Pisa

Quando criança, meus avós viajaram para a Itália e trouxeram uma miniatura da famosa torre inclinada. Eu me interessei imediatamente, passava horas contemplando, imaginando quanto mais faltaria para ceder de vez e tombar. É claro que houveram intervenções humanas para impedir que isso acontecesse, permitindo que muitas gerações ainda pudessem visita-la e admira-la.

Pisa, assim como Roma, não estava em meus planos originais de viagem. Depois, conversando com a Arianne, decidimos que seria uma boa sacrificar dois dias de Veneza pra conhecer essas cidades. Mas o plano era um pouco xarope: em um dia, sairíamos de Veneza para Roma; no outro, partiríamos de Roma para Pisa. Ficaríamos pouco mais de três horas e retornaríamos para Veneza, tudo de trem. O problema foi o tempo de viagem: a viagem de Veneza para Roma demorou cerca de 3 horas. Já de Roma para Veneza, com as paradas em Pisa, Florença e Bolonha, demorou 11 horas.

Partimos de Roma Termini às 11:57, chegando em Pisa Centrale às 14:53. Poderíamos tomar um ônibus para agilizar a chegada à Torre, mas faltava ainda algum tempo para o encontro agendado com o guia, então decidimos caminhar, até para conhecer um pouco mais da cidade, sentir um pouco o que é estar lá. Não é muito distante, apenas 1,5 quilômetro, caminhamos devagar, tirando algumas fotos.

Quando chegamos à Praça dos Milagres, nosso guia, David Di Giacomo, já nos aguardava para a atividade Torre inclinada sem fila com visita a Praça dos Milagres (€75 por pessoa). Foi o melhor guia de toda a eurotrip: educado, polido, sabia o que estava dizendo, e nos contou com maestria cada detalhe dos locais visitados. 

Primeiramente, fomos à muralha, onde tivemos uma visão privilegiada de tudo que cerca a praça: a própria torre inclinada, a catedral, o batistério e o cemitério. Quando descemos, entramos na catedral e conhecemos sua história. Soubemos que ela foi destruída pelo fogo há muitos séculos, e o guia indicou quais eram os elementos originais que sobreviveram ao incêndio.

A muralha

O batistério

 

Esta pintura sobreviveu ao incêndio que destruiu a catedral original

Era a hora da cereja do bolo, e também de nos despedir de nosso guia, pois ele não era autorizado a subir conosco os 296 degraus da torre. Se fosse, estaria ferrado: apenas imagine-o subindo e descendo a cada grupo de turistas, várias vezes ao dia. 

Sempre imaginei como seria por dentro, o que haveria lá, e estava na hora de descobrir. Trata-se, na verdade, de uma estrutura oca. É apenas o que você vê por fora, com uma escadaria interna. No topo, sinos e dois andares para contemplar as redondezas. E só! Mesmo assim, valeu a correria. Mais um sonho de infância realizado!

É totalmente plausível conhecer o principal de Pisa em apenas duas horas (sem contar o tempo de deslocamento). Porém, depois fiquei pensando sobre como seria uma noite na cidade, ver tudo aquilo iluminado. Se houver uma nova oportunidade de estar em Pisa, ficarei ao menos de um dia para outro na cidade.

Dentro da torre, olhando para cima

É um pouco esquisito subir em uma estrutura inclinada

O formato dos degraus também é meio estranho

 

Quando descemos, tínhamos apenas 50 minutos para retornar à estação. Não havia tempo para ônibus, devido aos horários de partida, então o jeito foi retornar a pé, em passo acelerado. Não havíamos tirado fotos clássicas, aquelas que todo mundo tira, mas se tentássemos correríamos sério risco de perder o trem. Eu disse para a Arianne: "tire uma foto, o que sair, saiu".

Foi corrido, mas conseguimos embarcar. O trem partiu às 18:32, chegamos em Florença às 19:26. Às 19:39, tomamos outro trem rumo a Bolonha, onde chegamos às 20:38. Nosso último trem, para Veneza Santa Lucia, partiu às 21:15 e chegou às 23:18. E sim, os horários de trem na Europa são exatos ou quase isso. Atrasos de um ou dois minutos até acontecem, mas são raríssimos. Funciona bem, igual no Brasil </ironia>