sexta-feira, 27 de novembro de 2009

AC/DC

Lá estávamos novamente hospedados em nosso hotel predileto. Conseguimos a confirmação de que o AC/DC ficaria no Hilton duas semanas antes, quando nos hospedamos para tentar conhecer o pessoal do Twisted Sister, e um dos funcionários nos confirmou que Angus e os outros músicos também ficariam lá. Na mesma hora, fiz a reserva. Não fosse pelo Stratovarius, que em 2009 ficou no Mercure Moema (que então chamava-se, se não me engano, Parthenon), eu começaria a achar que o Hilton era o único hotel utilizado pelas bandas que tocavam em São Paulo. Todas as outras que tentei conhecer ficaram lá: Iron Maiden, Motörhead, Heaven & Hell, Twisted Sister e, agora, AC/DC.

No dia do show, Angus desceu com a esposa para o bar do térreo, mas a chance de contato foi zero, pois os seguranças que o acompanhavam não permitiram qualquer aproximação. Quando a banda saiu para o show, apenas eu, Sheila e Ricardo Pacheco estávamos no local por onde passou Brian Johnson, sozinho, sem segurança. É claro que o chamamos, mas ele não parou, apenas disse que estava atrasado e que nos atenderia no dia seguinte. Confiamos e o deixamos em paz.

Apenas um ano antes, em 2008, a HoundsTV.com postou um pequeno vídeo do vocalista do AC/DC sendo questionado por um fã se ele já havia se aproximado de alguém para pedir um autógrafo. "Sim, eu pedi para Chuck Berry uma vez em 1975", respondeu Brian. "Ele foi o maior babaca que já vi na minha vida - o homem mais rude que eu já conheci. Ele disse que assinava um autógrafo por dia e que, naquele dia, ele já tinha cumprido sua cota. Eu não quero ser um cuzão como ele foi".


O show foi absurdo em todos os sentidos, a começar pela venda dos ingressos. Lembro que fiquei  insanas nove horas tentando compra-los pela internet e mal acreditei quando consegui. Já no Morumbi, cometemos o erro de permanecer até a última música e, de onde estávamos, na arquibancada, foi possível ver que a van da banda deixou o estádio assim que o primeiro fogo de artifício pós show estourou. Como saímos junto com todos os fãs, foi muito difícil conseguir um táxi para o hotel, então chegamos muito depois da banda e, naquela noite, nada mais aconteceu.

No dia seguinte, cerca de 10 fãs hospedados aguardavam pela saída da banda. Um dos seguranças que acompanhava os integrantes veio falar conosco, alegando que a banda atenderia, mas apenas fora do hotel. Isso não parecia fazer sentido, mas ainda assim confiamos. Se somando aos de fora, eram 22 fãs.

Os seguranças do hotel, a pedido dos seguranças da banda, instalaram algumas grades de isolamento. Eis que surgiu o gigantesco baixinho. Angus Young foi um dos mais simpáticos, atendeu a todos com calma, a única exigência - feita pelos seguranças, não diretamente por ele - é que ele assinaria apenas um item por pessoa. Por mim, sem problemas, eu só estava com o Back In Black.



Malcom foi o segundo a sair, mas apenas olhou em nossa direção antes de embarcar na van. Por algum tempo acreditei que ele fosse mala. Eu não sabia que já estava doente e que estaria morto poucos anos depois, após sofrer de demência por um longo período.

Malcom apenas deu uma olhada rápida, mas entrou na van sem atender ninguém

O terceiro foi Phil Rudd, que veio até nós, mas não quis tirar fotos. Ao menos autografou um item de cada fã. Sheila aproveitou para tirar a minha primeira FOTASSA.

Phil Rudd assinando meu Back In Black
O quarto foi o simpaticíssimo Cliff Williams que, como Angus, atendeu a todos com calma e atenção

Restava Brian Johnson cumprir o que nos prometeu no dia anterior. Quando saiu, foi ainda pior do que Malcom, pois nem ao menos olhou antes de embarcar apressado. Brian foi conosco, assim como Chuck Berry fora com ele, um cuzão. Com a banda completa, a porta foi fechada, e a van seguiu rumo ao aeroporto. O final do corre estava decretado.

Kevin ainda nos chamou para ir do hotel ao Manifesto Bar tentar conseguir fotos com o Skid Row, que se apresentava naquela tarde, mas estávamos cansados e com visita em casa. Dois amigos, Alexandre e Jee, vieram do Rio de Janeiro e Manaus apenas para a ocasião. Passaram dois dias conosco no hotel, mas certamente não aguentariam mais algumas horas de correria. Acabei deixando para lá. No entanto, foi uma má decisão, pois desde então o Skid Row nunca retornou ao Brasil. Até foi confirmada uma turnê em 2013, mas provavelmente devido à baixa vendagem, as apresentações que a banda faria no país foram canceladas.


sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Twisted Sister

O Twisted Sister se apresentaria pela primeira vez no Brasil. Como eu me hospedaria, utilizei o banco de horas do serviço para não trabalhar na tarde daquela sexta-feira. Para chegar ao Hilton de transporte público era complicado, pois ainda não havia a linha amarela ligando o metrô à CPTM, então eu e Kevin usamos a ponte orca para chegar ao trem.


