quinta-feira, 19 de maio de 2022

Emperor

Eric de Haas, da Dynamo Records, é nosso amigo há muitos anos. Ele sempre traz bandas a São Paulo, ou as acompanha como tour manager, e jamais incomodou-se com nossa presença. Pelo contrário, ele é meu amigo no Facebook e pessoalmente conversamos numa boa todas as vezes que nos encontramos, em qualquer situação. Desta vez, devido ao COVID-19, a coisa estava totalmente diferente. O Sonata Arctica faria uma turnê no Brasil. Fiz o cálculo, o voo de Helsínquia faria uma escala em Madri e pousaria em São Paulo de madrugada, ou seja, se eu quisesse ver a banda já na chegada ao aeroporto, teria que passar a noite por lá, pois o primeiro trem expresso começa a operar às 05:00hs e não seria possível chegar a tempo. Se, entretanto, os cálculos estivessem errados, passaria uma noite no aeroporto a toa, então nao custava nada confirmar. Não costumo perguntar nada para ele, mas todas as vezes em que perguntei algo de aeroporto ou hotel ele passou numa boa, então sabia que responderia sem problemas. Sua resposta, entretanto, me surpreendeu:

"Olá meu amigo, dessa vez não posso mesmo informar nada e nem deixar alguém chegar perto da banda, porque isso aumenta o risco de alguém pegar COVID e não poder embarcar para o próximo país. Portanto eu não vou deixar ninguém chegar perto mesmo. Na próxima deve dar certo, mas agora infelizmente não."

Embora não fosse a resposta que eu espeva, é claro que eu respeitaria essa posição, afinal não pretendo pisar na bola com alguém que sempre ajudou. Além disso, tenho fotos com o Sonata Arctica em 2013 e 2017. Queria mais alguns autógrafos, mas era algo que eu teria que entender. Algo me preocupava entretanto. Em poucos meses, Eric traria o Emperor, em uma situação totalmente diferente: foi anunciado que seria a primeira e única apresentação da banda no Brasil. Seria bem mais difícil respeitar isso, e não falo nem por mim. Simplesmente ninguém tinha foto com esses caras, eu imaginava que todos queriam.

O Sonata cancelou a turnê antes mesmo de começar, justamente porque integrantes da banda contraíram COVID-19. Isso provavelmente faria Eric ficar ainda mais rigoroso com os fãs. Portanto, a ideia era matar o corre o mais rápido possível, já na chegada ao aeroporto, porque eu imaginava que seria o "inferno na Terra".

Como os shows começaram no México e desceram, passando por diversos países antes de finalizar a tour latino-americana em São Paulo, pude observar se estavam atendendo ou não, se estavam pandêmicos ou não. Eu ainda estava traumatizado com o recente corre da Tarja. Ihsahn parecia pandêmico, quase que só tirou fotos de máscara, exceto uma que vi com um colombiano. Samoth estava de boa, tirando foto com todo mundo, sem máscara, nem aí. Aparentemente, Trym era o único que não estava tirando fotos com ninguém, ao menos não vi nenhuma. Enfim chegou nossa vez de tentar.

Combinei o corre apenas com o Carlos e com a Samii. Além de nós, foram ao aeroporto Maria Cláudia, Marcus e Léo. Algo, entretanto, estava muito estranho. Mal chegamos e já vimos o Sombra. Seria possível que o Eric o contratou para proteger a banda de nós? Não fazia sentido nenhum. Mais algum tempo se passou e chegou o Renatão. Um segurança já era exagero, dois era impensável. Ficamos realmente confusos, não era o que esperávamos. O pior é que eles não falavam nada, ficavam na deles no canto deles, um pouco a frente de nós. Poderiam abrir o jogo e mandar logo a real, se a banda vai atender, se não vai, mas não.

Quando a banda desembarcou, Eric veio um pouco a frente dos músicos e caminhou até Sombra e Renatão. Claro que mantivemos a distância necessária para que esse contato fosse feito em paz. Então caminharam em nossa direção e simplesmente passaram por nós. Chamamos Ihsahn, Eric viu e retornou. Primeiro, apresentou Ihsahn ao Sombra. Em seguida, disse para ele nos atender. Isso nos deixou ainda mais confusos. E a foto foi pandêmica, tal como foi nos outros países.

Ihsahn foi o único que parou para atender nesta noite. Parte da culpa foi nossa, que observamos demais e nos sentimos intimidados

Imaginamos que ainda seria possível falar com os outros músicos, seguimos até a van, mas eles entraram enquanto Ihsahn nos atendia. Eric estava super de boa, falou conosco como sempre fala. Parecia que realmente nos enganamos ao julgar que todo aquele esquema de segurança era para nós. Estamos acostumados a lidar com seguranças, mas não é o tipo de coisa que se espera em bandas como Emperor. Ali mesmo, discutimos se valeria retornar no sábado, quando a banda deixaria o país, e decidimos que sim.

