domingo, 30 de junho de 2019

Cart & Horses: o fim de uma era?

Todos sabem que o primeiro show do Iron Maiden foi em no pub londrino Cart & Horses. A formação nessa apresentação contava com Paul Day (vocal), Dave Sullivan (guitarra), Terry Rance (guitarra), Steve Harris (baixo) e Ron Matthews (bateria). No entanto, muito antes desses integrantes nascerem, o Cart & Horses já existia. O pub original foi aberto em 1765 e localizava-se em 150-152 The Grove (onde Wetherspoon está agora). Em 1880, mudou-se para o endereço atual, em 1 Maryland Point.

Foto de 1936

Quando o Iron Maiden apresentou-se, em 1976, o pub era um pouco diferente do que o que eu visitei quando estive em Londres em 2018 e 2019. A porta de acesso ao local ficava à esquerda, não ao centro. Havia também uma porta lateral, que foi desativada. O palco também não era mais o mesmo. Ainda assim, foram mudanças pequenas, pontuais, ainda era o pub onde toda a história aconteceu.

O acesso ao local era feito pela porta à esquerda da imagem e era assim no dia em que o Iron Maiden tocou pela primeira vez

Kastro Pergjoni
Bem mais recentemente, em 2016, Kastro Pergjoni e um amigo arrendaram o pub, sem sequer imaginar a conexão que o local tinha com o Iron Maiden. Eles não tinham experiência com bares de música ao vivo, mas entendiam de preparo de coquetéis, e outras coisas relacionadas. Logo perceberam que muitas mudanças eram necessárias, mas não havia dinheiro disponível imediatamente para faze-las. O jeito foi manter o bar aberto exatamente como estava para reunir a quantia necessária aos poucos.

Não demorou para que percebessem o quanto seria uma ideia ruim. Kastro conta que "as pessoas se aglomeram do lado de fora esperando para abrirmos as portas para poderem entrar e tirar fotos. Não podemos transformar o pub em outra coisa, pois isso destruiria o que os fãs transformaram em um santuário. Sim, por causa desses caras, dos fãs incríveis que o Iron Maiden tem, por causa disso tudo esse lugar ainda existe".

Apesar disso, em 2019, decidiram demolir toda a parte interna e reconstruí-la completamente. Apenas as paredes externas seriam mantida, mas ainda assim haveriam modificações no exterior: as 3 portas originais seriam restauradas.
















Em 30 de junho de 2019, a despedida aconteceu em grande estilo, contando com bandas que se apresentaram do começo da tarde até a noite, incluindo Buffalo Fish, banda de Terry Wapram, guitarrista do Iron Maiden na formação de 1978.

A primeira a se apresentar foi Gypsy's Kiss, a primeira banda de Steve Harris, onde ele esteve entre 1972 e 1973. Somente um de seus antigos companheiros, o guitarrista David Smith, permaneceu nesta formação. 

A banda entrou em um hiato que durou 44 anos, de 1974 a 2018, até se apresentar com a formação original - sem Steve Harris - no Burr Fest 2018. A ideia da reunião era apenas uma apresentação, para matar a curiosidade dos fãs de Iron Maiden, que sempre ouviram falar em Gypsy's Kiss mas pouco conheciam do som da banda. Além disso, era a chance de velhos amigos dividirem o palco novamente, agora todos na terceira idade.

Entretanto, isso foi o suficiente para reativar em David o tesão de tocar e ter uma banda, então resolveu seguir em frente, ainda que sem seus antigos companheiros, com uma formação ampliada e totalmente reformulada, mas tocando as músicas que ele fez em 1974.
















Ao término das apresentações, era o fim!? Nos dias seguintes, a demolição começou a todo vapor, e a reinauguração foi prevista para o segundo semestre de 2020, mas então, todos sabem, veio o corona virus, inviabilizando qualquer pretensão nesse sentido. O Cart & Horses, como fênix, ressurgirá das cinzas, maior, melhor e mais forte.

Pouco restou do local que testemunhou as primeiras apresentações de Steve Harris, ainda com a banda Influence (que pouco tempo depois foi renomeada para Gypsy's Kiss) e com o Iron Maiden. A mística, que o transformou em um santuário para aqueles que tem Iron Maiden como religião, viverá para sempre. O pub reuniu gerações por décadas e continuará reunindo por muitos e muitos anos ainda.

