sábado, 14 de maio de 2022

Cannibal Corpse

Eu e Carlos estávamos tão de boa em relação ao corre do Cannibal Corpse, que combinamos de nos encontrar às 13:00hs no Quality Faria Lima, conseguir as fotos com a banda e seguir ao Renaissance, onde estavam hospedados os músicos do Gorillaz, para fazer o segundo corre do dia. Afinal, era um corre simples com uma banda conhecida por ser fácil e completamente acessível, o que poderia dar errado!?

Cheguei pontualmente em frente ao hotel, mas não havia sinal algum de que a banda pudesse estar lá. Após alguns minutos, Stephen aproximou-se com sua namorada Maria e mais uma garota, Michelle. Stephen é meu amigo no Facebook, mas eu não conhecia nenhum dos três pessoalmente, então julguei que todos eram amigos, já que chegaram juntos ao hotel. O noivo de Michelle conhecia alguém que estava em Congonhas e a informou que a banda desembarcou por volta de 12:30hs, então poderia estar ainda a caminho do hotel ou até mesmo parado para almoçar.

Os minutos se passavam e nem sinal de Carlos, que encontraria o Estéfano na estação Faria Lima, e também de Samii, que viria com sua filha Sophie. Quarenta e cinco minutos depois do horário combinado, Carlos e Estéfano chegaram.

Embora ainda novato no mundo dos corres, com fotos com poucas bandas, Stephen fez bem a "lição de casa" ao identificar e seguir um dos integrantes da equipe do Cannibal Corpse no Instagram, que postou estar almoçando no McDonalds, o que explicaria o fato da banda ainda não ter chegado ao hotel. Para ilustrar o post usou uma foto que simplesmente não fazia sentido: a vista do alto de um prédio, onde era possível ver uma praça que identificamos como aquela que fica entre o hotel Tivoli e o Parque Trianon. Cannibal Corpse no Tivoli não fazia sentido, pois é um hotel caro, para bandas muito maiores. Ok, já vimos "bandecas" como Crucified Barbara no Hilton ou Crash Diet no Renaissance, mas vieram com a Free Pass, que é uma produtora um pouco maior e pode se dar ao luxo de esbanjar, contratando seguranças sem necessidade ou hospedando as bandas em um hotel melhor, o que não parecia ser o caso da Liberation...

Michelle decidiu encontrar seu noivo, que estava no Carioca Club, e ficou de nos avisar se descobrisse algo. Samii e Sophie chegaram. Marcelo, amigo do Givaldo, também apareceu. Michelle avisou que a banda chegou para passar som no Carioca sem o Corpsegrinder, o que significava que erramos o hotel. Fazer o que, acontece... Carlos tinha um compromisso à noite e decidiu ir embora, já que é certo que o corre se estenderia até altas horas. Estéfano o acompanhou.

Restou somente eu, Samii, Sophie, Stephen e Maria. Era hora de Samii fazer a "mágica" acontecer. Embora quando traz a filha esteja sempre bem mais comportada que o habitual - neste dia usava uma camiseta do Cavaleiros do Zodíaco, que não mostrava absolutamente nada demais - ela ainda assim chama atenção de qualquer um, então dificilmente o "tio da van" se negaria a passar-lhe a informação; a mesma que não passaria, por exemplo, para mim.

Caminhamos ao Carioca Club. Na primeira oportunidade, Samii foi conversar com o "tio da van" e voltou com a informação surpreendente: o nome de um hotel que nunca ouvimos falar - e observe: eu já estive em mais de 100 hotéis em São Paulo para ver bandas. Antes de irmos, Michelle aproximou-se de nós e fiquei com a impressão de que ficou animada demais quando Samii, acreditando como eu que se tratava de uma amiga de Stephen e Maria, disse o nome do hotel. Mais tarde, Stephen e Maria contaram que a conheceram pouco mais cedo, ao desembarcar na rodoviária da Barra Funda. Mas era o justo; afinal ela estava no corre desde o começo e ajudando com informações.

Antes de seguir ao hotel paramos para comer no McDonalds. Registre-se que desta vez Samii estava com dinheiro e eu não, mas não se importou em pagar pois, conforme ela, era o mínimo que poderia fazer depois de tantas coisas que já paguei para ela nos corres ou quando estávamos juntos. Que pena que não deu certo, seríamos um belo casal.

