Não sou fã de Evanescence, mas fui convencido a ir nesse corre por um amigo, Wesley. Ele encontrou-se com Amy Lee quando ela veio para o Maquinaria Festival em 2009, e também no Rock in Rio, em 2011, e disse que ela era absurdamente legal. Eu não fiz o corre do Maquinaria, mas Kevin fez e conseguiu uma foto linda com ela, o que confirmava as declarações de Wesley. Então, já que estaria em minha cidade, por que não tentar conseguir uma foto com ela também?
No entanto, no dia do corre, aprendi uma lição, pois cometi um erro por excesso de confiança. Falando com todas as letras, achei que era o único esperto na cidade. Agora eu sabia fazer corres e não dependia mais das informações de Kevin. Eu já era melhor que ele e sabia de coisas que ele nem imaginava; por exemplo, a possibilidade de pegar uma banda em conexão* no aeroporto.
Como achava que ninguém mais saberia esse esquema, montei um grupo formado por 6 pessoas: eu, Sheila, Wesley, Jonas (então meu companheiro na maioria dos corres), Jess (uma amiga que era muito fã de Evanescence, que pediu para ajuda-la quando a banda viesse ao Brasil) e Mari Salvaterra (então vocalista da Blitz).
O ideal é ter pelo menos duas pessoas para cada integrante da banda, assim é possível abordar todos. Apenas imagine: se fosse apenas eu e Sheila, quando abordássemos Amy Lee, provavelmente o resto da banda seguiria caminhando para o portão de embarque nacional. Talvez até conseguíssemos abordar um ou outro músico, mas com certeza não conseguiríamos todos. Por isso, 6 pessoas pareceu um bom número para uma banda de 5 integrantes.
O que eu não contava é que outras 6 pessoas também tivessem a mesma informação e a mesma ideia. Então, quando chegamos ao aeroporto, tornamo-nos 12. Ainda assim, não era catastrófico. O voo trazendo a banda de Amy Lee pousaria às 07:30, e o próximo voo para
Porto Alegre era as 10:30. Logo, haveria 3 horas em que a banda não teria nada a fazer, senão esperar. Não era difícil imaginar, com as informações que tínhamos, que seríamos atendidos de boa.
O outro grupo nos disse que alguns integrantes já haviam desembarcado e que foram para um restaurante em outro andar do aeroporto. Fomos até lá e confirmamos a informação, pois encontramos o baterista Will Hunt e o guitarrista Terry Balsamo. Não havia sinal de Tim McCord e Troy McLawhorn.
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Will Hunt, baterista do Evanescence |
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Terry Balsamo, então guitarrista do Evanescence. Deixou a banda em 2015 |
Retornamos ao desembarque, onde o outro grupo esperava por Amy Lee. Uma menina, Thai, tentou nos enganar, dizendo que Amy desembarcou enquanto estávamos com os outros integrantes no restaurante - curiosamente, depois ela tornou-se uma de minhas melhores amigas, por quem tenho carinho e admiração. Não colou: se fosse verdade, todos já teriam ido embora, no entanto, ainda esperavam pela vocalista.
Quando finalmente Amy desembarcou, foi totalmente antipática. Embora os fãs estivessem de boa, ela não estava nem um pouco a fim de atender. Saiu caminhando com o segurança que a aguardava. Ele a convenceu a tirar uma porcaria de uma foto coletiva conosco. Só aceitei participar porque ainda não tinha foto com ela.
Após esse momento, o caos: percebendo que não conseguiriam mais do que isso, muitos a cercaram para tentar forçar uma selfie. Isso é ridículo, eu e Sheila jamais nos prestaríamos a esse papel, então agora éramos 2 grupos: Amy Lee + segurança + fãs foram pelo elevador e, eu e Sheila, pela escada rolante, acompanhando à distância. Se, no caminho, ela resolvesse atender, nos aproximaríamos.
Houve um momento em que o segurança, meu amigo, perguntou se levei algo para ela assinar, eu respondi que tinha uma foto, ele pediu e a entregou para Amy, que assinou sem parar de caminhar.
Amy foi, acompanhada de segurança e fãs, ao balcão da companhia aérea, onde fez o check-in. Com a passagem na mão, ela e o segurança seguiram ao portão de embarque nacional, onde entraram.
