quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Dire Straits Legacy

Na segunda passagem do Dire Straits Legacy pelo Brasil, meu objetivo era conseguir fotos com os músicos que não vieram no ano anterior: o vocalista Trevor Horn (ex Yes) e o baterista Steve Ferrones. Além deles, minha foto com Marco Caviglia em 2017 também não tinha ficado legal. Então, eu me daria por satisfeito se conseguisse fotos com os três.

Na vida pessoal, eu estava curtindo minha primeira semana em um novo lar, pois mudei-me para o apartamento de minha então namorada Mel*. Ela não estava em um dia bom, acamada com dores terríveis causadas pela endometriose, então procurei fazer o corre mais cirúrgico possível. A ideia era ir, conseguir as fotos rapidamente e retornar, mas não foi exatamente isso que aconteceu.

Por volta das 16:30, Carlos e Jessica embarcaram em um ônibus no Terminal Bandeira, com destino à zona sul. Eles sabiam em qual ponto eu estava e me avisaram por mensagem quando o veículo estava próximo, então também embarquei e seguimos ao Hilton. Uma hora depois, quando chegamos, parecia um bom horário para pegar a saída dos músicos para o Espaço das Américas, entretanto, eles já não estavam mais no hotel. Teríamos que esperar pela volta do show.

Encontramos ao acaso com Marcelo Zava, que também estava fazendo o corre. Todos decidimos caminhar até o shopping Morumbi, pois poderíamos esperar conversando e comendo alguma coisa, confortavelmente sentados. É uma opção melhor do que esperar em pé em frente ao hotel.

No caminho, mandei uma mensagem para Mel, que respondeu que não haveria problema, que eu poderia ir de boa, que ficaria me esperando, e que desejava boa sorte para que eu conseguisse as fotos. Para não abusar da confiança dela, enviei uma foto de nós 4 sentados em torno da mesa, assim que colocamos sobre ela os lanches do McDonald's. Isso, imaginava eu, serviria para provar onde e com quem estava.

Quando há um novo relacionamento entre alguém normal e alguém que faz corre, sempre surge a expectativa de como será a reação da pessoa no primeiro corre. A da Mel tinha sido a melhor possível. A gente se conhecia pelo Facebook há anos, e ela sempre soube que faço corres. Ponto positivo para ela. Será?!

Foram longas horas de espera, mas acabamos "expulsos" por volta de 22:30, já que o shopping já estava fechado e o pessoal da limpeza precisava trabalhar. Tudo bem, retornamos ao Hilton.

No caminho, entretanto, uma surpresa não muito agradável. Enquanto eu estava de boa com os amigos, despreocupado com o celular (que sempre era deixado em modo silencioso), Mel enviou diversas mensagens, todas me xingando de forma bem agressiva. Disse que mudou de ideia, que "homem casado tem que ficar em casa com a mulher, não na rua fazendo corre". Respondi que estávamos retornando ao hotel, e que assim que conseguisse as fotos, voltaria para casa. Foi inútil... Mais xingamentos!

A van que trazia a banda apareceu por volta das 23:30 hs. Éramos apenas 5 pessoas (Kevin aguardava em frente ao hotel quando retornamos) e esse número é incapaz de parar 8 músicos, a menos que todos estejam muito a fim de atender. O número ideal de fãs/hunters é sempre o dobro do número de integrantes da banda. No caso, como eram 8 músicos, o ideal seria ter 16 pessoas para aborda-los.

Havendo dois fãs para cada músico, cada dupla pode abordar um integrante da banda, o que garante que todos sejam abordados. Um tira a foto, depois inverte, e o integrante seguinte é abordado. Um número maior que isso começa a atrapalhar, porque a presença de muitos fãs geralmente faz com que os músicos não queiram atender, e um número baixo traz o problema da impossibilidade de abordar todos, sempre alguém escapa. Foi o que aconteceu...

