domingo, 28 de outubro de 2012

Paulo Maluf

Uma coisa que assumo com muito orgulho: sempre fui malufista. Maluf era um político à moda antiga, eram outros tempos, onde um pouco de corrupção era aceitável. Apenas entenda: todos roubavam, mas apenas Maluf fazia. Não está convencido?! Vamos lá:
  1. Foi responsável pelas obras de 78 pontes, viadutos, pontilhões e túneis nos dois mandatos como prefeito
  2. Construiu boa parte das vias que integram as marginais Tietê e Pinheiros a ainda mais de 30 importantes avenidas na capital
  3. O complexo viário José Roberto Fanganiello Melhem, que liga as avenidas Rebouças, Paulista e Doutor Arnaldo foi construído durante a primeira passagem de Maluf pela prefeitura paulistana
  4. Uma das obras de Maluf é o Minhocão, que liga o centro de São Paulo à zona oeste, em 3,4 km de extensão
  5. A avenida Brigadeiro Faria Lima foi uma das obras feitas por Maluf
  6. Como prefeito, Maluf também deu início ao projeto Cingapura, de urbanização de favelas
  7. Na segunda passagem pela prefeitura, Maluf construiu a avenida Água Espraiada, com 17 km de extensão, ligando a marginal Pinheiros ao Jabaquara. A obra também incluiu um piscinão para evitar inundações
  8. Na segunda passagem pela prefeitura, Maluf construiu o complexo viário Ayrton Senna, um conjunto de túneis sob o Parque Ibirapuera, na zona sul
  9. Foi também nessa gestão que Maluf construiu o piscinão do Pacaembu para conter inundações na região
  10. Maluf canalizou 26 córregos na periferia da cidade
  11. No centro da capital, Maluf revitalizou o terminal Bandeira, que havia passado cerca de 20 anos com uma estrutura improvisada. O novo local foi inaugurado em 1996, integrado à estação Anhangabaú do Metrô
  12. Maluf deu andamento às obras da rodovia dos Imigrantes, que liga o planalto paulista à baixada santista, quando era secretário de Transportes. A pista norte foi entregue em 1976 e se tornou uma alternativa à já sobrecarregada rodovia Anchieta
  13. Quando Maluf ocupava a Secretaria Estadual dos Transportes, ocorria a construção da primeira linha de metrô, inaugurada em 1974, no último ano dele à frente da pasta. O trecho inicial da linha Azul ia do Jabaquara à Vila Mariana e no ano seguinte foi estendido até a praça da Sé, no centro
  14. No governo do Estado, Maluf foi responsável pela expansão do maior sistema de abastecimento de água da Grande SP: o Cantareira. Ele fez as duas principais represas (Jaguari-Jacareí), acrescentando 22 mil litros de água por segundo ao sistema
  15. Como governador, construiu a Rodovia dos Trabalhadores (renomeada em 1994 como "Rodovia Ayrton Senna"), a Rodovia Mogi-Bertioga, a Ponte do Mar Pequeno, o Terminal Rodoviário Governador Carvalho Pinto (conhecido como Terminal Rodoviário do Tietê) e, em parceria com o Ministério da Aeronáutica, o Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos (renomeado em 1999 como Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, concluído após o fim de sua gestão, em 1985). Iniciou as usinas hidrelétricas de Nova Avanhandava, Porto Primavera, Taquaruçu, Três Irmãos e de Rosana. Inaugurou e equipou o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas
Somente obras "faraônicas", mas tente imaginar São Paulo sem elas, simplesmente não seria a cidade que é. Hoje, os políticos discutem bobagens como desativação do Minhocão para construção de um parque, ou até mesmo a demolição. Vão enfiar o trânsito da região onde, no rabo?! Eu prefiro acreditar que São Paulo não tem prefeito desde 1996.

Pitta, Marta Suplicy, Serra, Kassab, Haddad, Doria e Bruno Covas, são todos piadas de muito mal gosto. Provavelmente, se somar todos, não se atinja o número de obras de um único mandato de Maluf. Há entre esses nomes, algum honesto? É pouco provável mas, se houver, fez o que? Dormiu?! Quais são suas obras?! Basta uma pesquisa no Google com o nome do prefeito + a palavra "condenado" para ver a lista com a série de delitos cometidos pelos citados (eu facilitei para você, basta clicar no nome do prefeito acima, para verificar suas condenações).