Não entendemos o porquê de tamanha antipatia. Com uma única câmera, eu seria capaz de tirar 12 fotos em apenas
um minuto. Agora, ela teria cerca de
duas horas e quarenta minutos para esperar na sala de embarque. Eu sei que nenhum artista é obrigado a atender, mas ela pareceu bem babaca. E o pior: só fui neste corre porque Wesley me garantiu que ela era legal. Ele mesmo parecia não entender o que acabara de acontecer.
Após o show de Porto Alegre, o Evanscence seguiu para o Rio de Janeiro, onde hospedou-se no hotel Sheraton, que possui uma praia particular. Alguns fãs descobriram e conseguiram entrar. Quando foram
falar com Amy, ela virou a cara. Quando os outros fãs souberam o que aconteceu, houve uma invasão, e a cantora teve que deixar a praia correndo. Incomodada, ela
enviou um recado aos fãs, dizendo que a banda não tiraria fotos ou daria autógrafos no Rio de Janeiro, por "razões de segurança". Isso era péssimo, pois sabíamos que poderia "respingar em nós" de São Paulo. Obrigado, cariocas sem noção!
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Foto: reprodução do site Ego |
Naquele final de semana era o aniversário de 10 anos de meu casamento com a Sheila, então resolvemos nos hospedar no hotel Unique para comemorar e, finalmente, aproveitar tudo o que um hotel desse porte tem a nos oferecer. Não era incomum nos hospedar em hotéis 5 estrelas, mas sempre estávamos tentando conhecer os integrantes de alguma banda, então nunca aproveitávamos nada.
Coincidentemente, aquele foi o hotel escolhido pela produção para hospedar o Evanescence o que, para nós, foi uma surpresa. Porém, não estávamos ali pela banda, então não ligamos muito. No primeiro dia, apenas curtimos a piscina, o restaurante, o quarto, nos curtimos enfim... No dia seguinte, estávamos tomando café da manhã no Skye, bar e restaurante do Unique, quando Amy Lee chegou rodeada por sete seguranças.
Não havia fãs hospedados, e nem mesmo eu e Sheila estávamos lá por isso, mas é claro que olhamos para o grupo quando Amy passou do Skye para a área da piscina. Não fizemos menção alguma de abordagem, mas apenas olhar fez com que 3 funcionários do hotel nos cercassem. Um deles nos ameaçou: "se tentarem levantar, eu terei que expulsar vocês daqui". Como estávamos hospedados, e nos sentimos maltratados, é claro que ali se iniciou um bate boca.
Quando as coisas acalmaram, eu enviei uma mensagem para um dos seguranças que estava com Amy - o mesmo que a recepcionou no aeroporto - perguntando se haveria problema se eu e Sheila tentássemos tirar uma foto com ela. Ele respondeu: "melhor não". Respeitamos e fomos embora.
Quando fizemos o check-out do hotel, a funcionária da recepção perguntou se gostaríamos que ela chamasse um táxi. Agradecemos mas, antes, eu queria falar com alguns amigos que esperavam pela banda fora do hotel, incluindo Jess e Wesley. Fui, conversei uns 5 minutos com eles, contei o que acabara de acontecer e os aconselhei a irem para casa pois, pelo visto, não conseguiriam nada. Quando retornei ao hotel - apenas para aceitar a oferta do táxi - um dos funcionários impediu nossa entrada.
Ainda com o envelope que recebi ao fazer o check-out em mãos, argumentei que havíamos acabado de sair, e que entraria apenas para pedir um táxi à recepcionista. "Vocês não estão mais hospedados, não podem mais entrar". Felizmente, ele pediu a outro funcionário para chamar o táxi para nós. Unique: hotel excelente, com péssimos funcionários! Perderam os clientes: nunca voltamos a nos hospedar lá, nem mesmo quando alguma banda ou artista que gostamos estava no hotel.
Ainda poderíamos tentar encontrar o Evanescence mais uma vez, na conexão de retorno, quando a banda sairia de Fortaleza e passaria por Guarulhos, antes de deixar o país. A essa altura, eu já estava de saco cheio do estrelismo de Amy Lee, ela que se danasse!