Se por um lado nunca será o mesmo, e daí?! Nós também não somos! Kastro nem era nascido quando o Iron Maiden se apresentou em 1976. Eu tinha 3 anos, quase 4, e agora tenho quase 50! Muitos fãs se foram nos mais de 45 anos de existência do Iron Maiden. Até mesmo Clive Burr se foi...

Ainda assim, o Cart & Horses sempre será um local para que todo fã de Iron Maiden possa visitar, tirar fotos, acompanhar apresentações de ex integrantes - enquanto eles estiverem vivos e bem - e se reunir a cada apresentação do Iron Maiden, antes de partir para o show. Por quanto tempo mais isso acontecerá? Ninguém sabe!

Eu acredito que certas bandas que vimos nascer, florescer e agora temos a oportunidade de testemunhar seus momentos finais, sobreviverão por séculos, tal como compositores de música clássica - Beethoven, Mozart, Liszt, Bach, entre outros - sobreviveram. Em comum, todos fazem boa música e tem grandes fãs. O Iron Maiden tornou-se imortal e levou o Cart & Horses para a imortalidade também.

sábado, 22 de junho de 2019

Michale Graves

Após o show de Michale Graves, fui ao hotel onde ele estava hospedado, e esperei por alguns minutos. Contando comigo, havia um grupo de cerca de 8 fãs. Quando ele chegou, atendeu a todos,  dentro do hotel e ainda maquiado. Fim de corre?! Com certeza!


O que aconteceu depois foi absolutamente bizarro e inesperado. A turnê brasileira foi interrompida, pois o músico deixou o Brasil sem avisar a produtora responsável pelos shows. Os shows aconteceram normalmente em São José dos Campos, Paranaguá, Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, e foram cancelados em Limeira, Caxias do Sul, Brasília, Florianópolis, Fortaleza e Recife. A turnê foi organizada pela Venus Concerts e a produção em 4 cidades ficou a cargo da EV7 Live. Três desses 4 shows foram realizados (Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, Brasília foi cancelado).

A verdade é que em 2019, muitos shows da EV7 tiveram problemas ou foram simplesmente cancelados:

Philip H. Anselmo & The Illegals: os shows em Belo Horizonte e Rio de Janeiro foram cancelados. Em São Paulo aconteceu, mas houve problemas com o voo do Chile para o Brasil, e Anselmo chegou ao país quase no horário em que deveria estar no palco.

Eluveitie: Somente o show de São Paulo aconteceu. Os shows em Belo Horizonte, Brasília e Curitiba foram cancelados. De acordo com a EV7, o primeiro por vontade da banda e os outros dois por decisão da produtora. Houve troca de acusações entre banda e produtora pelas redes sociais. A produtora alegou motivos esdrúxulos, dando a entender que o show do Belo Horizonte foi cancelado porque não havia o chá que a banda pediu no camarim.

No fim, a banda anunciou que se apresentaria de graça no Rio de Janeiro - cidade que nem constava originalmente da turnê - para todos os fãs que tivessem ingressos das apresentações canceladas, numa tentativa de minimizar as perdas causadas pelos cancelamentos. Quem não tivesse ingresso pagaria apenas R$60,00 para entrar no evento que, de acordo com o comunicado, serviria apenas para cobrir os custos das produtoras No Class e On Stage, que assumiram o evento na cidade carioca.

Fãs criaram arte para tirar um barato da situação ridícula

Dead Kennedys: turnê brasileira cancelada após polêmica com a divulgação do cartaz do show, com desenhos ofensivos ao presidente Jair Bolsonaro e seus eleitores. 

Glenn Hughes: todos os shows da turnê brasileira foram cancelados, e a produtora alegou ser vítima de um produtor golpista chileno.

Uriah Heep: a banda simplesmente cancelou a turnê brasileira sem oferecer grandes esclarecimentos aos fãs.

Stryper e Narnia: a turnê aconteceu, porém sem a presença da terceira banda anunciada, Tourniquet. Além disso, o show de Brasília foi cancelado.

