domingo, 29 de maio de 2022

Kool Metal Fest - Belphegor + bandas nacionais

Se você deseja eliminar uma mosca que está incomodando, um mata-mosca provavelmente seja uma opção melhor do que um míssil nuclear. Foi mais ou menos como me senti neste dia. Juntos, eu e Carlos temos quase 50 anos de corre, 35 dele, 14 meus. Isso nos faz pensar sempre no improvável, no inusitado, no mais difícil. Entretanto, às vezes as coisas se resolvem de maneira simples, e é assim que seria neste dia se fôssemos o mata-mosca, não o míssil nuclear. Era um corre simples, bastaria ir à porta do Carioca Club e conseguir fotos com todo mundo.

Decidimos ir ao hotel, nos encontramos por volta de 14:30hs em frente ao Quality Faria Lima. Não havia nenhum sinal de que a banda pudesse estar lá. Era, porém, um pouco cedo. Se viessem depois do almoço de Pomerode, onde apresentaram-se na noite anterior, Belphegor e as bandas brasileiras poderiam ainda não estar em São Paulo. Isso confirmou-se quando Carlos viu, no Instagram, uma foto tirada dentro do avião, onde se via claramente integrantes do Crypta e do Belphegor. O jeito era esperar mais um pouco. 

O problema foi o sol, fortíssimo, que atingia toda a área em frente ao hotel. Ficar horas esperando nessas condições seria péssimo, então atravessamos a rua e nos mantivemos na sombra, relativamente longe. De repente algo bizarro aconteceu. A banda chegou de... carro?! Vimos quando ao menos Helmuth Lehner desembarcou, foi nele que ambos concentramos a atenção. Não percebemos neste momento se o resto da banda veio com ele. Com a confirmação do hotel e acreditando que todos os músicos estivessem lá, mantivemo-nos à espera. Não demoraria tanto assim para que saíssem para o Carioca Club.

Somente quando Helmuth desceu é que percebemos que apenas ele veio mais cedo. Se tivéssemos percebido antes, teríamos caminhado ao Carioca Club e muita coisa já poderia ter se resolvido. Ele nos atendeu numa boa. A expressão dele está estranha?! Nem repara, em todas está as fotos igual, comigo, com Carlos e com "Jéssico" (Filipe, namorado da Jessica, que fez corres conosco até 2021, mas que hoje reside em Portugal).

Seguimos para o Carioca Club. Além do Belphegor, as bandas que nos interessavam no festival eram Krisiun, Crypta e Ratos de Porão. Eu já tinha foto com todos do Krisiun, no Crypta faltava apenas a foto com a nova guitarrista, Jéssica di Falchi, além de fotos não pandêmicas com Luana Dametto e Tainá Bergamaschi. Com Fernanda Lira não era necessário, pois tenho uma foto boa com ela tirada em 2012, mas seria bom renovar se não estivesse pandêmica. Com o Ratos de Porão tinha, até então, tinha fotos apenas com Gordo e Boka, faltava Jão e Juninho.

O show do Belphegor já rolava há algum tempo quando Fernanda Lira, do Crypta, e Juninho, do Ratos de Porão, saíram do Carioca Club. Ninguém usava máscaras, nem nós, nem os produtores, nem fãs, nem mesmo a esposa de João Gordo, Viviana Torrico, que estava exatamente na nossa frente neste momento. Mas o casal pandêmico, claro, usava. Carlos ficou indignado e comentou comigo "que punk de meia tigela!", o que concordei completamente.

Muitas pessoas acreditam que em um belo dia o coronavírus simplesmente desaparecerá, mas a verdade é que daqui para frente teremos que conviver com ele de forma endêmica para sempre. Algumas pessoas vão adoecer, outras poucas morrerão, mas normal. Acontece até mesmo com gripe comum, faz parte da vida. Pessoas morrem. E sempre serão os mais fracos, jamais dois jovens fortes como Fernanda e Juninho. O pior já passou! Usarão máscara até quando? Por que diabos tomaram a vacina se não confiam nela?!

Carlos, que desde jovem é frequentador assíduo de baladas, sempre conta que quem frequentava o Madame Satã na década de 1980 ganhava, na entrada, um vale "sangue do diabo". O tal "sangue do diabo" era feito misturando o resto das bebibas que sobrava nos copos e garrafas dos clientes. João Gordo frequentava o Madame nessa época e ficava na entrada abordando todo mundo, querendo o vale que a maioria dispensava.

Agora ali, na minha frente, outro músico do Ratos de Porão usava máscara sem necessidade, por puro e simples medo do vírus. Como eu não tinha uma foto com ele, o chamei e tirei, mas é definitivamente decepcionante. Ele tira a máscara quando está no palco, em um ambiente fechado onde vírus circulam livremente. Não há mais o que justifique usa-la. Nem valeria a pena tirar outra foto pandêmica com Fernanda, então nem a abordei quando ambos retornaram para os camarins do Carioca Club.

Apenas lembrando que, em novembro de 2020, quando nem vacina havia ainda, os caras do Krisiun fizeram o primeiro show presencial após o início da pandemia, no mesmo Carioca Club. Após a apresentação, os músicos - exceto Moisés - saíram da casa sem máscaras, tirando fotos com qualquer um que os abordasse.

Após o fim da apresentação do Belphegor, Helmuth saiu em frente ao Carioca Club para fumar, e estava nem aí de atender a galera, tirou fotos com todo mundo que quis. Os músicos contratados saíram algumas vezes, principalmente para carregar os instrumentos para a van. Abordamos o ex baterista do Vader, James Stewart. Educadamente, respondeu que estava ocupado e que falaria conosco mais tarde. O guitarrista Molokh passou por nós diversas vezes, sempre acompanhado por uma "ficante" brasileira, mas não o abordamos. O único integrante que não vi foi Serpenth.

