Em 2010, Kevin me chamou para acompanha-lo no corre do Venom, mas era uma época em que eu só fazia corres de bandas que realmente sou fã, e esse não era o caso, então não aceitei. Venom é uma banda legal, mas somente isso. Não fico ouvindo o dia inteiro, não sei o nome de todos os álbuns nem de todas as músicas. A morte de Dio mudou minha mente em relação a isso. Por que não poderia tirar uma foto com Cronos & cia, pegar autógrafos, se tenho a habilidade necessária para conhece-los?! Desta forma, esperei por uma nova oportunidade.
Em 2012, o Venom foi anunciado como uma das bandas que tocaria no MOA (Metal Open Air). Todos sabem o que aconteceu, foi justamente a primeira banda a cancelar a vinda ao festival. Meu plano era encontrar com os integrantes na conexão de entrada ou de saída, como fiz com Dave Mustaine, já que o Megadeth se apresentou em São Luís/MA.
Em 2014, a banda estava escalada para tocar no Zoombie Ritual Festival, em Rio Negrinho/SC. Como no caso anterior, a ideia era conseguir encontra-los na conexão, mas mais uma vez deu ruim, pois a banda cancelou a participação devido a supostas falhas e quebras de contrato da produtora local.
Ainda em 2014, embora o nome tenha sido confirmado como um dos músicos que viria com o
Metal All Stars, Cronos logo tratou de desmentir em uma postagem no Facebook, informando que não viria. Ele referiu-se à suposta participação como "boato", agindo como se seu nome foi anunciado sem que ele fosse contratado.
Então, foi necessário aguardar sete longos anos para que, enfim, a banda estivesse novamente no Brasil. Meu amigo Rodrigo Scelza era também amigo no Facebook do baterista Danny Needham, mais conhecido como Dante, então perguntou o hotel onde a banda ficaria, pois gostaria de aparecer com alguns amigos (eu, Samii, Carlos e Jessica) para conseguir autógrafos e tirar fotos. Na maior educação, Dante respondeu. Isso foi excelente pois, como a banda não vinha há muito tempo para o Brasil, poucas pessoas já conheceram seus integrantes, então seria bom evitar o aeroporto, pois estaria tomado pelos
hunters do bem. Apenas não contávamos com o que eles aprontariam, que mudaria completamente o rumo do corre.
No aeroporto, Leo foi o primeiro a abordar a banda, já logo que os integrantes passaram pelo portão de desembarque. Foi atendido, foto e autógrafo, sem problema nenhum. Após atende-lo, Cronos disse que atenderia a todos os demais, mas antes queria fumar um cigarro. Sem entender inglês, uma das hunters do bem começou a berrar algo como "esperei 28 anos para te conhecer, por favor, tire uma foto comigo". Cronos respondeu: "Se você esperou 28 anos para me conhecer, então poderá esperar mais 5 minutos para eu fumar um cigarro".

Na época, a própria postou um vídeo onde se ouve claramente a resposta de Cronos, bem como os berros e o desespero, já que ninguém tinha inglês bom o bastante para entender o que ele disse, passando a acreditar que não atenderia mais ninguém. Infelizmente o vídeo foi apagado, seria delicioso exibir essa vergonha alheia por aqui, é uma verdadeira aula de como
não fazer corre.
Com os pulmões devidamente abastecidos com nicotina, a banda toda atendeu todos que aguardavam, incluindo ela, que enfim conseguiu sua foto tão aguardada. Estaria feliz com o feito? Provavelmente não.
O grande problema veio a seguir: ela fez um post no Instagram acusando Cronos por uma suposta agressão. Em um mundo agora dominado pelas redes sociais, a coisa se espalhou como incêndio em um palheiro, e logo os principais sites especializados, no Brasil e no mundo, estampavam o relato em suas páginas.
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A roadie Beatriz Paula descreveu o problema com o manager do Venom |
Os fãs, é claro, ficaram revoltados. Alguns a criticaram por tentar conhecer o artista, mas a maioria abraçou a história e passou a hostilizar o vocalista e baixista. Um deles, entretanto, com um pouco mais de lucidez, conseguiu enxergar o óbvio: "eu gostaria de entender em que momento você foi agredida. Ele te disse "foda-se, esperou porque quis", depois tirou essa foto linda e te bateu... Não consigo entender a cronologia dos acontecimentos".
A verdade: após conseguir a foto com todos os integrantes, ela tentou conseguir uma foto individual com Cronos, que não entendeu sua intenção e respondeu que já tinha tirado foto com ela. Sem noção, ela é do tipo que abraça o artista, queira ele ser abraçado ou não - e sabemos que a maioria dos europeus não quer. Quando tentou abraça-lo, ele tentou afasta-la, e nesse movimento a mão de Cronos foi de encontro ao ombro dela, que interpretou o gesto como uma agressão, mas foi muito longe de ser um soco - isso é o que garantem outros hunters que estavam no local, inclusive Leo.