Já que no chatíssimo mundo de hoje é necessário explicar tudo nos mínimos detalhes, é claro que todos os prefeitos deixaram uma obra ou outra. Mas é certo que não chegaram perto da dimensão ou da importância da maioria das obras de Maluf.  Ou seja, é demagógico e hipócrita afirmar que Maluf rouba. É claro que rouba! Mas quem não rouba? Ao menos Maluf deixou um legado, suas obras estão aí, firmes e fortes até hoje. Algumas não caem nem mesmo com explosão. Qual é o legado de quem o sucedeu? Faz-me rir!

Portanto, era um sonho conhecer o homem que definitivamente mudou para melhor o destino de minha cidade. Quando comecei a frequentar o aeroporto de Congonhas, conheci Ricardo Ramalho, que me disse que Maluf desembarcava costumeiramente às quintas-feiras. Fui sete quintas-feiras consecutivas, mas ele não desembarcou. O jeito foi mudar a estratégia. Pareceu uma boa ideia descobrir onde Maluf votava e ir até lá em um dia de eleição. Essa é uma informação pública, constante no próprio perfil dos candidatos no site do TSE, logo não foi difícil descobrir que Maluf votava na Faculdade de Engenharia de São Paulo (Fesp), nos Jardins. Uma pesquisa no Google revelou que, em eleições passadas, ele costumava aparecer para votar de manhã, por volta das 09:30 hs.

Eu e Sheila chegamos por volta das 08:30 hs e aguardamos. Pouco depois das 09:00 hs, Maluf estacionou seu Porsche bem em frente ao local de votação. Ao descer do veículo, foi abordado por "repórteres" de algum programa bobagento da época, como Pânico ou CQC. Ele até os atendeu mas, ao perceber que não seria uma entrevista séria, caminhou para a sessão eleitoral. Ele passou por nós e apenas o cumprimentamos. Os tais "repórteres" não desgrudavam. Quando ele saiu, ainda com eles em seu encalço, eu disse para Sheila que era agora ou nunca. Maluf caminhava conversando com um deles, quando interrompi, dizendo que gostaria de tirar uma foto com ele. Ele aceitou, mas perguntou o que significava a palavra escrita em minha camiseta. Era Zildjian, uma marca de pratos para bateria. Será que ele achava que Zildjian seria um xingamento ou algo assim?!


Pode acreditar: Maluf é um dos pouquíssimos políticos com quem eu tiraria foto. Já encontrei ao acaso com Luiza Erundina, Eduardo Suplicy, Marta Suplicy, José Serra, Gilberto Kassab, Fernando Haddad, Marcelo Crivella, Celso Russomanno e muitos outros, nem reagi. Tirei foto com Geraldo Alckin e João Doria, não por admira-los mas, numa época em que os ânimos de petistas e anti-petistas estavam acirrados, se uma foto com eles irritasse os petistas, eu tiraria sem pensar duas vezes. Também já tirei fotos com políticos que acreditei serem merecedores de meu voto ou confiança, mas que se revelaram uma completa decepção, como Joice Hasselmann e Flavio Bolsonaro. Tiririca e Sergio Reis, tirei mais pelo que fizeram na música do que na política. Por outro lado, tenho orgulho demais de minhas fotos com Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro, esses me representam completamente, até que algo prove o contrário. Se um dia isso acontecer, pode ter certeza de que não serei retardado de participar de manifestações "Bolsonaro livre" ou algo assim.


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Richie Ramone + Marky Ramone

Carlos fazia corres há quase 30 anos, então tem fotos com todos os Ramones, incluindo os falecidos Joey, Dee Dee e Johnny. Eu fazia corres há apenas 4 anos, e restavam 5 Ramones vivos (isso em 2012, Tommy faleceu em 2014). Esse dia seria minha chance de conhecer dois, os bateristas Richie e Marky. Talvez fosse um pouco surreal, mas ambos estavam em São Paulo, cada um com a sua própria banda. Natural, já que eles se odeiam e sempre se criticaram publicamente.

Logo cedo, eu, Jonas, Felipe Godoy e Raphael "Disposto" fomos ao Braston da rua Martins Fontes, e aguardamos pela chegada de Richie, que estava a caminho do aeroporto. Entre os músicos que compunham a banda, havia um que era bastante interessante, pois tocou no Warlock com Doro Pesch: Tommy Bolan. O japonês Jiro Okabe completava o trio. Quando chegaram, todos foram simpáticos e tudo se resolveu muito rapidamente.