Assim que cheguei em casa, Carlos disse que já sabia o hotel. Estéfano estava no Renaissance esperando o The Kooks, quando viu uma van chegar com o Sombra e "uma banda" que ele não sabia quem era. Mas nós sabíamos. Taí mais uma coisa que não fazia sentido nenhum, um hotel 5 estrelas para uma banda série C. Mesmo assim, mantivemos o plano de retornar ao aeroporto. Isso não faz nenhum sentido. A pandemia paralisou todos os shows por praticamente dois anos. Imaginamos que as produtoras estavam sem dinheiro devido ao enorme tempo de inatividade, mas esta parecia gastar desnecessariamente ao contratar seguranças e hospedar em hotel caro.

No dia seguinte houve o show. Arianne ganhou um par de ingressos em uma promoção ainda em 2020, no entanto, devido à pandemia, o show foi adiado diversas vezes. Carlos comprou o segundo ingresso dela, então foi no show em meu lugar. Sem problemas, ele é mais fã do que eu. Para mim, o barato era tirar foto com "figurinha nova".

Já no sábado, todos foram desistindo de ir ao aeroporto. Carlos, que tem problemas estomacais, teve uma crise e não foi. Maria Cláudia tinha um curso de arte tumular em um cemitério. Marcus não quis retornar para mais fotos pandêmicas. Restava eu, Samii e Leo. 

Samii levou sua filha Sophie. Como eu e ela somos fumantes, nos revezávamos entre observar o movimento dos passageiros e fumar. Nunca íamos os dois, era sempre um de cada vez. Em uma das vezes, quando retornei, olhei para o lado e vi o que estávamos procurando: a banda e toda sua equipe técnica, bem como Sombra e Eric. Samii comeu bola, mas eu não. A ideia era aguardar que todos fizessem o check-in, então abordaríamos um a um antes que seguissem para o portão de embarque. Sombra e Eric não pareciam minimamente dispostos a nos atrapalhar.

Um casal aleatório de fãs aproximou-se da banda, fez a abordagem e foi atendido numa boa. Aproveitamos a deixa para fazer o mesmo, principalmente porque observamos que Ihsahn tirou foto sem máscara. Ihsahn e Samoth foram bastante receptivos conosco, principalmente ao notar a presença de Sophie. No entanto, não conseguimos encontrar Trym no meio daquela galera. Samii estava desconfiada que um deles era Trym, mas não me pareceu, ainda mais quando comparei o cara que estava em nossa frente com o da foto que levei. Ainda assim ela fez a abordagem, e realmente não era ele, mas ao menos isso serviu para que ele mostrasse qual deles era Trym, que estava completamente diferente do que estava na foto para autografar,

Samoth pediu apenas para que as fotos fossem tiradas sem flash. Ok, ficam menos nítidas, mas tudo bem

Ao ver Sophie, Trym foi ainda mais receptivo e houve uma conversa entre ele e Samii sobre filhos. Ele contou que tinha dois filhos pouco mais novos que Sophie, disse que estava com saudade deles e que com o fim da turnê os veria em breve.

Será que fomos os únicos fãs a tirar fotos com Trym na América Latina?!
Sophie demonstrou mais uma vez que sua presença nos corres pode ajudar bastante

Leo, entretanto, foi fazer entrega de bolos - que ele passou a fazer e comercializa-los durante a pandemia - mas estava a caminho. A banda e equipe já tinha quase feito o check-in e estava próxima de embarcar. Leo avisou Samii que estava no ônibus, chegando no terminal 1 - ainda faltaria passar pelo 2 e pelo 3. Decidimos aguardar até para dar uma força e tirar as fotos quando ele chegasse. Enquanto esperávamos, o casal que abordou a banda aproximou-se de nós e perguntou se vimos o Trym. Eles estavam com a mesma dificuldade que nós para reconhece-lo. Mostrei nossa foto com ele, eles se aproximaram novamente e também conseguiram.

Todos aguardamos pelo Leo, enquanto conversávamos com o casal. Não foi coincidência estarem ali, eles realmente fizeram um corre, embora parecessem não muito acostumados a faze-lo. Ficaram felizes em saber que foram, conosco, quem conseguiu uma foto com o Trym na América Latina - dias mais tarde descobri que um colombiano também conseguiu. Enfim, chegou o momento em que banda e equipe despediram-se de Sombra e Eric e seguiram para o portão de embarque. Exatamente um minuto depois, Léo chega esbaforido. Infelizmente, perdeu por muito, muito pouco. Tiramos uma foto para lembrar a ocasião,nos despedimos e nos separamos. O casal foi comer algo e eu, Samii, Sophie e Leo pegamos o traslado para a estação de trem. Leo, é claro, estava inconformado. Infelizmente acontece...

Leo, Samii, Sophie, o casal e eu

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