Combichrist: mais um cancelamento sem grandes explicações

Ainda que a produtora tenha sido vítima de golpistas, como alegou no caso do show de Glenn Hughes, foram muitos os problemas em espaço de tempo muito curto. A produtora perdeu toda e qualquer credibilidade que tivesse no mercado. Após o show cancelado do Dead Kennedys, por exemplo, foi anunciada a venda de camisetas com a arte do cartaz do show, para tentar minimizar os prejuízos com o cancelamento. No site "Reclame Aqui" há reclamações até mesmo de gente que comprou a camiseta e não recebeu. Aliás, são 110 reclamações diversas, todas não respondidas.

Isso me leva a crer que tinham razão os artistas que vieram e abandonaram a turnê antes do término, casos de Eluveitie e Michale Graves, principalmente porque são artistas que já vieram antes com outras produtoras e nunca causaram problemas.


terça-feira, 11 de junho de 2019

Hall & Oates

Sendo sincero: não tenho a menor ideia de quem são. Antes do único show deles no Brasil, em 2019, pesquisei no Youtube e até reconheci uma música ou outra. Não é algo que eu reclamaria se estivesse tocando no rádio, mas não é o tipo de música que eu adicionaria à minha playlist. Por que, afinal, fui tentar conhece-los?! Para ajudar Marcelo Zava, que queria muito conseguir uma foto com eles.

A tentativa foi no local do show, onde havia somente duas pessoas: nós. Vimos chegar, para a passagem de som, a van com os músicos de apoio, mas não reagimos para não entregar nossas intenções aos seguranças do lugar. Quando veio a van que trazia John Oates, nos aproximamos. Um gringo, integrante da equipe da dupla, desceu e exigiu, aos berros e gesticulando muito, que os integrantes da produção local providenciassem mais seguranças, para que ficassem à nossa frente, tapando nossa visão e diminuindo a chance de abordagem. Ele gritava para irmos embora.

Marcelo não aceitou, pois queria a oportunidade de ver Oates e chamar por ele. Se não quisesse atender, paciência. A discussão só terminou quando Marcos, o segurança brasileiro que o acompanhava, desceu da van e veio falar conosco. Ele confirmou ser um pedido da dupla, que não queria nenhum contato com fãs. Como ele nunca nos atrapalhou, e sempre deixou o artista manifestar sua vontade de atender ou não, confiamos e fomos embora.

Decidimos fazer uma nova tentativa após o show, no hotel em que os músicos estavam hospedados. No entanto, recebemos informações de como foi com quem tentou no aeroporto e no hotel: “Desembarcaram no terminal 2 e foram quase correndo para a van. Daryl deu um esculacho nos fãs, bem sem educação. John foi mais educado, mas disse que não atenderia, 4 pessoas somente".

Outro relato: "estávamos na frente ao hotel quando chegaram, mas passaram direto. Fãs hospedados relatam que não os veem nas áreas comuns desde ontem. E hoje, ao sair para passar o som, não foram pela frente, saíram pela garagem. Não vimos nem mesmo a banda saindo, garagem também”. Foi o que bastou para desistirmos.

Hospedada, Annebelle conseguiu foto com John Oates e, até onde tenho notícia, foi a única foto no Brasil fora do meet & greet. Ela, aliás, também ganhou o meet & greet, então conseguiu foto com os dois. Malas desse jeito, nem faço questão. Para mim não eram nada, agora são menos ainda. 


sexta-feira, 7 de junho de 2019

Raven + Leather Leone

Rodrigo Scelza foi o produtor que trouxe Raven e Leather Leone ao Brasil. Somos amigos há anos, então quando ele traz alguma banda, nunca se incomoda de me passar informações de hotel e de horários. Deste modo, sabíamos que as bandas sairiam para o The House (que hoje voltou a se chamar Hangar 110) às 15:30hs. Leo ficou de passar em minha casa às 14:30hs, em tese teríamos tempo de sobra.

Esse, no entanto, foi um dia de trânsito especialmente anormal em São Paulo. Ficamos por muito tempo parados em um congestionamento no Minhocão (viaduto Gal. Costa e Silva, pouco me importa se mudaram o nome). Quando conseguimos sair, foi ainda pior: as ruas do centro estavam absolutamente congestionadas. Quando, enfim, chegamos ao hotel, já era 15:45hs.

