segunda-feira, 8 de outubro de 2012

B.B. King

Nunca fui fã de B.B. King, mas havia uma oportunidade de ouro aqui: a possibilidade de conhecer uma das grandes lendas do Blues, se não a principal. Se anos antes eu me recusei a acompanhar Kevin para tentar conhece-lo, justamente por não ser fã, agora a situação mudou. Haveriam dois shows em São Paulo, o primeiro no Via Funchal, e o segundo no Bourbon Street. Jonas nos disse que, sempre que vinha a São Paulo, o músico ficava no hotel Intercontinental, então eu, ele e Sheila passamos a tarde do primeiro show no bar do hotel, esperando pela saída dele, mas não houve sinal algum de que realmente estivesse lá.

Nessa época minhas opções ainda eram um tanto limitadas. Se fosse hoje, provavelmente eu pensaria em tentar na saída do Bourbon Street, mas na ocasião senti-me um pouco perdido, sem imaginar outra maneira de conhece-lo. Pensei em tentar a saída no aeroporto, e talvez tivesse sido melhor se eu tivesse feito isso. Porém, a luz veio quando Raphael conseguiu uma foto excelente com ele, assim que o músico chegou ao Renaissance, então, no dia seguinte, eu e Jonas fizemos nossa tentativa. Quando chegamos, encontramos, sem combinar, com Yolanda. Havia também um tipo estranho, que eu nunca vi na vida, que simplesmente disse "você pode pedir uma palheta do B.B. King para mim?". Era Leandro Caíque.

Embora alguns amigos achem normal pedir palhetas para as bandas, eu acho um pouco invasivo. Já aconteceu de eu ganhar palhetas de bandas como Megadeth, Kiss, Venom Inc., Deep Purple, entre outras, mas nunca pedi nenhuma, sempre veio da boa vontade dos músicos. Eu já peço foto e autógrafo, para mim está bom, mas mesmo que eu pedisse uma palheta para B.B., seria para mim, não para alguém que até então eu nem conhecia.

Quando B.B. saiu, estava em cadeira de rodas e rodeado por quatro seguranças. Éramos 4 fãs e apenas 3 queriam foto com ele - Yolanda se afastou justamente quando ele apareceu, dando a entender que não queria nada. B.B. nem iria parar, não por decisão dele, mas pela babaquice dos seguranças, mas parou quando Jonas disse que tinha um álbum já autografado por Celso Blues Boy, que havia falecido há poucos meses, vitimado por um câncer na garganta.

B.B. havia tocado e gravado com Celso na década de 80, então assinou o álbum e uma foto que levei - eram os únicos materiais que tínhamos para ele autografar. Antes que pedíssemos pelas fotos, os seguranças o ajudaram a sair da cadeira e o colocaram no carro. Antes que a porta se fechasse, Jonas forçou uma foto com ele na porta do carro, e Leandro fez o mesmo. Os seguranças se emputeceram, fecharam a porta, e eu fiquei sem. O jeito foi me contentar em tirar uma foto com ele dentro do carro. Ridículo, eu sei. Mas foi o que "teve pra hoje". B.B. nunca retornou, faleceu 3 anos após.

Sim, eu sei que é ridículo, mas lá estou eu refletido no vidro do carro
Os seguranças poderiam ter sido menos babacas: só faltava uma foto

Nenhum comentário:

Postar um comentário