domingo, 29 de outubro de 2017

Megadeth

Muitas pessoas dizem que não se deve tentar conhecer os ídolos, pois a decepção pode ser grande e o encanto pode se quebrar. Meu conselho é exatamente o oposto. Se todos fossem malas insuportáveis, eu já teria desistido de fazer corres há muito tempo. Garanto que mais de 90% dos músicos que conheci são bacanas ou, no mínimo, são ok. Os chatos são menos de 10%. Mas é bom saber quem é quem para não idolatrar alguém que, se não fosse artista, seria apenas um bosta. Foi o que aconteceu com o Megadeth.

Deixei de ser fã, de acompanhar, e até mesmo de ouvir as músicas. Em quatro oportunidades (2010, 2011 e duas vezes em 2012), fiquei cara a cara com Dave Mustaine, mas sempre fui solenemente ignorado, mesmo quando, acompanhado por apenas uma pessoa, o encontrei acompanhado apenas pelo segurança, o que aconteceu nas duas oportunidades de 2012. É claro que entenderia se ele não atendesse caso fossem 50 fãs loucos, berrando... Mas eram apenas dois, numa boa, então que merda de ídolo é esse que recusa-se a perder 10 segundos para tirar duas fotos?!

Se ele nunca tirasse fotos com ninguém, eu entenderia e respeitaria, ele não é obrigado, é direito dele não querer, há muitos outros músicos que não querem. A partir do momento que parece que é apenas comigo que ele nunca tira foto, a coisa muda de figura e passa a ser pessoal. O Megadeth apresentou-se em São Paulo em 2013 e 2014, mas desencanei completamente, não quis saber de fazer corre e muito menos de assistir aos shows.

Observei, no entanto, que a cada vinda para a América Latina, Mustaine tirava fotos com meus amigos e conhecidos no Rio de Janeiro, em Santiago, na Cidade do México e em outras cidades. Mesmo em São Paulo, atendeu Leo, Renata e Rafael em 2010. Nessa turnê, a do Endgame, fui ao show e curti demais, mas a atitude de Mustaine com os fãs é tão ruim que simplesmente larguei mão após tentar conhece-lo em mais algumas tentativas frustradas.

Em 2016, Mustaine tirou foto com Fernando, o único que aguardava em frente ao hotel Renaissance quando a banda saiu rumo ao aeroporto. O problema não foi ele ter conseguido, fico feliz, é meu amigo e já me ajudou em corres. A questão é: qual o critério que esse pato donald do inferno usa para atender ou não?

Os shows na América Latina foram próximos ao meu aniversário. Minha mãe falecera há menos de dois meses, então acostumei a almoçar frequentemente no apartamento dos avós maternos, até para dar uma força, pois perder a única filha os deixou muito fragilizados. Talvez por isso, estavam mais bonzinhos do que o habitual. Em um desses almoços, perguntaram se havia algo que eu queria ganhar de presente. Respondi que sim, mas era meio caro, então poderia ser um empréstimo: 600,00.

É claro que quiseram saber o que eu faria com o dinheiro, eu disse que iria a Assunção para assistir um show. Claro que a ideia sempre foi fazer o corre. Eles ficaram de pensar no assunto, e pouco tempo depois, responderam que não emprestariam, pois "eu não saberia me virar fora do Brasil". Mal sabia que aquele era meu último aniversário com eles, pois no seguinte, ambos também estariam mortos. Mas é mais claro ainda que, em 2017, usei a grana que herdei deles para fazer a viagem que não fiz no ano anterior.

Por tudo isso, era hora de conseguir essa foto de uma forma ou de outra. Decidi comprar o meet & greet, que estava barato, apenas 99 dólares (o que não é muito se comparado com o meet de bandas como Ozzy (700 USD), Kiss (900 USD) ou Metallica, que pode chegar a 2500 USD). Como o Megadeth se apresentaria em Santiago com outras bandas, incluindo King Diamond, decidi que iria para lá, não apenas fazer o primeiro corre fora do país e, portanto, completamente fora da minha zona de conforto, como aproveitaria essa oportunidade para conhecer meus amigos hunters chilenos, seria um interessante intercâmbio de informações.