Após o último show, seria uma boa ideia permanecer ali e aguardar ao menos a saída do Jão, o único integrante do Ratos de Porão que jamais encontrei. Entretanto, na confusão da saída de fãs, vi quando ao menos Helmuth embarcou na van, que ligou o motor e partiu. Mesmo a pé, nosso caminho daria menos voltas, então corremos e conseguimos chegar ao hotel antes. Para nossa surpresa, Helmuth era o único passageiro. Onde diabos estariam os demais?! Não fazia sentido algum, uma banda desse tamanho com integrantes em dois hotéis? Decidimos aguardar onde estávamos.

Moisés, do Krisiun, chegou de carro com a esposa. Carlos tirou uma foto com ele. Eu deveria ter tirado também, mas estava entretido em observar a aproximação de uma segunda van que despontou na rua do hotel. Ela estacionou exatamente à nossa frente, do outro lado da rua. Trazia o batera James Stewart e três das meninas do Crypta. Todos descarregaram a van, era tanta mala e instrumento que lotou o hall do hotel. Nos oferecemos para ajudar, mas elas agradeceram e disseram que não seria necessário. Ok, elas que sabem.

A primeira a falar conosco foi a novata Jéssica di Falchi, que infelizmente estava pandêmica. Depois, renovei as fotos com Tainá Bergamaschi e Luana Dametto, desta vez sem máscara com ambas. Na única vez que as vi, em janeiro de 2021, a vacinação no Brasil tinha começado há apenas cinco dias, mesmo assim somente para profissionais de saúde e idosos com mais de 90 anos. Nenhum de nós estava vacinado na ocasião, mas ainda assim Tainá não usava máscara. Minha foto com ela só não foi com ambos sem máscara porque Fernanda Lira protestou quando eu ia abaixa-la apenas para tirar a foto.

Pouco depois, Jéssica di Falchi tirou a máscara ainda no hall do hotel. Ficamos sem graça de pedir uma nova foto
A foto não pandêmica aconteceu com um ano e meio de atraso
Quem não a conhece e a julga por seu tamanho não imagina o quanto ela é gigantesca com as baquetas na mão atrás de uma bateria

James disse que nos atenderia, mas entrou no hotel e pelo visto esqueceu. Vendo que eu, Carlos e "Jéssico" não fomos embora, Jéssica aproximou-se, desta vez sem máscara, e perguntou se estávamos esperando alguém. Com nossa resposta, foi buscar James, que enfim nos atendeu. Sabíamos que ele era o ex baterista do Vader, mas não sabíamos que ele é o baterista do Decapitated. Ele despediu-se de nós dizendo que voltaria em breve a São Paulo para tocar no Setembro Negro. Também disse que outro baterista se juntaria ao Belphegor para o restante da turnê, pois ele iria aos Estados Unidos no dia seguinte para juntar-se ao Decapitated.

James Stewart acabara de fazer seu último show com o Belphegor, ao menos nesta turnê

Esperamos até meia noite por Molok e Serpenth. Nem sinal deles. Decidimos desistir, deixar para a próxima. Nem sempre nossa "mágica" da certo...

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Emperor

Eric de Haas, da Dynamo Records, é nosso amigo há muitos anos. Ele sempre traz bandas a São Paulo, ou as acompanha como tour manager, e jamais incomodou-se com nossa presença. Pelo contrário, ele é meu amigo no Facebook e pessoalmente conversamos numa boa todas as vezes que nos encontramos, em qualquer situação. Desta vez, devido ao COVID-19, a coisa estava totalmente diferente. O Sonata Arctica faria uma turnê no Brasil. Fiz o cálculo, o voo de Helsínquia faria uma escala em Madri e pousaria em São Paulo de madrugada, ou seja, se eu quisesse ver a banda já na chegada ao aeroporto, teria que passar a noite por lá, pois o primeiro trem expresso começa a operar às 05:00hs e não seria possível chegar a tempo. Se, entretanto, os cálculos estivessem errados, passaria uma noite no aeroporto a toa, então nao custava nada confirmar. Não costumo perguntar nada para ele, mas todas as vezes em que perguntei algo de aeroporto ou hotel ele passou numa boa, então sabia que responderia sem problemas. Sua resposta, entretanto, me surpreendeu:

"Olá meu amigo, dessa vez não posso mesmo informar nada e nem deixar alguém chegar perto da banda, porque isso aumenta o risco de alguém pegar COVID e não poder embarcar para o próximo país. Portanto eu não vou deixar ninguém chegar perto mesmo. Na próxima deve dar certo, mas agora infelizmente não."

Embora não fosse a resposta que eu espeva, é claro que eu respeitaria essa posição, afinal não pretendo pisar na bola com alguém que sempre ajudou. Além disso, tenho fotos com o Sonata Arctica em 2013 e 2017. Queria mais alguns autógrafos, mas era algo que eu teria que entender. Algo me preocupava entretanto. Em poucos meses, Eric traria o Emperor, em uma situação totalmente diferente: foi anunciado que seria a primeira e única apresentação da banda no Brasil. Seria bem mais difícil respeitar isso, e não falo nem por mim. Simplesmente ninguém tinha foto com esses caras, eu imaginava que todos queriam.

O Sonata cancelou a turnê antes mesmo de começar, justamente porque integrantes da banda contraíram COVID-19. Isso provavelmente faria Eric ficar ainda mais rigoroso com os fãs. Portanto, a ideia era matar o corre o mais rápido possível, já na chegada ao aeroporto, porque eu imaginava que seria o "inferno na Terra".

