Na manhã seguinte ao dia em que enterrei minha mãe, eu já estava no aeroporto de Congonhas fazendo o corre de John Pizarelli. Nem ao menos sou fã de Pizarelli, mas ele é um músico importante de jazz que passava por minha cidade, não havia por que não sair para conhece-lo, tirar uma foto, conseguir um autógrafo.
É assim que sei lidar com a perda, tocando a vida normalmente. A missão de minha mãe acabou, mas a minha continuava. Ficar quieto em casa não ajudaria em nada. Saí para ver vida, para ver os amigos que sempre encontro nos corres. Tive a companhia de Marcelo Zava e de Zé Congonhas.
Dizem que tiro foto com todo mundo, não é verdade. Naquele dia, Zé Congonhas tirou (enquanto estive lá) 8 fotos. Zava tirou 4 e, eu, duas. Passaram algumas bandas que nem sei o nome, alguns MCs... Não iam acrescentar em nada, então não tirei. Eu até teria tirado mais uma, com o Bruno Gagliasso, mas quando Zé o abordou, ele mal tirou a foto e já saiu apressado.
Além do alvo principal do corre, tirei apenas com Lobão. É uma das poucas fotos que me arrependo de tirar, pois minha admiração por ele baseava-se justamente em suas posições políticas - inclusive disse isso para ele - mas com o passar dos anos ele mostrou-se incapaz de mante-las, cada hora diz uma coisa diferente. Enfim, se pudesse "destirar", eu "destirava".
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Hoje não tenho admiração nenhuma por Lobão. Ele vai contra tudo o que ele mesmo falava |
Quanto a Pizarelli, acredito que ficou surpreso ao ver que alguém o aguardava no desembarque. Sorridente, deu dois autógrafos e tirou três fotos, então seguiu seu caminho. Após isso, eu e Zava retornamos para nossas casas, enquanto Zé passou o resto do dia coletando fotos. Como ele sempre diz: "o importante, para mim, é a quantidade, não a qualidade".
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