Quando chegamos no hotel, fiz o check-in e decidimos esperar no bar do térreo. Estávamos lá, conversando e petiscando, quando o Supla apareceu. Mal chegou e veio falar com a gente, fazendo algum comentário sobre a minha camiseta do Iron Maiden. Disse também que havia acabado de entrevistar Dee Snider. Foi tão legal que não teve como não tirar uma foto, tornando-se, assim, o meu primeiro bônus.


Pouco depois, o gigantesco baixista, Mark "The Animal" Mendoza, saiu do elevador e caminhou em nossa direção. Já estávamos levantando para aborda-lo, mas ele nos manteve sentados com um sonoro “sit down”. No entanto, foi apenas uma brincadeira, já que ele é dos caras mais legais que conheci. Veio até nós, tirou foto e autografou tudo que tínhamos. O problema é que, apesar da discografia lançada pela banda nos anos 80 ter apenas cinco álbuns, Kevin levou 25, vários repetidos. No dia seguinte, não apenas tinha todos autografados por todos os integrantes como, não contente, foi à Galeria do Rock e comprou mais alguns álbuns e um pôster. A banda pareceu não se importar, e quase todos os integrantes realmente demonstraram estar felizes em tocar no Brasil e de ter a oportunidade de interagir conosco.

Não demorou e os demais músicos, exceto Dee Snider, apareceram. Como havia alguns fãs fora do hotel, fomos para lá. Não foi como tinha sido com o Iron Maiden ou com o Motörhead, quando quase sempre havia um integrante da produção ou algum segurança para que as coisas acontecessem o mais rápido possível. A banda passou a tarde conosco, tirou fotos, deu autógrafos, distribuiu fotos autografadas - que trouxe apenas para presentear os fãs - e fez questão de tirar uma foto conosco, que ilustrou a página principal do website da banda.

Eddie Ojeda, guitarrista do Twisted Sister
A. J. Pero, hoje falecido, era o baterista do Twisted Sister 
Jay Jay French, guitarrista do Twisted Sister

Quando saiu do serviço, Sheila juntou-se a nós e também conheceu todos, incluindo Dee Snider, que finalmente apareceu. Destoando dos demais, não foi muito simpático. Mas atendeu e isso é o que importa.

Dee Snider, vocalista do Twisted Sister
No dia seguinte, muitos fãs esperavam fora do hotel. Quando a banda saiu para passar o som, a cena se repetiu: muita simpatia, fotos, autógrafos, brincadeiras, caras e bocas. Até mesmo Dee Snider parecia estar de bom humor. Mark Mendoza pegava as mulheres no colo para posar para fotos, e enforcava os homens.

Mark "The Animal" Mendoza, baixista do Twisted Sister
A essa altura, alguns rostos bem conhecidos haviam aparecido. Ricardo e Fátima Pacheco vieram do Rio de Janeiro especialmente para a ocasião. Deca também se juntou a nós. Estávamos todos no bar do hotel quando anunciei que subiria ao quarto para deixar algumas coisas e, então, seguiríamos para o show. Quando retornei, Kevin, que não estava hospedado, perguntou se poderia deixar algumas coisas no nosso quarto.

Quando o conhecemos, no dia do Motörhead, Sheila me disse que o havia achado chato. Ele tomava conta da conversa, falando alto, demais e sem parar, sem dar espaço para os outros. A princípio eu não concordei, mas naquela situação foi exatamente o que aconteceu. Eu começava a concordar: Kevin é chato! Não demorou para que esse fosse o apelido dele. Até mesmo na agenda de contatos do celular, eu o cadastrei como Kevin Chato. Curioso foi descobrir que não fui o único que teve essa ideia: ele também está como Kevin Chato no celular do Carlos. E é unânime, não há quem o conheça que seja capaz de discordar.

Após o show, houve uma última surpresa: a banda percebeu que muitos fãs a aguardavam fora do hotel, e encomendou algumas pizzas para eles. As letras TS foram cuidadosamente “impressas” em cada uma com ketchup ou maionese, quando salgada, ou com leite condensado, quando doce. Achei sensacional, pois os músicos mostraram saber que muitos fãs passam horas tentando algum contato, vão ao show e, às vezes, passam o dia sem se alimentar direito. Embora eu não precisasse, achei de uma gentileza sem tamanho, um profundo respeito pelos fãs.

Twisted Pizza
Naquela noite, conhecemos o tour manager da banda, Danny. Ele nos contou que o dinheiro de todos acabou, então foi essa a motivação que finalizou qualquer atrito entre os integrantes e os colocou novamente na estrada. Melhor para nós, o importante é que estavam de volta, prontos para chutar bundas e nos pagar pizza!

Danny era o tour manager do Twisted Sister

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Stratovarius

Natália, uma amiga de Vitória (ES), veio para esse show e ficou hospedada em minha casa. Como eu estava de folga no serviço devido ao falecimento de meu avô paterno, de tarde fomos ao Citibank Hall, em Moema. Na fila, acabei encontrando Leo e Kevin. Kevin disse que sabia onde a banda estava. Bem na frente do local, havia um hotel Mercure (na época chamava-se, se não me engano, Parthenon) e, incrivelmente, era lá. Quando saíram para passar o som, pouco antes de chegarmos, os integrantes simplesmente atravessaram a rua e entraram na casa de shows. Nós não vimos, mas o pessoal da fila estava comentando, e Kevin escutou.