Como os shows começaram no México e desceram, passando por diversos países antes de finalizar a tour latino-americana em São Paulo, pude observar se estavam atendendo ou não, se estavam pandêmicos ou não. Eu ainda estava traumatizado com o recente corre da Tarja. Ihsahn parecia pandêmico, quase que só tirou fotos de máscara, exceto uma que vi com um colombiano. Samoth estava de boa, tirando foto com todo mundo, sem máscara, nem aí. Aparentemente, Trym era o único que não estava tirando fotos com ninguém, ao menos não vi nenhuma. Enfim chegou nossa vez de tentar.

Combinei o corre apenas com o Carlos e com a Samii. Além de nós, foram ao aeroporto Maria Cláudia, Marcus e Léo. Algo, entretanto, estava muito estranho. Mal chegamos e já vimos o Sombra. Seria possível que o Eric o contratou para proteger a banda de nós? Não fazia sentido nenhum. Mais algum tempo se passou e chegou o Renatão. Um segurança já era exagero, dois era impensável. Ficamos realmente confusos, não era o que esperávamos. O pior é que eles não falavam nada, ficavam na deles no canto deles, um pouco a frente de nós. Poderiam abrir o jogo e mandar logo a real, se a banda vai atender, se não vai, mas não.

Quando a banda desembarcou, Eric veio um pouco a frente dos músicos e caminhou até Sombra e Renatão. Claro que mantivemos a distância necessária para que esse contato fosse feito em paz. Então caminharam em nossa direção e simplesmente passaram por nós. Chamamos Ihsahn, Eric viu e retornou. Primeiro, apresentou Ihsahn ao Sombra. Em seguida, disse para ele nos atender. Isso nos deixou ainda mais confusos. E a foto foi pandêmica, tal como foi nos outros países.

Ihsahn foi o único que parou para atender nesta noite. Parte da culpa foi nossa, que observamos demais e nos sentimos intimidados

Imaginamos que ainda seria possível falar com os outros músicos, seguimos até a van, mas eles entraram enquanto Ihsahn nos atendia. Eric estava super de boa, falou conosco como sempre fala. Parecia que realmente nos enganamos ao julgar que todo aquele esquema de segurança era para nós. Estamos acostumados a lidar com seguranças, mas não é o tipo de coisa que se espera em bandas como Emperor. Ali mesmo, discutimos se valeria retornar no sábado, quando a banda deixaria o país, e decidimos que sim.

Assim que cheguei em casa, Carlos disse que já sabia o hotel. Estéfano estava no Renaissance esperando o The Kooks, quando viu uma van chegar com o Sombra e "uma banda" que ele não sabia quem era. Mas nós sabíamos. Taí mais uma coisa que não fazia sentido nenhum, um hotel 5 estrelas para uma banda série C. Mesmo assim, mantivemos o plano de retornar ao aeroporto. Isso não faz nenhum sentido. A pandemia paralisou todos os shows por praticamente dois anos. Imaginamos que as produtoras estavam sem dinheiro devido ao enorme tempo de inatividade, mas esta parecia gastar desnecessariamente ao contratar seguranças e hospedar em hotel caro.

No dia seguinte houve o show. Arianne ganhou um par de ingressos em uma promoção ainda em 2020, no entanto, devido à pandemia, o show foi adiado diversas vezes. Carlos comprou o segundo ingresso dela, então foi no show em meu lugar. Sem problemas, ele é mais fã do que eu. Para mim, o barato era tirar foto com "figurinha nova".

Já no sábado, todos foram desistindo de ir ao aeroporto. Carlos, que tem problemas estomacais, teve uma crise e não foi. Maria Cláudia tinha um curso de arte tumular em um cemitério. Marcus não quis retornar para mais fotos pandêmicas. Restava eu, Samii e Leo. 

Samii levou sua filha Sophie. Como eu e ela somos fumantes, nos revezávamos entre observar o movimento dos passageiros e fumar. Nunca íamos os dois, era sempre um de cada vez. Em uma das vezes, quando retornei, olhei para o lado e vi o que estávamos procurando: a banda e toda sua equipe técnica, bem como Sombra e Eric. Samii comeu bola, mas eu não. A ideia era aguardar que todos fizessem o check-in, então abordaríamos um a um antes que seguissem para o portão de embarque. Sombra e Eric não pareciam minimamente dispostos a nos atrapalhar.

Um casal aleatório de fãs aproximou-se da banda, fez a abordagem e foi atendido numa boa. Aproveitamos a deixa para fazer o mesmo, principalmente porque observamos que Ihsahn tirou foto sem máscara. Ihsahn e Samoth foram bastante receptivos conosco, principalmente ao notar a presença de Sophie. No entanto, não conseguimos encontrar Trym no meio daquela galera. Samii estava desconfiada que um deles era Trym, mas não me pareceu, ainda mais quando comparei o cara que estava em nossa frente com o da foto que levei. Ainda assim ela fez a abordagem, e realmente não era ele, mas ao menos isso serviu para que ele mostrasse qual deles era Trym, que estava completamente diferente do que estava na foto para autografar,

Samoth pediu apenas para que as fotos fossem tiradas sem flash. Ok, ficam menos nítidas, mas tudo bem

Ao ver Sophie, Trym foi ainda mais receptivo e houve uma conversa entre ele e Samii sobre filhos. Ele contou que tinha dois filhos pouco mais novos que Sophie, disse que estava com saudade deles e que com o fim da turnê os veria em breve.

