Certo dia, Carlos nos disse que haveria um corre fora do comum para fazermos. Eu perguntei qual, e ele respondeu, curto e grosso: "a peladona do Vietnã". Devido à nossa cara de "que porra é essa?", ele logo explicou.
Existe uma foto famosíssima da Guerra do Vietnã, tirada pouco antes de eu nascer, em 1972, onde uma menina nua corre com os braços abertos, o corpo em chamas e expressão de terror no rosto, logo após ser atingida por napalm, bomba que se tornou o símbolo do conflito entre vietnamitas e americanos. Ela viria ao Brasil para lançar o livro "A Menina da Foto", na Expo Cristã.
Para dizer a verdade, adoramos! Era um corre diferente, a oportunidade de conhecer uma personagem real de uma foto histórica, que provavelmente foi vista ao menos uma vez na vida de cada habitante deste planeta.
Definitivamente não achamos engraçado o que a foto demonstra, e esperamos que isso nunca volte a acontecer em lugar algum do planeta, mas somos descontraídos e bem humorados, a guerra felizmente acabou há muito tempo e sabemos que Kim Phuc - a menina, então com 55 anos - recuperou-se e teve uma vida de superação desde então.
Chama-la de "peladona do Vietnã" foi uma maneira que Carlos teve para nos remeter à famosa foto. Nós passamos a chamar este como "o corre da peladona do Vietnã", até porque se disséssemos "o corre da Kim Phuc", ninguém saberia de quem se tratava. A própria Kim brincou com o assunto durante a palestra, dizendo que o mundo inteiro já a viu sem roupa e que, quando ela pisa em um palco para palestrar, sabe que todos os presentes também já a viram despida. Portanto, se alguém considerar que faltamos com o respeito, nos desculpamos, mas definitivamente nunca foi a intenção.
Chama-la de "peladona do Vietnã" foi uma maneira que Carlos teve para nos remeter à famosa foto. Nós passamos a chamar este como "o corre da peladona do Vietnã", até porque se disséssemos "o corre da Kim Phuc", ninguém saberia de quem se tratava. A própria Kim brincou com o assunto durante a palestra, dizendo que o mundo inteiro já a viu sem roupa e que, quando ela pisa em um palco para palestrar, sabe que todos os presentes também já a viram despida. Portanto, se alguém considerar que faltamos com o respeito, nos desculpamos, mas definitivamente nunca foi a intenção.
O corre faz milagres que até Deus duvida. Quem imaginaria que Carlos, o mais convicto dos ateus, participaria de uma "missa"?! Na verdade, era uma palestra, onde Kim contou sua estória em detalhes, do antes, durante e depois do ataque que a vitimou. Falou sobre a longa recuperação dos ferimentos, sobre seu casamento e filhos... Ao final do relato, narrou seu renascimento em Cristo, com muitos argumentos que os ateus "adoram". Eu também não sou grande religioso, também tendo ao ateísmo, mas não brado isso aos quatro cantos, como Carlos. Por isso, até mesmo eu tirava um barato dele estar ali "prestando atenção" a cada palavra da salvação proferida.
Quando terminou, o pessoal da produção a conduziu até um painel, onde ela tiraria fotos com quem quisesse. Havia muitos interessados, mas ninguém sabia exatamente o que fazer, ficaram todos parados olhando para ela, quase que como baratas tontas. Como ninguém da produção organizava nada, virei para Carlos e disse "vamos mostrar como se faz essa porra".
A abordamos e comecei a tirar fotos de todos que foram ao evento conosco: Jéssica, Carlos, Samii, Estéfano... Para ser sincero, seria impossível alguém ser mais rápido, pois eu parecia uma máquina de tirar fotos sequenciais. Um colava ao lado dela, eu batia a foto, o primeiro se afastava, outro ia para o lado dela, outra foto, e assim por diante... Ainda assim, sempre aparece um babaca da produção para dizer para apressar, "pois ela estava cansada".
Na minha vez, quando me aproximei, pude ver as queimaduras horríveis que transpareciam nas partes não cobertas de suas vestes. Consegui o autógrafo em uma foto que mescla o antes e o agora. É bom saber que, apesar de tudo, aquela menina sobreviveu e tem uma estória tão boa para nos contar.