Richie Ramone, gravou 3 álbuns com os Ramones
O guitarrista Tommy Bolan integrou a formação original do Warlock
O baixista Jiro Okabe é sempre um cara legal com os fãs
Tão logo o primeiro corre terminou e já inicamos o segundo. Marky estava hospedado no hotel Paulista Wall Street, na rua Itapeva. Seguimos para lá, onde ganhamos a companhia de Alvaro e da cuidadora de idosos. Alvaro não estava tão interessado em conhecer Marky. Fã de Misfits, aproveitou o fato do vocalista Michale Graves integrar o Marky Ramone's Blitzkrieg.

Para ser sincero, eu não conhecia os demais integrantes, então meu foco era apenas Marky e Michale Graves. Os outros músicos poderiam passar em minha frente um milhão de vezes, que certamente eu não seria capaz de reconhece-los. Ainda conseguimos um bônus, o baterista Tony White, do Chrome Division, que se apresentaria no mesmo evento. Eu não o reconheci, mas Raphael sim. Mais uma vez foi tudo muito fácil. Hotel de boa, onde os funcionários não ficam enchendo nosso saco, e músicos mais de boa ainda.

Tony White, baterista do Chrome Division
Michale Graves, vocalista do Marky Ramone's Blitzkrieg, ex Misfits
O baterista Marky Ramone é considerado integrante da formação clássica dos Ramones
Mesmo ainda sem saber, esse foi o último corre que fiz com Jonas e com a cuidadora de idosos. O que aconteceu logo depois, a partir dos corres do Kiss e do Robert Plant, tornou inviável qualquer tipo de relação minimamente amistosa. Houveram brigas que se tornaram, especialmente para eles, algo extremamente pessoal. Para mim, é treta de corre. Mas eles preferiram levar a outro nível.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

G3

Enquanto o G3 não chegava, eu, Sheila, Jonas e Estéfano tirávamos fotos com os bônus que desembarcavam em Congonhas. O primeiro deles foi a sempre simpaticíssima atriz Deborah Evelyn. Já a encontrei ao menos 3 vezes, ela sempre foi absurdamente legal, muito acima da média. Nesse dia, quando Jonas a abordou, ela disse "Você fica sempre aqui tirando foto com famosos, né? Eu me lembro de você!".

Na verdade, tínhamos conseguido fotos com ela duas semanas antes, quando realmente estávamos congonhando a toa, mas agora estávamos ali esperando pelo G3. De qualquer forma, ela zuou o Jonas, adorei! Eu mesmo só participei da abordagem porque tinha revelado a foto tirada na primeira ocasião, então queria o autógrafo.

Já encontrei Deborah Evelyn ao menos 3 vezes, ela sempre foi absurdamente legal, muito acima da média

Na sequência, passou a atriz Tânia Alves, o cantor Jair Rodrigues e a atriz Flávia Monteiro, do eterno "A Menina do Lado" (nem venha falar de pedofilia, pois eu e ela temos a mesma idade; logo, quando ela estava nua na telona com 14 anos, eu também tinha 14). Jair, que morreu menos de dois anos depois, foi mega gente boa. Estava bem claro que eu não era fã dele, mas mesmo assim já chegou brincando, naquele jeitão que todo mundo via na TV, era um cara autêntico, bem diferente daquele que diz no palco que somos uma família, blood brothers, mas fora dele foge dos fãs como o diabo foge da cruz.

Tania Alves
Fiquei chateado quando soube que Jair Rodrigues faleceu, era um cara legal
Flavia Monteiro, a eterna Menina do Lado

Em seguida, desembarcou o ator Thiago Lacerda. Não foi a primeira nem a última vez que eu vi. Ele é enorme (de acordo com o Google, tem 1,96m) e passa que nem um touro brabo, é difícil faze-lo parar. Não interage, apenas balança a cabeça, tira uma foto e já sai correndo, é bizarro. Nesse dia, Sheila e Léo conseguiram uma foto com ele, eu nem fiz questão, tanto que não tenho até hoje.

O cantor do Biquíni Cavadão, Bruno Gouveia, desembarcou e veio direto falar conosco. Ele não nos conhecia, mas percebeu o óbvio, disse que quem estávamos esperando já estava desembarcando, e mostrou no celular a foto que tirou com Joe Satriani. Sheila aproveitou o gancho e pediu para tirar uma foto com ele segurando o celular com a foto com Joe. Não sei porque não fiz o mesmo, não curto Biquini Cavadão, mas ele foi tão gente boa, que realmente não sei porque não. 

