sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Village People

Em dezembro de 2015, um inusitado corre de última hora simplesmente surgiu. Eu estava pesquisando no Google sobre as bandas que viriam ao Brasil em 2016, quando vi a notícia do show do Village People em São Paulo, ainda em 2015. Obviamente sou muito bem informado no que diz respeito aos shows que acontecem em São Paulo, estou sempre pesquisando sobre o assunto, mas fui completamente surpreendido, eu simplesmente não tinha ideia de que essa banda passaria pela cidade. Pior: o show seria em apenas... 3 dias!

Durante o tempo em que fiz corre, o Village People veio em 2011. Kevin me chamou, mas eu não quis acompanha-lo. Depois que ele conseguiu, pensei "por que não fui?!". É um estilo que eu jamais colocaria para tocar por livre e espontânea vontade, mas todos que viveram os anos 70 e 80 - e eu vivi - tiveram a vida marcada de alguma maneira por hits como Macho Man e Y.M.C.A, que embalavam todas as festas e baladas.

Se eu tivesse aceitado o convite, teria conhecido David "Scar" Hodo, o operário da formação original. Quando tentei conhece-los, quatro anos depois, apenas Felipe Rose (o Índio) e Alex Briley (o soldado) ainda restavam como integrantes originais. Depois ambos também saíram, mas o vocalista original Victor Willis (o policial) retornou. Por isso, se o Village People voltar ao país, eu estarei novamente.

O show foi no Studio Verona, em Santana, zona Norte. Desconfiávamos de alguns hotéis que eram bastante suspeitos de hospedar a banda, pois eram próximos ao local. Fomos em alguns deles e não detectamos sinal algum de que o Village People estivesse lá. Decidimos ir até o local do show para, quem sabe, conseguir alguma informação. O maior problema é que, ao vivo, a banda usa playback, para todos possam pular e dançar a vontade enquanto cantam. Será que banda assim passa som? É o que iríamos descobrir.

Quando chegamos, uma van vazia deixava o local. O motorista desceu para trancar o portão, Jéssica se aproximou e perguntou se ele estava com a banda, ele confirmou. Ela perguntou o hotel, e ele respondeu uma opção muito improvável: Hilton. Era literalmente do outro lado da cidade, longe pra caramba, não fazia sentido algum. Parecia que ele estava nos trollando mas, naquela altura, era a única informação que tínhamos, então decidimos averiguar. 

Quando chegamos, esperamos por algum tempo, sem sinal algum. De repente, vi alguém fantasiado dentro do hotel. Não enxergo tão bem a noite, então apontei na direção e pedi para que Carlos desse uma olhada. Ele já começou a me tirar um barato: "alguém fantasiado kkkk é o índio!". Com efeito, era ele mesmo. Mas eu esperava encontra-lo com um cocar enorme, tal como o que usava nos clipes, mas era apenas um penachinho. De qualquer forma, está valendo.

Era deste modo que Felipe Rose se apresentava nos anos 70/80 e era assim que eu esperava encontra-lo
Felipe Rose saindo do hotel já devidamente fantasiado, pronto para subir no palco

Um a um, todos saíram e nos atenderam. O cowboy, o soldado e o motoqueiro estavam, tal como o índio, devidamente trajados, o operário e o policial não. Todos foram extremamente simpáticos, pareceu mais um encontro de amigos do que um corre de banda.

Bill Whitefield era o novo operário, substituindo o clássico David Hodo
Jim Newman era o cowboy, substituindo Jeff Olson, que viveu o personagem por 23 anos entre 1990 e 2013
Alex Briley, o soldado, era o outro remanescente da formação original
Ray Simpson era o policial, estava na banda desde 1987
Eric Anzalone, o motoqueiro, na banda desde 1985. O integrante original, Glenn Hughes, faleceu em 2001 de câncer no pulmão

sábado, 5 de dezembro de 2015

Comic Con 2015: Jorge Garcia

Alerta de spoiler: contêm algumas confissões de crimes de menor gravidade, todos já prescritos.

