terça-feira, 12 de abril de 2022

Molchat Doma

Eu estava sossegado em casa, navegando na internet, quando Maria Cláudia perguntou se eu faria o corre do Molchat Doma. Ela,como já mencionei em outros textos, parece uma enciclopédia ambulante de rock, principalmente no que se refere a bandas estranhas. Respondi:

- Que desgraça é essa?!

- Uma banda da Bielorússia.

Fala sério! Eu nem sabia que na Bielorússia tinha banda, e ela já estava me chamando para o corre. Imediatamente procurei pelo som no Youtube e detestei o que ouvi. Não fosse Maria Cláudia perguntando, minha resposta seria "não" automaticamente. Foi ela, porém, quem me ensinou a fazer corre de bandas pequenas, e costumo ser uma pessoa grata, então aceitei, pois parecia ser a típica banda em que somente ela estaria interessada. Assim como no caso do Soen, eu iria apenas para ajuda-la.

No Chile, onde a banda apresentou-se antes de vir a São Paulo, foi fácil - "en Santiago es siempre mas facil". Eduardo e outros amigos chilenos conseguiram de boa.



O show em São Paulo foi em um domingo. Na segunda feira, quando a banda deixaria o país, combinei com Maria Cláudia que iríamos cedo ao aeroporto para conseguir fotos com os integrantes logo que fizessem o check-in na companhia aérea. Acordei cedo e fui, pois o horário de nosso encontro era às 08:30hs. Como eu estava sem celular, não havia como se comunicar após o momento em que saí de casa. O próximo show da banda seria em Hollywood, ou seja, os músicos teriam que voar para Los Angeles. Desde o início da pandemia de COVID-19, Sâo Paulo não oferecia mais voo direto para lá. Carlos não participou do corre diretamente mas ajudou a prever que o voo mais provável seria o Aeromexico com destino à Cidade do México.

Os minutos se passavam às dezenas e nada de Maria Cláudia chegar. Sentei na base de uma das pilastras internas do terminal, exatamente em frente ao check-in C e passei a monitorar a fila do check-in da Aeromexico. Vi quando uma passageira, ao empurrar seu carrinho de bagagem, deixou diversas malas cair ao chão e teve que recolher uma a uma. De repente, percebi que havia passageiros com cases de instrumentos, e consegui ler "Molchat Doma" neles. Fudeu, os caras estavam lá e nada da Maria Cláudia. Pior: eu não estudei esse corre, nem tinha uma foto dos caras para comparar, não tinha como acessar a internet para conferir a aparência deles. Eu sabia que estavam todos ali, roadies e banda, mas não sabia quem era quem. Esperava que Maria Cláudia estivesse comigo para isso, mas não estava. Embora tenha feito esse corre somente para ajudar, é claro que tiraria fotos com a banda também. É péssimo chegar em casa sem foto alguma, ainda que para mim fossem apenas "figurinhas novas".

Percebi quando um dos músicos - o único que eu fui capaz de recordar a fisionomia - afastou-se do grupo e caminhou aparentemente para o fumódromo. Fui atrás. Lá, identifiquei-me como fã. Ele estava de máscara - sabe-se lá porque, já que estava fumando - mas não se importou em abaixa-la para uma foto, que foi tirada por um dos roadies que o acompanhou. Agradeci e retornei para onde estava.

Egor Shkutko é o vocalista da desgraça biolorussa, ops, do Molchat Doma

Desta vez de pé, fiquei observando enquanto roadies e banda faziam o check-in, enquanto conversava com um daqueles motoristas corporativos que buscam e levam pessoas ao aeroporto o tempo todo. Ele que veio falar comigo, pois me observou e estava curioso quanto a quem seriam "os famosos". Também disse que aquela passageira que derrubou as malas pouco antes era Jade Picon, ex BBB. Eu não faria o corre dela de jeito nenhum, mas já que estava ali, por que não?! Infelizmente, assim que ele disse quem ela era a vi, à distância, passar pelo portão de embarque.

Fiquei por perto até todos - banda e roadies - terminarem o check-in e seguirem para a sala para despacho de bagagens com dimensões especiais - o que inclui guitarras e outros innstrumentos musicais. Foi aí que abandonei o corre e retornei para casa. Ao chegar, Maria Claudia disse que seu ônibus se envolveu em um acidente - nada muito sério, mas teve que ficar parado, o que a impediu de chegar a tempo. De acordo com ela, chegou dez minutos depois que desisti. Provavelmente a banda já teria embarcado.

Avisei Isaac, um amigo mexicano que também faz corres, que vi a banda embarcando no voo da Aeromexico. Ele agradeceu, fez o corre e conseguiu fotos com todos após algumas horas. Ele enviou um vídeo da banda chegando ao México. Comunicação com hunters estrangeiros, cooperação internacional é sempre genial.

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