Eu mirei apenas nos meus objetivos, e consegui com todos, embora a foto com Steve Ferrones tenha ficado longe do ideal. Se tiver oportunidade, tirarei com ele novamente no futuro. Os outros, com quem tirei fotos boas no ano anterior, deixei passar. Consegui com quem eu queria, e estava a fim de ajudar o Carlos, que não tinha foto com ninguém, já que não fez o corre um ano antes.


Trevor Horn era o principal nome do corre, pois foi o vocalista do álbum Drama, do Yes. Foi gente finíssima 
Infelizmente Steve Ferrones não olhou para a câmera na minha foto, mas só fui perceber após ele entrar no hotel
Desta vez minha foto com Marco Caviglia ficou bacana, gostei!

Com o fim de corre decretado, era hora de retornar para casa e enfrentar a fera. Kevin, que estava hospedado no centro de São Paulo, me ofereceu uma carona, que aceitei. Quando cheguei em casa, entretanto, Mel estava menos irritada do que eu esperava. Não gostei da postura dela, mas compreendi que poderia estar nervosa de tanto sofrer com as dores, ou o nervosismo ser fruto de algum efeito colateral do remédio. O importante é que, embora não exatamente como planejado, o corre deu certo.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Meu terceiro "casamento" durou apenas 12 dias

"Ou você namora ou você faz corre", é o que Carlos sempre diz. Talvez seja verdade, porque não é fácil para uma pessoa normal aceitar a vida de alguém que faz corres. São inúmeros casos de separações por causa de corre, bem como de hunters que abandonaram os corres porque enfim acharam alguém.

12/01/2018: na primeira sexta feira após o fim do cruzeiro, no fim da tarde, passei de Uber no prédio onde Mel* morava. Ela já me esperava na portaria, e seguimos para o terminal Jabaquara, onde tomamos o ônibus rumo à Bertioga. É uma cidade tranquila para um casal passar um final de semana na praia. Após quase duas horas de viagem, desembarcamos e caminhamos até a Pousada My Power, que eu já conhecia de vezes anteriores em que estive na cidade.

Após nos instalar, saímos para dar uma volta e comer alguma coisa. Embora fosse quase meio de janeiro, os enfeites para as festividades de natal e ano novo ainda estavam completamente operacionais, então aproveitamos para tirar algumas fotos. Quando retornamos, passamos boa parte da noite acordados, conversando e nos conhecendo melhor. Parecíamos ter muito em comum.



13/01/2018: acordamos já no horário do almoço, então, após comer alguma coisa, passamos pela feira de conveniência que fica em frente à "rodoviária" da cidade (não existe rodoviária alguma, mas é o local onde existem as empresas de ônibus intermunicipais, e os veículos param para embarque e desembarque de passageiros). De lá seguimos caminhando até a balsa que liga Bertioga a Guarujá e decidimos fazer a travessia. Seria apenas um passeio de ida e volta, mas quando chegamos, decidimos desembarcar e caminhar um pouco.

Tão logo saímos da área de acesso à balsa, encontramos uma passagem que levaria a uma tal Prainha Branca, que não conhecíamos. Decidimos explorar, então subimos as escadas, que nos levaram a trilhas repletas de subidas e descidas, em meio à vegetação nativa. No caminho, encontramos diversas pousadas, campings e outras estadias. Tirei foto de todas as placas que encontrava, pois poderiam ser opções interessantes caso a Prainha Branca fosse bacana e decidíssemos retornar em outra oportunidade.




Após cerca de meia hora de caminhada, de sobe e desce de morro, enfim chegamos. É uma praia bastante isolada, que estava quase deserta. Observamos que o lugar tinha certa estrutura, com hotéis e algumas opções para conseguir lanches e refeições. Um dos locais nos chamou atenção é o Larica's Point, uma boa opção para comer ou beber alguma coisa. O vídeo abaixo demonstra exatamente esse ponto, a praia e o Larica's Point.