Lost foi um seriado extremamente marcante em minha vida e, principalmente, na vida de Sheila. O interesse dela foi tanto, que começou a participar da comunidade Lost Brasil, no Orkut, onde eram debatidas as teorias sobre os mistérios da ilha. Não demorou muito para que encontros presenciais fossem agendados, e ela conheceu pessoas com quem mantêm amizade até hoje. A bem da verdade: quando foi lançada, em 2004, a série não era oficialmente exibida no Brasil. A Globo só começou a exibir os episódios da primeira temporada em 2006, quando já estávamos assistindo à terceira temporada.

Era época onde serviços como Megaupload, File Factory,  Depositfiles, Easy-Share, entre outros, pagavam pelo download de arquivos que estivessem hospedados em seus servidores. Geralmente era um dolar para cada 1.000 downloads. Pode parecer pouco, mas logo percebemos que poderíamos conseguir milhões de downloads. Não demorou para que começássemos a subir os episódios em diversos formatos (AVI, RMVB, RMVB legendado). A coisa chegou em um nível tão doentio, que havia uma noite na semana em que não dormíamos, apenas para estar com os arquivos em dia nos servidores.

Se não me engano, cada episódio saía por volta de 2 da manhã. Fazíamos o upload para os servidores e assistíamos em inglês, sem legendas. Até o amanhecer, a legenda já estava disponível, então codificávamos um arquivo RMVB com ela, e também subíamos para os servidores. Quando eu estava no ônibus ou no metrô, a caminho do trabalho, assistia novamente, desta vez com a legenda. De noite, após o expediente, assistíamos pela terceira vez. Todo esse esforço compensou e muito: nosso orçamento ficou muito mais folgado, pois recebíamos diversos pagamentos dos servidores. Foi, inclusive, com essa folga, que conseguimos, em nossos primeiros corres, pagar os hotéis onde as bandas estavam.

Então é claro que, quando comecei a fazer corres, qualquer aproximação com qualquer integrante do elenco seria especial para nós. Algumas vezes conseguimos, outras não tivemos sorte. No decorrer dos anos, conhecemos Evangeline Lilly (Kate Austen), Naveen Andrews (Sayid Jarrah) e Rebecca Mader (Dra. Charlotte Lewis). Em compensação, Dominic Monaghan (Charlie Pace), Ian Somerhalder (Boone Carlyle) e Rodrigo Santoro (Paulo), estiveram no Brasil após a gravação do seriado, mas não conseguimos conhece-los. Agora era vez de um de nossos personagens prediletos: Hugo Reyes, o Hurley, interpretado por Jorge Garcia, que viria para a segunda edição da Comic Con em São Paulo.

No dia da chegada dele ao país, eu e Sheila acordamos cedo e fomos ao aeroporto de Guarulhos, para tentar conseguir foto com ele assim que ele passasse pelo portão de desembarque. No caminho, curiosamente, fomos conversando sobre a polícia federal, responsável por toda a segurança do perímetro aeroportuário. Lembro claramente de dizer a ela que eu jamais arrumaria confusão no aeroporto pois, até onde sei, seria tratado como crime federal, não como crime comum. Parecia até que eu estava prevendo o que estava prestes a acontecer...

Quando chegamos, logo identificamos dois grupos que não gostaríamos de encontrar: os hunters que vão em corres de cantoras como Ariana Grande, Lady Gaga, Pink, Beyoncé, Shakira, Jessie J, Katy Perry, Lana Del Rey, entre outras. Eles são conhecidos por diversas características desagradáveis, que incluem andar em bando - quando um tem uma informação, é como se todos tivessem, um passa para o outro, que passa para o seguinte; então chegam ao hotel ou aeroporto em grupos de 10, 20 pessoas. Além disso, não tem a menor noção de respeito ou civilidade: berram, choram, se jogam no chão, desrespeitam segurança, xingam a artista se ela não quiser atender. Enfim, um bando de arruaceiros. São 10 vezes piores que os hunters do bem.

Enzo*, um dos representantes desse grupo, me disse uma vez que não se incomoda em se humilhar para a artista, "pois ela nunca mais o verá novamente". Na maioria das vezes eles conseguem fotos incríveis. Porém, para conseguir como eles, prefiro não conseguir. Meus corres são educados, calmos, procuro proporcionar uma experiência legal para o artista e para mim mesmo. Já eles... Não tem nem como comparar!