Será que fomos os únicos fãs a tirar fotos com Trym na América Latina?!
Sophie demonstrou mais uma vez que sua presença nos corres pode ajudar bastante

Leo, entretanto, foi fazer entrega de bolos - que ele passou a fazer e comercializa-los durante a pandemia - mas estava a caminho. A banda e equipe já tinha quase feito o check-in e estava próxima de embarcar. Leo avisou Samii que estava no ônibus, chegando no terminal 1 - ainda faltaria passar pelo 2 e pelo 3. Decidimos aguardar até para dar uma força e tirar as fotos quando ele chegasse. Enquanto esperávamos, o casal que abordou a banda aproximou-se de nós e perguntou se vimos o Trym. Eles estavam com a mesma dificuldade que nós para reconhece-lo. Mostrei nossa foto com ele, eles se aproximaram novamente e também conseguiram.

Todos aguardamos pelo Leo, enquanto conversávamos com o casal. Não foi coincidência estarem ali, eles realmente fizeram um corre, embora parecessem não muito acostumados a faze-lo. Ficaram felizes em saber que foram, conosco, quem conseguiu uma foto com o Trym na América Latina - dias mais tarde descobri que um colombiano também conseguiu. Enfim, chegou o momento em que banda e equipe despediram-se de Sombra e Eric e seguiram para o portão de embarque. Exatamente um minuto depois, Léo chega esbaforido. Infelizmente, perdeu por muito, muito pouco. Tiramos uma foto para lembrar a ocasião,nos despedimos e nos separamos. O casal foi comer algo e eu, Samii, Sophie e Leo pegamos o traslado para a estação de trem. Leo, é claro, estava inconformado. Infelizmente acontece...

Leo, Samii, Sophie, o casal e eu

sábado, 14 de maio de 2022

Cannibal Corpse

Eu e Carlos estávamos tão de boa em relação ao corre do Cannibal Corpse, que combinamos de nos encontrar às 13:00hs no Quality Faria Lima, conseguir as fotos com a banda e seguir ao Renaissance, onde estavam hospedados os músicos do Gorillaz, para fazer o segundo corre do dia. Afinal, era um corre simples com uma banda conhecida por ser fácil e completamente acessível, o que poderia dar errado!?

Cheguei pontualmente em frente ao hotel, mas não havia sinal algum de que a banda pudesse estar lá. Após alguns minutos, Stephen aproximou-se com sua namorada Maria e mais uma garota, Michelle. Stephen é meu amigo no Facebook, mas eu não conhecia nenhum dos três pessoalmente, então julguei que todos eram amigos, já que chegaram juntos ao hotel. O noivo de Michelle conhecia alguém que estava em Congonhas e a informou que a banda desembarcou por volta de 12:30hs, então poderia estar ainda a caminho do hotel ou até mesmo parado para almoçar.

Os minutos se passavam e nem sinal de Carlos, que encontraria o Estéfano na estação Faria Lima, e também de Samii, que viria com sua filha Sophie. Quarenta e cinco minutos depois do horário combinado, Carlos e Estéfano chegaram.

Embora ainda novato no mundo dos corres, com fotos com poucas bandas, Stephen fez bem a "lição de casa" ao identificar e seguir um dos integrantes da equipe do Cannibal Corpse no Instagram, que postou estar almoçando no McDonalds, o que explicaria o fato da banda ainda não ter chegado ao hotel. Para ilustrar o post usou uma foto que simplesmente não fazia sentido: a vista do alto de um prédio, onde era possível ver uma praça que identificamos como aquela que fica entre o hotel Tivoli e o Parque Trianon. Cannibal Corpse no Tivoli não fazia sentido, pois é um hotel caro, para bandas muito maiores. Ok, já vimos "bandecas" como Crucified Barbara no Hilton ou Crash Diet no Renaissance, mas vieram com a Free Pass, que é uma produtora um pouco maior e pode se dar ao luxo de esbanjar, contratando seguranças sem necessidade ou hospedando as bandas em um hotel melhor, o que não parecia ser o caso da Liberation...

Michelle decidiu encontrar seu noivo, que estava no Carioca Club, e ficou de nos avisar se descobrisse algo. Samii e Sophie chegaram. Marcelo, amigo do Givaldo, também apareceu. Michelle avisou que a banda chegou para passar som no Carioca sem o Corpsegrinder, o que significava que erramos o hotel. Fazer o que, acontece... Carlos tinha um compromisso à noite e decidiu ir embora, já que é certo que o corre se estenderia até altas horas. Estéfano o acompanhou.

Restou somente eu, Samii, Sophie, Stephen e Maria. Era hora de Samii fazer a "mágica" acontecer. Embora quando traz a filha esteja sempre bem mais comportada que o habitual - neste dia usava uma camiseta do Cavaleiros do Zodíaco, que não mostrava absolutamente nada demais - ela ainda assim chama atenção de qualquer um, então dificilmente o "tio da van" se negaria a passar-lhe a informação; a mesma que não passaria, por exemplo, para mim.

Caminhamos ao Carioca Club. Na primeira oportunidade, Samii foi conversar com o "tio da van" e voltou com a informação surpreendente: o nome de um hotel que nunca ouvimos falar - e observe: eu já estive em mais de 100 hotéis em São Paulo para ver bandas. Antes de irmos, Michelle aproximou-se de nós e fiquei com a impressão de que ficou animada demais quando Samii, acreditando como eu que se tratava de uma amiga de Stephen e Maria, disse o nome do hotel. Mais tarde, Stephen e Maria contaram que a conheceram pouco mais cedo, ao desembarcar na rodoviária da Barra Funda. Mas era o justo; afinal ela estava no corre desde o começo e ajudando com informações.