Após comer, decidimos que seria mais jogo ir ao hotel de uber. Embora estivéssemos em 5 pessoas, Sophie poderia facilmente ir no colo da Samii. O motorista, quando chegou, alegou que já foi penalizado pelo uber por levar 4 pessoas, recusando-se a levar todos nós. Stephen e Maria disseram para irmos na frente, que eles chamariam outro carro para leva-los. No calor do corre, concordei sem pensar e simplesmente entrei no carro. No caminho, pensei melhor e concluí que "fiz merda". Sou de São Paulo, sei onde fica o hotel, sei me locomover até lá. Os dois moram em Sorocaba e não conhecem. Faria mais sentido deixa-los e ir na frente e encontra-los depois. Paciência, agora já era tarde, pois já estávamos a caminho do hotel. 

Marcelo já estava no hotel quando eu, Sammi e Sophie chegamos, mas inicialmente não notei sua presença. Ele estava do lado de fora, onde também estávamos, mas em um canto um pouco escondido, discreto. Quando Corpsegrinder desceu, parou próximo à porta do hotel, mas ainda do lado de dentro e ficou mexendo no celular. Marcelo saiu de onde estava e juntou-se a nós. Fiquei surpreso: como diabos descobriu onde a banda estava? Perguntei e ele respondeu que a informação estava rolando solta na fila do show. Isso é sempre preocupante!

Quando Corpsegrinder enfim saiu, Marcelo o abordou, querendo autógrafo em dois CDs. Sem parar, ele foi curto e grosso, respondeu que estava realmente atrasado para o show. Eu e Samii nem nos mexemos. Marcelo veio até nós, desolado, dizendo que isso já aconteceu após o show de 2018 e que seus CDs estavam autografados por todos, menos por Corpsegrinder. Foi justamente o integrante que não conheci na mesma ocasião. Seria ele mala ou realmente foi abordado em hora errada pois, afinal, naquele momento estava trabalhando e tinha horário a cumprir?! É o que descobriríamos ainda nesta noite...

Stephen e Maria ainda não tinham chegado, eu já estava preocupado. Quando Stephen chamou o carro que nos levou, estava com o celular próximo demais à avenida, completamente distraído. Aqui é São Paulo, né?! Para passar um vagabundo de bicicleta e tomar o celular nem precisa muito, mas ele não tem essa malícia. Fiquei imaginando como diabos chegariam ao hotel se isso acontecesse ao chamar o segundo carro. Só sosseguei quando os vi chegando sãos e salvos. Na verdade foi até bom, pois era o primeiro corre de Maria e ela provavelmente não saberia asssimilar bem a naba, então possivelmente teria uma experiência melhor após o show.

Ao término do show, um grupo de fãs que eu não conhecia chegou ao hotel. Menos mal que todos pareciam de boa. Eu sinceramente prefiro isso do que uma única Annebelle no corre. Mas só saberíamos como se comportariam quando a banda chegasse. Além deles, Marcelo retornou com a namorada. Contando conosco, incluindo Sophie, 13 pessoas. Um número ok, mas seria melhor se estivéssemos em menos pessoas.

Quando a van chegou, Corpsegrinder passou por todos avisando que voltaria em breve e subiu para o quarto, acompanhado pelo novo guitarrista da banda, Erik Rutan. Os outros três integrantes pararam, mas os únicos que atenderam todos foram o gente finíssima Alex Webster, e Rob Barrett, que é mais na dele. Paul Mazurkiewicz atendeu apenas alguns, depois fez como Corpsegrinder e também subiu, prometendo retornar. 

Alguns dos fãs levaram literalmente toda a coleção de CDs pros caras assinar. Só pensa: éramos 13 pessoas. Se cada um de nós levar dois ítens para autografar, cada um teria que assinar 26 itens. Agora imagine gente levando 15, 20 itens... Pois é... Mas Rob pareceu não se intimidar ao ver centenas de CDs espalhados sobre uma mureta que circundava um jardim do hotel. Ele disse para um fã que o abordou "Você está aqui, eu estou aqui, por que não?". Vendo a cena, Alex, que atendia Stephen, comentou "Rob já está se entendendo bem com o pessoal, de bom humor". Que seja sempre assim!

Sem o encontrar pessoalmente, é impossível ter noção de como esse cara é gente fina! 
Rob Barrett é mais caladão, na dele, mas foi um dos que atendeu a todos logo na chegada

Após algum tempo, Paul desceu e foi diretamente à recepção, onde parecia estar puto com alguma coisa. Quando saiu de lá, Stephen o chamou, mas fingiu que não ouviu e subiu novamente. A essa altura, Sophie estava dormindo no sofá do hotel. Cumprindo a promessa, Corpsegrinder desceu e nos proporcionou uma das noites mais memoráveis de todos os tempos, pois não apenas tirou fotos e autografou tudo que os fãs tinham, como ficou pelo menos uma hora confraternizando com a galera, contando histórias, conversando. Felizmente todos os fãs eram de boa.