O segundo grupo era ainda mais preocupante: três integrantes de uma equipe do Pânico. Eles estavam ali para tumultuar, a ideia era se jogar em cima de Jorge Garcia, berrando e fazendo o estilo "fã maluca", empurrando o cara, apenas porque seria engraçado colocar isso na TV. Grupos como esses já tentaram nos atrapalhar anteriormente, em corres como Paul McCartney, Paulo Maluf e Quentin Tarantino. Nos dois primeiros, não conseguiram, mas no último ficamos sem a foto por causa deles. Era de se prever que conseguir a foto com Jorge Garcia seria muito complicado.

Decidimos deixar que os outros fizessem a abordagem, pois seria pior se abordássemos primeiro, pois com certeza surtariam. Porém, admito: não foi tão ruim quanto pensamos que pudesse ser. Garcia desembarcou com a família e não pareceu muito disposto a atender, mas parou e começou a dar autógrafos. Houve alguns gritos, alguns empurrões, mas aparentemente todos conseguiríamos ao menos uma foto com ele.

De repente, senti alguém pulando em minhas costas, o que me fez desequilibrar e quase cair em cima de Jorge. Era um dos engraçadinhos do Panico, berrando para Garcia lhe dar a mão, "pois ele não estava mais perdido". Nesse momento, Jorge desistiu de atender e entrou o mais rápido que pode no carro que o aguardava, enquanto o mesmo cidadão lhe pedia um abraço, tudo para tumultuar. Sheila conseguiu registrar Garcia entrando no veículo, mas meu cabelo quase o encobriu.


Enquanto eu guardava a câmera e a foto que levei para Jorge autografar, Sheila passou pelo pessoal do Panico e disse algo como "eu não entendo como vocês podem acordar cedo apenas para vir atrapalhar a vida de quem só quer conseguir uma foto com ele", e seguiu caminhando. A essa altura, eu já havia guardado tudo e caminhava alguns metros atrás dela, quando ouvi um deles dizer algo como "essa vagabunda não tem louça para lavar em casa?!".

Primeiro, ele estava xingando a minha esposa. Segundo, ele tinha atrapalhado uma foto que seria uma das mais especiais para mim. Me aproximei sem dizer nada e já cheguei socando o infeliz, que caiu ao chão. Em seguida bati no segundo e já estava correndo atrás do terceiro. Foda-se se era crime federal, eu estava super a fim de socar a cara deles e naquele momento nada iria me impedir, nem mesmo os federais. Porém, para minha surpresa, em um aeroporto completamente monitorado por câmeras, ninguém apareceu.

Sheila tentou me segurar, quando um deles me acertou um soco na lateral do rosto. Consegui me desvencilhar e pancadaria continuou. Quando ela conseguiu me segurar novamente, tomei outro soco, na outra lateral. Nada muito ruim, eles bateram como menininhas. Mas ela me convenceu a finalizar a briga e embarcar com ela em um ônibus que fazia o traslado entre os terminais. Assim que a porta se fechou, conosco dentro, um deles começou a chutar o vidro da porta, berrando algo como "marquei a sua cara, você está fudido", aquelas coisas que se diz quando uma briga termina. 

Do terminal 3 fomos ao terminal 1, onde tomamos o ônibus para o Tatuapé. Tomamos o metrô, baldeamos na Sé e em Pinheiros, e fomos até a estação Morumbi, para continuar o corre no hotel Hyatt, onde a maioria das atrações da Comic Con estavam hospedadas. Jorge Garcia hospedou-se no Fasano. Não tentamos ve-lo novamente, preferimos ficar onde estávamos, pois havia muitos outros artistas ali, e somente Garcia no Fasano.

De repente, recebi uma mensagem da Jess perguntando se estava tudo bem, respondi que sim. Ela disse que ouviu diversas versões sobre o que aconteceu. Uma delas dizia que fui algemado e preso, outra que fui eu quem levou a pior, que saí sangrando. A foto abaixo, com o escritor e desenhista de histórias em quadrinhos Frank Miller, aconteceu cerca de três horas após a briga. Parece que fui preso ou que apanhei?!


Posteriormente, comentando sobre o ocorrido com outros hunters, como Carlos e Marcelo Zava, lamentei muito que a maioria não tivesse se interessado em fazer esse corre. Todos, sem exceção, disseram que, se estivessem, o pau teria comido solto. Entre os hunters, ninguém gosta desses caras.