Antes de seguir ao hotel paramos para comer no McDonalds. Registre-se que desta vez Samii estava com dinheiro e eu não, mas não se importou em pagar pois, conforme ela, era o mínimo que poderia fazer depois de tantas coisas que já paguei para ela nos corres ou quando estávamos juntos. Que pena que não deu certo, seríamos um belo casal.

Após comer, decidimos que seria mais jogo ir ao hotel de uber. Embora estivéssemos em 5 pessoas, Sophie poderia facilmente ir no colo da Samii. O motorista, quando chegou, alegou que já foi penalizado pelo uber por levar 4 pessoas, recusando-se a levar todos nós. Stephen e Maria disseram para irmos na frente, que eles chamariam outro carro para leva-los. No calor do corre, concordei sem pensar e simplesmente entrei no carro. No caminho, pensei melhor e concluí que "fiz merda". Sou de São Paulo, sei onde fica o hotel, sei me locomover até lá. Os dois moram em Sorocaba e não conhecem. Faria mais sentido deixa-los e ir na frente e encontra-los depois. Paciência, agora já era tarde, pois já estávamos a caminho do hotel. 

Marcelo já estava no hotel quando eu, Sammi e Sophie chegamos, mas inicialmente não notei sua presença. Ele estava do lado de fora, onde também estávamos, mas em um canto um pouco escondido, discreto. Quando Corpsegrinder desceu, parou próximo à porta do hotel, mas ainda do lado de dentro e ficou mexendo no celular. Marcelo saiu de onde estava e juntou-se a nós. Fiquei surpreso: como diabos descobriu onde a banda estava? Perguntei e ele respondeu que a informação estava rolando solta na fila do show. Isso é sempre preocupante!

Quando Corpsegrinder enfim saiu, Marcelo o abordou, querendo autógrafo em dois CDs. Sem parar, ele foi curto e grosso, respondeu que estava realmente atrasado para o show. Eu e Samii nem nos mexemos. Marcelo veio até nós, desolado, dizendo que isso já aconteceu após o show de 2018 e que seus CDs estavam autografados por todos, menos por Corpsegrinder. Foi justamente o integrante que não conheci na mesma ocasião. Seria ele mala ou realmente foi abordado em hora errada pois, afinal, naquele momento estava trabalhando e tinha horário a cumprir?! É o que descobriríamos ainda nesta noite...

Stephen e Maria ainda não tinham chegado, eu já estava preocupado. Quando Stephen chamou o carro que nos levou, estava com o celular próximo demais à avenida, completamente distraído. Aqui é São Paulo, né?! Para passar um vagabundo de bicicleta e tomar o celular nem precisa muito, mas ele não tem essa malícia. Fiquei imaginando como diabos chegariam ao hotel se isso acontecesse ao chamar o segundo carro. Só sosseguei quando os vi chegando sãos e salvos. Na verdade foi até bom, pois era o primeiro corre de Maria e ela provavelmente não saberia asssimilar bem a naba, então possivelmente teria uma experiência melhor após o show.

Ao término do show, um grupo de fãs que eu não conhecia chegou ao hotel. Menos mal que todos pareciam de boa. Eu sinceramente prefiro isso do que uma única Annebelle no corre. Mas só saberíamos como se comportariam quando a banda chegasse. Além deles, Marcelo retornou com a namorada. Contando conosco, incluindo Sophie, 13 pessoas. Um número ok, mas seria melhor se estivéssemos em menos pessoas.

Quando a van chegou, Corpsegrinder passou por todos avisando que voltaria em breve e subiu para o quarto, acompanhado pelo novo guitarrista da banda, Erik Rutan. Os outros três integrantes pararam, mas os únicos que atenderam todos foram o gente finíssima Alex Webster, e Rob Barrett, que é mais na dele. Paul Mazurkiewicz atendeu apenas alguns, depois fez como Corpsegrinder e também subiu, prometendo retornar. 

Alguns dos fãs levaram literalmente toda a coleção de CDs pros caras assinar. Só pensa: éramos 13 pessoas. Se cada um de nós levar dois ítens para autografar, cada um teria que assinar 26 itens. Agora imagine gente levando 15, 20 itens... Pois é... Mas Rob pareceu não se intimidar ao ver centenas de CDs espalhados sobre uma mureta que circundava um jardim do hotel. Ele disse para um fã que o abordou "Você está aqui, eu estou aqui, por que não?". Vendo a cena, Alex, que atendia Stephen, comentou "Rob já está se entendendo bem com o pessoal, de bom humor". Que seja sempre assim!

Sem o encontrar pessoalmente, é impossível ter noção de como esse cara é gente fina! 
Rob Barrett é mais caladão, na dele, mas foi um dos que atendeu a todos logo na chegada

Após algum tempo, Paul desceu e foi diretamente à recepção, onde parecia estar puto com alguma coisa. Quando saiu de lá, Stephen o chamou, mas fingiu que não ouviu e subiu novamente. A essa altura, Sophie estava dormindo no sofá do hotel. Cumprindo a promessa, Corpsegrinder desceu e nos proporcionou uma das noites mais memoráveis de todos os tempos, pois não apenas tirou fotos e autografou tudo que os fãs tinham, como ficou pelo menos uma hora confraternizando com a galera, contando histórias, conversando. Felizmente todos os fãs eram de boa.