Bruno Gouveia do Biquíni Cavadão e Sheila

Na sequência, o G3 desembarcou. Para nossa surpresa, apenas os músicos, nenhum segurança os acompanhava, e não havia nenhuma van esperando por eles. Então, todos foram para a área externa, próxima ao desembarque - nessa época era permitido que vans parassem para embarcar bandas, hoje é proibido. Sendo assim, o corre em si foi mega tranquilo, todos os músicos atenderam de boa. Finalmente completei o Dream Theater - faltava o Mike Mangini, que não consegui dois meses antes.

Enfim conheci Joe Satriani, sou muito fã
Steve Morse, do Deep Purple, era um dos guitarristas dessa formação do G3
John Petrucci, do Dream Theater, era o guitarrista que finalizava esta formação do G3
Os músicos não estavam fazendo nada mesmo, aproveitei para tirar mais uma foto
Dave LaRue foi o baixista que excursionou com o G3
Mike Mangini, baterista do Dream Theater, completava a banda de apoio

O corre acabou, mas ficamos por perto. Queríamos poder ajudar se o transporte deles não aparecesse. Incrivelmente, realmente ajudamos. Uma molecada aleatória desembarcou, eram fãs que reconheceram Joe Satriani, foram "voando" para cima dele, prontos para cerca-lo. Quando vimos, eu e Léo nos colocamos na frente, impedindo. Pedimos para eles se acalmarem e ir um de cada vez. Só então permitimos. Acredite se quiser, mas nesse dia os seguranças fomos nós! Logo depois a van chegou, e os músicos seguiram seu caminho até o hotel.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

B.B. King

Nunca fui fã de B.B. King, mas havia uma oportunidade de ouro aqui: a possibilidade de conhecer uma das grandes lendas do Blues, se não a principal. Se anos antes eu me recusei a acompanhar Kevin para tentar conhece-lo, justamente por não ser fã, agora a situação mudou. Haveriam dois shows em São Paulo, o primeiro no Via Funchal, e o segundo no Bourbon Street. Jonas nos disse que, sempre que vinha a São Paulo, o músico ficava no hotel Intercontinental, então eu, ele e Sheila passamos a tarde do primeiro show no bar do hotel, esperando pela saída dele, mas não houve sinal algum de que realmente estivesse lá.

Nessa época minhas opções ainda eram um tanto limitadas. Se fosse hoje, provavelmente eu pensaria em tentar na saída do Bourbon Street, mas na ocasião senti-me um pouco perdido, sem imaginar outra maneira de conhece-lo. Pensei em tentar a saída no aeroporto, e talvez tivesse sido melhor se eu tivesse feito isso. Porém, a luz veio quando Raphael conseguiu uma foto excelente com ele, assim que o músico chegou ao Renaissance, então, no dia seguinte, eu e Jonas fizemos nossa tentativa. Quando chegamos, encontramos, sem combinar, com Yolanda. Havia também um tipo estranho, que eu nunca vi na vida, que simplesmente disse "você pode pedir uma palheta do B.B. King para mim?". Era Leandro Caíque.

Embora alguns amigos achem normal pedir palhetas para as bandas, eu acho um pouco invasivo. Já aconteceu de eu ganhar palhetas de bandas como Megadeth, Kiss, Venom Inc., Deep Purple, entre outras, mas nunca pedi nenhuma, sempre veio da boa vontade dos músicos. Eu já peço foto e autógrafo, para mim está bom, mas mesmo que eu pedisse uma palheta para B.B., seria para mim, não para alguém que até então eu nem conhecia.

Quando B.B. saiu, estava em cadeira de rodas e rodeado por quatro seguranças. Éramos 4 fãs e apenas 3 queriam foto com ele - Yolanda se afastou justamente quando ele apareceu, dando a entender que não queria nada. B.B. nem iria parar, não por decisão dele, mas pela babaquice dos seguranças, mas parou quando Jonas disse que tinha um álbum já autografado por Celso Blues Boy, que havia falecido há poucos meses, vitimado por um câncer na garganta.

B.B. havia tocado e gravado com Celso na década de 80, então assinou o álbum e uma foto que levei - eram os únicos materiais que tínhamos para ele autografar. Antes que pedíssemos pelas fotos, os seguranças o ajudaram a sair da cadeira e o colocaram no carro. Antes que a porta se fechasse, Jonas forçou uma foto com ele na porta do carro, e Leandro fez o mesmo. Os seguranças se emputeceram, fecharam a porta, e eu fiquei sem. O jeito foi me contentar em tirar uma foto com ele dentro do carro. Ridículo, eu sei. Mas foi o que "teve pra hoje". B.B. nunca retornou, faleceu 3 anos após.