A van ainda estava parada em frente ao local, mas para nosso desespero observamos que os integrantes das bandas já estavam saindo do hotel e entrando na van. Eu e a Arianne descemos e fizemos a abordagem, enquanto Leo terminava de estacionar.

Na correria, não conseguimos fotos com todos. Eu, por exemplo, perdi John Gallagher, mas não me importei, pois já tinha foto com ele desde 2010. Sempre é bom renovar, afinal 9 anos se passaram, mas meu objetivo era conseguir foto com o baterista Mark Heller, pois ele era a "figurinha nova".

Leather é sempre boazinha, que mulher legal
Leather Leone, vocalista do Chastain
Mark Heller, baterista do Raven
Mark Gallagher, guitarrista do Raven

No retorno para casa, Leo comentou sobre a morte de Serguei. Essa notícia não me pegou de surpresa: quando o encontrei pela última vez, dois anos antes, ele já estava bastante zuado, parecia que nem sabia o que estava fazendo ali (no show do Made in Brazil, no Sesc Pompéia). O que eu não sabia é que outra notícia ainda pior estava a caminho, já no dia seguinte.

A internet de casa estava com problemas, e eu já tinha solicitado para a operadora enviar um técnico, o que ocorreria somente na segunda feira, dia 10. Nesse sábado, dia 8, passei quase todo o dia offline. Quando anoiteceu, decidi ir para perto de um mini mercado Extra, próximo de casa, apenas para acessar o wi-fi, ver o que estava rolando no Facebook e dar uma lida nas notícias em geral. Para minha surpresa, havia mais de 40 mensagens não lidas, o que é muito incomum. Quando fui ler, todas abordavam o mesmo assunto: o falecimento de André Matos.

No começo achei que poderia se tratar de alguma brincadeira, algum boato. Como assim?! Andre era apenas 11 meses mais velho que eu, nem tinha completado 48 anos ainda. Como todos infelizmente soubemos bem nesse dia, era real. Tirei alguns prints das notícias, pois quando retornasse para casa e contasse à Arianne, ela certamente não acreditaria. Apenas 5 dias antes, eu e ela quase o encontramos na saída do show do Avantasia.

Quando cheguei, ela estava deitada na cama. Essa foi a conversa que tivemos:

- Um dia que ficamos sem internet e parece que o mundo como conhecemos nunca mais será o mesmo.

- O que aconteceu?

- O Andre Matos morreu!

- Não morreu!

Ela não acreditou nem mesmo quando mostrei os prints, teve que ir ao mercado para confirmar e somente então acreditar. Para ela foi um grande baque, provavelmente foi a primeira grande perda com que teve que lidar. Por minha vez, eu estava vivendo em uma década que levou minha mãe, meus avós, vários amigos e ídolos na música (Dio, Lemmy, Jeff Hannemann, Clive Burr, entre outros), então Andre foi apenas mais uma perda para mim.

domingo, 2 de junho de 2019

Avantasia e a saga de Alisa com Andre Matos

A última vez em que encontrei Andre Matos foi no corre do Metal Singers, uma turnê organizada pela produtora Open The Road, reunindo vocalistas de metal para apresentar sucessos de suas carreiras, finalizando com uma jam onde todos participam. Na ocasião, Blaze Bayley, Udo Dirkschneider, e Doogie White vieram em um voo de Santiago. O quarto vocalista, Andre, não desembarcou. Avistei Silvio, o dono da produtora, e perguntei onde estava Andre. Ele respondeu que não havia passagens para todos, então viria no próximo voo.

Como já tenho diversas fotos com ele, normalmente eu finalizaria o corre e iria para casa. Entretanto, seria a primeira vez que Arianne conseguiria encontra-lo, após duas tentativas frustradas, então eu e Carlos aguardamos com ela pela chegada do voo seguinte. Após passar pelos procedimentos alfandegários, Andre saiu pelo portão de desembarque. Logo nos avistou e percebeu que o abordaríamos, então já veio falar conosco.