Uma das histórias que ele contou foi sobre seu vício em máquinas de bichinhos de pelúcia. Primeiramente, mostrou em seu celular o urso que conseguiu em uma máquina em alguma cidade em que a banda excursionou. Ao sair com o prêmio, notou a presença de uma mãe com um garoto que o observava. Ele se aproximou deles, e perguntou para a criança se ela gostaria de jogar e conseguir um urso também. Com a resposta positiva, George o presenteou com o bichinho que havia ganhado e recebeu em troca o "melhor abraço de sua vida". Nada demais, se não estivéssemos frente a frente com o vocalista de uma das bandas mais extremas do mundo... Mais tarde, descobri que Maria gravou quase toda a cena.


Stephen presenteou Corpsegrinder com um poster do Warcraft, pois sabia que ele curtia RPG. Eles conversaram um pouco sobre os elementos do poster, que o vocalista conhecia e gostava.

Dois anos sem praticamente abordar bandas gringas fizeram muito mal ao meu inglês. Antes eu entendia tudo, mas tinha dificuldade para falar. Agora estava com dificuldade até mesmo para entender o que ele dizia.  No que consegui entender, houve papo sobre os shows, sobre cervejas e até mesmo o auxílio de George - nome real do Corpsegrinder - a um fã para resolver um problema de logística, pois ele havia comprado seu novo CD solo mas ainda não havia recebido. George explicou que quem cuida disso é o vocalista do Hatebreet, Jamey Jasta, que também atuou como produtor no CD. Passou todos os detalhes, inclusive pegando o celular do fã para digitar certinho o nome e as formas de contato.

Como estava com o inglês enferrujado, pedi para Stephen me ajudar, pedindo a George para gravar um vídeo mandando um salve para a galera da loja Manto Aliverde, que é onde compro as camisas oficiais do Palmeiras. Tornei-me amigo do proprietário pois ele e eu, além de palmeirenses, curtimos um som. Como jogadores das antigas, como César Maluco, Dudu e Ademir da Guia frequentam sua loja, combinamos que ele pegaria esses autógrafos para mim, e eu pegaria autógrafos das bandas para ele. Neste caso, porém, ele preferiu que fosse gravado um vídeo. Missão dada é missão cumprida, ainda que com ajuda.

Paul desceu novamente e ainda parecia bem incomodado com algo, mas pelo menos desta vez parou para atender, embora com pressa para retornar ao quarto.



Paul Mazurkiewicz não estava em seus melhores dias, quase subiu de novo antes de eu conseguir essa foto
Já Corpsegrinder estava muito gente boa, ficou com a galera confraternizando um tempão. Que noite, meus amigos!

Samii tentou acordar Sophie duas vezes para tirar uma foto com o Corpsegrinder, mas ela recusou-se a acordar. Quando não esperávamos mais nada, eis que Sophie levantou e saiu "caçando" a mãe. Era exatamente o que precisávamos para fechar a noite com chave de ouro!

Samii e Sophie com o vocalista de uma das bandas mais extremas. Será que ele está pensando em sacrifica-las para algum demônio?

Perguntei para Corpsegrinder se o Erik ainda desceria para atender a galera, mas a resposta foi "acho que ele já está dormindo". Paciência! É o membro menos importante da banda, ficaria para uma próxima ocasião.

Foto da formação anterior, ainda com Pat O'Brien. Não ficou pronta a tempo em 2018, aproveitei para pegar os autógrafos em 2022

Pouco antes, notei a presença de um fã que chegou sozinho quando a banda já estava atendendo, mas parecia um pouco deslocado justamente por estar só. Ele me estendeu o celular, pedindo para tirar sua foto com o Corpsegrinder. Ofereci-me para tirar a foto com a câmera, o que ele aceitou prontamente. Quando fui me despedir dele, e anotar alguma forma de contato para enviar a foto, João ofereceu uma carona não só à mim, como a quem me acompanhava no corre: Samii, Sophie, Maria e Stephen. Ele nos deixou na estação Barra Funda. De lá, peguei o ônibus para casa, Samii e Sophie também, mas Stephen e Maria tiveram que passar a noite por lá, já que perderam o último ônibus para Sorocaba. Mas nem se importaram: estavam simplesmente maravilhados com o que aconteceu esta noite.

Quando falei novamente com Stephen, ele contou que Michelle retornou ao hotel no dia seguinte com o noivo para conseguir a foto com Erik que, quando desceu, estava inteiro e feliz, desculpando-se por não atender na noite anterior, pois estava exausto.

domingo, 8 de maio de 2022

Tim Burton

Desde dezembro de 2021 eu sabia que Tim Burton viria a São Paulo para visitar um painel em maio de 2022. Entretanto, os meses se passaram e o assunto foi esquecido pela imprensa. Não houve mais reportagens anunciando a iminente vinda do cineasta à cidade, como costuma ocorrer quando alguém do porte dele visita o Brasil. Entretanto, a data de inauguração da exposição "A Beleza Sombria dos Monstros" aproximava-se e fazia sentido que ele viesse para prestigia-la, como costuma fazer no mundo todo, aproveitando a oportunidade para também visitar o painel. Portanto, fiquei esperto, monitorando qualquer movimentação, porém não vi nada, nenhuma novidade.

Em uma quinta feira eu estava em casa quando uma amiga, Stephanie, perguntou sobre Tim Burton. Eu realmente não sabia de nada. Na mesma noite, ela enviou uma mensagem dizendo "apareceu a margarida". Tim estava no Tipitina Bar - Rua Cardeal Arcoverde, 1849 - em Pinheiros, que é relativamente próximo de casa. Chego de uber muito rápido lá. Como, entretanto, não havia a confirmação da vinda de Tim ao país, eu estava desprevenido, não tinha abslutamente nada para assinar. Ele ainda estava no bar, mas deixei passar a oportunidade e continuei monitorando.