Decidimos que voltaríamos em breve, pois pareceu interessante a possibilidade de se isolar um pouco. Ficamos por algum tempo curtindo a praia e descobrimos que não seria necessário retornar pelo mesmo caminho, já que barqueiros oferecem o serviço de traslado (em qualquer sentido) por 15 reais por pessoa cada trecho. Como planejávamos fazer um passeio de escuna em Bertioga, seria uma boa opção para retornar a tempo.

Por 15 reais você pode ir de barco de Bertioga para Guarujá ou vice-versa
O trajeto é rapidinho e os barcos são equipados com coletes salva-vidas para todos os ocupantes

A escuna navega por cerca de uma hora e meia ao total, saindo do Canal de Bertioga, sentido litoral sul, passando pelo Forte São João, Forte São Luiz, Praia Branca, Praia Preta, Praia do Camburizinho, Ilha do Guará, Ilha Rasa, Praia do Pinheirinho e Praia do Iporanga. Há uma parada de 10 a 15 minutos para quem quiser nadar ou mergulhar, e o retorno é pelo mesmo caminho.

A passagem para o passeio custa 25,00 e pode ser comprada na hora ou pela internet
Quando retornamos já estava escurecendo, então aproveitamos para jantar, caminhamos um pouco pela praia, e nos recolhemos em nosso quarto.

14/01/2018: mais uma vez acordamos próximo da hora do almoço, então almoçamos e retornamos a São Paulo. Decidimos que retornaríamos no final de semana seguinte, desta vez para ficar na Prainha Branca.

Durante a semana, pesquisei um lugar legal entre o monte de placas que fotografei, e cheguei à conclusão que a Pousada Cici seria ideal para ficar. Ao mesmo tempo, eu pesquisava algum lugar definitivo para morar em São Paulo, pois já fazia 5 meses que voltei de Belém e estava morando provisoriamente com a Sheila. Não éramos mais casados, e cada um queria seu espaço. Ela foi legal ao permitir que eu ficasse lá por um tempo, mas já era hora de eu encontrar meu próprio canto.

Conversando com Mel sobre este assunto, ela disse "vem morar comigo". Apesar da minha recente péssima experiência em Belém, achei que poderia ser uma boa ideia - mesmo sabendo que tínhamos menos de uma semana de namoro. Nos víamos quase todos os dias, então toda vez que eu ia para o apartamento dela, aproveitava para levar uma parte da mudança.

19/01/2018: Quando fui busca-la para viajar, minhas coisas já estavam quase todas lá, então, quando retornássemos, eu teria um novo lar. A pousada realmente era muito acolhedora, ao menos para nós, um casal junto há pouco tempo. O quarto tinha cama de casal, ventilador de teto, frigobar e TV LCD, além de acesso ao banheiro privativo. Em frente ao quarto havia uma pequena mesa, onde ficávamos fumando e, no caso da Mel, bebendo cerveja - acredite ou não, eu sou do time da Coca-Cola. O café da manhã, embora simples, era incluso. Se precisássemos de alguma coisa, como água ou cigarros, havia um bar e uma padaria bem próximos.


Nosso quarto era esse de porta aberta
Percebemos a presença de vários "habitantes locais", mas não nos importamos. É a casa deles, só estávamos de passagem
21/01/2018: foram dias de praia e camarão, mas a coisa ficou estranha na segunda noite. Mel gostava de dormir sem roupa, então houve uma hora em que ela "acordou", abriu a porta do quarto, e saiu, completamente nua. Claro que fui atrás para faze-la retornar antes que alguém mais a visse daquele jeito, mas felizmente já era madrugada e todos dormiam. Eu falava com ela, que não respondia coisa com coisa. Sem mais nem menos, se jogou no chão de grama e terra. Levantou, voltou para o quarto e deitou, imunda, na cama. Não entendi nada, mas decidi deixar para lá pelo menos até a manhã seguinte. Tirei algumas fotos dela, para poder mostrar caso dissesse que não lembrava.

