Considerado frequentemente como “Frank Sinatra francês”, Charles Aznavour desembarcou no Brasil, aos 92 anos, para uma série de shows. Como não tínhamos ideia de onde ele estava hospedado, eu e Zava decidimos ir ao Espaço das Américas e seguir o carro que levaria o cantor após a apresentação. E assim foi. Pensávamos que o carro nos levaria ao hotel, mas antes houve uma parada na Lellis Trattoria da rua Bela Cintra, onde Charles jantou. Decidimos esperar pela saída.
Brasileiro quando está na produção de evento tende a ser gratuitamente babaca com os fãs. Só queríamos duas fotos e um autógrafo, era algo que levaria 20 segundos no máximo. Conseguimos uma foto e zero autógrafo. "Pessoal, por favor, somente uma foto com os dois, ele está cansado". O próprio Charles Aznavour poderia negar foto e/ou autógrafo, mas sempre tem que ter um brasileiro babaca pra servir de porta voz. Enfim, nos contentamos com a foto, mas para mim o corre não terminou ali, pois ainda faltava o autógrafo. Zava ainda seguiu o carro mais uma vez, e foi assim que descobrimos em que hotel ele estava.
Isso é lugar para colocar um relógio?! Fiquei com um chifre, porra! |
Na manhã seguinte, fui ao aeroporto de Congonhas, onde o cantor embarcaria para o Rio de Janeiro, para conseguir o autógrafo que faltou. Lá, encontrei com Leandro Caíque. Quando Charles chegou, o pessoal da produção foi fazer os procedimentos de check-in, e ele ficou "dando sopa", sozinho no saguão. À distância, mostrei para ele a foto, dando a entender que queria um autógrafo. Simpático, ele veio até nós cantarolando e autografou. Quando foi tirar a foto com Caíque, o mesmo babaca do dia anterior já estava por perto e disposto a atrapalhar novamente, mas ainda assim a foto rolou.
Eu fiquei feliz que consegui o autógrafo. Nós o acompanhamos à distância até o portão de embarque apenas para vê-lo embarcar, porque sabíamos que não haveria uma próxima vez. É uma sensação ruim saber que é a última vez que você vê alguém, que a próxima notícia que terá da pessoa será a notícia de falecimento. Ele tinha 92 anos, porra!
Com efeito, Charles faleceu em outubro do ano seguinte. Poladian, a mesma produtora que o trouxe ao Brasil em 2017 emitiu uma nota de condolências, salientando que o cantor já estava contratado para uma nova série de shows no Brasil em março de 2019. Se tivesse sobrevivido, ele voltaria ao país com 94 anos! Que vitalidade! Foi um prazer conhece-lo, seigneur Aznavour!
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