sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Kim Phuc

Certo dia, Carlos nos disse que haveria um corre fora do comum para fazermos. Eu perguntei qual, e ele respondeu, curto e grosso: "a peladona do Vietnã". Devido à nossa cara de "que porra é essa?", ele logo explicou.

Existe uma foto famosíssima da Guerra do Vietnã, tirada pouco antes de eu nascer, em 1972, onde uma menina nua corre com os braços abertos, o corpo em chamas e expressão de terror no rosto, logo após ser atingida por napalm, bomba que se tornou o símbolo do conflito entre vietnamitas e americanos. Ela viria ao Brasil para lançar o livro "A Menina da Foto", na Expo Cristã.

Para dizer a verdade, adoramos! Era um corre diferente, a oportunidade de conhecer uma personagem real de uma foto histórica, que provavelmente foi vista ao menos uma vez na vida de cada habitante deste planeta.


Definitivamente não achamos engraçado o que a foto demonstra, e esperamos que isso nunca volte a acontecer em lugar algum do planeta, mas somos descontraídos e bem humorados, a guerra felizmente acabou há muito tempo e sabemos que Kim Phuc - a menina, então com 55 anos - recuperou-se e teve uma vida de superação desde então.

Chama-la de "peladona do Vietnã" foi uma maneira que Carlos teve para nos remeter à famosa foto. Nós passamos a chamar este como "o corre da peladona do Vietnã", até porque se disséssemos "o corre da Kim Phuc", ninguém saberia de quem se tratava. A própria Kim brincou com o assunto durante a palestra, dizendo que o mundo inteiro já a viu sem roupa e que, quando ela pisa em um palco para palestrar, sabe que todos os presentes também já a viram despida. Portanto, se alguém considerar que faltamos com o respeito, nos desculpamos, mas definitivamente nunca foi a intenção.

O corre faz milagres que até Deus duvida. Quem imaginaria que Carlos, o mais convicto dos ateus, participaria de uma "missa"?! Na verdade, era uma palestra, onde Kim contou sua estória em detalhes, do antes, durante e depois do ataque que a vitimou. Falou sobre a longa recuperação dos ferimentos, sobre seu casamento e filhos... Ao final do relato, narrou seu renascimento em Cristo, com muitos argumentos que os ateus "adoram". Eu também não sou grande religioso, também tendo ao ateísmo, mas não brado isso aos quatro cantos, como Carlos. Por isso, até mesmo eu tirava um barato dele estar ali "prestando atenção" a cada palavra da salvação proferida.


Quando terminou, o pessoal da produção a conduziu até um painel, onde ela tiraria fotos com quem quisesse. Havia muitos interessados, mas ninguém sabia exatamente o que fazer, ficaram todos parados olhando para ela, quase que como baratas tontas. Como ninguém da produção organizava nada, virei para Carlos e disse "vamos mostrar como se faz essa porra".

A abordamos e comecei a tirar fotos de todos que foram ao evento conosco: Jéssica, Carlos, Samii, Estéfano... Para ser sincero, seria impossível alguém ser mais rápido, pois eu parecia uma máquina de tirar fotos sequenciais. Um colava ao lado dela, eu batia a foto, o primeiro se afastava, outro ia para o lado dela, outra foto, e assim por diante... Ainda assim, sempre aparece um babaca da produção para dizer para apressar, "pois ela estava cansada".

Na minha vez, quando me aproximei, pude ver as queimaduras horríveis que transpareciam nas partes não cobertas de suas vestes. Consegui o autógrafo em uma foto que mescla o antes e o agora. É bom saber que, apesar de tudo, aquela menina sobreviveu e tem uma estória tão boa para nos contar.


sexta-feira, 14 de setembro de 2018

General Mourão

Neste dia, eu e Sheila, divorciados há mais de um ano, embarcaríamos cedo em um avião com destino ao Rio de Janeiro, onde passaríamos o dia, retornando para São Paulo ao anoitecer. A ideia era visitar o amigo Ricardo Pacheco, internado em um hospital, com câncer de pulmão já em metástase, ou seja, uma sentença de morte. Seria a forma de nos despedir de alguém que foi um amigo querido nos últimos 9 anos e meio, desde que o conhecemos em Manaus, quando o Iron Maiden se apresentou na cidade.

Sem Ricardo Pacheco, eu não seria o que sou hoje. Quando muito, teria fotos com o Iron Maiden, Blaze Bayley e Paul Di'Anno. Foi ele quem me passou o hotel do Motörhead, onde conheci hunters. A partir desse empurrão inicial, as coisas começaram a se encaminhar e desenvolvi as habilidades que tenho hoje, que me permitem conhecer quase qualquer artista ou celebridade que pise no país. 

Apenas dois dias antes de nossa visita, entretanto, Ricardo faleceu. Sheila desistiu de ir, mas eu me mantive firme. Alterei a data da passagem para dia 13, pois ao menos eu poderia acompanhar o velório e dar uma força para Fátima, a viúva. Arianne me acompanhou. Embarcamos em um dos primeiros voos, e por volta de 07:10 hs já estávamos no Rio de Janeiro. Tomamos um táxi e seguimos ao cemitério.

