sábado, 26 de março de 2022

Soen (fail)

Sei perfeitamente que no mundo dos corres sou detestado por muita gente. O que ninguém conta é que 100% de quem fala mal de mim hoje teve minha ajuda no passado. Já fiz corres com todos eles, quase sempre com minha informação, mas acabaram pisando na bola de uma maneira ou de outra. Quando decido parar de falar com alguém geralmente é para sempre, poucas foram as vezes que dei segunda chance e menos ainda foram as vezes que não me arrependi de dar a segunda chance - casos, por exemplo, da Jess e da Ellen.

Por outro lado, sou extremamente fiel a quem está do meu lado, nunca esqueço de quem me ajuda. Por isso mesmo, às vezes faço corres que não estou minimamente interessado apenas para ajudar essas pessoas. E foi o que aconteceu aqui. Eu não conhecia o Soen, nunca ouvi falar até a Maria Cláudia perguntar se eu faria o corre dessa banda. Samii também estava interessada. Ninguém queria fazer o corre com elas, então obviamente me ofereci. Mas me arrependi de ter me oferecido.

Chamo Maria Cláudia de enciclopédia do rock. Se uma banda que nunca ouvi falar vem ao Brasil, com certeza ela conhece. Não curti a maioria das bandas que conheci através dela, como Katatonia, Pain of Salvation, Alcest, Steven Wilson, entre outras. As únicas que gostei e tornei-me fã foi Korpiklaani e Eluveitie

Foi ela quem me ensinou a fazer corre de bandas pequenas. Fazer corre de banda grande é fácil. Sempre vai ter um i̶d̶i̶o̶t̶a̶ ̶l̶i̶n̶g̶u̶a̶r̶u̶d̶o̶ divulgando hotel em alguma fan page no Facebook, isso quando essa informação não vem da própria imprensa, como no caso do Paul McCartney em 2010, quando qualquer reportagem sobre o show dizia claramente que ele estava no Hyatt. Eu mesmo comecei nos corres assim, ao ver no Orkut uma foto do Steve Harris abraçado com um fã no Hilton.

Banda pequena, entretanto, o buraco é muito mais embaixo. Não bastasse a dificuldade de identificar o hotel, ainda muitas vezes beira o impossível encontrar alguém que te acompanhe ao menos para tirar sua foto. E é exatamente por isso que me proponho a ajudar quem me ajudou. Sou e sempre serei muito grato a ela pelo que fez por mim, e sempre a ajudarei no que estiver ao meu alcance. O mesmo é válido com relação à Samii. Não basta ser companheira de tantos corres bem sucedidos, ainda há do fato de que tivemos um pequeno romance em 2017/2018 e que acabou numa boa, sem ressentimentos.

Por isso, em um sábado, o Soen chegaria em São Paulo vindo de Buenos Aires. Samii podia ir, mas Maria Cláudia não, então fui com ela ao aeroporto. Eram apenas cinco voos. O primeiro, às 09:15, era improvável porque a banda teria que acordar muito cedo para estar nele e não fazia sentido faze-lo em um day-off - como era o caso - então o ignoramos e monitoramos apenas a partir do segundo voo, que era o mais provável, às 14:10, mas a banda não veio nele. Monitoramos também o terceiro (14:35), o quarto (18:30) e o quinto voo (19:20), com o mesmo resultado. Havia mais três voo mais tarde, mas ram extremamente improváveis.

O grande problema é que eu estava sem celular e Samii com, mas sem bateria. Ela levou cabo e carregador, mas o aeroporto de Guarulhos simplesmente não oferece tomadas na área de espera do desembarque. No terminal 2, onde estávamos, há apenas uma tomada, que já estava sendo usada. Quando livrou, Samii conseguiu dar alguma carga, cerca de 5%. Como ainda faltava alguns minutos para monitorar o próximo desembarque, e eu queria fumar, pedi para ela ficar carregando o celular, eu fumaria e quando voltasse inverteríamos, ou seja, eu cuidaria do celular e ela iria fumar. Ter internet naquele momento era essencial, pois poderíamos verificar se algum integrante da banda postou alguma pista nas redes sociais.

Samii, entretanto, fez uma coisa inacreditavelmente burra. Após fumar, eu já estava retornando, mas a encontrei vindo em minha direção. Disse que também queria fumar e não aguentou esperar. Só que nisso outra pessoa se apossou da tomada, e os 5% não ajudaram em nada. A bateria acabou novamente e decidimos ir embora. Provavelmente a banda veio no primeiro voo do dia. 

Ao chegar em casa, pude ver que no Instagram que um dos músicos postou que estava no aeroporto de Ezeiza no meio da tarde. Se a Samii tivesse visto o Instagram ao invés de perder a tomada para fumar, teríamos permanecido e conseguido. Só não fiquei puto porque quem queria fotos com a banda era ela, para mim seria apenas "figurinha nova", nada mais.

No dia seguinte, Samii não poderia fazer o corre, mas Maria Cláudia sim. Esse foi um dos primeiros corres pós pandemia, e eu imaginava - com razão - de que muitos padrões poderiam mudar. Tínhamos apenas um tiro, mas erramos. Fomos ao hotel Renaissance, mas a banda não estava lá. Sabia, entretanto, que a banda iria embora no dia seguinte, no único voo disponível para Montevideo, às 09:50hs. Como a Infraero recomenda que os passageiros de voos internacionais cheguem com 3 horas de antecedência, a banda poderia estar no aeroporto a partir de 06:50hs.

Como não faço corre para perder, sugeri que fôssemos ao aeroporto e passássemos a noite lá, mas ela não quis, assim como a Janice e um amigo que as acompanhava. Fiz minha parte como amigo, fui duas vezes ao corre mas não consegui nada. Fazer o que?! Nem sempre a mágica dá certo...

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