Neste dia, eu e Sheila, divorciados há mais de um ano, embarcaríamos cedo em um avião com destino ao Rio de Janeiro, onde passaríamos o dia, retornando para São Paulo ao anoitecer. A ideia era visitar o amigo Ricardo Pacheco, internado em um hospital, com câncer de pulmão já em metástase, ou seja, uma sentença de morte. Seria a forma de nos despedir de alguém que foi um amigo querido nos últimos 9 anos e meio, desde que o conhecemos em Manaus, quando o Iron Maiden se apresentou na cidade.
Sem Ricardo Pacheco, eu não seria o que sou hoje. Quando muito, teria fotos com o Iron Maiden, Blaze Bayley e Paul Di'Anno. Foi ele quem me passou o hotel do Motörhead, onde conheci hunters. A partir desse empurrão inicial, as coisas começaram a se encaminhar e desenvolvi as habilidades que tenho hoje, que me permitem conhecer quase qualquer artista ou celebridade que pise no país.
Apenas dois dias antes de nossa visita, entretanto, Ricardo faleceu. Sheila desistiu de ir, mas eu me mantive firme. Alterei a data da passagem para dia 13, pois ao menos eu poderia acompanhar o velório e dar uma força para Fátima, a viúva. Arianne me acompanhou. Embarcamos em um dos primeiros voos, e por volta de 07:10 hs já estávamos no Rio de Janeiro. Tomamos um táxi e seguimos ao cemitério.
Ricardo que me desculpe, mas foi um velório absurdamente legal. Tinha um forte clima de tristeza no ar, é claro, ele era um querido. Mas nunca antes estive em um velório cuja trilha sonora foi Iron Maiden do início ao fim. Havia uma bandeira da banda sobre o caixão. Antes de fecha-lo, para encaminha-lo ao crematório, todos se despediram com uma Trooper nas mãos.
Como eu iria para o Rio no dia 14, perdi a passagem de ida, mas mantive a de retorno. Então a ideia era passar mais um dia no Rio de Janeiro. O primeiro dia foi todo dedicado à despedida de Pacheco. No segundo, Arianne queria ir à praia, mas eu preferi dar uma passada no aeroporto do Galeão onde, segundos meus cálculos, o General Mourão, então candidato a vice-presidente do Brasil, embarcaria para Manaus. Ela não quis me acompanhar: "todo político não presta". Eu não a obriguei, mas isso significa que eu teria que me virar para tirar a foto, já que faria o corre sozinho, o que detesto. Tomei um uber, que me deixou no aeroporto, então descobri onde é o portão de embarque nacional, e esperei por alguns minutos.
Quando ele apareceu, acompanhado de uma mulher, que possivelmente fosse a esposa, eu o abordei: "General, posso tirar uma foto com o senhor?". Já estava pronto para fazer uma selfie, mas a mulher que o acompanhava se ofereceu, então entreguei o iPhone para ela. "Não é todo dia que se tira uma foto com o futuro vice-presidente do Brasil", completei. Ele disse algo sobre a minha camiseta, mas infelizmente não me recordo o que. Agradeci, desejei uma boa viagem e o vi passar pelo portão de embarque.
Retornei ao apartamento que alugamos e fui à praia com a Arianne. Quando retornamos, apenas tomamos um banho, nos vestimos, e já seguimos ao aeroporto Santos Dummont, para retornar a São Paulo.
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