Sim, eu sei que é ridículo, mas lá estou eu refletido no vidro do carro
Os seguranças poderiam ter sido menos babacas: só faltava uma foto

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Evanescence

Não sou fã de Evanescence, mas fui convencido a ir nesse corre por um amigo, Wesley. Ele encontrou-se com Amy Lee quando ela veio para o Maquinaria Festival em 2009, e também no Rock in Rio, em 2011, e disse que ela era absurdamente legal. Eu não fiz o corre do Maquinaria, mas Kevin fez e conseguiu uma foto linda com ela, o que confirmava as declarações de Wesley. Então, já que estaria em minha cidade, por que não tentar conseguir uma foto com ela também?

No entanto, no dia do corre, aprendi uma lição, pois cometi um erro por excesso de confiança. Falando com todas as letras, achei que era o único esperto na cidade. Agora eu sabia fazer corres e não dependia mais das informações de Kevin. Eu já era melhor que ele e sabia de coisas que ele nem imaginava; por exemplo, a possibilidade de pegar uma banda em conexão* no aeroporto.

Como achava que ninguém mais saberia esse esquema, montei um grupo formado por 6 pessoas: eu, Sheila, Wesley, Jonas (então meu companheiro na maioria dos corres), Jess (uma amiga que era muito fã de Evanescence, que pediu para ajuda-la quando a banda viesse ao Brasil) e Mari Salvaterra (então vocalista da Blitz).

O ideal é ter pelo menos duas pessoas para cada integrante da banda, assim é possível abordar todos. Apenas imagine: se fosse apenas eu e Sheila, quando abordássemos Amy Lee, provavelmente o resto da banda seguiria caminhando para o portão de embarque nacional. Talvez até conseguíssemos abordar um ou outro músico, mas com certeza não conseguiríamos todos. Por isso, 6 pessoas pareceu um bom número para uma banda de 5 integrantes.

O que eu não contava é que outras 6 pessoas também tivessem a mesma informação e a mesma ideia. Então, quando chegamos ao aeroporto, tornamo-nos 12. Ainda assim, não era catastrófico. O voo trazendo a banda de Amy Lee pousaria às 07:30, e o próximo voo para Porto Alegre era as 10:30. Logo, haveria 3 horas em que a banda não teria nada a fazer, senão esperar. Não era difícil imaginar, com as informações que tínhamos, que seríamos atendidos de boa.

O outro grupo nos disse que alguns integrantes já haviam desembarcado e que foram para um restaurante em outro andar do aeroporto. Fomos até lá e confirmamos a informação, pois encontramos o baterista Will Hunt e o guitarrista Terry Balsamo. Não havia sinal de Tim McCord e Troy McLawhorn. 

Will Hunt, baterista do Evanescence
Terry Balsamo, então guitarrista do Evanescence. Deixou a banda em 2015

Retornamos ao desembarque, onde o outro grupo esperava por Amy Lee. Uma menina, Thai, tentou nos enganar, dizendo que Amy desembarcou enquanto estávamos com os outros integrantes no restaurante - curiosamente, depois ela tornou-se uma de minhas melhores amigas, por quem tenho carinho e admiração. Não colou: se fosse verdade, todos já teriam ido embora, no entanto, ainda esperavam pela vocalista.

Quando finalmente Amy desembarcou, foi totalmente antipática. Embora os fãs estivessem de boa, ela não estava nem um pouco a fim de atender. Saiu caminhando com o segurança que a aguardava. Ele a convenceu a tirar uma porcaria de uma foto coletiva conosco. Só aceitei participar porque ainda não tinha foto com ela.


Após esse momento, o caos: percebendo que não conseguiriam mais do que isso, muitos a cercaram para tentar forçar uma selfie. Isso é ridículo, eu e Sheila jamais nos prestaríamos a esse papel, então agora éramos 2 grupos: Amy Lee + segurança + fãs foram pelo elevador e, eu e Sheila, pela escada rolante, acompanhando à distância. Se, no caminho, ela resolvesse atender, nos aproximaríamos.

