sexta-feira, 16 de julho de 2021

Jeff Scott Soto

Com a pandemia ainda fora de controle, o Manifesto Bar anunciou o primeiro show internacional no Brasil desde março de 2020: o vocalista americano Jeff Scott Soto, conhecido por seus trabalhos em bandas como Yngwie Malmsteen, Talisman, Axel Rudi Pell, W.E.T., Sons of Apollo, entre outras. Diz a lenda que ele abriu mão do cachê para as duas apresentações que faria no local, a primeira com uma compilação dos principais sucessos de sua carreira, e a segunda tocando músicas em homenagem ao Queen.

Por incrível que pareça, Carlos e Jessica não se animaram nada com esse corre. Ok, todos já tínhamos fotos com Jeff, mas fiquei surpreso, pois eles diziam que após a pandemia "tirariam foto até mesmo com o campeão do torneio de botcha" (numa alusão de que não importava qual fosse o corre, eles estariam). Mas não foi bem assim. Ok, se eu realmente quisesse, teria que me virar sozinho. Ou com Anebelle...

Com a aproximação dos shows, fiquei atento ao Instagram. Fiquei feliz ao constatar que Jeff aparentemente não é pandêmico, ou seja, provavelmente foto sem máscara rolaria numa boa, já que na Rússia estava atendendo aos fãs assim, além de frequentar lugares públicos despreocupadamente, sempre sem o acessório. Eu já tinha 3 fotos boas com ele antes da pandemia começar, então só valeria a pena se rolasse foto sem máscara.

Por mais que seja várzea (ou seja, fácil demais), a saudade de voltar a tirar uma foto com um artista internacional era grande. No entanto, esse corre era muito mais interessante para Anebelle, que ainda não tinha foto com ele. Como ela estava me ajudando com os corres do Palmeiras, ainda que do jeito doido dela, pareceu justo ajuda-la a conseguir uma foto com o Jeff. Mas, claro, ela também queria sem máscara.
No domingo anterior aos shows no Brasil, Jeff postou uma mensagem agradecendo e despedindo-se de São Petersburgo. Não me preocupei, pois não tinha a ideia de ir ao aeroporto para conseguir essa foto logo na chegada ao país, porém rapidamente concluí que ele teria que ir para Moscou, distante algumas centenas de quilômetros de onde estava, e que lá haveria voo para o Brasil - com conexão em Paris - somente no dia seguinte, chegando aqui na terça-feira. Fiquei surpreso quando, na segunda-feira, ele postou uma foto pandêmica com a banda - formada por músicos brasileiros - no terminal 3 do aeroporto de Guarulhos. Já estavam em São Paulo, passariam a semana toda aqui. Afinal, o que vieram fazer com tanto tempo de antecedência?

Também imaginei que durante a estadia ele ou algum dos músicos acabasse postando algo que nos levasse a concluir em que hotel ele estava - embora tivéssemos algumas suspeitas - mas isso não aconteceu. Na terça feira, a banda reuniu-se em um estúdio para ensaiar. Na quarta, já estava em outro local, gravando um clipe de vídeo. Não consegui identificar o estúdio a tempo, mas obtive a localização onde o clipe foi gravado.

Jeff e meu ex vizinho Rudney
Após o dia de gravações, Jeff, banda e equipe decidiram dar uma esticada no The Metal Bar. Esse bar tem como proprietário (ou como um dos proprietários) um ex vizinho de infância. Eu e Rudney éramos crianças, depois adolescentes, quando morávamos no mesmo prédio em Higienópolis. Com o surgimento do Orkut, voltamos a manter contato. Nos encontramos algumas vezes, como no show do Symfonia em 2011 ou no Viper Day em 2015. Em 2020, ele comprou alguns autógrafos de minha coleção pessoal para usar na decoração do bar, mais ou menos na época em que estourou a pandemia de COVID.

Se ele tivesse avisado que tinha uma visita ilustre, eu teria dado uma passada lá. Sem problemas, provavelmente nem se lembrou. O importante é que a foto aconteceu sem máscara. Provavelmente conseguiríamos também.

Como na quinta feira aparentemente a gravação do clipe continuou, Anebelle me convidou para dar uma passada no local. Fomos, mas nos demos mal, pois aparentemente se localiza dentro de um condomínio fechado, daqueles onde é necessário se identificar e obter autorização para entrar. Pura perda de tempo! Desistimos, mas tentaríamos no dia seguinte, na frente do Manifesto, logo que ele chegasse para passar o som.