Arianne tem uma amiga russa, Alisa, que sempre perguntava quando Andre faria um show em seu país. Toda sem graça, pediu permissão para gravar um vídeo com ela perguntando e ele respondendo. Depois de legendar em inglês, enviou o vídeo para a amiga. Obs: a versão abaixo não contém legenda.

Seis meses se passaram e Arianne perguntou se eu me importaria se Alisa ficasse alguns dias em casa conosco. O único problema é a total falta de estrutura para receber hóspedes. Quando eu morava com a Sheila, tínhamos um quarto apenas para essa finalidade, mas onde moro com Arianne é uma casa pequena, com apenas quarto, cozinha, banheiro e um corredor, onde fica o computador.

Não temos cama extra e nem ao menos um colchonete para colocar no chão se vier alguém. Logo, respondi que se Alisa não se importassse em dormir conosco na cama - que é King, enorme - e com os gatos (tínhamos 15, e quase todos também eram acostumados a dormir na cama), por mim estaria ok.

No dia em que Alisa desembarcou em Guarulhos, Arianne foi recepciona-la no aeroporto. Eu não fui, pois Arianne preferiu que eu as encontrasse na estação Barra Funda, apenas para levar uma mala "pesada". As duas tomariam um ônibus para o Rio de Janeiro, onde Alisa faria turismo por alguns dias. Sim, ela veio ao Brasil com o único objetivo de ver Andre Matos, mas turistar um pouco para aproveitar a longa viagem também não seria má ideia. Elas foram e retornaram dois dias depois.

Na madrugada seguinte, às 02:00hs, chegaria o voo trazendo o Avantasia ao Brasil. Eu não estava muito preocupado com o corre, pois havia apenas uma nova integrante com quem eu ainda não tinha foto, a vocalista Adrienne Cowan, que veio em substituição à Amanda Somerville, que meses antes decidiu não excursionar nesta turnê. Conseguindo foto com ela, por mim já estaria bom. Claro que é sempre bom conseguir com todos, mas não fazia questão absoluta. A grande missão nesse final de semana seria mesmo colocar Alisa em frente ao Andre.

Devido ao horário de chegada do voo, ir a Guarulhos automaticamente nos condenava a passar o resto da noite no aeroporto, até que o trem voltasse a circular. Alisa e Arianne me acompanharam, embora não estivessem muito interessadas em conseguir fotos com nenhum dos integrantes. Na correria, esqueci de verificar se a câmera estava com cartão - e não estava - então o jeito foi tirar as fotos com o celular de Arianne.

Tobias Sammet foi o primeiro a passar pelo portão de desembarque. Em 2016 havia muitos fãs no aeroporto, e todos os músicos atenderam numa boa, exceto Tobias. Três anos se passaram, e agora estava mais bonzinho, pois já saiu atendendo. Na sequencia, abordei os sempre simpáticos e gente boa Geoff Tate e Eric Martin, além de Oliver Hartmann. Por fim, consegui quem eu queria: Adrienne ficou muito surpresa com a abordagem. Acho que pensou não ser importante em meio a tantos grandes nomes. Foi muito simpática, então fiz questão de dizer que estava ali apenas para ve-la, sendo retribuído com um sorriso lindíssimo.

Desta vez Tobias não se escondeu e atendeu todo mundo
Geoff Tate é sempre absurdamente legal e atencioso com os fãs
Eric Martin é outro que parece nunca ter um dia ruim. Oliver Hartmann também não se incomodou em tirar foto
Por fim, conheci meu grande alvo deste corre: a vocalista Adrienne Cowan. Pena que foi foto de celular
Mais uma vez, o Photoshop falando alto em uma foto promocional

O segurança brasileiro que recepcionou os músicos estava, como sempre, um pouco babaca. Eram pouquíssimos fãs - principalmente se comparado a 2016 - mas ainda assim ele enchia o saco. Como já tinha conseguido com quem eu queria, preferi finalizar as abordagens para não estressar desnecessariamente. Toda vez é a mesma palhaçada quando esse cara trabalha. Ele nos conhece, sabe o que queremos (foto e autógrafo), sabe que nossa abordagem é sempre a mais rápida possível e mesmo assim faz questão de atrapalhar... É difícil...

