domingo, 8 de maio de 2022

Tim Burton

Desde dezembro de 2021 eu sabia que Tim Burton viria a São Paulo para visitar um painel em maio de 2022. Entretanto, os meses se passaram e o assunto foi esquecido pela imprensa. Não houve mais reportagens anunciando a iminente vinda do cineasta à cidade, como costuma ocorrer quando alguém do porte dele visita o Brasil. Entretanto, a data de inauguração da exposição "A Beleza Sombria dos Monstros" aproximava-se e fazia sentido que ele viesse para prestigia-la, como costuma fazer no mundo todo, aproveitando a oportunidade para também visitar o painel. Portanto, fiquei esperto, monitorando qualquer movimentação, porém não vi nada, nenhuma novidade.

Em uma quinta feira eu estava em casa quando uma amiga, Stephanie, perguntou sobre Tim Burton. Eu realmente não sabia de nada. Na mesma noite, ela enviou uma mensagem dizendo "apareceu a margarida". Tim estava no Tipitina Bar - Rua Cardeal Arcoverde, 1849 - em Pinheiros, que é relativamente próximo de casa. Chego de uber muito rápido lá. Como, entretanto, não havia a confirmação da vinda de Tim ao país, eu estava desprevenido, não tinha abslutamente nada para assinar. Ele ainda estava no bar, mas deixei passar a oportunidade e continuei monitorando.

Nessa noite e no dia seguinte, o bar postou muitas outras fotos nos stories, o que confirmava que a primeira foto que vimos não era repost ou #tbt de alguma vez que Tim esteve na cidade. Em um primeiro momento, houve a desconfiança óbvia de que ele pudesse estar novamente no hotel Unique, pois foi onde ficou em 2016 e fazia todo sentido, já que é próximo ao Parque do Ibirapuera, onde ocorria a exposição. A área de busca foi limitada a apenas seis hotéis: além do Unique, os da região da Avenida Paulista, principalmente Renaissance, Fasano e Emiliano. Correndo por fora, Tivoli e Intercontinental. Com certeza estaria em um deles.

No dia seguinte, fiquei em casa monitorando cuidadosamente, mas nada aconteceu. Karina também declarou-se interessada em fazer o corre, mas também não sabia de nada. O máximo que descobrimos foi que ele foi ao Parque Dom Pedro visitar o mural, o que confirmava a notícia que vi meses antes. Ele não retomou ao bar nem foi fotografado em nenhum outro local. Sem pistas como nós, Stephanie saiu do trabalho e foi ao Unique dar uma olhada, mas nada indicava que ele poderia estar lá. Para minha surpresa, ela contou que o segurança do hotel foi educado, confirmou que Tim não estava lá e até mesmo a deixou entrar e esperar se quisesse. Isso nunca acontece quando algum artista está hospedado, o que nos fez descartar o Unique imediatamente.

De noite, Stephanie foi ao Tipitina Bar como se fosse uma cliente qualquer. Ao ser atendida, soltou, como quem não quer nada algo como "e aí, vem muito famoso neste bar?”. A resposta óbvia foi recebida, que Tim Burton esteve lá na noite anterior. Então ela perguntou se sabiam se ele iria retornar, mas a resposta foi negativa. Assuntando, entretanto, conseguiu identificar a mulher que o levou ao bar, que estava na produção da exposição. Com isso, bastou olhar os stories dela, para receber as pistas que nos fez descobrir o hotel: uma foto da área da piscina e outra com a visão que ela tinha do quarto.

Eu sabia que já tinha visto aquela piscina antes, mas em um primeiro momento não lembrei. Enviei a foto ao Carlos, que matou a charada: Tivoli, com 100% de certeza. A visão da janela é da Avenida 9 de julho. Confirmei buscando "piscina Tivoli São Paulo" no Google, que me retomou fotos que confirmaram mais uma vez: era lá mesmo! Já era mais de uma hora da madrugada quando conseguimos confirmar o hotel.

O que me incomodava na Karina neste corre é sua amizade com uma certa menina, que apesar de ter mais de 30 anos, se comporta como adolescente mimada. Passar a info para ela implica obrigatoriamente em passar a informação para a tal menina, até porque Karina tem pena do desespero dela quando não consegue encontrar o artista. Esse, entretanto, foi um risco que tive que correr em nome da parceria de mais de 10 anos, de muitos corres bem sucedidos. Eu não queria que tal menina fosse, ainda mais com a informação vinda de mim, mas não deixaria de ajudar Karina. Paradoxo de merda!