Nessa noite e no dia seguinte, o bar postou muitas outras fotos nos stories, o que confirmava que a primeira foto que vimos não era repost ou #tbt de alguma vez que Tim esteve na cidade. Em um primeiro momento, houve a desconfiança óbvia de que ele pudesse estar novamente no hotel Unique, pois foi onde ficou em 2016 e fazia todo sentido, já que é próximo ao Parque do Ibirapuera, onde ocorria a exposição. A área de busca foi limitada a apenas seis hotéis: além do Unique, os da região da Avenida Paulista, principalmente Renaissance, Fasano e Emiliano. Correndo por fora, Tivoli e Intercontinental. Com certeza estaria em um deles.

No dia seguinte, fiquei em casa monitorando cuidadosamente, mas nada aconteceu. Karina também declarou-se interessada em fazer o corre, mas também não sabia de nada. O máximo que descobrimos foi que ele foi ao Parque Dom Pedro visitar o mural, o que confirmava a notícia que vi meses antes. Ele não retomou ao bar nem foi fotografado em nenhum outro local. Sem pistas como nós, Stephanie saiu do trabalho e foi ao Unique dar uma olhada, mas nada indicava que ele poderia estar lá. Para minha surpresa, ela contou que o segurança do hotel foi educado, confirmou que Tim não estava lá e até mesmo a deixou entrar e esperar se quisesse. Isso nunca acontece quando algum artista está hospedado, o que nos fez descartar o Unique imediatamente.

De noite, Stephanie foi ao Tipitina Bar como se fosse uma cliente qualquer. Ao ser atendida, soltou, como quem não quer nada algo como "e aí, vem muito famoso neste bar?”. A resposta óbvia foi recebida, que Tim Burton esteve lá na noite anterior. Então ela perguntou se sabiam se ele iria retornar, mas a resposta foi negativa. Assuntando, entretanto, conseguiu identificar a mulher que o levou ao bar, que estava na produção da exposição. Com isso, bastou olhar os stories dela, para receber as pistas que nos fez descobrir o hotel: uma foto da área da piscina e outra com a visão que ela tinha do quarto.

Eu sabia que já tinha visto aquela piscina antes, mas em um primeiro momento não lembrei. Enviei a foto ao Carlos, que matou a charada: Tivoli, com 100% de certeza. A visão da janela é da Avenida 9 de julho. Confirmei buscando "piscina Tivoli São Paulo" no Google, que me retomou fotos que confirmaram mais uma vez: era lá mesmo! Já era mais de uma hora da madrugada quando conseguimos confirmar o hotel.

O que me incomodava na Karina neste corre é sua amizade com uma certa menina, que apesar de ter mais de 30 anos, se comporta como adolescente mimada. Passar a info para ela implica obrigatoriamente em passar a informação para a tal menina, até porque Karina tem pena do desespero dela quando não consegue encontrar o artista. Esse, entretanto, foi um risco que tive que correr em nome da parceria de mais de 10 anos, de muitos corres bem sucedidos. Eu não queria que tal menina fosse, ainda mais com a informação vinda de mim, mas não deixaria de ajudar Karina. Paradoxo de merda!

Correndo o risco, passei a informação para Karina e combinamos de nos encontrar às 08:00hs em frente ao hotel. Eu estava com muito sono e me conheço: se dormisse acordaria somente lá pelas 14:00hs. O melhor a fazer seria virar a noite. Infelizmente acabei cochilando e acordei 08:43hs. Fui enviar uma mensagem para Karina, desculpando-me pelo atraso, mas já havia uma mensagem dela, dizendo que esqueceu o celular no uber e teria que ficar em casa, pois o motorista passaria para devolver. Que legal! Karina não estava no corre, mas a tal menina é claro que sim. Decidi ficar em casa e esperar que Stephanie ou alguém mais fosse.

Convidei Samii, que aceitou, mas teria que esperar que a aula na faculdade acabasse (sim, ela se fode com aulas aos sábados), então marcamos de nos encontrar diretamente no hotel. Quando fui, passei no McDonalds e comprei dois quarterão com queijo. A ideia era comer fora do hotel enquanto Samii não chegava, já ficando esperto com qualquer movimentação. Ela, para minha surpresa, chegou antes que eu, então dividimos os sanduíches. Enquanto comíamos, relativamente afastados da entrada do hotel para não queimar o filme, Stephanie saiu do hotel e disse que realmente a tal menina estava lá, e pior, ouviu ela dizer que chamaria alguns amigos. Mas que vaca!

Perguntei se a menina já tinha conseguido foto, e Stephanie disse que sim, de manhã, quando Tim saiu para algum lugar, mas que a foto não ficou boa porque ele atendeu com pressa, então ela ainda estava lá porque queria tirar outra foto. Burra! Nem conseguiu o que queria ainda e já estava pensando em avisar os amigos. "Ain, mas você fez a mesma coisa", alguém diria. Sim, mas eu aviso quem me ajuda, quem faz corre comigo há anos. A menina estava pensando em usar uma informação que veio de mim para se promover como a fodona que sabe todos os hotéis, quando na verdade não sabe de porra nenhuma. Sem contar o fato que, exceto a Karina, ninguém gosta quando ela aparece.