Na sexta feira, chegamos no meio da tarde e não havia sinal algum de movimentação. Conforme os minutos se passavam, os músicos começaram a chegar, entrando rapidamente por uma porta que ficou estrategicamente destrancada. Não nos incomodamos, pois o foco era única e exclusivamente no Jeff que, claro, foi o último a chegar.

Mal o encontro aconteceu e Anebelle já começou com loucura: como ele desceu do carro usando máscara, rolou uma foto pandêmica. Ela então perguntou, em português, em qual hotel ele estava hospedado. Jeff, é claro, não entendeu nada e me olhou, como que esperando que eu traduzisse. Foi o que fiz, e ainda recebi uma resposta meio grossa, pois ele disse que hotel é como se fosse a casa dele, portanto não iria falar.

Nem tentei tirar uma foto também, pois não queria foto pandêmica. Tão logo Jeff entrou para a passagem de som, perguntei à maluca porquê diabos ela perguntou o hotel. "Porque eu queria uma foto sem máscara". Então porquê diabos não pediu para ele tirar a máscara?! Coisas de Anebelle, eu já deveria estar acostumado...

Era apenas 16:00hs, o show terminaria por volta das 23:00hs, mas ela queria ficar por perto para tentar novamente após o show. Perguntou se eu a acompanharia e respondi positivamente, desde que fôssemos comer alguma coisa. De carro, fomos ao McDonalds da Rua Henrique Schaumann. Após pegar nossos pedidos, subimos ao andar superior para comer. Quando terminamos, Anebelle desceu a escada, pisou em falso e torceu o pé. A coisa foi feia, acabamos parando em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) onde ela foi medicada. Porém, só foi liberada às 23:20hs. Apenas por desencargo de consciência retornamos ao Manifesto; eu realmente acreditava que o corre já estava perdido.

Quando chegamos, havia alguns fãs em frente, o que indicava que o show realmente havia terminado. No entanto, outros tantos saíam do local, o que provavelmente indicaria que Jeff ainda estava lá. Sem querer encontrei Luiz, um amigo de Facebook, que decidiu permanecer justamente para tentar tirar uma foto com ele e me confirmou que Jeff ainda se encontrava lá. Conversamos por alguns minutos, até que Jeff saiu de máscara e começou a atender todos que quisessem. Julguei que não tiraria a máscara ali, talvez fosse melhor segui-lo para o hotel. Anebelle concordou, correndo para o carro, pronta para iniciar a perseguição.

Após atender a todos, Jeff entrou no carro, onde os demais ocupantes já o esperavam. As portas se fecharam, o carro saiu. Anebelle, para variar, fez loucura: ao invés de fazer uma perseguição discreta, à distância, literalmente colou na traseira do carro. Se acelerava, ela acelerava. Se diminuia, ela diminuia. Se trocasse de faixa, ela trocava de faixa. Parecia um carrapato, e com certeza nada discreto.

Isso talvez fosse necessário se fosse com alguém muito raro, talvez Mick Jagger dos Rolling Stones. Pelo amor de Deus, era apenas Jeff Scott Soto, alguém que em tempos sem pandemia vem ao Brasil praticamente todos os anos, e que inclusive já tem show marcado para São Paulo em 2022, com o Sons of Apollo. Não precisava de maluquice para conseguir uma foto sem máscara com ele. Isso foi motivo de discussão: eu reclamando que ela deveria ser mais discreta, seguir mais à distância, e ela berrando que quem dirigia era ela e que eu deveria ficar quieto.

Foi quando aconteceu o grande momento da noite em minha opinião. O carro que levava Jeff virou na Avenida Faria Lima, sentido zona sul. Logo na quadra seguinte, havia uma blitz da lei seca. O carro de Jeff passou sem problemas, mas um policial mandou Anebelle encostar. Ela começou a berrar "agora não! agora não!". À distância, um policial com uma lanterna sinalizava para ela avançar até ele, e já parecia ficar impaciente, pois ela permanecia parada, resmungando algo como "não é possível! hoje não!".

Sinceramente, achei que ela faria alguma besteira que nos levaria à cadeia ou à apreensão do veículo, como xingar o policial ou algo assim. Felizmente, ele quis apenas conferir a carteira de motorista e a liberou. Mas era tarde: o carro que perseguíamos já estava longe e foi impossível continuar. Sem outra saída, finalizamos.