Na véspera de meu voo para Santiago, o Megadeth chegou à cidade. Os hunters chilenos, incluindo Diego e Eduardo, conseguiram uma foto com ele, sem problema algum. En Santiago es siempre más facil.

O mala atendeu Diego assim que o Megadeth chegou à Santiago

Mapa indicando o ponto de encontro
Dois dias depois, já na cidade, fui à Movistar Arena, permanecendo no local onde deveria encontrar com Dave, o responsável pelo meet & greet, de acordo com o mapa que recebi por e-mail. Entre os fãs que compraram o meet e também aguardavam, havia um chileno que é meu amigo no Facebook, Cristobal. Ele me viu e veio conversar, mas não consegui entender uma palavra que ele disse. O jeito foi nos comunicar em inglês.

Logo Dave veio nos buscar. Entre o horário no ponto de encontro (17:00) e o horário do meet (18:30), permanecemos isolados em um salão, enquanto rolavam os shows das bandas menos expressivas do festival. Se estivesse interessado em assisti-los, problema meu. Pouco antes de trazer a banda e iniciar o meet, Dave explicou como seria, perguntando se alguém tinha alguma dúvida. Levantei a mão e disse que já tinha fotos com todos os integrantes da banda em outras ocasiões, exceto Mustaine, e que gostaria que minha foto fosse apenas com ele. Dave não concordou, deixando claro que eu teria que tirar a foto com todos, assim como todo mundo que estava ali. Palhaçada da porra!

Enquanto os shows aconteciam, tínhamos que aguardar pelo início do meet & greet

A foto é paga, mas ainda assim não foi possível consegui-la como eu gostaria. Custava me deixar por último na fila e pedir para David Ellefson, Kiko Loureiro e Dirk Verbeuren saírem, permanecendo somente o Pato Donald?! Quando chegou minha vez, cumprimentei os integrantes com um aperto de mão, exceto Donald. Ele também me estendeu a mão, mas fingi que não vi. Foi justo eu dar naba nele depois de ter tomado tantas! Me posicionei ao lado dele, e permaneci pelo um segundo que o meet dava direito. Então, saí de lá, e pude baixar a foto alguns dias mais tarde.

Não foi como eu queria, mas enfim minha foto com o Pato Donald do inferno

Quando entrei na arena, King Diamond ainda estava no palco. Assisti uma ou duas músicas e fui embora. Caminhei até o metrô e logo estava de volta ao hotel. Não, não assisti aos shows, especialmente do Megadeth. Dane-se o show, se ficasse eu perderia o corre do King Diamond (que será contado em outro relato desta viagem).

Quanto ao Megadeth, é claro que haveria o corre também, em Santiago e em São Paulo. Eu estava no aeroporto quando, de madrugada, o carro trazendo Mustaine chegou. Acompanhado pelo mesmo segurança de sempre, foi o mesmo babaca de sempre. Eram pouquíssimos fãs, mas ele não parou, entrando direto na sala de embarque. Foi então que percebi o quanto as coisas são realmente mais fáceis em Santiago.

Diego e seus amigos tentaram entrar na sala de embarque, mas foram barrados pelo segurança que controlava o acesso. Alegaram, porém, que tentariam apenas conseguir o autógrafo de Mustaine. Inacreditavelmente, a entrada do grupo foi liberado. Agora me diz: quando isso seria possível nos aeroportos brasileiros???? Eu não os acompanhei, pois sabia que a naba seria certa, preferi tentar filmar a cena inusitada. Eles conseguiram autógrafos, mas foto que é bom nada.


Kiko chegou pouco depois e também não estava muito a fim de atender ninguém. Eu já tinha foto com ele de outras oportunidades. Sabendo que eu iria a Santiago, Samii me entregou o encarte de um CD do Angra e pediu para tentar conseguir o autógrafo, se o encontrasse. Quando falei em português, ele se assustou um pouco, acho que não esperava. Deu uma estancada, então aproveitei para pedir o autógrafo. Ele pegou o CD, voltou a caminhar, assinou andando e devolveu.