Ricardo que me desculpe, mas foi um velório absurdamente legal. Tinha um forte clima de tristeza no ar, é claro, ele era um querido. Mas nunca antes estive em um velório cuja trilha sonora foi Iron Maiden do início ao fim. Havia uma bandeira da banda sobre o caixão. Antes de fecha-lo, para encaminha-lo ao crematório, todos se despediram com uma Trooper nas mãos.

Como eu iria para o Rio no dia 14, perdi a passagem de ida, mas mantive a de retorno. Então a ideia era passar mais um dia no Rio de Janeiro. O primeiro dia foi todo dedicado à despedida de Pacheco. No segundo, Arianne queria ir à praia, mas eu preferi dar uma passada no aeroporto do Galeão onde, segundos meus cálculos, o General Mourão, então candidato a vice-presidente do Brasil, embarcaria para Manaus. Ela não quis me acompanhar: "todo político não presta". Eu não a obriguei, mas isso significa que eu teria que me virar para tirar a foto, já que faria o corre sozinho, o que detesto. Tomei um uber, que me deixou no aeroporto, então descobri onde é o portão de embarque nacional, e esperei por alguns minutos.

Quando ele apareceu, acompanhado de uma mulher, que possivelmente fosse a esposa, eu o abordei: "General, posso tirar uma foto com o senhor?". Já estava pronto para fazer uma selfie, mas a mulher que o acompanhava se ofereceu, então entreguei o iPhone para ela. "Não é todo dia que se tira uma foto com o futuro vice-presidente do Brasil", completei. Ele disse algo sobre a minha camiseta, mas infelizmente não me recordo o que. Agradeci, desejei uma boa viagem e o vi passar pelo portão de embarque.


Retornei ao apartamento que alugamos e fui à praia com a Arianne. Quando retornamos, apenas tomamos um banho, nos vestimos, e já seguimos ao aeroporto Santos Dummont, para retornar a São Paulo.

domingo, 2 de setembro de 2018

Tarja

Diga o que quiser, não mudo a minha opinião: a Tarja é chata! Eu a encontrei em 2011, no Rock in Rio, e em 2012, em São Paulo, quando consegui as duas fotos que tenho com ela. Depois a vi em 2013, quando ela veio a São Paulo para participar do show do Angra. Vi quando ela desembarcou em frente ao Manifesto Bar, carregando Naomi, a filha quase recém-nascida, no colo. É claro que não a abordei, seria pedir para tomar naba!

Em 2014, não fui ao aeroporto, pois o risco dela trazer Naomi e não atender ninguém seria imenso. Foi exatamente o que aconteceu, quem foi se deu mal. No hotel, atendeu apenas Myla, uma fã realmente fanática, que a acompanhava em diversas cidades e até mesmo outros países, e que Tarja já conhecia e tratava como amiga.

Em 2015, deixou Naomi em casa. Quem foi ao aeroporto de Guarulhos na chegada se deu bem, mas na saída, 8 fãs a aguardavam no aeroporto de Congonhas. Ela aceitou tirar somente foto coletiva. É claro que eu e Carlos nos recusamos a participar. 

Aliás, que merda é essa de foto coletiva?! Será que Tarja se incomodaria de vender ingresso coletivo (um compra, mas 8 vão show)? Que tal álbum coletivo? Um compra, 8 recebem. Em minha opinião, salvo raras exceções, foto coletiva é coisa de artista que não respeita seus fãs. Ela espera que cada um de nós compre seus materiais oficiais (CDs, DVDs, etc), vá ao show, mas na hora da foto, é foto coletiva?! Vai se fuder! 

Em 2017, mais uma vez ela atendeu na chegada à São Paulo, no aeroporto. Eu tentei somente em outra ocasião, e estava no hotel quando ela chegou após o show em Piedade. Apenas 8 fãs a aguardavam, ela entrou sem atender ninguém.

Em 2018, era hora de tentar novamente. Dois dias antes, eu estava com Arianne em Santiago, no Chile, mas retornamos a São Paulo. No dia seguinte, fiz o corre do Paradise Lost. Quanto à Tarja, o jeito seria tentar na saída do hotel para o aeroporto. Como Arianne também queria conhece-la, madrugamos, chegamos ao hotel às 06:00hs. Novamente, apenas 8 fãs a aguardavam. O pessoal da banda atendeu numa boa. Eu só tirei com Timm Schreiner, o baterista que substituiu Mike Terrana. Ele era o único com quem eu ainda não tinha foto.


Quando Tarja saiu do hotel para entrar na van que a levaria ao aeroporto, os fãs chamaram por ela, que olhou, pensou e desculpou-se, alegando que não estava bonita para tirar fotos. No entanto, poucas horas depois, tirou com todos os fãs que a aguardavam no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte. Até parece que foi ficando mais bonita no caminho...

Para mim, essa negativa beirou o desrespeito. Ela deveria por a mão na consciência e entender que muitos ali passaram a noite em frente ao hotel, sem dormir, apenas para ter uma oportunidade de conhece-la. Eu tenho mais respeito por um artista mala que jamais tira foto com ninguém, do que por artistas como a Tarja, que tiram fotos quando querem, então acabam tirando com uns, e com outros não. Fala sério, essa foi a quarta vez consecutiva que saí de minha casa para ve-la e voltei de mãos vazias... Chata do caralho!