Claro que cortei a imagem, mas dá pra ter uma boa ideia da desgraça que foi
Como previsto, ela não lembrava. Acordou xingando, reclamando que a cama estava suja. Contei o que aconteceu, mostrei as fotos, e ela disse que teve um ataque de sonambulismo. Mas que porra! Após o almoço, retornamos a São Paulo.

O apartamento era minúsculo, apenas 28 metros quadrados. Um cozinha mega pequena, uma sala apenas com uma mesa pequena e um sofá de 2 lugares, o quarto onde só cabia a cama e mais nada, e o banheiro. Normalmente eu não me importaria com isso, era apenas nós, não tínhamos filhos ou animais de estimação.

22/01/2018: havia um grande problema, quase todas as tomadas do apartamento não funcionavam, estavam queimadas. Pensei em chamar um eletricista, mas comentei sobre isso com meu pai, e ele, que tem experiência em instalações elétricas, se ofereceu para fazer os reparos. De fato, no dia seguinte, ele nos visitou e consertou tudo.

No dia a dia, estranhamente, Mel fazia questão de manter as janelas e cortinas fechadas. O grande problema é que éramos fumantes, fumávamos um cigarro atrás do outro em ambiente totalmente fechado, dava para ver a névoa de fumaça no quarto o tempo todo. Fumante há quase 35 anos, comecei a pensar em quanto tempo mais resistiria a um ambiente como aquele, era muita fumaça entrando no pulmão.

24/01/2018: Mel acordou com muitas dores. Contou-me que tinha endometriose, e que precisava passar no ginecologista para pegar uma receita. Eu a acompanhei na consulta. Assim que saímos, já compramos o remédio, que não era nada barato, custava cerca de 120 reais. Tinha 20 comprimidos e, em tese, deveria durar 10 dias, mas ela os consumia como se fossem balas, tomando um atrás do outro. Então, a cada dois dias lá ia eu para a farmácia comprar mais remédio. A endometriose, é claro, arruinou nossa vida sexual. Nos dias seguintes quase não tivemos mais relações.

25/01/2018: houve o corre do Dire Straits Legacy, e nossa primeira grande briga, que acabou contornada.

30/01/2018: Já me sentindo em casa, enfim tomei coragem para montar a bateria eletrônica no novo lar.


31/01/2018: De 1990 a 1992 eu cursei o colegial no Colégio Objetivo, Unidade Pompéia. Meu apelido na época era "Louco" e eu era conhecido por ser palmeirense fanático. O fanatismo diminuiu muito com o passar dos anos. Em uma época sem redes sociais, a perda de contato com os ex colegas foi inevitável.

A situação mudou com o surgimento do Orkut em 2004. Conseguimos localizar quase todos que estudaram conosco e realizamos alguns reencontros, mas ficou nisso. Agora, 14 anos mais tarde, a galera estava se vendo novamente, e todos contavam com a minha presença em um desses encontros, fizeram questão de me convidar e garantir que eu confirmasse a presença.

Convidei Mel para me acompanhar, mas ela recusou porque estava com as dores da endometriose. Sendo assim, fui sozinho, mas a ideia era ficar só umas duas horas e retornar para cuidar da minha mulher, que não estava bem. Eu a avisei que haveria fotos, tanto com os caras como com as meninas que estudaram comigo, ela disse que tudo bem.

Tomei um táxi e fui à Casa do Espeto. Ao chegar, encontrei todos bastante animados, rindo e relembrando casos da época que estudamos juntos. Meus ex colegas disseram que o ex atacante Luizão, que jogou em times como Guarani, Paraná, Palmeiras, Vasco da Gama, Corinthians, Botafogo, São Paulo, Santos, Flamengo e Grêmio, também estava lá, reunido com amigos em outra mesa, então aproveitei para aborda-lo. Um hunter nunca perde uma oportunidade.