Kevin propôs que encontrássemos mais uma pessoa e, em três, dividíssemos o valor da diária. Não poderia ser Natália, pois ela não tinha dinheiro, mas eu aceitei. Faltava encontrar a terceira pessoa. Ele saiu procurando na fila e logo encontrou alguém, Carla, disposta a dividir. O plano não era pernoitar. Hospedados, ninguém poderia nos expulsar do hotel, então poderíamos conseguir as fotos em paz.

Eu, Natalia, Carla e um pessoal que conhecemos no show
Quando o show acabou, liguei para Sheila e disse que passaria algum tempo no hotel da banda. Ela não compreendeu bem o fato de termos um quarto à nossa disposição. Ele nem seria utilizado, mas enfim, uma crise de ciúme adiou meus planos, fazendo-me aguardar outra oportunidade. Me despedi dos amigos e voltei para casa com Natália.

Kevin, Carla e meu substituto, André, conseguiram fotos e boas histórias com todos. Kevin sempre conta que ensinou algumas palavras ao tecladista, Jens Johansson, a pedido dele. Como a banda estava hospedada no hotel em frente ao local do show, ficou por algum tempo atendendo os fãs que ainda estavam ali. Sempre que um homem abordava Jens, conseguia a foto. Jens, entretanto, não era tão bondoso quando se tratava de uma mulher. Ele dizia “não”, fazendo caras e bocas. Ela insisitia. Ele dizia “não” novamente. Ela insistia mais um pouco e ele disparava, em português: “Ok! Mostre-me sua buceta”. Claro que depois da piada ele atendia, mas vale o registro da estória.


sábado, 16 de maio de 2009

Heaven & Hell

Houve o show do Heaven & Hell, cuja formação continha apenas integrantes e ex integrantes do Black Sabbath, incluindo o glorioso Ronnie James Dio. O show não me interessava, mas conhecer Dio era um sonho. Entrei em contato com Kevin, que disse que a banda ficaria no Hilton, e que se hospedaria para tentar conseguir as fotos. Convidou-me para dividir os custos de uma diária com ele, mas eu nem teria como pensar nisso, pois ainda estava descapitalizado devido à “turnê” com o Iron Maiden.

Eu e Sheila fomos de tarde, no dia do show. Ao chegar, encontramos alguns fãs que aguardavam a banda em frente ao hotel. Destaca-se que foi esse o primeiro corre que encontrei o Felipe Godoy (alguém que será citado bastante). Nem demorou muito e Vinny Appice saiu para atender a galera. Simpático, tirou fotos, autografou e brincou com todo mundo.


Foi então que Dio apareceu e pudemos vê-lo através dos vidros do hotel. Ele seguiu para o bar, onde estavam Kevin e outros fãs hospedados. Dio sempre foi conhecido por sua simpatia, e na ocasião não foi diferente, pois tirou fotos e distribuiu autógrafos. Ao terminar, pediu uma bebida e ficou conversando com Kevin, que lhe disse “há alguns amigos esperando do lado de fora, você poderia atendê-los?”. Ele olhou para nós e sinalizou, com a mão, que sairia em um minuto.

Foi o que bastou para que uma menina que estava ali, entre os fãs, surtar. Ela batia nos vidros do hotel enquanto berrava, em português, “Dio, vem aqui, eu te amo”. Incrivelmente, ninguém reagiu. Isso não se faz! Perdemos a chance de conhece-lo por causa daquela imbecil!

Quando Kevin saiu, disse que Dio e Vinny Appice usaram uma saída alternativa, em direção ao shopping D&D. Infelizmente não acreditei nele, achei que estava tentando nos despistar. Alguns dias depois, ele postou em seu perfil no Orkut uma foto que comprovou a afirmação.


Eu estava disposto a ficar na frente do hotel até que a banda voltasse do show, quando haveria uma nova chance para tentar. Sheila preferiu voltar para casa. A galera se dispersou, provavelmente seguindo para o show, e fiquei sozinho. O problema é que aquela foi uma noite fria, e a temperatura caiu muito rapidamente. Eu não estava agasalhado, pois de tarde o tempo estava quente e ensolarado. Mas São Paulo tem dessas coisas... Até que resisti bastante mas chegou uma hora em que pensei “dane-se! Quando ele voltar ao Brasil com a banda dele eu tentarei novamente”. Esse foi, provavelmente, o maior erro da minha “carreira”.

Poucos meses depois daquela apresentação, Dio foi diagnosticado com câncer estomacal. As chances de cura eram boas porque a doença foi descoberta em estágio inicial – era o que os médicos diziam. Porém, exatamente quando com-pletou um ano daquela oportunidade, ele faleceu. Imagine o tamanho do meu arrependimento de não ter aguentado um friozinho naquela noite?!