Correndo o risco, passei a informação para Karina e combinamos de nos encontrar às 08:00hs em frente ao hotel. Eu estava com muito sono e me conheço: se dormisse acordaria somente lá pelas 14:00hs. O melhor a fazer seria virar a noite. Infelizmente acabei cochilando e acordei 08:43hs. Fui enviar uma mensagem para Karina, desculpando-me pelo atraso, mas já havia uma mensagem dela, dizendo que esqueceu o celular no uber e teria que ficar em casa, pois o motorista passaria para devolver. Que legal! Karina não estava no corre, mas a tal menina é claro que sim. Decidi ficar em casa e esperar que Stephanie ou alguém mais fosse.

Convidei Samii, que aceitou, mas teria que esperar que a aula na faculdade acabasse (sim, ela se fode com aulas aos sábados), então marcamos de nos encontrar diretamente no hotel. Quando fui, passei no McDonalds e comprei dois quarterão com queijo. A ideia era comer fora do hotel enquanto Samii não chegava, já ficando esperto com qualquer movimentação. Ela, para minha surpresa, chegou antes que eu, então dividimos os sanduíches. Enquanto comíamos, relativamente afastados da entrada do hotel para não queimar o filme, Stephanie saiu do hotel e disse que realmente a tal menina estava lá, e pior, ouviu ela dizer que chamaria alguns amigos. Mas que vaca!

Perguntei se a menina já tinha conseguido foto, e Stephanie disse que sim, de manhã, quando Tim saiu para algum lugar, mas que a foto não ficou boa porque ele atendeu com pressa, então ela ainda estava lá porque queria tirar outra foto. Burra! Nem conseguiu o que queria ainda e já estava pensando em avisar os amigos. "Ain, mas você fez a mesma coisa", alguém diria. Sim, mas eu aviso quem me ajuda, quem faz corre comigo há anos. A menina estava pensando em usar uma informação que veio de mim para se promover como a fodona que sabe todos os hotéis, quando na verdade não sabe de porra nenhuma. Sem contar o fato que, exceto a Karina, ninguém gosta quando ela aparece.

Após comer, fomos ao bar do hotel com Stephanie, e em nossa pobreza pedimos apenas uma coca-cola cada. Isso provavelmente garantiria nossa permanência lá. A tal menina estava sentada na mesa ao lado da nossa, acompanhada por uma amiga que eu não conheço. Tim Burton não demorou para aparecer. Ele entrou no bar e foi direto para a àrea da piscina. O deixamos em paz, aguardando pela saída. Quando isso aconteceu, Stephanie correu para fora do bar e o abordou, conseguindo foto pandémica e autógrafo. Eu e Samii fomos no vácuo, mas Tim apenas assinou duas fotos e já correu para o carro que o aguardava. As fotos eram minhas, levei extras para dois amigos que pediram e Samii me ajudou a conseguir. O jeito era esperar o retomo para conseguir mais um autógrafo e as fotos. Samii não pôde esperar e foi embora, ficando sem foto com o cara.

Stephanie aguardou a chegada de uma amiga, Juliana. Quando chegou, pediu para eu fazer o corre com sua amiga e foi embora, pois já conseguiu o que queria. Sem problemas, até porque Juliana mostrou ser alguém muito legal. Nos conhecemos no corre do Green Day, que fizemos com a Karina em 2016, mas eu não lembrava dela, nem ela de mim.

Durante toda a tarde mais nada aconteceu, continuamos no bar. A partir de então, os seguranças do hotel resolveram ser os palhaços da noite. Sério! Eles pareciam crianças de 5 anos tentando nos sacanear a todo custo. Sabemos que são apenas funcionários, uns manés que cumprem ordens, mas tire suas próprias conclusões: saímos para eu pudesse fumar, e quando retomamos fomos avisados por um deles que seríamos expulsos do hotel. Enquanto fumava, não percebi, mas Hanna e duas amigas que não conheço, além de Gabriel e Leandro, entraram no hotel. Todos fomos convidados a aguardar do lado de fora. Saímos, mas não fomos até a calçada, que ficava muito distante da entrada do hotel, então ficamos no fumódromo. Apesar de estarmos quietos e não atrapalhar em nada, fomos sendo expulsos seguidamente até que realmente acabamos na calçada.