Luizão

Tirei agumas fotos com o pessoal, e fui postando no Facebook conforme elas aconteciam. Houve uma hora em que quatro ex colegas, mulheres, se juntaram para tirar uma foto comigo. Era só uma foto, que eu tiraria com ou sem a presença da Mel, não tinha nada de mal. Alguém disse "é hoje que o Louco apanha quando chegar em casa". Achei que seria engraçado colocar essa frase como legenda.

"É hoje que eu apanho em casa"

Um ex colega me chamou de canto para conversar sobre alguns assuntos particulares. Eu estava falando com ele, quando senti o celular - que por padrão ficava no modo silencioso - vibrar no bolso. Fui ver e era Mel, completamente descontrolada, mandando uma mensagem após a outra, repletas de xingamentos.


Imediatamente chamei um 99 e retornei para casa. Fiquei bastante constrangido ao me despedir de meus ex colegas, todos perceberam o porquê de eu estar saindo tão apressado. Inacreditavelmente, eu e Mel conseguimos conversar e nos entender. O problema é que, a essa altura, eu já não sabia mais se queria continuar a viver com ela. Eu estava em uma fase muito boa da minha vida, definitivamente não precisava me prender a alguém que só estava me fazendo mal. Resolvi pensar no assunto, para poder tomar uma decisão definitiva, sem impulsividade nem arrependimentos, mas nem foi necessário, pois na noite do dia seguinte ela aprontou novamente.

01/02/2018: Eu estava navegando na internet, quando li sobre uma peça que estrearia no Teatro J. Safra, com Priscila Fantin no elenco. Eu sempre quis conhece-la, então comentei que gostaria de fazer esse corre, foi o que bastou para que a briga recomeçasse pior do que nunca.

Mel berrava que "homem casado tem que ficar em casa cuidando da mulher, não na rua fazendo corre". Mas que diabos?! Não me conheceu assim?! Foi minha amiga no Facebook por anos, sempre vendo minhas fotos, comentando, curtindo, e agora, só porque estávamos juntos, exigia que eu ficasse quieto em casa com ela, alguém que só sabia reclamar, me dar despesas e que nem transava mais comigo?! Mas não mesmo! Tomei minha decisão, era hora de abandonar aquele relacionamento doentio, já estava de saco cheio de doidas na minha vida, era uma pior que a outra, uma atrás da outra desde que me separei da Sheila. Só precisava definir para onde iria.

Nem precisei comunicar que queria acabar com tudo, pois ela logo avisou que telefonou para meu pai, pedindo para que ele, na manhã seguinte, viesse buscar a mim e às minhas "tralhas". Desequilibrada do inferno, tinha que envolver meu pai nisso?! A seguir, foi à cozinha, pegou uma faca e trancou-se no quarto.

Passei o resto da madrugada juntando minhas coisas, enquanto pensava se a ideia dela era me matar ou se matar. Desmontei a bateria, juntei as roupas, livros, CDs e todo o resto. Na tarde anterior, fizemos a compra mensal no supermercado, decidi levar tudo comigo; afinal fui eu quem pagou. Quando terminei, deitei no sofá, mas não preguei o olho. Vai saber se a doida tentaria me esfaquear se eu adormecesse.




02/02/2018: pontualmente às 06:00 hs, meu pai enviou uma mensagem, avisando que já estava na garagem. Desci com todas as coisas, e tchau mesmo. Como a princípio não tinha para onde ir, acabei voltando para a casa dele, de onde saí 16 anos antes.

03/02/2018: eu estava de boa navegando na internet, quando uma amiga, que faz corres de bandas góticas, me surpreendeu com um convite para sair. Provavelmente ela ficou sabendo que meu namoro acabou. Nos últimos meses, eu a havia chamado para sair diversas vezes, mas sempre recebia resposta negativa. Quando não esperava mais nada, ela me surpreendeu, exatamente na hora certa. 

04/02/2018: eu e minha amiga gótica nos encontramos e nos pegamos em um hotelzinho no centro de São Paulo. Foi bem legal, mas ficou nisso. Não havia como evoluir, até porque porque ela prefere sair com mulheres, e não queria se prender a ninguém.