Uma das histórias que ele contou foi sobre seu vício em máquinas de bichinhos de pelúcia. Primeiramente, mostrou em seu celular o urso que conseguiu em uma máquina em alguma cidade em que a banda excursionou. Ao sair com o prêmio, notou a presença de uma mãe com um garoto que o observava. Ele se aproximou deles, e perguntou para a criança se ela gostaria de jogar e conseguir um urso também. Com a resposta positiva, George o presenteou com o bichinho que havia ganhado e recebeu em troca o "melhor abraço de sua vida". Nada demais, se não estivéssemos frente a frente com o vocalista de uma das bandas mais extremas do mundo... Mais tarde, descobri que Maria gravou quase toda a cena.


Stephen presenteou Corpsegrinder com um poster do Warcraft, pois sabia que ele curtia RPG. Eles conversaram um pouco sobre os elementos do poster, que o vocalista conhecia e gostava.

Dois anos sem praticamente abordar bandas gringas fizeram muito mal ao meu inglês. Antes eu entendia tudo, mas tinha dificuldade para falar. Agora estava com dificuldade até mesmo para entender o que ele dizia.  No que consegui entender, houve papo sobre os shows, sobre cervejas e até mesmo o auxílio de George - nome real do Corpsegrinder - a um fã para resolver um problema de logística, pois ele havia comprado seu novo CD solo mas ainda não havia recebido. George explicou que quem cuida disso é o vocalista do Hatebreet, Jamey Jasta, que também atuou como produtor no CD. Passou todos os detalhes, inclusive pegando o celular do fã para digitar certinho o nome e as formas de contato.

Como estava com o inglês enferrujado, pedi para Stephen me ajudar, pedindo a George para gravar um vídeo mandando um salve para a galera da loja Manto Aliverde, que é onde compro as camisas oficiais do Palmeiras. Tornei-me amigo do proprietário pois ele e eu, além de palmeirenses, curtimos um som. Como jogadores das antigas, como César Maluco, Dudu e Ademir da Guia frequentam sua loja, combinamos que ele pegaria esses autógrafos para mim, e eu pegaria autógrafos das bandas para ele. Neste caso, porém, ele preferiu que fosse gravado um vídeo. Missão dada é missão cumprida, ainda que com ajuda.

Paul desceu novamente e ainda parecia bem incomodado com algo, mas pelo menos desta vez parou para atender, embora com pressa para retornar ao quarto.



Paul Mazurkiewicz não estava em seus melhores dias, quase subiu de novo antes de eu conseguir essa foto
Já Corpsegrinder estava muito gente boa, ficou com a galera confraternizando um tempão. Que noite, meus amigos!

Samii tentou acordar Sophie duas vezes para tirar uma foto com o Corpsegrinder, mas ela recusou-se a acordar. Quando não esperávamos mais nada, eis que Sophie levantou e saiu "caçando" a mãe. Era exatamente o que precisávamos para fechar a noite com chave de ouro!

Samii e Sophie com o vocalista de uma das bandas mais extremas. Será que ele está pensando em sacrifica-las para algum demônio?

Perguntei para Corpsegrinder se o Erik ainda desceria para atender a galera, mas a resposta foi "acho que ele já está dormindo". Paciência! É o membro menos importante da banda, ficaria para uma próxima ocasião.

Foto da formação anterior, ainda com Pat O'Brien. Não ficou pronta a tempo em 2018, aproveitei para pegar os autógrafos em 2022

Pouco antes, notei a presença de um fã que chegou sozinho quando a banda já estava atendendo, mas parecia um pouco deslocado justamente por estar só. Ele me estendeu o celular, pedindo para tirar sua foto com o Corpsegrinder. Ofereci-me para tirar a foto com a câmera, o que ele aceitou prontamente. Quando fui me despedir dele, e anotar alguma forma de contato para enviar a foto, João ofereceu uma carona não só à mim, como a quem me acompanhava no corre: Samii, Sophie, Maria e Stephen. Ele nos deixou na estação Barra Funda. De lá, peguei o ônibus para casa, Samii e Sophie também, mas Stephen e Maria tiveram que passar a noite por lá, já que perderam o último ônibus para Sorocaba. Mas nem se importaram: estavam simplesmente maravilhados com o que aconteceu esta noite.

Quando falei novamente com Stephen, ele contou que Michelle retornou ao hotel no dia seguinte com o noivo para conseguir a foto com Erik que, quando desceu, estava inteiro e feliz, desculpando-se por não atender na noite anterior, pois estava exausto.

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