ATUALIZAÇÃO

Após postar esse texto, um amigo me enviou um vídeo gravado pelo Panico, que mostra muito do que contei, a partir de 00:59. Eu apareço em 01:35, com a mesma camiseta do Blaze Bayley da foto acima.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

U.D.O.

Quando Udo Dirkschneider retornou a São Paulo com sua banda U.D.O., eu e Carlos fomos ao hotel, onde conseguimos as fotos com muita facilidade. Antes de encontrar com Carlos, eu me encontrei com Daniela*, uma amiga de 15 anos que queria tirar fotos com a banda, na estação Barra Funda. O hotel era perto, então fomos caminhando.

Quando foi tirar foto com Udo, Daniela não se conteve: "você é muito parecido com meu avô". Que triste fim para o senhor Dirkschneider!

Udo Dirkschneider, sempre um cara bacana 
Kasperi Heikkinen era guitarrista do U.D.O., mas saiu da banda em 2017
Andrey Smirnov, guitarrista do U.D.O.
Fitty Wienhold era baixista do U.D.O., mas saiu da banda em 2018
Sven Dirkschneider, filho de Udo, era o novo baterista da banda. Era a primeira vez que veio ao Brasil
Harrison Young, tecladista de turnê que tocou ao vivo com o U.D.O. entre 2015 e 2018


sábado, 31 de outubro de 2015

Olho Seco + Cólera

Pode não parecer, mas sou fã de Cólera desde 1986. Tudo começou em meu aniversário, quando meu tio levou-me ao Center Norte para comprar presente. Dei uma fuçada em uma loja de vinis que tinha lá, e encontrei o "Pela Paz em Todo o Mundo". Eu não conhecia o som, mas levei para conhecer e curti bastante. A partir de então, procurei colecionar, tive também o álbum "Tente Mudar o Amanhã", o EP "É Natal!!?", as compilações "Grito Suburbano", "Ataque Sonoro", "Sub", "Cólera e Ratos de Porão ao vivo no Lira Paulistana".

Cresci admirando Redson, é um cara que lamento muito não ter conhecido. Ele faleceu em 2011, aos 49 anos, vítima de hemorragia interna causada por uma úlcera no esôfago. Ok, comecei a fazer corres três anos antes, mas ainda não tinha todas as habilidades necessárias para encontra-lo. Poucos meses antes de Redson falecer, o Cólera apresentou-se no Sesc Pompéia, pertíssimo de onde eu morava, mas infelizmente não fiquei sabendo.

Quatro anos se passaram e agora o Cólera se apresentaria novamente no Sesc Pompéia, desta vez com a companhia do Olho Seco, outra banda que eu curtia desde os anos 80. Chegou a hora de conhecer seus integrantes. Tive a companhia de Raphael - um hunter que se especializou em tirar fotos com bandas brasileiras - e sua esposa. Com ele, reconhecer os músicos não seria um problema. Fomos, inclusive, para assistir aos shows. 

Tão logo entramos já encontramos Clemente Nascimento, dos Inocentes. Fiquei surpreso quando Raphael contou que ele também estava no Plebe Rude há algum tempo. Sinceramente não sabia. Claro que conheço Plebe Rude, também desde os anos 80, mas não ouvi falar mais nada desde "O Concreto já Rachou", não acompanhei.

Não sou grande fã de Inocentes, mas é necessário reconhecer a importância de Clemente Nascimento para o punk rock brasileiro

Antes mesmo dos shows começarem, eu e Raphael já abordamos os caras do Olho Seco. Que prazer conhecer e trocar uma ideia rápida com Fábio Sampaio, o vocalista. Esse cara é uma lenda! Conhecer os músicos foi bacana, mas conhecer Fábio foi especial, pois a história dele confunde-se com a própria história do punk paulistano.

Fabio Sampaio é definitivamente uma lenda, com história e relevância absurda na cena punk
Ricardo Quattrucci (guitarrista) e Fabio Braga (baixista) do Olho Seco
Felipe Khaos, baterista do Olho Seco

Quanto ao Cólera, só conseguimos abordar os músicos depois do show. Se por um lado é impossível conhecer Redson, por outro 2/3 da formação clássica ainda estava lá, o baixista Val e o baterista Pierre. Levei todos os LPs que encontrei para os músicos assinarem. Não sei se brincando ou não, mas Val viu o que eu tinha e disse: "velho, você tem umas coisas aqui que nem nós da banda temos".