Missão dada é missão cumprida! Essa foi pra você, Samii!

Apesar de permanecer no aeroporto até o horário do meu voo, na tarde seguinte, não vi quando Ellefson embarcou, provavelmente ele o fez depois de mim. Dirk eu vi, mas não o abordei, pois foi uma situação desfavorável. Ao passar pelo portão de embarque, enfrentei, como todos os passageiros, a longa fila para passar pelo controle alfandegário. Eram muitas fileiras que serpenteavam.

Dirk estava muito atrás de mim, mas houve um momento em que ficamos lado a lado, mas em fileiras paralelas. Até dava para tentar uma selfie com o celular, mas não tentei, imaginando que talvez pudesse reencontra-lo quando passássemos pelo controle. Mas não foi possivel aguardar, pois com a demora dos procedimentos, faltava apenas 20 minutos para meu voo de volta a São Paulo. Deixei para lá e fui procurar o portão de embarque. É claro que me certifiquei que não fomos no mesmo voo, se fôssemos eu o abordaria ou ainda em Santiago ou já em São Paulo. Aliás, não o abordei em São Paulo, pois quando cheguei Samii já estava me esperando. Passamos a noite juntos e eu aproveitei para devolver o encarte autografado.

No dia seguinte fui ao Renaissance, onde encontrei Karina e Janice. Apenas nós aguardávamos pela saída da banda. Duas meninas e eu, será que enfim daria certo?! Enquanto esperávamos, David Ellefson, sempre gente finíssima, saiu do Starbucks e veio em nossa direção, já pronto para falar conosco, nem precisamos chamar. Finalmente consegui uma foto legal com ele, pois em todas as outras estou com cara de enterro, com cara de louco, ou com o segurança fazendo careta ao fundo.


Eu não tinha e até hoje não tenho uma foto individual com Dirk Verbeuren. Eu, Jessica e Carlos falhamos miseravelmente no corre do Soilworks, no ano anterior. Mas desta vez Dirk não era o alvo, como sempre a ideia era conseguir uma foto com Mustaine, em corre, sem as regras imbecis do meet & greet. Quando Donald saiu, entrou no carro sem ao menos olhar para os lados. É claro que chamamos, mas fomos ignorados novamente. 3 fãs, cara, 2 mulheres! Pato Donald é mesmo um cuzão! É provável que esta seja minha última história com ele, pois definitivamente não pretendo ve-lo novamente.

Enquanto o chamávamos, os demais músicos também saíram do hotel, entrando na van, então não tive como pedir a foto ao Dirk. Tive tantas oportunidades para consegui-la e fiquei sem.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Helloween

Após retornar do Rio de Janeiro, eu e Luciana nos hospedamos no ibis budget São Paulo Morumbi, chegamos por volta das 15:30 hs. A ideia era tomar um banho rápido e passar na Galeria do Rock, onde eu compraria uma camiseta do Metallica para usar no meet & greet do Megadeth em Santiago, mas eu não contava com a lerdeza de minha amiga.

Em 15 minutos, eu estava pronto, de banho tomado e arrumado. Como estávamos em um quarto minúsculo, desci para fumar um cigarro e dar a ela um pouco de privacidade para tomar banho e se vestir, mas pedi que avisasse quando estivesse pronta, para que eu pudesse retornar ao quarto, pegar as coisas necessárias e sair.

Meia hora depois, ela ainda estava se arrumando, e uma hora depois, também. Por que diabos mulher demora tanto pra essas coisas?! Enfim, fui obrigado a cancelar a ida à Galeria pois seria impossível chegar a tempo de encontra-la aberta. Valeu Luciana!