Nos anos seguintes, conheci muita gente que conheceu Dio, e todos - sem exceção - tinham estórias incríveis. A "pior" definição que já ouvi sobre como tratava os fãs é que "ele era um gentleman". Há também uma estória que ouvi por aí, não sei exatamente com quem isso aconteceu mas, baseado no monte de relatos que ouvi, acredito que seja verdade: diz que um brasileiro que morava em Londres o encontrou sem querer em um trem no underground (metrô). Eles começaram a conversar, e o fã disse "se eu soubesse que te encontraria, estaria com os meus LPs para você autografar". Dio quis saber em que estação ele desceria. Como não era tão fora de mão, desceu com o fã, foi até a casa dele, e autografou tudo o que ele quis.

Não faltam registros no Youtube que comprovam o carinho que Dio tinha com os fãs, incluindo os que você encontra abaixo. Às vezes você vê um vídeo e não sabe se ele era assim mesmo no dia a dia, ou se é algo "armado" para pagar de bom-moço com os fãs apenas porque foi filmado. Mas Dio, pode acreditar, era exatamente assim. E é uma pena que tenha nos deixado tão cedo.


terça-feira, 7 de abril de 2009

Kiss

Fui grande fã do Kiss durante a adolescência, mas depois me afastei, não acompanhei mais a carreira nem o lançamento dos novos álbuns. Para dizer a verdade, eu não sabia nada sobre a banda desde o lançamento do Asylum. Porém, em nome do saudosismo, resolvi prestigiar. O Manifesto Bar anunciou uma after party com integrantes da banda. É claro eu não esperava encontrar Paul Stanley nem Gene Simmons por lá, mas decidi conferir.

Ao sair do trabalho, a Galeria do Rock já estava fechada, então fui até a região da Avenida Paulista para tentar comprar um CD gravado pela formação atual. Entretanto, encontrei apenas o Love Gun, ainda com Peter Criss e Ace Frehley. Não era o ideal mas teve que servir. Se, por milagre, Stanley e/ou Simmons aparecessem, eu não estaria totalmente desprevenido e talvez rolasse conseguir um autógrafo.

Encontrei com a Sheila e fomos ao Anhembi, onde rolou o show. Logo após, tomamos um taxi para o Manifesto. Quando a casa abriu, ainda demorou muito tempo para que Tommy Thayer e Eric Singer chegassem ao local. Os seguranças da casa não permitiram que houvesse contato com eles e os acompanharam ao mezanino, onde ficaram bebendo sem ser incomodados.


Como parecia que não haveria nenhum tipo de interação com os fãs, uma menina que conhecemos por lá resolveu tentar conseguir autógrafos ainda assim. Ela perguntou se eu havia levado algo para autografar, mas não vi sentido em entregar para eles um álbum em que eles não tocaram. Ainda assim, ela pegou o encarte de meu CD, bem como materiais de outros fãs, subiu nos ombros de um amigo, e conseguiu entregar. Eles assinaram, mas não devolveram: simplesmente jogaram tudo no meio da galera e, é claro, o encarte nunca mais foi visto, assim como o material de outros fãs. Logo a seguir, funcionários da casa começaram a organizar a fila para fotos e autógrafos, mas cansado e irritado com o que aconteceu, decidi ir embora, sem participar.

domingo, 15 de março de 2009

Iron Maiden - São Paulo

Como chegamos cedo à cidade, fomos para casa e dormimos mais um pouco. Ao acordar, já fomos ao Hilton, mas logo seguimos para o show. A fila quilométrica estava assustadora, mas não me importei de ser um dos últimos a entrar, nem de ficar em um lugar absurdamente distante do palco. O importante era estar próximo à saída, para rapidamente deixar o local e retornar ao hotel.

Distante do palco, mas mais perto do hotel

Quando chegamos, a Sheila quis subir logo, para tomar banho. Eu fiquei em frente à porta principal, fumando um cigarro. Nessa hora, observei que um dos seguranças do hotel não tirava os olhos de mim. Acho que ele não gostou de ver um cabeludo com camiseta do Iron Maiden e relativamente sujo de lama – quem estava em Interlagos sabe do que estou falando. Quando tentei entrar, ele se colocou na frente, impedindo a minha passagem. Ainda perguntou se poderia me ajudar. Eu apenas saquei o cartão que dá acesso ao quarto, coloquei na cara dele, e respondi: 


- É claro que pode. Sai da minha frente que eu vou para o meu quarto!

Eu não gosto de ser mal-educado com ninguém, mas funcionário de hotel parece que gosta de encher o saco, e eu já estava de saco cheio. No ano anterior, eu cheguei a literalmente pendurar o cartão de acesso ao quarto no pescoço, de tanto que tentavam barrar minha reentrada a cada vez que eu saía para fumar um cigarro.

Depois de subir e também tomar banho, descemos para o bar. Conhecemos o diretor do Flight 666, Sam Dunn. Perto de nós, entre os fãs, estava o “chorão colombiano”. No filme, há uma cena do show em Bogotá, onde um fã chora enquanto segura a baqueta que ganhou de McBrain. No entanto, aquele “colombiano” estava ali, ao nosso lado. Quando o viu, Sam apressou-se em se desculpar: “Eu sei que você é brasileiro, mas o clima na Colômbia estava tão pesado, com os fãs sendo maltratados pelas tropas do exército, que preferi colocar a sua cena para mostrar algo de bom no show de lá”. Ele respondeu que não havia problema, o importante era estar no filme. Bruno é paulistano e mora em Curitiba, onde a cena foi gravada em 2008.