Após comer, fomos ao bar do hotel com Stephanie, e em nossa pobreza pedimos apenas uma coca-cola cada. Isso provavelmente garantiria nossa permanência lá. A tal menina estava sentada na mesa ao lado da nossa, acompanhada por uma amiga que eu não conheço. Tim Burton não demorou para aparecer. Ele entrou no bar e foi direto para a àrea da piscina. O deixamos em paz, aguardando pela saída. Quando isso aconteceu, Stephanie correu para fora do bar e o abordou, conseguindo foto pandémica e autógrafo. Eu e Samii fomos no vácuo, mas Tim apenas assinou duas fotos e já correu para o carro que o aguardava. As fotos eram minhas, levei extras para dois amigos que pediram e Samii me ajudou a conseguir. O jeito era esperar o retomo para conseguir mais um autógrafo e as fotos. Samii não pôde esperar e foi embora, ficando sem foto com o cara.

Stephanie aguardou a chegada de uma amiga, Juliana. Quando chegou, pediu para eu fazer o corre com sua amiga e foi embora, pois já conseguiu o que queria. Sem problemas, até porque Juliana mostrou ser alguém muito legal. Nos conhecemos no corre do Green Day, que fizemos com a Karina em 2016, mas eu não lembrava dela, nem ela de mim.

Durante toda a tarde mais nada aconteceu, continuamos no bar. A partir de então, os seguranças do hotel resolveram ser os palhaços da noite. Sério! Eles pareciam crianças de 5 anos tentando nos sacanear a todo custo. Sabemos que são apenas funcionários, uns manés que cumprem ordens, mas tire suas próprias conclusões: saímos para eu pudesse fumar, e quando retomamos fomos avisados por um deles que seríamos expulsos do hotel. Enquanto fumava, não percebi, mas Hanna e duas amigas que não conheço, além de Gabriel e Leandro, entraram no hotel. Todos fomos convidados a aguardar do lado de fora. Saímos, mas não fomos até a calçada, que ficava muito distante da entrada do hotel, então ficamos no fumódromo. Apesar de estarmos quietos e não atrapalhar em nada, fomos sendo expulsos seguidamente até que realmente acabamos na calçada.

Quatro seguranças ficaram em frente ao carro que levaria Tim Burton, para atrapalhar nossa visão quando ele saísse, e também para evitar qualquer aproximação. Até aí, normal. Quase todos os grandes hotéis fazem isso. Hanna foi embora pois teria que viajar para Santos para ver um show mais tarde. Quando Tim Burton saiu, o chamamos à distância, mas ele se fez de surdo e entrou no carro. Como o carro passaria ao nosso lado, talvez ainda tivéssemos mais uma oportunidade. O carro parou e ele, sem sair, apenas pegou o que tínhamos para autografar e fez uns rabiscos. Aquilo foi tudo, menos autógrafo.


As amigas da Hanna - uma delas com o braço todo tatuado com desenhos da obra de Tím Burton - deram-se por satisfeitas com os autógrafos e selfies forçadas e foram embora. Aproveitamos o momento em que ele não estava no hotel para sair e comer no McDonalds. Quando retomamos, decidimos entrar novamente, pegar bebidas, e ficar bebendo sentados no hall do hotel. Mais uma vez, os palhaços vieram falar conosco, dizendo que não poderíamos ficar ali, que teríamos que permanecer no bar. Isso simplesmente não existe, não está escrito em lugar nenhum que não se pode fazer isso. Se fosse um hóspede, ou qualquer outra pessoa, poderia de boa. Mas nós não podíamos. "Nós sabemos o que vocês querem", argumentaram. O problema é que agora estávamos consumindo, éramos clientes, e ainda assim fomos tratados que nem merda. Após alguma discussão, aceitamos ir para o bar, mas a palhaçada ainda estava longe de terminar.

Quando o carro com Tim Burton estava prestes a chegar, diversos seguranças se postaram na porta do bar. Não satisfeitos, fecharam uma cortina, bloqueando completamente nossa visão. Estávamos ali, quatro adultos - a mais nova com 32 anos - comportados, de boa, e eles só pensando em como poderiam nos sacanear. O que faríamos se ele nos negasse a foto? Absolutamente nada, é direito dele não querer tirar fotos e sabemos aceitar derrotas. Mas queríamos ouvir o "não" da boca dele e é isso que esses palhaços não entendiam ou fingiam não entender. Se eu ainda tivesse a grana que tinha em 2017/2018 faria questão de me hospedar, tratar cada um como a grande merda que é, e ainda fazer uma pesada reclamação que gerasse suas demissões. Mas o mundo da voltas e minha vida sempre foi de altos e baixos. Agora estou no baixo, mas em breve estarei no alto novamente, enquanto eles sempre estarão no baixo.

Tim entrou no bar e mais uma vez foi à área das piscinas. Ficamos totalmente impassíveis. Até discutimos se valeria tentar ir até lá, mas o local estava repleto de seguranças. Pareceu mais sensato ficar quietos e tentar apenas quando ele saísse. Após uma hora, foi o que aconteceu. Rodeado por seguranças, saiu e passou exatamente onde estávamos. Educadamente, Gabriel - o que melhor fala inglês entre nós - pediu uma foto e foi prontamente atendido, de forma solícita e educada, sem pressa nenhuma. Por uma falha de comunicação, perguntei a Tim Burton se ele preferia se usássemos uma câmera só - a minha - para tirar as fotos. Entendi que não, mas depois me disseram que entendi errado. Sendo assim, todas as fotos aconteceram no celular do Leandro. Todos tiramos fotos, para desespero dos seguranças, que tanto tentaram nos impedir de conseguir, dificultando nossa vida ao extremo. Foi um corre que para mim demorou 13 horas e poderia ser resolvido muito antes, se Tim já tivesse tirado fotos no começo da tarde. Ao menos melhorei a FOTASSA de 2016.

FOTASSA que consegui no hotel Unique em 2016. Não olhei para a lente porque não dava para vê-la na escuridão