Quatro seguranças ficaram em frente ao carro que levaria Tim Burton, para atrapalhar nossa visão quando ele saísse, e também para evitar qualquer aproximação. Até aí, normal. Quase todos os grandes hotéis fazem isso. Hanna foi embora pois teria que viajar para Santos para ver um show mais tarde. Quando Tim Burton saiu, o chamamos à distância, mas ele se fez de surdo e entrou no carro. Como o carro passaria ao nosso lado, talvez ainda tivéssemos mais uma oportunidade. O carro parou e ele, sem sair, apenas pegou o que tínhamos para autografar e fez uns rabiscos. Aquilo foi tudo, menos autógrafo.


As amigas da Hanna - uma delas com o braço todo tatuado com desenhos da obra de Tím Burton - deram-se por satisfeitas com os autógrafos e selfies forçadas e foram embora. Aproveitamos o momento em que ele não estava no hotel para sair e comer no McDonalds. Quando retomamos, decidimos entrar novamente, pegar bebidas, e ficar bebendo sentados no hall do hotel. Mais uma vez, os palhaços vieram falar conosco, dizendo que não poderíamos ficar ali, que teríamos que permanecer no bar. Isso simplesmente não existe, não está escrito em lugar nenhum que não se pode fazer isso. Se fosse um hóspede, ou qualquer outra pessoa, poderia de boa. Mas nós não podíamos. "Nós sabemos o que vocês querem", argumentaram. O problema é que agora estávamos consumindo, éramos clientes, e ainda assim fomos tratados que nem merda. Após alguma discussão, aceitamos ir para o bar, mas a palhaçada ainda estava longe de terminar.

Quando o carro com Tim Burton estava prestes a chegar, diversos seguranças se postaram na porta do bar. Não satisfeitos, fecharam uma cortina, bloqueando completamente nossa visão. Estávamos ali, quatro adultos - a mais nova com 32 anos - comportados, de boa, e eles só pensando em como poderiam nos sacanear. O que faríamos se ele nos negasse a foto? Absolutamente nada, é direito dele não querer tirar fotos e sabemos aceitar derrotas. Mas queríamos ouvir o "não" da boca dele e é isso que esses palhaços não entendiam ou fingiam não entender. Se eu ainda tivesse a grana que tinha em 2017/2018 faria questão de me hospedar, tratar cada um como a grande merda que é, e ainda fazer uma pesada reclamação que gerasse suas demissões. Mas o mundo da voltas e minha vida sempre foi de altos e baixos. Agora estou no baixo, mas em breve estarei no alto novamente, enquanto eles sempre estarão no baixo.

Tim entrou no bar e mais uma vez foi à área das piscinas. Ficamos totalmente impassíveis. Até discutimos se valeria tentar ir até lá, mas o local estava repleto de seguranças. Pareceu mais sensato ficar quietos e tentar apenas quando ele saísse. Após uma hora, foi o que aconteceu. Rodeado por seguranças, saiu e passou exatamente onde estávamos. Educadamente, Gabriel - o que melhor fala inglês entre nós - pediu uma foto e foi prontamente atendido, de forma solícita e educada, sem pressa nenhuma. Por uma falha de comunicação, perguntei a Tim Burton se ele preferia se usássemos uma câmera só - a minha - para tirar as fotos. Entendi que não, mas depois me disseram que entendi errado. Sendo assim, todas as fotos aconteceram no celular do Leandro. Todos tiramos fotos, para desespero dos seguranças, que tanto tentaram nos impedir de conseguir, dificultando nossa vida ao extremo. Foi um corre que para mim demorou 13 horas e poderia ser resolvido muito antes, se Tim já tivesse tirado fotos no começo da tarde. Ao menos melhorei a FOTASSA de 2016.

FOTASSA que consegui no hotel Unique em 2016. Não olhei para a lente porque não dava para vê-la na escuridão 

Nenhum comentário:

Postar um comentário