Desde a infância, considero Star Trek uma das melhores séries já produzidas. Eu me considero trekker, mas torci o nariz quando, nos anos 80, foi lançado “Star Trek – The Next Generation”, com uma Enterprise atualizada, novos efeitos especiais - que não eram tecnologicamente possíveis quando a série original foi produzida - e uma nova tripulação, a trama se passa quase 100 anos após os eventos vividos pelo Capitão James T. Kirk e seus oficiais.
Após assistir alguns episódios, fui obrigado a me render: era legal. Não tanto quanto a série original, mas era. Um dos responsáveis por minha mudança de opinião foi o capitão Jean-Luc Picard, interpretado pelo ator inglês Patrick Stewart. Então, foi motivo de grande comemoração quando a vinda dele a São Paulo foi anunciada, em 2014, para o lançamento de "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido", onde interpreta o Professor Xavier. Haveria uma coletiva de imprensa e a première do filme. Foi um amigo, João, quem soube primeiro da novidade. Ele comunicou-me pelo Messenger, e perguntou se eu me importaria em leva-lo para tentar conhecer Stewart. Não me importei.
Quando o dia chegou, eu encontrei com João no hotel onde o ator estava hospedado. A Sheila nos encontraria na hora do almoço, quando poderia dar uma escapulida do trabalho, ali perto, para tentar conseguir a foto também. Exatamente quando ela chegou, Stewart passou por nós, acompanhado da esposa, e caminhou tranquilamente para um dos restaurantes externos. Não o incomodamos, deixamos com que seguisse tranquilamente para o almoço. Para dizer a verdade, é pouco provável que ele tenha percebido nossa intenção de aborda-lo, já que não reagimos quando o vimos. Ser o menos inconveniente possível sempre foi um de nossos fundamentos e, se você lê meus relatos, sabe que isso é absolutamente verdadeiro em 99% das vezes.
Entramos no hall do hotel e nos acomodamos em poltronas próximas aos elevadores, enquanto esperávamos pelo término da refeição. Nossa ideia era aborda-lo quando chamasse o elevador, já que provavelmente ele não teria muito o que fazer enquanto espera. Foi quando tivemos uma surpresa muito desagradável: o mesmo segurança que trabalhou com Sarah Brightman acabara de passar pela porta giratória e foi direto à recepção. Decidimos esperar fora do hotel, antes que ele pedisse para alguém nos expulsar.
Ainda assim, logo a seguir, um dos seguranças do hotel nos abordou a pedido dele, o que nos obrigou a mentir. Dissemos que estávamos esperando pela esposa de João para almoçar e ele deixou-nos em paz. Foi mentira sim, mas parcial: naquele dia não estávamos ali para isso mas, antes e depois desta data, utilizamos os serviços dos restaurantes do hotel em diversas oportunidades, e também nos hospedamos algumas vezes. Em outras palavras, éramos clientes, e não admitiríamos simplesmente ser enxotados, sem nenhum mal comportamento que justificasse.
O tal segurança foi até o restaurante e encaminhou Stewart e sua esposa pela passagem da piscina, o que significa que ele não passaria por onde estávamos. Como era apenas outro caminho para chegar aos elevadores, entramos mais uma vez no hall. Quando ele apareceu, não o chamamos, apenas mostramos a foto e a caneta. Se ele quisesse atender, a hora seria aquela. Mas ele não reagiu, simplesmente nos deu as costas. Ok, acontece, ele não é obrigado a nos atender e somos capazes de entender isso numa boa.
O que não pode nem deve acontecer é o que se seguiu: quando Stewart embarcou e a porta do elevador se fechou, o segurança, enfurecido, aproximou-se de nós aos berros, quase que colocando o dedo na cara da Sheila : “vaza daqui!”. Iniciou-se uma grande discussão, que envolveu nós, ele e o chefe de segurança do hotel. Sheila disse tudo o que estava engasgado, que não sairia de lá daquela maneira de jeito nenhum. Aceitaríamos sair numa boa, desde que houvesse o mínimo de educação, até porque não desrespeitamos ninguém. Nem ao menos chamamos Stewart, apenas mostramos a foto, ele nos virou as costas, e tudo bem.
Era só falar “ele não quer atender”, qual é o problema?! Quando outros seguranças falam, simplesmente abortamos o corre – como descrito no relato sobre Hall & Oates. Porém, são seguranças que não nos ajudam nem atrapalham, sempre deixando o artista decidir se vai ou não atender. Então, quando um deles nos diz que não vai rolar, é porque realmente não vai rolar. Aquele segurança era um dos únicos mal educados e não nos sentimos minimamente respeitados. Quando ele acompanha algum artista é sempre uma situação problemática. Sempre diz que o artista não quer atender, mesmo sendo alguém que já encontramos em outra oportunidade e foi completamente amigável. Após muito bate-boca, ele acabou por se desculpar, mas seu comportamento pouco mudou no decorrer dos anos.
Restava tentar novamente na première, ao menos eu tentaria, pois João desistiu e Sheila tinha um inadiável trabalho de sincronização de servidores naquela noite. Fui ao shopping, onde encontrei-me com Givaldo e Sara. Decidimos que a melhor oportunidade seria na garagem, por onde ele passaria para sair do local. Com nossos anos de experiência, não foi difícil descobrir em qual dos subsolos estava o carro certo, nem qual elevador utilizaria. Quando apareceu, entretanto, nem ao menos olhou.
Ainda havia a possibilidade de tentar uma última vez no aeroporto, quando ele fosse sair do país, mas não valeria a pena. Atualmente sou bombardeado por diversos anúncios na web que me incentivam a acompanhar a série "Star Trek: Picard", estrelada por ele, mas ignoro completamente, jamais assistirei. Stewart não é mais um dos meus heróis e deixei de acompanhar seus trabalhos: ele simplesmente não merece minha atenção.
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