Wendel Barros foi roadie do Cólera por 3 anos e teve aulas de canto com Redson. Tornar-se o vocalista era a opção natural
Redson cantava e tocava guitarra. Como Wendel apenas canta, a banda contratou também o guitarrista Fábio Belluci
Val esteve por alguns anos afastado do Cólera, mas retornou antes da morte de Redson e está até hoje
Pierre é irmão de Redson e tem um autógrafo interessante: 兀R

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Picture hunters não serão bem vindos

Heloísa, assessora de imprensa que trabalha com a Free Pass, é super de boa, super amigável. Ela é, inclusive, minha amiga no Facebook e sempre me cumprimenta com um sorriso no rosto quando me encontra nos hotéis. Ela não facilita minha vida, não me passa informações, mas principalmente, não me atrapalha. Ela sabe o que vou fazer e como vou fazer, ou seja, se a banda ajudar, em apenas cinco minutos estarei a caminho de minha casa, com as fotos e autógrafos. Algumas vezes vou aos shows, algumas vezes não, e está tudo bem!

Por outro lado, existem profissionais cujo trabalho relaciona-se diretamente com as produtoras que trazem bandas ao Brasil, que parecem bobos. Eles incomodam-se com o fato de haver fãs que querem conhecer e tirar fotos com os integrantes de suas bandas favoritas. Aqui darei nome ao boi: no caso, me referiro a Costábile, assessor de imprensa independente que trabalha com diversas produtoras de São Paulo.

Houve mais, mas citarei dois exemplos: em 2013, quando veio o Anvil, ele estava em frente ao hotel quando cheguei e abordei Robb Reiner. Assim que me viu, fez um "tsc" de desaprovação. No mesmo dia, fomos estranhamente expulsos de um hotel de 3 estrelas, e eu poderia apostar que foi recomendação dele ao gerente. Se neste caso ficou a dúvida, dois anos depois houve a certeza: no corre do Opeth, nos viu no hotel, foi reclamar na recepção, que reagiu enviando um segurança "estagiário" para nos expulsar. Em ambas as ocasiões, ele atrapalhou pouco, pois conseguimos as fotos do mesmo jeito.

Se trabalhasse com uma produtora grande, que traz as bandas gigantes - aquelas que lotam estádios - talvez fosse capaz de nos atrapalhar de verdade, instruindo aos seguranças para não aliviar em nada. Trabalhando com produtoras de bandas pequenas, no máximo consegue nos irritar. Eu me pergunto porquê um cara desses quer me ver irritado? E se eu me irritasse de verdade e fosse à porta do show para avisar todos os fãs da fila em que hotel a banda está?! A coisa poderia tomar proporções inesperadas.

Já imaginou produtora pequena tendo que gastar mais dinheiro hospedando as bandas em um hotel melhor ou contratando seguranças? Isso certamente impactaria o preço dos ingressos, que já estão caros. E tudo por que? Porque um assessor de imprensa se incomoda em me ver nos hotéis, mesmo sabendo que não sou problema, não arrasto uma multidão comigo, geralmente resolvo tudo em cinco minutos e vou embora.

Essa implicância sem sentido atingiu outro patamar quando, em 2015, foi o responsável pela coletiva de imprensa do CJ Ramone. Nas redes sociais, divulgou o seguinte comunicado:

Puta merda... Quem vê pensa que é a coletiva de imprensa do Ozzy Osbourne 😆 A sorte de Costabile é que C.J. Ramone veio ao Brasil diversas vezes, então todos que fazem corre já têm foto com ele. Apenas por esse motivo, nenhum "picture hunter" prestigiou o evento. Se fosse algum artista que algum "picture hunter" não tivesse foto ainda, a coisa seria bem diferente.

domingo, 25 de outubro de 2015

Lucero

Sendo muito sincero: eu não tinha ideia de quem era Lucero, mas quando ela veio a São Paulo, em 2015, Marcelo Zava insistiu que eu o acompanhasse no corre: "é a menina que fez Chispita". Até aí tudo bem, lembro vagamente, é do meu tempo mas não assisti, então realmente não tinha muito ideia de quem ela é. Desde que eu não atrapalhasse nenhum fã, por mim tudo bem.