Quando a banda se foi, Alisa deitou-se em um banco no terminal 2 e cochilou um pouco. Arianne a acompanhou, ficando acordada para garantir que ninguém a incomodasse ou tentasse roubar. O aeroporto pode ter tipos bem estranhos de madrugada. Por minha vez, fiquei na área externa do terminal, fumando e conversando com outros fãs/hunters que, como nós, ficaram presos no aeroporto: Kleber e Ju Marmitt.

Ao amanhecer, quando o trem voltou a funcionar, pensei que retornaríamos para casa para dormir um pouco, mas Alisa tinha outros planos, que incluiam seguir direto para o Espaço das Américas, para garantir um dos primeiros lugares na fila. Mas que russa xarope! Eu fico péssimo quando não durmo, nem consigo curtir o show direito...

No caminho, expliquei como Andre chegaria ao local, e qual era o portão por onde ele entraria na casa de shows, mas ela alegou que não sairia da fila, pois não queria perder o lugar privilegiado, bem em frente ao palco. Mais uma vez: que russa xarope! Ela tinha ingresso de pista Premium, qual seria o problema se assistisse ao show um pouco mais para trás?! Mesmo que não fosse na primeira fileira, ainda assim seria próximo ao palco. Mas é fã, né? E fã é sempre imbecil, diria Regis Tadeu. Sem muita alternativa, Arianne a acompanhou.

Segui para casa, onde deitei e peguei no sono. Fui acordado no começo da tarde, quando Arianne apareceu para tomar banho e descansar um pouco, já que Alisa havia se enturmado com o pessoal da fila. Ela me disse que houve a comercialização de meet & greet do Shaman, e que Alisa sabia disso, mas não comprou porque achava que ficar por apenas um momento ao lado de Andre seria insuficiente, além do fato de não querer perder o lugar na fila. Contou também que, no Rio, Alisa pagou 600,00 para fazer um voo de asa delta - então falta de dinheiro para pagar o meet estava completamente descartada, não comprar o meet foi uma escolha deliberada.

A única chance dela encontrar Andre, então, seria na saída, mas com certeza ela se recusaria a deixar o local antes do final do show para tentar encontra-lo. Andre participou em dois momentos, o primeiro como vocalista da banda de abertura, Shaman, e o segundo cantando "Reach Out For the Light" como convidado do Avantasia. Esta, entretanto, não era a última música do setlist. Pelo contrário: era a oitava, de 23. E se cantasse e fosse embora?! Eu precisava impedir que isso acontecesse!

Portanto, eu e Arianne fomos para o Espaço das Americas assim que deu o horário do início do show do Avantasia. Quando chegamos, entretanto, aparentemente a participação de Andre ja havia acontecido. Ficamos no estacionamento do lugar e, pouco antes do fim do show, vimos quando Ricardo Confessori saiu da casa e colocou pratos em seu carro. Me aproximei e perguntei se ele sabia se o Andre ainda estava no local, mas ele respondeu que já tinha ido. Inacreditável! A menina veio diretamente de Moscou apenas para conhecer Andre e retornaria sem conhece-lo - embora, em muito, por sua própria imbecilidade de fã.

Quando o show terminou, nos encontramos com Alisa e retornamos para casa. No dia seguinte, segunda-feira, ambas tentaram encontrar uma maneira de contatar Andre para verificar se seria possível encontra-lo rapidamente em algum lugar apenas para uma foto e autógrafo. Enviaram e-mail para a assessoria que, é claro, jamais foi respondido. Como o retorno de Alisa a Moscou seria no dia seguinte, começaram a planejar a volta dela ao Brasil, em alguns meses, apenas para encontra-lo. Eu simplesmente não acreditava no que via: houve tantas chances para ve-lo, mas ela desperdiçou cada uma delas!

Na terça-feira ela embarcou para Paris, onde fez conexão para Moscou. Chegou na quarta-feira. Três dias depois, a notícia da morte de Andre chocou o mundo. Sem querer, ela assistiu muito de perto à última performance de Andre em um palco. E perdeu, para sempre, a oportunidade de conhece-lo. É o que sempre digo: show é legal, mas acaba em duas horas. A foto é para sempre!