14/02/2018: eu estava no banco resolvendo alguns problemas, quando recebi um SMS da doida (que estava bloqueada em tudo, menos nisso), dizendo que sentia minha falta e pedindo para eu voltar para ela. Pelo visto não foi um bom negócio ficar sem um trouxa para pagar as contas. Eu não estava nem um pouco a fim e ela teve que insistir muito para me convencer a aceitar um encontro. Passamos a noite seguinte em um motel. Ela perguntou se eu fiquei com alguém desde que terminamos, e fiquei muito feliz em poder jogar na cara dela que sim. Ela ameaçou surtar, mas baixou a bola quando eu disse algo como "qual é o problema? você terminou comigo!".

Combinamos nos separar de manhã, mas eu iria para a casa dela no início da tarde. Propositalmente, inventei alguma desculpa e avisei que atrasaria, apenas para ver se ela daria uma de louca novamente ou se realmente havia mudado. Funcionou: quando começou a xingar, bloqueei em tudo definitivamente, não esquecendo de bloquear também o SMS.

Julho/2019: Por quase um ano e meio não tive notícias dela. De repente, uma amiga em comum postou no Facebook uma foto junto à Mel com uma mensagem como "vá em paz, vou sentir sua falta". Meu primeiro impulso foi perguntar "a doida se matou?", mas a história foi muito mais sinistra. Depois que terminamos, ela voltou para Itú, onde morava sua mãe, agora com câncer terminal. Ela retornou com um antigo peguete da cidade e colocou o vagabundo dentro de casa, que passou a morar com ela e a sogra doente.

Como passou a desfrutar da confiança da família, ele teve acesso à senha do cartão da sogra para fazer compras. Ele gastou muito mais do que deveria, desviou todo o dinheiro, sabe-se lá para que. Quando Mel descobriu, ele a matou. Como eu não sei, mas o fato é que ela morreu menos de um ano e meio após nos separarmos.

Claro que eu não desejava para ela um fim tão trágico, mas minha reação à notícia foi de total indiferença. Eu e ela poderíamos ter vivido algo legal, poderíamos até mesmo estar juntos até hoje, mas seu desequilíbrio emocional foi determinante para nossa separação e acabou conduzindo-a a esse desfecho indesejado.

domingo, 7 de janeiro de 2018

Rhapsody Reunion

No dia em que desembarquei do navio havia o primeiro corre do ano: Rhapsody Reunion. Sou fã e todos os integrantes são amigáveis, o corre mais parece reunião de amigos, então provavelmente sempre estarei quando a banda vier ao Brasil, não importa se tenho ou não fotos com todos os integrantes. Neste dia, quando cheguei ao hotel, estava apenas eu, Wesley e Maria Claudia.

Foi um dos corres mais especiais que fiz, pois quando a banda retornou da passagem de som, Fabio Lione, que também era vocalista do Angra há cinco anos, já falava português com perfeição, então parou para conversar conosco. As frases fluíam muito bem e eram raras as vezes onde ele tinha dúvida sobre qual palavra utilizar em português. Quando isso acontecia, ele dizia a palavra que queria usar em inglês e eu e Wesley o ajudávamos a encontrar a equivalente em português. Foi uma das conversas mais longas e divertidas da minha vida com um integrante de banda. Fabio é um cara realmente sensacional. 

Quando o encontrei pela primeira vez, pouco mais de sete anos antes, ele ainda não falava uma palavra sequer no idioma. Quando o abordei, perguntei se poderia tirar uma foto com ele, que respondeu "sim, mas antes vou fumar um cigarro". Eu o conduzi à àrea de fumantes do aeroporto de Guarulhos, acendi um também e ficamos fumando, mas não houve muita conversa, já que não sou fluente em inglês.