O motivo da escolha desse hotel foi pela sua proximidade com o Hilton, onde eu acreditava que o Helloween ficaria. Já a caminho do aeroporto, meu amigo colombiano Juan, mais conhecido como El Gay de Bogotá, avisou que a banda embarcou na Colômbia. Portanto bastava somar as 6 horas de voo ao horário atual para determinar a hora da chegada da banda em Guarulhos: 23:00 hs. Mas já estávamos a caminho, então seria uma longa espera.

Uma amiga de Belém, Ângela, avisou sobre o pouso do avião que a trouxe com o namorado. Como eu sabia que esse voo estava repleto de fãs do Helloween, e muitos deles eram amigos dela, pedi para que os despistasse e aguardasse por mim, somente ela e Caio, pois corre não é bagunça, não dá pra ajudar todo mundo. O Helloween é uma banda repleta de caras legais com os fãs, mas não é por isso que eu iria lotar o aeroporto, até porque isso diminuiria as minhas chances, as deles, e a de todos os fãs que aparecessem.

Quando eu e Luciana chegamos, nos encontramos com o casal. Não havia muito o que fazer até que a banda chegasse, então ficamos conversando no terminal 2. Uma menina solitária, toda sem graça, se aproximou de nós e perguntou "vocês estão esperando o Helloween?". Angela e Caio a despistaram, dizendo que não eram fãs, que não estavam sabendo de nada. Assim que se afastou, perguntei porquê fizeram isso, e a resposta foi "não era para despistar todo mundo?!".

Normalmente seria, mas era apenas uma menina sozinha, e ela foi mega educada com a gente, chegou toda sem jeito quando nos perguntou. Corri até ela, me desculpei e disse "sim, estamos aqui pelo Helloween. Desculpe meus amigos, depois explico porque tentaram te despistar, fique aqui com a gente, o voo pousa às 23:00 neste terminal".

Mal sabia que estava conhecendo minha futura esposa, Arianne. Ela disse que era seu primeiro corre, e que decidiu vir ao aeroporto quando Sascha postou no Instagram que estava a caminho de São Paulo. Completou afirmando que seu maior sonho é conhecer a banda, especialmente Andi Deris. Respondi que seria realizado em breve.

Após o desembarque, os primeiros a sair foram os fumantes: Kai Hansen, Michael Weikath e Andi Deris. Eu os deixaria fumar em paz, mas não era o único ali, então claro que outros fãs os abordaram enquanto fumavam. Nenhum se importou em tirar fotos com cigarro na mão. Weikath, que geralmente é mais fechado, estava muito legal nesse dia. Em seguida veio o genial Michael Kiske, que nos disse que não estava muito bem, se sentindo doente. Ele tirou pouquíssimas fotos e já entrou no ônibus. Arianne, por exemplo, foi uma das que não conseguiu foto com ele nesse dia.

Kai Hansen, guitarrista do Helloween
Michael Weikath, guitarrista do Helloween
Andi Deris, vocalista do Helloween
Michael Kiske, vocalista do Helloween

Como estava conseguindo minhas próprias fotos e ajudando Ângela, Caio e Luciana, nem percebi que Arianne, coitada, estava sozinha e só fazendo FOTASSAS com o celular. Quando reparei, fui ajuda-la, então passei a tirar as fotos dela com minha câmera. Ela estava muito sem graça, mas abordei músicos com quem ela já tirou fotos, alegando que a foto dela não ficou boa, então tirei novamente com a câmera, com qualidade bem melhor. Nesse momento, era apenas corre, não havia nenhuma segunda intenção de minha parte, acho que nenhum dos dois imaginou que ficaríamos juntos no futuro.

Sascha Gerstner e Markus Grosskopf foram os últimos a desembarcar. Conseguimos com eles, fácil, então entraram no ônibus, que fechou as portas e partiu rumo ao hotel. Só então me dei conta de que não vi Dani Löble, mas Leo disse que tirou foto com ele. Devo ter me distraído enquanto tirava as fotos dos amigos. Enfim, tudo bem, porque já tinha fotos com a banda inteira. Eu inclusive tirava as fotos de todos antes de tirar a minha, nunca me importei em ser o último, não iria me importar com uma banda que eu já tinha.

