O Brooklands Museum está localizado no distrito de Weybridge, no condado de Surrey. Apesar de parecer complicado, é uma cidadezinha localizada no sudoeste de Londres. A princípio fui até lá com a Arianne para vivermos a
Concorde Experience, onde veríamos um Concorde de perto e também por dentro. O resto descobriríamos quando estivéssemos no local.
Este passeio, apesar da distância relativamente próxima ao centro de Londres, não é barato. Para chegar à estação Weybridge, o Oyster Card não é aceito, já que se trata de outra cidade. Foi necessário comprar a passagem separadamente, que custa £12 por trecho (£24 ida e volta). Vezes dois, já que fui com a Arianne, £48 (quase 350 reais na cotação de 19/08/20). A atividade em si é barata, apenas £5 por adulto e £3 por criança.

Comparativamente, é possível ir da estação Lapa à estação Aeroporto - Guarulhos (cerca de 25 quilômetros em linha reta), pagando apenas uma passagem de trem, e fazendo algumas baldeações. Se considerar ida e volta, R$8,60 por pessoa. Um trajeto semelhante, da estação Victoria para estação Weybridge (cerca de 26 quilômetros em linha reta), custa £24 (ou R$175,00), ida e volta, por pessoa. É muito caro!
Quando chegamos a Weybridge, seguimos as indicações do GPS do celular, contornando a estação e caminhando por uma rua tipicamente inglesa, muito arborizada. Houve um momento onde a passagem se estreitou e logo estávamos em uma trilha em meio à mata. Parecia um pouco estranho, mas seguimos em frente. Passamos por uma ponte sobre um rio e logo vimos diversas aeronaves em meio à vegetação, meio surreal estarem lá.
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Placa na entrada do local |
Passamos pela recepção, onde apresentei os vouchers que nos davam direito à atividade. Recebemos as boas vindas e tivemos a entrada liberada. No entanto, como chegamos cedo, ainda faltava 45 minutos para começar. Arianne foi caçar algum lugar onde pudesse tomar um café. Eu preferi conferir as aeronaves estacionadas no pátio do lugar, um antigo aeroporto que foi destruído na Segunda Guerra. Porém, quando enfim vi o Concorde (G-BBDG) de perto, ele tomou toda a minha atenção.
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Finalmente estava cara a cara com um dos 16 Concordes produzidos (além dos 2 protótipos), o de número de série 202 |
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Olha o tamanho dessa asa *_* |
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Dutos de escapamento dos motores |
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Detalhe de um dos conjuntos traseiros do trem de pouso |
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As entradas de ar de 2 dos 4 motores turbojatos de pós combustão Rolls-Royce/Snecma Olympus 593 Mk 610 |
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Um dos motores estava presente, mas em anexo, no chão |
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Droga! Eu já estava pensando em invadir a cabine e sair voando com essa porra, mas assim fica dificil kkk |
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Para evitar "tail strike", há um amortecedor com rodas na cauda, o tail bumper |
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Ram Air Turbine (RAT), desenvolvida para suprir pressão hidráulica de 2 dos 3 sistemas hidráulicos do Concorde |
Gastei tanto tempo contemplando e tirando fotos, que nem fui tomar café com a Arianne. Pelo contrário, ela me encontrou, pois a atividade já estava para começar. Acompanhados por um guia que se identificou como ex comandante do Concorde, nós e um grupo de pessoas fomos conduzidos para o interior da aeronave. Embora seja tudo mais luxuoso do que estamos acostumados a encontrar nos aviões modernos, também era extremamente mais apertado.
A parte dianteira estava exatamente como era quando o avião estava em operação comercial. Já a parte traseira estava sem o revestimento, para demonstrar como é a estrutura interna, por onde passam vários dos sistemas elétricos e hidráulicos. Além disso, essa parte foi transformada "museu", onde é possível conferir miniaturas de todos os modelos lançados do Concorde, manuais da tripulação, as autorizações de voo e operação comercial, o menu com opções a la carte etc. Tudo, enfim, foi preservado para oferecer a experiência o mais próximo possível do que era.
Duas fileiras de assentos foram preservadas e isoladas por uma cobertura transparente. Uma demonstrava a arrumação, ou seja, o que o passageiro via quando encontrava seu assento, com os amenities inclusos, incluindo um par de chinelos e a necessaire que era entregue a todos os passageiros nos voos do passado, tudo original.
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As janelas são muito menores do que estamos acostumados nos aviões comerciais modernos |
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Assentos com os cardápios a la carte e os brindes forncecidos aos passageiros da época |
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Assentos configurados para demonstrar como eram servidas as refeições |
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As miniaturas, desde os protótipos até a versão final |
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Uniformes utilizados pelos tripulantes |
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Crew Manual |
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Autorizações para operações emitidas pelas autotidades da avião civil do Reino Unido |
Os "passageiros" são convidados a assistir um filme que conta um pouco da história da aeronave, desde como surgiu a ideia para projetar uma aeronave de transporte civil supersônica, passando pelo acidente de 2000 que resultou em perda total em um Concorde, bem como de seus passageiros e tripulantes, até a desativação da última aeronave em operação comercial, em 2003. Até aí tudo bem, o problema é quando inicia o som dos motores, "simulando" de forma tosca a aceleração pela pista, a decolagem, a ultrapassagem da velocidade do som e a chegada a mach 2.02, que é exibida nos displays da cabine de passageiros.
Isso é meio bobo. Se ainda houvesse um mecanismo que realmente simulasse a aceleração, a inclinação e as forças G sofridas pelos passageiros, além de algum display nas janelas que simulasse o movimento da aeronave, seria mais aceitável. Da forma como foi apresentado, parecíamos crianças brincando em um carro de formula 1 imaginário, enquanto imaginávamos ser os pilotos. Quando se é criança é aceitável, mas depois de uma certa idade isso se torna bobo, principalmente porque estamos em uma era onde é possível simular praticamente qualquer experiência.
O único acesso restrito era à cabine de comando, que estava interditada. Eu queria entrar e tirar umas fotos, mas não teve como, teve que ser tudo à distância mesmo. No geral valeu a pena, mas poderia ser muito melhor. Se houvesse como voar em um Concorde, eu voaria. Como não é mais possível, considerei como sonho realizado.
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Bola fora: o acesso à cabine não é permitido |
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Fim da experiência |
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Por £15, é claro que eu trouxe esse bebezinho para o Brasil |
Ainda escreverei uma segunda parte deste relato contando o que mais há no museu.
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