Jeff com fã no Manifesto
Anebelle chorou e xingou por todo o caminho até minha casa. Nem parecia que tínhamos perdido apenas Jeff Scott Soto que, ainda por cima, se apresentaria novamente no mesmo local em apenas dois dias. Não tinha porque ser desequilibrada. Me lembrei imediatamente da Mel, minha falecida ex, o desequilíbrio era o mesmo. 

Em casa após um dia cansativo, nem demorei para pegar no sono. Quando acordei, conversei via Messenger com Luiz, o amigo que encontrei na noite anterior. Ele disse que Jeff perguntou a uma das meninas se queria que ele tirasse a máscara para a foto, mas ela respondeu que não era necessário. Se tivéssemos ficado, provavelmente teríamos conseguido a foto do jeito que Anebelle tanto queria. Além disso, ele se apresentou sem máscara (quem conhece o local sabe o quanto é pequeno e o quanto é impossível manter-se distante do público), além de tirar fotos sem máscara após o show, especialmente com mulheres.

No domingo, eu já estava quase saindo de casa quando um amigo, colecionador de autógrafos, Cris, me chamou no Messenger. Eu já havia oferecido a ele uma foto autografada pelo Jeff, mas ele não se interessou porque iria ao show e conseguiria por si mesmo. Entretanto, quando Jeff passou para atender os amigos que o acompanhavam, Cris tinha ido ao banheiro. Graças a eles, teve seus CDs autografados, mas queria ter conseguido ao menos um autógrafo com dedicatória "To Cris". Então, ele me chamou para perguntar se eu conseguiria uma foto autografada pelo Jeff. Se estivesse com dedicatória, ele compraria. Dinheiro extra é sempre bem vindo, especialmente nestes tempos pandêmicos, mas havia um problema: o local onde mando revelar as fotos não abre de domingo. Se ele tivesse pedido antes...

Em seguida, Alisson também me chamou no Messenger. Foi ele quem me avisou que aconteceria o show do Jeff mas, enfim, é meio enrolado. Disse que apareceria para o show de sexta-feira, mas ficou preso no trabalho e não tinha certeza nem ao menos se conseguiria ir domingo. Ao menos me deu a ideia de "revelar" a foto na Alphagraphics, uma franquia de gráficas que, por acaso, tem uma unidade na Avenida Faria Lima, poucas quadras distante do Manifesto, que que funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Enviei um email para lá, expliquei o que precisava, e recebi a resposta rapidamente, dizendo que não trabalhavam com revelação de fotos, mas que seria possível fazer impressão da imagem em papel couchê. Ficaria mais caro do que eu pago normalmente e abaixo do padrão de qualidade que costumo utilizar, mas era o que dava para conseguir no domingão. Entrei em contato com Cris, combinamos o valor, e mandei fazer a foto. Restava então conseguir o rabisco.

Anebelle passou em casa, onde deixou o carro (ela estava com o pé machucado, lembra?). Fomos de Uber. Quase no destino, desembarquei para buscar a foto na Alphagraphics e a reencontrei em frente ao Manifesto. Alisson apareceu trazendo um amigo: "ele é porteiro do prédio onde moro e curte muito o trampo do Jeff Scott Soto. Quando comentei que seria possível tirar uma foto com o Jeff, perguntou se poderia me acompanhar". Sem problemas: em corres varzeanos, todos são bem vindos. Alisson, que não é pandêmico, estava o tempo todo sem máscara. No entanto, quando Jeff apareceu, colocou o acessório.

Foi a primeira vez que vi o Jeff chato. Atendeu, mas parecia de má vontade. Talvez tenha nos reconhecido de dois dias antes, mas pelo menos assinou a foto (oba! faturei!). Perguntei se seria possível abaixar a máscara para tirar uma foto com Anebelle. Ele respondeu que não faria isso por causa da pandemia. Sinceramente? Desta vez eu o achei um puta de um cuzão. Tirou fotos sem máscara na Rússia, várias no Brasil, cantou sem máscara em ambiente fechado etc etc etc, para agora dizer que não tiraria por causa da pandemia? Seja coerente pelo menos, ou tira com todo mundo com máscara, ou não tira com ningém. Acabei tirando uma foto pandêmica, assim como Anebelle, Alisson e o porteiro. A coisa foi tão broxante que nenhum de nós ficou para tentar novamente. Finalizamos ali.

Jeff Pandemic Soto

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