Sam Dunn é conhecido por ter dirigido filmes/documentários/shows sobre heavy metal
Mais tarde, conversando com Bruno sobre o episódio, ele me contou como tudo aconteceu: “O Nicko havia se machucado jogando golfe. Ao final do show, eu berrei o nome dele, ele olhou, e perguntei se o punho dele estava melhor. Foi nessa que ele jogou a baqueta para mim. Não tive que pular, que me esticar, nem nada. Ele jogou na minha mão ao responder que estava melhor. E foi aí que eu morri de chorar. Me emocionei, não por ter pego uma baqueta aleatória, mas pela comunicação com ele - a primeira que eu tive com a banda. Isso fez com que eu conhecesse a banda toda depois, mas a primeira a gente não esquece”.

Bruno, "The Crying Man", apareceu no filme Flight 666
Naquela noite estávamos no bar quando Steve Harris apareceu. Eu, Sheila, Bruno, Ricardo e sua esposa, Fátima. O pessoal do hotel anunciou que o bar seria fechado – uma conhecida artimanha para torna-lo exclusivo da banda. Sabíamos que não poderiam nos expulsar enquanto estivéssemos consumindo, então nossas bebidas durariam a noite toda, se necessário. A bem da verdade: se a banda queria o bar apenas para ela, que atendesse a meia dúzia de fãs que estava lá: todos iriam dormir, ficaríamos felizes em deixar o bar apenas para a banda. Mas não fazia questão de atender, nem nós fazíamos questão de sair.

Steve preferiu sentar em um banco, enquanto estávamos em cadeiras ao redor de uma mesa. Ele estava há cerca de um metro atrás de onde eu estava sentado, conversando com Jeff Daniels, um dos primeiros roadies do Iron Maiden. Quando a conversa esfriou e fizeram uma pausa, Sheila foi até ele e rapidamente entregou um presente que eu estava tentando entregar há alguns dias, desde o aniversário dele em Manaus: uma camisa oficial do Palmeiras.

Todos sabem que Harris é grande entusiasta e colecionador de itens de futebol. Achei que seria o mínimo que eu poderia fazer por alguém que já fez tanto em minha vida. Mas quem entregou a camisa foi ela. Simplesmente foi lá, fez uma breve explicação, e retornou. Está valendo: não era horar de incomodar e nem de pedir fotos. Foi bacana ver o Harris abrir um sorriso ao receber a camisa verde-limão e tentar repetir “Pal-mei-ras”. 

Quando Steve subiu para dormir, nós também fomos. Mas acordamos cedo pois, quem sabe, algum deles tomaria café da manhã. Estaríamos lá para descobrir. O primeiro a aparecer foi o Bruce. Como no ano anterior, esperamos que finalizasse a refeição e, então, quando chamou o elevador, falamos com ele. Desta vez ele pareceu incomodado, mas como não tinha para onde ir, rolou a foto. A cara de bunda está nítida. O elevador chegou em seguida, e ele se mandou.


Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden
A seguir, veio Steve Harris, que foi bem mais simpático, tirando fotos comigo e com a Sheila, e autografando alguns itens. Mas era isso: o horário do café já estava finalizando, e os outros integrantes provavelmente ainda dormiam. Decidimos descer e passar por outras áreas do hotel para ver se algo acontecia.


Steve Harris, baixista e fundador do Iron Maiden
No térreo, havia fãs por todos os lados, hospedados, não hospedados. Parece que os funcionários do hotel gostam de perturbar somente quem tem cara de fã - e eu tinha. Então era frequente algum funcionário perguntar se eu estava hospedado. Se a resposta fosse “não”, eu seria posto para fora. Como outros não tinham tanta “cara de fã” assim, não eram incomodados. No meio da movimentação havia uns cabeludos que pareciam invisíveis. Simplesmente ninguém percebia que eles estavam ali. Era a banda de Lauren Harris. Ah se os fãs eles imaginassem que mais tarde o guitarrista, Richie Faulkner, tocaria no Judas Priest, hein?! Resolvemos aborda-los, e eles ficaram muito surpresos ao perceber que tínhamos o álbum, que foi devidamente autografado por todos. Em minha foto com eles, até eu reconheço que parece que sou um integrante da banda.

Lauren Harris band e eu
Mais tarde, fomos novamente ao andar exclusivo, onde reconhecemos Jeff Daniels, que passou a noite toda conversando com o Harris. Ele foi extremamente simpático e agradável. Tivemos um longo papo e, claro, tiramos uma foto. Quando nos despedimos, eu e a Sheila resolvemos sair do hotel para encontrar alguns amigos do lado de fora. 