O problema seria outro: corre teen. Os fãs dela são aqueles típicos retardados que vão ao aeroporto em bando para berrar e ganhar tchauzinho à distância. É o tipo de corre que não gosto de fazer, dá vontade de sair metendo porrada. Eu vou a corres para ter o melhor tipo de interação com o artista, quero apenas foto, autógrafo, e procuro incomodar o mínimo possível, mas eventualmente isso se transforma em conversa, sempre na maior educação e civilidade. Não tenho nem idade nem saco pra ficar no meio de adolescentes gritando.


Quando assisti ao vídeo e li relatos de como foi a chegada dela, pensei seriamente em desistir. A coisa mudou quando a própria Lucero anunciou uma tarde de autógrafos gratuita no hotel Radisson Faria-Lima. Somos hunters, gostamos de fazer corre, de conseguir no "hard mode". Tarde de autógrafos é somente a última opção, geralmente preferimos deixar eventos como esse para fãs comuns.

Na véspera do evento, fomos ao hotel, que já estava rodeado pelos fãs, mas entramos sem nenhum problema, já que não temos "cara de fã". Quem esperaria que um cabeludo com camiseta de banda estivesse lá por Lucero?!

Como sempre, esperamos um tempo no hall. Quando Lucero apareceu, acompanhada por um segurança, mostrei a foto que levei para autografar, ela assinou. Marcelo Zava colou nela, tirei a foto dele, ficou perfeita. Quando ia tirar a minha, o segurança disse que ela estava com pressa e a retirou para o elevador. Fiquei sem foto.

O jeito foi encarar a tal sessão de autógrafos. Zava adorou o autógrafo que consegui, então pediu o arquivo para fazer uma foto igual. Teve todo o trabalho de mandar para revelação, buscar quando ficou pronto, pagar. No dia seguinte, lá estávamos nós no meio da molecada, a fila estava enorme.

Para conseguir atender a todos, foi decidido que ela apenas tiraria fotos, sem autógrafos ou conversas. Zava tentou negociar com o manager, alegando que veio no dia anterior, conseguiu foto, mas agora queria apenas autógrafo. Nada feito, teve que se contentar em tirar outra foto. Puto da cara, saiu do hotel rasgando a foto que fez para ela autografar, tanto trabalho para nada...


terça-feira, 13 de outubro de 2015

A-ha

Thaís, vizinha e amiga de Facebook, sempre via minhas fotos com as bandas. Às vezes comentava alguma coisa, geralmente pessoalmente. Até então nunca me pediu nada, mas desta vez pediu-me para ajuda-la a conhecer o A-ha. De acordo com ela, Morten Harket era seu amor platônico há pelo menos 30 anos. Morten é conhecido por ser absurdamente legal com os fãs. Carlos sempre conta que em 2012 ele veio ao país com um show solo e centenas de fãs decidiram esperar por ele no aeroporto. "Eu contei, era mais de cento e trinta. Pensei logo que seria impossível rolar alguma coisa, mas ele fez questão de atender um por um, foto e autógrafo, nunca vi nada assim".

Por isso, mesmo o A-ha sendo um nome grande, julguei que não haveria problemas em levar Thaís. Ela foi com seu filho Carlos, o mesmo que levei poucos meses antes ao corre do Sílvio Santos. O bom é que eu e Sheila ganhamos carona na ida e na volta. Fomos ao hotel Unique, mas somente o tecladista Magne Furuholmen saiu para encontrar os fãs. Todos conseguimos fotos, mas não houve nem sinal de Morten. 

Magne Furuholmen foi o único disposto a sair do hotel para atender os fãs

No dia seguinte, Carlos - o vizinho - acompanhou-me ao estacionamento do Espaço das Américas, onde eu julgava ser possível ter algum contato com a banda. Thaís não juntou-se a nós pois estava trabalhando. Quando chegamos, uma surpresa: usaram uma estrutura toda murada para que a banda entrasse no local sem ser incomodada. Nunca vi algo assim com qualquer outra banda ou artista, nem antes nem depois. O corre que todos disseram que seria fácil estava se complicando.