Voltando a 2018, neste dia falamos sobre tudo, como se fosse mesmo uma reunião de amigos. Quando perguntei como eles faziam para excursionar sem tecladista, ele me disse que o som dos teclados ao vivo era gravado e que Alex Staropoli foi convidado para participar da turnê. Fabio telefonou para convida-lo dizendo "ei, vamos sair no mundo, como nos velhos tempos, vamos ganhar dinheiro", mas a resposta foi negativa.

Perguntei se era realmente a turnê de despedida, como fora anunciado pela mídia especializada, e ele respondeu que "provavelmente não, já que a resposta dos fãs foi muito positiva". Ao final da turnê, ainda em 2018, foi fundada a banda Turilli/Lione Rhapsody, mais uma entre tantas versões do Rhapsody que já existiram mas que, em minha opinião, será provavelmente a melhor.

Houve um momento onde ele começou a comentar suas opiniões sobre os ex vocalistas do Angra. Elogiou a capacidade vocal do André e desceu o pau na de Edu Falaschi, com gosto: "O Falaschi entrou no Angra por minha causa. Quando o André saiu, eu já era amigo do Rafael e do Kiko, então eles me consultaram sobre alguns candidatos e eu o aprovei. Ele não tem técnica vocal muito apurada, mas era, entre os candidatos que escutei, o que provavelmente se encaixaria melhor ao som da banda".

Ele demonstrou algumas técnicas vocais, mostrando como ele, André e Falaschi cantariam a mesma música. Foi hilário e surreal. Em minha opinião, Falaschi é um cara legal, mas realmente não é um grande vocalista. Gravou grandes álbuns com o Angra, é verdade, mas não é bom o suficiente ao vivo, sua voz sempre funcionou melhor no estúdio. É um grande frontman, agita pra caramba, mas não tem uma grande voz.

Por outro lado também não acredito que Fabio seja o nome ideal para a função. Tem voz poderosíssima, mas que não parece se encaixar nas canções do Angra, especialmente nas mais antigas. O ideal era André, que nesse dia ainda era vivo. Mais uma vez, essa é a minha opinião, e opinião é como cu, cada um tem a sua.

Se em 2010 achei surreal fumar com Fabio Lione, que poderei dizer de 2018, quando estávamos no hall do hotel com ele cantando a plenos pulmões?! São momentos como esse que fazem os corres valer a pena! Nesse dia quase todos atenderam e foram incrivelmente amigáveis, como sempre. Dominique Leurquin foi o único que não parou, entrou apressado no elevador quando Fabio começou a falar conosco. Dominique sempre foi um cara bacana, se eu tivesse que apostar, diria que ele correu para o banheiro. Embora às vezes não pareça, esses caras são exatamente iguais a nós, com as mesmas necessidades, se é que me entende...

Enquanto a conversa rolava entre eu, Wesley e Fabio, Maria Claudia estava em outro canto, no bar do hotel, tomando coca-cola e conversando com Patrice. Quando a conversa finalizou, Patrice se levantou para devolver os copos no bar e ela foi para o show, mas esqueceu o guarda-chuva pendurado na cadeira. Patrice percebeu, o pegou e saiu correndo atrás dela. Foi uma cena engraçada!

Fabio Lione, vocalista do Rhapsody Reunion
Luca Turilli, guitarrista do Rhapsody Reunion
Patrice Guers, baixista do Rhapsody Reunion
Alex Holzwarth, baterista do Rhapsody Reunion

Não permaneci muito tempo mais, pois combinei que visitaria uma ex namorada assim que o cruzeiro terminasse, então saí do hotel direto para a casa dela. Minha ideia era retomar o namoro, e até demos uns beijos nesse dia, mas ela não estava passando por uma fase boa, sua mãe falecera há pouco tempo, então acabou não dando certo, ficou sem clima. Quando, 5 dias depois, viajei para a praia com Mel, e postei fotos no Facebook, essa ex ficou puta da cara e me excluiu. Não retomamos contato até hoje.