banho tomado, era hora de entrar na van e retornar ao aeroporto, onde embarcaram às 02:00hs da manhã direto para Bogotá.

Não lembro exatamente porque não fiz esse corre. Na tarde do dia seguinte, Carlos e Jessica chegaram ao hotel, acreditando que a banda possivelmente ainda estaria por aqui. Quando chegaram, souberam o que aconteceu. Inacreditável! Entre a banda chegar e sair da cidade, foram menos de 12 horas!

Artillery

Em novembro de 2014, os dinamarqueses do Artillery apresentaram-se ao lado das bandas nacionais Raptores, Infected, Lama Negra e Nervosa. Os ingleses do Onslaught também estavam escalados para tocar, mas poucos dias antes cancelaram todos os shows no Brasil. O evento foi totalmente underground, do jeito que o povo gosta, a começar pelo local realmente inusitado: debaixo de um viaduto na Vila Leopoldina. O palco foi improvisado sobre a laje de um banheiro que era utilizado por operários de uma obra próxima. O preço dos ingressos? R$30,00

Eu não tenho fotos com os caras do Artillery, então queria fazer o corre, mas era casado, e às vezes cedia à pressão de Sheila para ficar quieto em casa, o que aconteceu nessa ocasião. Por outro lado, meus amigos Leo, Ellen e Givaldo fizeram e contaram como foi. Eles não sabiam em qual hotel a banda estava, então pareceu uma boa ideia tentar diretamente na entrada do local. Isso costuma funcionar bem com bandas minúsculas, como é o caso do Artillery.

Ellen descreve que o lugar era bem zoado, com muito lixo no entorno, e que se lembra de haver um rato morto enorme bem diante de onde estavam esperando. Quando a van que trouxe a banda chegou, houve a abordagem, e as fotos rolaram numa boa. Pelo conjunto de fatores inusitados, este é um relato que certamente vale ser lembrado.

Theatre des Vampires

A saga da última turnê sul-americana da banda italiana Theatre des Vampires começou em 2012, quando seus integrantes foram deportados assim que chegaram ao continente. A turnê começou pela Venezuela, cuja economia começava a colapsar ao nível em que o país se encontra hoje - as primeiras notícias de largo desemprego e hiperinflação datam dessa época. Tão logo chegaram ao aeroporto, a banda foi abordada por policiais alfandegários, que alegaram problemas na documentação e também disseram que os músicos não eram bem vindos no país, em um claro ato político de intolerância cultural.

As datas nos outros países foram remarcadas para o ano seguinte. No Brasil, a vergonha alheia foi total: mesmo com ingressos baratos, a casa onde a banda tocou recebeu no máximo 40 pagantes, o que certamente causou um enorme prejuízo à produtora local. Os integrantes foram hospedados em um hotel de alta rotatividade. Sabe aqueles "hotéis" que cobram 20 reais por 2 horas, 30 reais por 3 horas, ou 50 reais por período de 12 horas, utilizados apenas quando você está sem dinheiro e quer dar uma rapidinha?! Pois é... A banda foi levada ao local do show de táxi. Jamais senti tanta pena de como uma banda foi tratada neste país. Para ler o relato completo deste corre, clique aqui.

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