Inicialmente foi dito claramente: foi um soco. Quando questionada com "por que não fez boletim de ocorrência?" e "e seus amigos viram e não fizeram nada?", virou um soquinho. Depois da repercussão internacional, a história mudou mais uma vez: "nem doeu!". Simplesmente patético!
Como se isso já não fosse problema o bastante, o Venom também foi acusado de boicotar a banda brasileira de abertura no Chile. Beatriz Paiva, roadie do Nervosa, fez um post acusando o manager do Venom de sabotar deliberadamente o show das meninas, suprimindo a execução das últimas 4 músicas. Sem maiores explicações, a banda se viu obrigada a encerrar o show, deixando o palco livre para que o Venom se apresentasse.
Retornando à cena no aeroporto, Cronos ouviu a mesma figura que causou a confusão dizer que sairia do aeroporto diretamente para o hotel, então exigiu que o produtor os hospedasse em outro hotel. Esse é outro hábito irritante dela: o stalking. Já não conseguiu fotos e autógrafos?! Por que, então, continuar incomodando o artista? Vai no aeroporto, vai no hotel, volta no hotel no dia seguinte, vai no aeroporto novamente... É um grude que faz com que muitos artistas evitem fãs que agem dessa maneira. E Cronos já estava irritado o suficiente.
Dante entrou em contato com Rodrigo por mensagem, comunicando que o hotel mudaria, devido a problemas com fãs no aeroporto, mas que ainda não sabia para onde estavam indo. Da forma como foi dito, acreditamos ser muito pior do que realmente aconteceu, imaginamos pancadaria generalizada. Depois, Leo nos falou que não foi bem assim...
Um corre simples e garantido arruinado por uma figura problemática, que em diversas outras ocasiões já "causou", seja porque chegava ao hotel ou ao aeroporto com um batalhão de 10 ou 15 pessoas (ela é daquelas que diz que todos os amigos devem ser ajudados), seja por uma abordagem ruim...
Sei que muitos tem coisas não muito boas a dizer a meu respeito. Podem dizer que não ajudo, que não passo informações, mas nunca, jamais, alguém poderá dizer que perdeu uma foto por minha causa, até porque, como não gosto de abordar, prefiro deixar que alguém o faça, então geralmente sou o último ou um dos últimos a ser atendido.
Por outro lado, muita gente já perdeu foto por causa das atitudes de Jonas, Anebelle, Dandara, Lombrigas, entre outros que não tem educação ou estabilidade emocional para estar em um corre, estressando o artista, os seguranças, os fãs, os hunters, as groupies, os produtores e quem mais estiver envolvido.
Em tese seria muito simples: bastava apenas esperar a banda chegar ao hotel e em 5 minutos o corre estaria terminado. Como sabia que seria rápido, decidi passar o dia hospedado no Tangará - um novo hotel que estava nos dando muitas dores de cabeça, pela fama de ser impenetrável. Muitos artistas hospedavam-se lá, incluindo mas não somente U2 e Paul McCartney. Resolvi conhecer melhor, ver qual eram as dificuldades, estudar os pontos fracos. Por isso, com a mudança inesperada do hotel do Venom, interrompi o corre. Me encontrei com Karina e fomos ao Tangará, onde ficamos até a manhã seguinte. Por sua vez, Carlos e Jessica foram para o Beco do Batman para encontrar com o U2. Eles tinham uma informação de que a banda
gravaria um video no local.
Eu, Carlos e Jessica sabíamos em qual voo o Venom embarcaria para sair do país. Infelizmente, no trajeto entre o hotel e o aeroporto, encontrei trânsito infernal, a Marginal toda parada. Talvez se o trem já estivesse operacional (o que aconteceu somente no ano seguinte) fosse possível chegar, mas de táxi realmente não deu: quando eu estava entrando na Dutra, Carlos avisou que o Venom embarcou. Todos atenderam numa boa, incluindo Cronos.
Observe minhas fotos, especialmente as mais recentes: eu jamais toco no artista. Sempre poso ao lado dele, com os braços abaixados. É um padrão que adotei ao perceber o quanto pode ser irritante a um europeu ser abraçado por um desconhecido, mesmo que apenas para tirar uma foto. É uma questão de respeito, a cultura europeia é diferente, e cabe a nós respeitar. Somos nós que queremos uma foto com o artista, não ele conosco! Agora veja a foto de Carlos com Cronos: o vocalista está com a mão no ombro dele, justamente para impedir que ele o abrace. Apenas isso. Não o socou. Ele "agride" os hunters do bem e trata bem os hunters do mal. Por que será????
O jeito foi retornar para casa, assumindo uma derrota que não poderia acontecer, já que eu esperava pela banda há sete anos, e sabe-se lá quando voltará. A boa notícia é que quando voltar eu já sei que essa cidadã não estará lá para atrapalhar novamente.