Houve um momento em que o segurança, meu amigo, perguntou se levei algo para ela assinar, eu respondi que tinha uma foto, ele pediu e a entregou para Amy, que assinou sem parar de caminhar.


Amy foi, acompanhada de segurança e fãs, ao balcão da companhia aérea, onde fez o check-in. Com a passagem na mão, ela e o segurança seguiram ao portão de embarque nacional, onde entraram.


Não entendemos o porquê de tamanha antipatia. Com uma única câmera, eu seria capaz de tirar 12 fotos em apenas um minuto. Agora, ela teria cerca de duas horas e quarenta minutos para esperar na sala de embarque. Eu sei que nenhum artista é obrigado a atender, mas ela pareceu bem babaca. E o pior: só fui neste corre porque Wesley me garantiu que ela era legal. Ele mesmo parecia não entender o que acabara de acontecer.

Após o show de Porto Alegre, o Evanscence seguiu para o Rio de Janeiro, onde hospedou-se no hotel Sheraton, que possui uma praia particular. Alguns fãs descobriram e conseguiram entrar. Quando foram falar com Amy, ela virou a cara. Quando os outros fãs souberam o que aconteceu, houve uma invasão, e a cantora teve que deixar a praia correndo. Incomodada, ela enviou um recado aos fãs, dizendo que a banda não tiraria fotos ou daria autógrafos no Rio de Janeiro, por "razões de segurança". Isso era péssimo, pois sabíamos que poderia "respingar em nós" de São Paulo. Obrigado, cariocas sem noção!

Foto: reprodução do site Ego

Naquele final de semana era o aniversário de 10 anos de meu casamento com a Sheila, então resolvemos nos hospedar no hotel Unique para comemorar e, finalmente, aproveitar tudo o que um hotel desse porte tem a nos oferecer. Não era incomum nos hospedar em hotéis 5 estrelas, mas sempre estávamos tentando conhecer os integrantes de alguma banda, então nunca aproveitávamos nada. 

Coincidentemente, aquele foi o hotel escolhido pela produção para hospedar o Evanescence o que, para nós, foi uma surpresa. Porém, não estávamos ali pela banda, então não ligamos muito. No primeiro dia, apenas curtimos a piscina, o restaurante, o quarto, nos curtimos enfim... No dia seguinte, estávamos tomando café da manhã no Skye, bar e restaurante do Unique, quando Amy Lee chegou rodeada por sete seguranças.

Não havia fãs hospedados, e nem mesmo eu e Sheila estávamos lá por isso, mas é claro que olhamos para o grupo quando Amy passou do Skye para a área da piscina. Não fizemos menção alguma de abordagem, mas apenas olhar fez com que 3 funcionários do hotel nos cercassem. Um deles nos ameaçou: "se tentarem levantar, eu terei que expulsar vocês daqui". Como estávamos hospedados, e nos sentimos maltratados, é claro que ali se iniciou um bate boca.

Quando as coisas acalmaram, eu enviei uma mensagem para um dos seguranças que estava com Amy - o mesmo que a recepcionou no aeroporto - perguntando se haveria problema se eu e Sheila tentássemos tirar uma foto com ela. Ele respondeu: "melhor não". Respeitamos e fomos embora.

Quando fizemos o check-out do hotel, a funcionária da recepção perguntou se gostaríamos que ela chamasse um táxi. Agradecemos mas, antes, eu queria falar com alguns amigos que esperavam pela banda fora do hotel, incluindo Jess e Wesley. Fui, conversei uns 5 minutos com eles, contei o que acabara de acontecer e os aconselhei a irem para casa pois, pelo visto, não conseguiriam nada. Quando retornei ao hotel - apenas para aceitar a oferta do táxi - um dos funcionários impediu nossa entrada.

Ainda com o envelope que recebi ao fazer o check-out em mãos, argumentei que havíamos acabado de sair, e que entraria apenas para pedir um táxi à recepcionista. "Vocês não estão mais hospedados, não podem mais entrar". Felizmente, ele pediu a outro funcionário para chamar o táxi para nós. Unique: hotel excelente, com péssimos funcionários! Perderam os clientes: nunca voltamos a nos hospedar lá, nem mesmo quando alguma banda ou artista que gostamos estava no hotel.

Ainda poderíamos tentar encontrar o Evanescence mais uma vez, na conexão de retorno, quando a banda sairia de Fortaleza e passaria por Guarulhos, antes de deixar o país. A essa altura, eu já estava de saco cheio do estrelismo de Amy Lee, ela que se danasse!