Jeff Daniels foi o primeiro roadie da história do Iron Maiden
Adrian Smith, acompanhado de um segurança, saiu do hotel apenas para atender os fãs que estavam por lá. Rolou uma foto coletiva com Sheila, Adrian, eu e mais um fã que não tenho ideia de quem seja. Isso infelizmente é coisa de segurança que quer agilizar, colocando o máximo possível de gente em apenas uma pose. Acaba estragando uma foto que tinha tudo para ser legal.

Adrian Smith, guitarrista do Iron Maiden
De volta ao hotel, encontramos Sean Brady, técnico de som do Adrian Smith. Pedimos a foto, e fomos prontamente atendidos.

Sean Brady, técnico de guitarra do Adrian Smith
Encontramos também Steve Gadd. Homônimo do grande baterista, Gadd também foi baterista, tocando na banda Charlie, mas agora era o tour manager do Iron Maiden. Fizemos uma abordagem com muito tato pois, mais cedo, vimos que ele se recusou a tirar fotos com fãs que o reconheceram – boa parte da equipe do Maiden “ficou famosa” com o Flight 666. Poucos anos mais tarde, em 2013, faleceu em decorrência de um câncer. Que descanse em paz.

Steve Gadd era o tour manager do Iron Maiden
Saímos do hotel, pois havia um comentário de que Nicko McBrain sairia para atender a galera, assim como Adrian fez minutos antes. E realmente foi o que aconteceu. Nicko autografou tudo, tirou fotos, sempre brincando com todos.

Nicko McBrain, baterista do Iron Maiden
À noite, resolvemos tentar tirar uma foto com o massagista e segurança Peter Lokrantz. Normalmente ele é uma figura mal vista pelos fãs, pois muitas vezes impede que haja contato com algum integrante. Mas estávamos lá há dias, desde Manaus, e não tivemos nenhum problema com ele, pois tentamos sempre respeitar e fazer a abordagem nos melhores momentos. Para nós, sempre foi melhor perder a foto do que ser inconveniente.

No bar, ele estava em um canto, com cara de que estava de saco cheio. Sheila se aproximou e ambos iniciaram uma conversa. Ele disse que, se dependesse dele, estaria na cama, mas que tinha que trabalhar. Sheila pediu a foto. O diálogo seguiu:

- Comigo?! Mas eu sou feio!

- Não, você é legal.

- Então vamos sair do bar. Não é certo eu impedir fãs de tirar foto com a banda e, de repente, eu tirar fotos.

Nos afastamos um pouco, e a foto rolou de boa. Ele me disse que aquilo era só um trabalho. E eu pensei “seu fdp, você é pago para acompanhar as pessoas que inspiram a minha vida. Se não dá valor, deixe-me tomar seu lugar”. No fundo, bem no fundo, ele é um cara legal, fazendo o trabalho dele.

Peter Lokrantz, massagista e segurança do Iron Maiden

Voltamos ao bar, onde conhecemos Deca. Eu achava que era apenas uma fã, mas, com o passar do tempo, descobri que ela era bem mais do que isso – este é um assunto que será retomado em outra oportunidade.

Quando Bruce apareceu, algumas meninas foram tirar uma foto com ele. Nem me mexi, já que de manhã eu já havia conseguido. Quem me interessava ainda era Janick Gers, o único com quem ainda não havia tido contato naquele ano. E não demorou muito para que ele aparecesse. Rolou uma foto coletiva. Não gosto, mas como eu já tinha com ele do ano anterior, tudo bem.

Janick Gers, guitarrista do Iron Maiden

sexta-feira, 13 de março de 2009

Iron Maiden - Rio de Janeiro

Quando chegamos ao Rio de Janeiro, tomamos um táxi que nos levou ao hotel. O problema é que não tínhamos dormido nada e pior, faltava muito para o horário do check-in. Alguns amigos estavam a caminho do hotel, inclusive o "Padro". Falarei mais sobre ele em outras oportunidades.

Passamos a tarde toda com eles, mas morrendo de sono. Quando começou a anoitecer, resolvemos conhecer, enfim, o quarto. A ideia era dormir um pouco, até meia noite, e acordar para aproveitar a madrugada no bar, possivelmente com a presença da banda. Mas estávamos num estado de exaustão tamanho que, mesmo após o alarme nos acordar, simplesmente ignoramos, voltamos a dormir e só despertamos na manhã seguinte. Já havia até amanhecido, embora fosse um tanto cedo ainda.

Era pouco mais de 6 horas quando resolvemos dar uma volta na praia. Na verdade, achamos um absurdo pagar 8 reais por uma lata de coca-cola consumida no quarto do hotel, enquanto em qualquer quiosque na praia pagaríamos 2 reais. Isso na época, hoje não seriam esses os valores, mas a proporção seria mais ou menos igual. Nossa ideia era buscar algumas cocas para substituir as que tomamos. Ao sair, um dos seguranças do hotel veio atrás, gritando como um louco. Quando ele se aproximou, nos disse para tomar cuidado e deixar todos os nossos pertences no hotel, pois seríamos assaltados. Ah, o Rio de Janeiro continua lindo, especialmente naquele lugar cercado de Rocinha por todos os lados. O mesmo hotel, aliás, que no ano seguinte sofreu uma invasão de traficantes e mais de trinta pessoas foram feitas reféns.