Restava uma última alternativa: aeroporto, no dia seguinte, quando a banda deixaria São Paulo rumo à próxima cidade da turnê, ainda em território brasileiro. Chamei Thaís para ir comigo em Congonhas, mas ela recusou-se, pois estaria no trabalho. Ainda alertei que o vôo era próximo da hora do almoço, então se fizesse direitinho dava pra dar uma enrolada no chefe (afinal, quanto vale o sonho de conhecer um antigo crush? Será que um dia comum de trabalho vale mais?), mas ainda assim não foi. Azar o dela, pois embora apressadamente, todos atenderam.

Como chegamos cedo, eu, Zava, Leandro Caíque, Japonês e Bono decidimos congonhar um pouco, ou seja, ficar no embarque ou no desembarque, abordando qualquer celebridade que passasse aleatoriamente. Encontramos Ricardo Ramalho já congonhando, então ele uniu-se a nós.

O primeiro a passar foi Geraldo Azevedo, que tempos depois formou "O Grande Encontro" com Alceu Valença e Elba Ramalho. Como não o conhecia, não tirei foto. O curioso é que no ano seguinte fiz o corre de "O Grande Encontro" e conheci Elba e Alceu, mas faltou justamente Geraldo Azevedo. Também não tirei com Arnaldo Antunes, ex Titãs, pois não sou fã da banda nem de seu trabalho solo.

O primeiro com quem que eu quis foto foi com George Israel, que tocou com o Kid Abelha. Kid Abelha tocou no primeiro Rock in Rio, então é claro que era uma foto interessante. Nunca vou entender o que se passa na cabeça de Leandro Caíque. Ele abordou George e conseguiu uma foto linda com ele. Quando atendeu a todos, George despediu-se de nós, lhe desejamos boa viagem, e ele entrou na escada rolante que sobe para onde fica o portão de embarque. Alguém me diz por que diabos Caíque subiu com ele? É apenas pelo prazer de ser chato, inconveniente? Fala sério! Tinha que ser o idealizador dos hunters do bem mesmo...

Multi instrumentista, George Israel fez parte do Kid Abelha

Zélia Duncam passou a seguir, mas como já tenho foto com ela, tirei apenas a foto com Marcelo Zava. O segundo com quem tirei foi o ator e político Stepan Nercessian. Pra dizer a verdade eu nem sabia quem ele era, mas Zava o abordou, e ele foi tão gente boa que acabei tirando uma foto também. Depois passou Fabiano, da dupla com César Menotti. Como não sou fã, não tirei foto com ele.

Stepan Nercessian foi tão gente boa quando Zava o abordou, que acabei tirando uma foto também

O A-ha enfim chegou ao aeroporto. Abordei primeiro o guitarrista Paul Waaktaar-Savoy, pois não tinha referência se ele é ou não mala, então se fosse chato eu teria mais tempo e espaço para tentar convence-lo. É quietão, mas chato não foi. Então entrei no saguão e tirei foto com Morten Harket.

Eu não sabia se o guitarrista Paul Waaktaar-Savoy é ou não é mala, mas foi de boa
Morten Harket estava com pressa, mas também assinou e tirou fotos

Como estava um dia bom para congonhar, continuamos. O ator Daniel Rocha foi o próximo a passar. Tirei as fotos de Zava e Bono com ele, mas não quis tirar uma com ele. Com o ator seguinte, Marcos Frota, tirei. E tirei também com a próxima que vimos, Nicole Bahls. Foi minha terceira foto com ela, mas nem ligo, poderia tirar mil de boa. Carinhosa como sempre, posou beijando eu e Bono, e sorrindo com Zava e Caíque. Justamente na minha foto, dois aleatórios, que provavelmente esperavam pelo desembarque de algum parente ou amigo, viraram pra ver o que estava acontecendo, dando a impressão de que estavam com uma certa inveja pelo fato da Nicole estar me beijando, por isso ficou uma foto engraçada.

