No final de 2008, o Iron Maiden anunciou as cidades brasileiras da segunda perna da turnê “Somewhere Back in Time”. Como Bruce havia anunciado no show daquele ano que a banda retornaria ao Brasil em 2009, eu passei um bom tempo juntando algum dinheiro para poder assistir ao show em mais cidades, não apenas em São Paulo. A princípio seria Rio de Janeiro e mais uma. Me decidi por Manaus quando soube que o aniversário de Steve Harris, 12 de março, coincidiria com a apresentação na cidade. Então, entrei na comunidade do show de Manaus no Orkut e interagi com algumas pessoas. Descobri que só havia um hotel capaz de receber o Iron Maiden na cidade: o Tropical. Rapidamente fiz a minha reserva e também no Hilton, em São Paulo. Restava saber apenas o hotel em que a banda ficaria no Rio de Janeiro.
Quando chegou o dia, eu e Sheila embarcamos em um voo da extinta Avianca (que ainda chamava-se Ocean Air) rumo a Manaus, com escala em Brasília. Ao chegar, fomos direto ao hotel, após sermos devidamente “roubados” pelo taxista, que só aceitava fazer corridas com o preço fechado, evidentemente em valores bem maiores do que os que dariam com o taxímetro rodando. Felizmente, hoje em dia temos serviços como o Uber, que nos libertam de aproveitadores como esse.
O calor na cidade era infernal, mas sinceramente eu gosto. Passamos o dia nas dependências do hotel, testando a nova câmera fotográfica que compramos especialmente para a ocasião. Reparamos, porém, que algumas fotos não ficavam boas, e demoramos para entender o porquê. O quarto mantinha o ar-condicionado ligado em força total e, quando saíamos para fotografar, a lente embaçava imediatamente. Um efeito interessante causado pelo contraste de temperaturas.
Ao anoitecer, encontramos dois casais. Um, de amigos da Sheila, que ela conhecia a partir de uma comunidade do seriado Lost no Orkut. Outro, de amigos meus, a quem conheci na comunidade do show de Manaus. Todos fomos a uma pizzaria. Após, meus amigos perguntaram se eu gostaria de ir ao local do show, onde o palco estava sendo montado, antes mesmo da chegada da banda à cidade. Achei que seria uma boa ideia, e fomos.
Havia um segurança que não queria nos deixar entrar. No entanto, foi só falar que viemos de São Paulo especialmente para a ocasião, que fomos liberados para dar uma olhada. Tiramos algumas fotos e acompanhamos atentamente a montagem do palco e das luzes por uma equipe local, para o que se tornaria realidade em apenas dois dias: Iron Maiden na Amazônia.
Na manhã seguinte, era hora de voltar ao aeroporto, para recepcionar o Ed Force One. A proximidade da chegada da banda fazia com que esse fosse o principal assunto na cidade. No caminho, em todos os lugares, haviam outdoors do show. Na TV só se falava nisso. Então, é claro que o aeroporto estava tomado pelos fãs de Iron Maiden. Conheci uma galera muito legal por lá. E, enquanto esperávamos, fui entrevistado por uma TV local.
Para assistir um show, é normal o pessoal de Manaus embarcar em um avião para São Paulo ou Rio de Janeiro, mas alguém de São Paulo vir para Manaus pareceu um pouco inusitado para eles. Antes mesmo de chegar à cidade, eu fui entrevistado por jornais locais. A história de que um fã havia conhecido a banda, difundida na comunidade do Orkut, soou bem para os jornalistas.
Após acompanhar o pouso, retornamos imediatamente para o hotel. A ideia, claro, era ter algum contato com a banda. Ainda faltava conhecer o Dave Murray. Porém, não tivemos vida fácil. Mesmo hospedados, o hotel estava gradeado, cercado de fãs, e demoramos um pouco para conseguir entrar. Fui entrevistado mais uma vez, por um reporter de outro canal, que havia visto minha entrevista anterior.
Aconteceu algo que nunca vi antes nem depois. Foi reservada uma parte de um andar apenas para a banda e sua equipe e ninguém estava autorizado a passar por lá, nem mesmo hóspedes. Mesmo quem estava em um quarto no mesmo andar era obrigado a dar uma volta maior para chegar até ele. Absurdo completo, mas foi o que aconteceu. Tempos depois, um amigo definiu bem, com ironia: “parecia que eles estavam com medo de ataque de índios”.