Mais tarde, descobrimos que perdemos uma excelente noite no bar, pois Adrian Smith apareceu e interagiu com os poucos fãs que estavam por lá. Paciência, fazer o que?!

De tarde, fomos à estreia de “Flight 666”, com a presença da banda, que assistiu boa parte do filme com os fãs. Porém, não ficou até o final. Apenas Nicko ficou um pouco mais, disse algumas palavras depois da exibição, mas logo foi embora também. A chance de interagir com algum integrante até existiu, mas foi pequena e longe de onde estávamos.

Rod Smallwood em frente ao local enquanto aguardava a chegada da banda
Nicko e Rod ficaram até o final

A noite fomos ao show com o Padro e sua mãe, Elaine e, depois, seguimos para o apartamento deles em Ipanema, onde ficamos quase até amanhecer, pois nosso vôo para São Paulo era bem cedo.


terça-feira, 10 de março de 2009

Iron Maiden - Manaus

No final de 2008, o Iron Maiden anunciou as cidades brasileiras da segunda perna da turnê “Somewhere Back in Time”. Como Bruce havia anunciado no show daquele ano que a banda retornaria ao Brasil em 2009, eu passei um bom tempo juntando algum dinheiro para poder assistir ao show em mais cidades, não apenas em São Paulo. A princípio seria Rio de Janeiro e mais uma. Me decidi por Manaus quando soube que o aniversário de Steve Harris, 12 de março, coincidiria com a apresentação na cidade. Então, entrei na comunidade do show de Manaus no Orkut e interagi com algumas pessoas. Descobri que só havia um hotel capaz de receber o Iron Maiden na cidade: o Tropical. Rapidamente fiz a minha reserva e também no Hilton, em São Paulo. Restava saber apenas o hotel em que a banda ficaria no Rio de Janeiro. 

Quando chegou o dia, eu e Sheila embarcamos em um voo da extinta Avianca (que ainda chamava-se Ocean Air) rumo a Manaus, com escala em Brasília. Ao chegar, fomos direto ao hotel, após sermos devidamente “roubados” pelo taxista, que só aceitava fazer corridas com o preço fechado, evidentemente em valores bem maiores do que os que dariam com o taxímetro rodando. Felizmente, hoje em dia temos serviços como o Uber, que nos libertam de aproveitadores como esse.

O calor na cidade era infernal, mas sinceramente eu gosto. Passamos o dia nas dependências do hotel, testando a nova câmera fotográfica que compramos especialmente para a ocasião. Reparamos, porém, que algumas fotos não ficavam boas, e demoramos para entender o porquê. O quarto mantinha o ar-condicionado ligado em força total e, quando saíamos para fotografar, a lente embaçava imediatamente. Um efeito interessante causado pelo contraste de temperaturas.

Ao anoitecer, encontramos dois casais. Um, de amigos da Sheila, que ela conhecia a partir de uma comunidade do seriado Lost no Orkut. Outro, de amigos meus, a quem conheci na comunidade do show de Manaus. Todos fomos a uma pizzaria. Após, meus amigos perguntaram se eu gostaria de ir ao local do show, onde o palco estava sendo montado, antes mesmo da chegada da banda à cidade. Achei que seria uma boa ideia, e fomos.

Havia um segurança que não queria nos deixar entrar. No entanto, foi só falar que viemos de São Paulo especialmente para a ocasião, que fomos liberados para dar uma olhada. Tiramos algumas fotos e acompanhamos atentamente a montagem do palco e das luzes por uma equipe local, para o que se tornaria realidade em apenas dois dias: Iron Maiden na Amazônia.


Na manhã seguinte, era hora de voltar ao aeroporto, para recepcionar o Ed Force One. A proximidade da chegada da banda fazia com que esse fosse o principal assunto na cidade. No caminho, em todos os lugares, haviam outdoors do show. Na TV só se falava nisso. Então, é claro que o aeroporto estava tomado pelos fãs de Iron Maiden. Conheci uma galera muito legal por lá. E, enquanto esperávamos, fui entrevistado por uma TV local.

Para assistir um show, é normal o pessoal de Manaus embarcar em um avião para São Paulo ou Rio de Janeiro, mas alguém de São Paulo vir para Manaus pareceu um pouco inusitado para eles. Antes mesmo de chegar à cidade, eu fui entrevistado por jornais locais. A história de que um fã havia conhecido a banda, difundida na comunidade do Orkut, soou bem para os jornalistas.



 

Após acompanhar o pouso, retornamos imediatamente para o hotel. A ideia, claro, era ter algum contato com a banda. Ainda faltava conhecer o Dave Murray. Porém, não tivemos vida fácil. Mesmo hospedados, o hotel estava gradeado, cercado de fãs, e demoramos um pouco para conseguir entrar. Fui entrevistado mais uma vez, por um reporter de outro canal, que havia visto minha entrevista anterior.


Aconteceu algo que nunca vi antes nem depois. Foi reservada uma parte de um andar apenas para a banda e sua equipe e ninguém estava autorizado a passar por lá, nem mesmo hóspedes. Mesmo quem estava em um quarto no mesmo andar era obrigado a dar uma volta maior para chegar até ele. Absurdo completo, mas foi o que aconteceu. Tempos depois, um amigo definiu bem, com ironia: “parecia que eles estavam com medo de ataque de índios”.