Sascha Gerstner, guitarrista do Helloween
Markus Grosskopf, baixista do Helloween
Eu e Arianne começamos a namorar 5 meses depois dessa foto e estamos juntos até hoje

Como já passava da meia noite e não haveriam opções para sair do aeroporto antes das 5 da manhã - exceto o Airport Bus Service, que funciona a noite toda, mas nem todos ali poderiam pagar - dei uma grana para Leo deixar a galera que estava comigo na estação Pedro II. De lá, todos se viraram para chegar aos seus destinos.

Eu e Luciana seguimos para o hotel e logo adormecemos, mas eu já estava de pé logo que os primeiros raios de sol invadiram o quarto, pois de tarde eu voaria para Santiago, e precisava fazer muitas coisas ainda, como arrumar a mala. Tentei acordar Luciana, mas nada do que eu fizesse foi capaz de acorda-la, então saí sem me despedir mesmo.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Casamento de Michelle Alves e Guy Oseary

Os hunters das antigas costumam dizer que só existem duas pessoas consideradas fotos impossíveis: Madonna e Elton John. O caso de Elton John é complicado. Dois de seus melhores amigos estão mortos: o estilista Gianni Versace e John Lennon foram assassinados por fãs. Ele é milionário, famoso, série A+, não tem porque se arriscar. Pode se dar ao luxo de reservar todo um andar do hotel apenas para si e sua equipe, e realmente o faz.

Estéfano sempre me disse que ele é um "fantasma", ninguém vê. Carlos já dá uma versão diferente "eu estava no Hyatt tentando conhecer outra banda quando o manager do Elton John desceu e veio falar comigo, acreditando que eu era fã. Ele disse que eu poderia chama-lo, mas que não seria atendido. Nada de fotos nem autógrafos. Mas sim, você o vê saindo do hotel, normal, sem esquema de garagem, ele simplesmente não atende". 

Em 2015, quando Elton John veio para o Rock in Rio, um conhecido do Facebook, que é brasileiro mas trabalha no exterior com grandes produções, foi contratado para integrar a equipe local, responsável pelos shows de Rod Stewart e Elton John. No caso de Elton, havia duas equipes, a local, que ele integrava, e a que acompanha o cantor em todo o mundo. Esse camarada contou que rolou uma barreira física separando as equipes. "Somente a equipe dele tinha acesso a ele, eu só o vi no palco, a barreira nos impedia de ve-lo de qualquer outra maneira. Trabalhei no show do cara e não o vi". Surreal! De qualquer forma, com essas referências, jamais me animei a tentar conhecê-lo.

Já Madonna... até onde sei é chata mesmo. Eu também seria se tivesse os fãs dela, os que a chamam de diva, berram, choram, cercam o carro etc etc etc. Em 2012, acompanhei atentamente à distância quando ela passeou pela orla de Ipanema com o namorado, cercada por diversos seguranças e coberta da cabeça aos pés, em uma inútil tentativa de parecer menos visível. 

Em 2017 ela retornou ao Rio de Janeiro para prestigiar o casamento da modelo Michelle Alves com o empresário Guy Oseary, responsável por gerenciar a carreira não apenas de Madonna, mas também do U2. Claro, havia muitos outros convidados, incluindo Dakota Johnson, Owen Wilson, Matthew Mcconaughey, Mía Maestro, P. Diddy, Ashton Kutcher, Demi Moore, Anthony Kiedis e Flea (Red Hot Chilli Peppers), entre outros. Decidi ir ao Rio para descobrir qual é a real dificuldade de chegar perto de Madonna. Apesar de todas as celebridades presentes, esse era meu único objetivo.

Foi amplamente divulgado pela imprensa que todos ficariam no Fasano, em Ipanema. Já estive em frente a ele em diversas ocasiões, mas nesse dia estava diferente, literalmente envelopado, pois colaram um adesivo branco em todos os vidros que o cercam, cobrindo-os completamente, tornando impossível que qualquer um que estivesse fora conseguisse ver o que acontecia dentro.

