Em 2012, quando Robert Plant veio ao Brasil, ficou hospedado no hotel Fasano Boa Vista, um hotel fazenda localizado próximo a Sorocaba. As opções de hotéis 5 estrelas em São Paulo eram muitas, mas ele preferiu o isolamento total. Apenas 4 fãs tentaram conhece-lo no local do show. Eles o viram, mas ele não quis saber de papo e entrou sem atender ninguém.
Já em 2015, eu estava no aeroporto de Congonhas esperando alguma modelo que iria desembarcar. Não tinha a menor pretensão de fazer o corre do Robert Plant, pois sabia que seria difícil demais, e nem sou tão fã assim. No entanto, um amigo me enviou uma mensagem dizendo "Robert Plant chegará hoje às 14:00 hs no Fasano". Com uma informação dessas, tornou-se seriamente um caso para se pensar. Mandei uma mensagem para Ellen, a convidando para me acompanhar. Ela aceitou.
Quando chegamos, não havia outros fãs, somente eu e ela. O carro que trouxe Plant entrou diretamente pela garagem. Isso é coisa que somente artista muito chato faz. Eu pensei em desistir e ir embora, mas o carro saiu, vazio, e parou bem em frente à porta do hotel, o que provavelmente significava que ele sairia em seguida.
Combinei com Ellen que ela o chamaria, usando sua voz feminina. Eu apenas mostraria a foto que levei para ele autografar. Não funcionou: Ellen chamou, mas ele nem ao menos olhou e já entrou no carro. Mais uma vez, resolvi desistir e ir embora. Ellen, porém, observou que o trânsito estava parado, assim como o carro que levava Plant. Ela resolveu tomar um táxi para segui-lo. Eu respondi que não tinha dinheiro para dividir o valor da corrida com ela, mas ela não se importou, então a acompanhei.
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Bastou entrar no táxi e dizer "siga aquele carro!" |
Embora tenha levado cerca de 10 minutos, pois o trânsito estava realmente ruim, foi um trajeto muito curto: o carro virou na rua Bela Cintra e subiu duas quadras até a Alameda Lorena, onde virou a esquerda e o perdemos de vista, pois paramos no semáforo. Acreditamos que tivesse virado na avenida Rebouças. Quase na esquina, vimos o veículo estacionado na Galeria de Arte Brasileira. Ellen pagou o motorista, desembarcamos, e vimos que ele estava no interior, negociando alguns quadros. Ellen queria entrar para aborda-lo dentro da loja, mas achei a ideia péssima, seria melhor esperar do lado de fora.
Quando ele saiu, o segurança brasileiro, que me conhecia - já que estou em todos os corres - veio em minha direção, dizendo que eu eu não deveria nem ao menos chamar por Plant. Isso foi excelente, porque ele se esqueceu da Ellen. Ali foi desespero puro: Ellen uniu aos mãos, como se estivesse implorando - na verdade, estava mesmo - e ficou sozinha, cara a cara, com Plant:
- Mr. Plant, por favor, somos apenas dois fãs, só queremos tirar uma foto com você.
- Fique calma. O que vocês querem de mim? Uma foto? Eu tiro, mas uma com vocês dois
Me aproximei com a foto para ele autografar, mas o segurança não permitiu. Eu não me importo tanto quando o artista nega o autógrafo, mas levar naba do segurança é péssimo. De qualquer forma, não era hora de arrumar confusão, então entreguei a câmera para o segurança e conseguimos a foto. O carro partiu e eu e Ellen ficamos nos abraçando, comemorando o feito, que sabíamos ser incrível.
Meu corre terminou ali, mas o de Jonas estava apenas começando. A essa altura, ele já esperava pelo músico no hotel, mas sofreu o mesmo que nós, pois o carro entrou pela garagem. Um dos problemas de Jonas é sua tendência de ser (falso) amigo de todos, então faz o corre com muita gente. Quando o artista é difícil como ele, o ideal é ter no máximo duas pessoas no corre.
Naquele dia, Jonas descobriu que Plant jantaria na churrascaria Fogo de Chão Jardins, na rua Augusta, então foi com a tropa toda para lá, quatro ou cinco pessoas. Tiveram que esperar na frente do lugar. O segurança saiu, contou o número de fãs, retornou e informou Plant. É claro que ele saiu sem atender ninguém. Naba!
Dois dias depois, um pouco mais esperto (mas não muito), Jonas tentou a sorte no aeroporto, tentando conseguir na saída do país. Desta vez estava apenas com Marcio. Quando Plant chegou, despediu-se do motorista (que provavelmente era o mesmo segurança que tentou nos atrapalhar), deu-lhe um abraço e tirou uma foto com ele (sim, segurança te impede de tirar fotos, mas sempre tira foto com o artista que "protege"). Jonas viu que era o momento ideal para aborda-lo e conseguir também. Conseguiu, mas essa foto poderia ter rolado dois dias antes, poupando tempo e dinheiro.