Manaus é o principal centro urbano, financeiro e industrial da Região Norte do Brasil. É a cidade mais populosa do Amazonas e de toda a Amazônia com mais de 2,1 milhões de habitantes. Não há ataques de índios e qualquer fala em contrário só demonstra preconceito e ignorância. No entanto, esse comentário pareceu descrever o comportamento da banda que, em Manaus, procurou se esconder a todo custo, nem parecia que eram os mesmos caras que conheci um ano antes.

Foi nessa tarde que conheci o autor do comentário. Um casal, na faixa dos 50 anos, havia acabado de retornar de uma viagem por Bali, Jacarta e Indonésia, onde esteve apenas para assistir aos shows do Iron Maiden. Agora estava ali, pronto para fazer a turnê brasileira completa.

Carioca, Ricardo Pacheco indicou qual seria o hotel em que a banda se hospedaria no Rio de Janeiro: Intercontinental. Imediatamente fiz a minha reserva pela internet. Eu acreditava que aquele senhor sabia o hotel apenas por morar na mesma cidade em que o show aconteceria. Na realidade, ele sabia muito mais do que eu seria capaz de imaginar.

Eu e Sheila fomos dar uma volta pelo hotel e encontramos Rod Smallwood e o fotografo John McMurtrie descansando à beira da piscina.  Mais a noite, encontramos também Lauren Harris, a filha de Steve Harris que comandava a banda de abertura daquela turnê, que levava seu nome. Ela estava acompanhada pelo assistente de palco, Ashley Groon, falecido em 2022.

Eu já previra a possibilidade de encontrar com Lauren. Portanto, havia comprado o CD da banda dela, e levei para conseguir autógrafos. A abordei e consegui a foto e o autógrafo, fácil. Ashley, que era um palhaço completo, no bom sentido, fez questão de aparecer em todas as fotos, sempre fazendo alguma careta ou, no caso da foto com a Sheila, mostrando os mamilos, o que a fez ficar vermelha de vergonha, totalmente sem graça.


Já estava anoitecendo e o casal amigo da Sheila, da noite anterior, veio nos buscar para dar uma volta pela cidade. Conhecemos o Teatro Amazonas por fora e comemos no McDonald's. Quando retornava ao hotel, lembrei que deveria avisar uma conhecida, que conheci na comunidade de Manaus, confirmando que a banda estava mesmo por lá. Eu realmente não queria fazer isso, pois o hotel já estava suficientemente lotado de fãs  e a banda parecia não querer interagir com ninguém. Mas combinado é combinado e a avisei. Aquilo, sem querer, acabou salvando minha noite.

Em 40 minutos, ela chegou com a irmã, e ambas também se hospedaram. Sua beleza despertou a atenção de integrantes da equipe da banda, que a levaram para conhecer Janick Gers e Dave Murray. Eu aproveitei a deixa e finalmente consegui a foto que faltava.



Na manhã seguinte, no café da manhã, houve um comentário de que a banda havia saído para passear. Já que os músicos não estavam no hotel, eu e Sheila resolvemos passear também, conhecer os arredores. Ao sair, descemos até o rio e um dos barcos ancorados nos chamou a atenção. Chamado Batelão, tiramos diversas fotos em frente a ele.


Seguimos nosso passeio caminhando pela orla até chegar a um local onde Sheila aproveitou para testar o zoom da câmera nova, fotografando vários barcos que passavam pelo rio. Mais tarde, ao ver as fotos no computador, surpresa: um dos barcos era o Batelão, e seus passageiros eram o Iron Maiden, a equipe, a banda da Lauren... todos tinham ido navegar no Batelão! Mais tarde ainda, alguns fãs mostraram fotos do momento em que a banda deixou o hotel para navegar. Então, quando saímos, a banda ainda não havia saído. Paciência!


De tarde, um amigo de São Paulo, que estava morando na cidade há algum tempo, apareceu no hotel para nos dar uma carona até o show. Antes, perguntou se eu já havia visto algum integrante do Iron Maiden por ali. Por acaso, naquele exato momento, Bruce estava no bar do térreo conversando com um piloto de avião uniformizado. Quando levantou e se despediu, algumas meninas o abordaram, e ele tirou algumas fotos. Carlos, meu amigo, se aproximou. Quando faltava somente ele, Bruce simplesmente saiu correndo e o deixou na mão.

O show foi maravilhoso, mas logo retornamos ao hotel, pois nosso voo para o Rio era de madrugada. A banda estava no bar comemorando o aniversário de Harris, mas cercada por seguranças, então resolvemos não incomodar. Quando fui para o quarto, meu caminho se cruzou com o de Michael Kenney que, para quem não sabe, é o técnico de baixo do Steve Harris e também o tecladista do Iron Maiden em apresentações ao vivo. Pedi a foto e ele aceitou sem problemas, segurando uma caixa de Havaianas nas mãos. Depois, apenas pegamos nossas coisas e seguimos para o aeroporto, pois um casal de amigos nos deu uma carona.