Manaus é o principal centro urbano, financeiro e industrial da Região Norte do Brasil. É a cidade mais populosa do Amazonas e de toda a Amazônia com mais de 2,1 milhões de habitantes. Não há ataques de índios e qualquer fala em contrário só demonstra preconceito e ignorância. No entanto, esse comentário pareceu descrever o comportamento da banda que, em Manaus, procurou se esconder a todo custo, nem parecia que eram os mesmos caras que conheci um ano antes.
Foi nessa tarde que conheci o autor do comentário. Um casal, na faixa dos 50 anos, havia acabado de retornar de uma viagem por Bali, Jacarta e Indonésia, onde esteve apenas para assistir aos shows do Iron Maiden. Agora estava ali, pronto para fazer a turnê brasileira completa.
Carioca, Ricardo Pacheco indicou qual seria o hotel em que a banda se hospedaria no Rio de Janeiro: Intercontinental. Imediatamente fiz a minha reserva pela internet. Eu acreditava que aquele senhor sabia o hotel apenas por morar na mesma cidade em que o show aconteceria. Na realidade, ele sabia muito mais do que eu seria capaz de imaginar.
Eu e Sheila fomos dar uma volta pelo hotel e encontramos Rod Smallwood e o fotografo John McMurtrie descansando à beira da piscina. Mais a noite, encontramos também Lauren Harris, a filha de Steve Harris que comandava a banda de abertura daquela turnê, que levava seu nome. Ela estava acompanhada pelo assistente de palco, Ashley Groon, falecido em 2022.
Eu já previra a possibilidade de encontrar com Lauren. Portanto, havia comprado o CD da banda dela, e levei para conseguir autógrafos. A abordei e consegui a foto e o autógrafo, fácil. Ashley, que era um palhaço completo, no bom sentido, fez questão de aparecer em todas as fotos, sempre fazendo alguma careta ou, no caso da foto com a Sheila, mostrando os mamilos, o que a fez ficar vermelha de vergonha, totalmente sem graça.
Eu já previra a possibilidade de encontrar com Lauren. Portanto, havia comprado o CD da banda dela, e levei para conseguir autógrafos. A abordei e consegui a foto e o autógrafo, fácil. Ashley, que era um palhaço completo, no bom sentido, fez questão de aparecer em todas as fotos, sempre fazendo alguma careta ou, no caso da foto com a Sheila, mostrando os mamilos, o que a fez ficar vermelha de vergonha, totalmente sem graça.
Já estava anoitecendo e o casal amigo da Sheila, da noite anterior, veio nos buscar para dar uma volta pela cidade. Conhecemos o Teatro Amazonas por fora e comemos no McDonald's. Quando retornava ao hotel, lembrei que deveria avisar uma conhecida, que conheci na comunidade de Manaus, confirmando que a banda estava mesmo por lá. Eu realmente não queria fazer isso, pois o hotel já estava suficientemente lotado de fãs e a banda parecia não querer interagir com ninguém. Mas combinado é combinado e a avisei. Aquilo, sem querer, acabou salvando minha noite.
Em 40 minutos, ela chegou com a irmã, e ambas também se hospedaram. Sua beleza despertou a atenção de integrantes da equipe da banda, que a levaram para conhecer Janick Gers e Dave Murray. Eu aproveitei a deixa e finalmente consegui a foto que faltava.
Seguimos nosso passeio caminhando pela orla até chegar a um local onde Sheila aproveitou para testar o zoom da câmera nova, fotografando vários barcos que passavam pelo rio. Mais tarde, ao ver as fotos no computador, surpresa: um dos barcos era o Batelão, e seus passageiros eram o Iron Maiden, a equipe, a banda da Lauren... todos tinham ido navegar no Batelão! Mais tarde ainda, alguns fãs mostraram fotos do momento em que a banda deixou o hotel para navegar. Então, quando saímos, a banda ainda não havia saído. Paciência!
De tarde, um amigo de São Paulo, que estava morando na cidade há algum tempo, apareceu no hotel para nos dar uma carona até o show. Antes, perguntou se eu já havia visto algum integrante do Iron Maiden por ali. Por acaso, naquele exato momento, Bruce estava no bar do térreo conversando com um piloto de avião uniformizado. Quando levantou e se despediu, algumas meninas o abordaram, e ele tirou algumas fotos. Carlos, meu amigo, se aproximou. Quando faltava somente ele, Bruce simplesmente saiu correndo e o deixou na mão.
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