Não sou noveleiro nem assisto TV aberta, mas com certeza lembro do rosto de Marcos Frota, então algum trabalho dele eu vi
Demorei anos querendo conhecer Nicole, mas foi a terceira vez que a encontrei em apenas um ano

Mariana Ximenes foi a próxima a passar pelo portão de desembarque. Foi simpática, mas contou que estava vindo do enterro do ator Domingos Montagner no Rio de Janeiro. As modelos Caroline Trentini e Aline Weber passaram a seguir e não se importaram em falar conosco e tirar uma foto.

Sorriso está lindo, mas Mariana Ximenes retornava de um enterro

Passou outra mulher muito bonita na sequência. Alertei Marcelo Zava, que logo a reconheceu: era Anitta. Havia um grupo de doze fãs esperando por ela. Comigo, Zava e Caíque, quinze. Ela atendeu quase todos. Quando faltava somente eu e mais um, desistiu de atender e correu para o carro. Fiquei sem, mas que se dane, não sou fã.

Anitta e Zava. É linda, mas seu talento é completamente irrelevante para mim.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Ian Anderson's Jethro Tull

Minha vingança contra o líder do Jethro Tull demorou 2 anos e meio mas aconteceu. Fui ao aeroporto de Congonhas com o Marcio e combinei com ele que eu não iria abordar Ian Anderson de uma maneira muito tradicional, mas que ele deveria estar pronto para tirar minha foto. Quando Ian desembarcou, sozinho, parecia um tanto perdido, sem saber direito para onde deveria ir. Eu o cutuquei e simplesmente apontei para uma direção. Sem entender nada, ele olhou e Marcio tirou a foto. Incrivelmente, pareceu uma foto posada, mas não foi o que aconteceu. Eu não pedi, não agradeci, apenas apontei, ele virou, e a foto aconteceu. E sim, eu levei a foto que ele autografou dois anos antes.

Ian Anderson nos deixou sem foto em 2013, mas em 2015 levou o troco. 1x1

O resto da banda desembarcou aos poucos. Como para mim só faltava com John O'Hara, fui tirando foto com os músicos conforme desembarcavam. Quando consegui a foto com ele, nem esperei pelo baixista David Goodier.

Florian Opahle, guitarrista do Ian Anderson's Jethro Tull
Scott Hammond, baterista do Ian Anderson's Jethro Tull
John O'Hara, tecladista do Ian Anderson's Jethro Tull

Ao sairmos do aeroporto, eu e Marcio tomamos um ônibus que nos deixou próximos ao Largo São Francisco. Como ele tinha que fazer alguma coisa na Galeria do Rock, o acompanhei, pois poderia tomar o ônibus para casa em um ponto perto da Praça da República. Quando estávamos passando pelo Viaduto do Chá, vimos uma movimentação anormal. Parecia a gravação de algum programa, algo assim. Nos aproximamos e ficamos surpresos ao constatar que era Ellen Rocche. No intervalo entre as cenas, ela atendia alguns fãs, mas eram muitos, não dava pra atender a todos. Então, como eu já tinha com ela, apenas pedi para ela tirar uma foto com o Marcio. Ela aceitou. Desta vez, tirei foto dela, não com ela. Sem problemas, eu já tinha. Que mulher, meus amigos, que mulher!


Mais uma curiosidade a respeito desse corre: alguns dias antes, uma menina, Jéssica, comentou em uma foto minha no Instagram algo como "eu sempre vejo suas fotos, como você consegue?". Não sei porquê, resolvi responder - geralmente eu apenas ignoro, apenas imagine quantas pessoas me perguntam isso o tempo todo.

Ela queria fazer o corre do Ian Anderson comigo, mas eu tinha outra ideia: como ele tocaria no mesmo local que tocou em 2013, concluí que ficaria no mesmo hotel, então eu conseguiria no aeroporto e ela no hotel. Um cara difícil desses, não era uma boa ideia levar quem eu nem conhecia. Entretanto, errei feio: ele não ficou lá e não descobri onde ficou.

Para me desculpar, eu disse que ela poderia tentar quando ele voltasse de Belo Horizonte para sair do país. Como Kevin também tentaria na conexão de saída, eu os apresentei virtualmente, e eles se encontraram no aeroporto. Conseguiram.

Esse foi o primeiro corre de Jéssica, ela fez corres comigo e com Carlos até o final de 2021, quando mudou-se para Lisboa.