Quando cheguei à cidade, me instalei em um hotel barato, também em Ipanema, há duas quadras do Fasano. Fui à orla, comi um camarãozinho, e estava pronto para começar a missão. A grande vantagem do Rio de Janeiro é que a maioria das pessoas simplesmente não liga para famosos. Em uma cidade onde encontrar um global ao acaso é absolutamente normal, ninguém liga.

Há poucos hunters no Rio, eu só conheço quatro ou cinco. Há sempre muito menos gente nos hotéis do Rio, mesmo em época de Rock in Rio. Ainda assim, muitos dos que vão aos hotéis são de outras cidades. Estéfano sempre utilizou esse recurso muito bem: se um artista era difícil em São Paulo, no Rio seria bem mais acessível. Em 2012, quando tentei conhecer Alanis Morissette, apenas 4 pessoas a aguardavam em frente ao hotel Unique, mas ela preferiu sair pela garagem, então nem ao menos a vimos. Chegou ao Rio de Janeiro, foi à praia, e atendeu todos que se interessaram em conhecê-la. No Rio é sempre mais fácil!

Retornando... o Fasano estava cercado, mas nada realmente impeditivo, era apenas para que os fãs mantivessem certa distância, mas dava para ver e chamar quem chegasse ou saísse. Estava sossegado, era menos de 20 pessoas. Isso, para o Rio de Janeiro, é um número altíssimo, mas ao menos estava todo mundo de boa. Se alguém quisesse atender, atenderia a todos em menos de 5 minutos. Porém, a maioria dos convidados tem fama de ser chata, que foi confirmada ou reforçada na ocasião.

De noite, quando houve o evento, apenas três atenderam aos chamados. Perry Farrell, vocalista do Jane's Addiction e pai do festival Lollapalooza; Adam Clayton e The Edge, do U2. Clayton parou de atender justamente quando chegou minha vez, por pura babaquice do segurança, que pediu para ele não me atender ao ver que eu tinha uma foto para autografar. "É para vender", alegou. Vender!? Eu!? Só se for vender pra pagar o cachê da mãe do segurança!

De fato, as fotos eram para minha coleção pessoal. Realmente me desfiz de parte da coleção, mas somente três anos depois, em 2020, quando estourou a pandemia do corona virus e fiquei sem nenhuma fonte de renda, em um momento onde minha situação financeira estava muito delicada. Mesmo assim, a intenção nunca foi vender.

Além do mais, existe uma maneira fácil aos artistas preocupados com a vendagem de seus autógrafos. Sabe como faz para que um autógrafo perca todo ou grande parte de seu valor comercial? Basta assinar nominal. "To Adriano, Adam Clayton". Não vale mais porra nenhuma e ninguém quer comprar. Além do mais, se o problema era o autógrafo, por que retirar o artista, sem ao menos deixar rolar a foto? "Segurança" e "babaca" muitas vezes são mais do que sinônimos!

Já The Edge atendeu a todos. Como não exibi a foto para ele autografar, o otário não me atrapalhou novamente.

Perry Farrell, vocalista do Jane's Addiction
The Edge, guitarrista do U2

Vimos a maioria dos outros convidados, estavam todos chatos. Anthony Kiedis e Flea estavam o nojo em pessoa. Durante todo o dia, saíram diversas vezes do hotel, sempre acompanhados por seguranças, não oferecendo a menor chance de contato. Eu, apesar de estar louco para me redimir da besteira que fiz em 2011, quando me recusei a tirar foto com Anthony Kiedis, não estava nenhum pouco interessado em sair me humilhando para conseguir a foto. Na real, ele que se danasse! Por mais que você não acredite, eu não estava no Rio de Janeiro para tirar fotos.

Easy London
Mas... e Madonna??? Absolutamente ninguém conseguiu vê-la, ela sempre entrou e saiu do hotel pela garagem, em carro com vidro filmado. Chance ZERO. Os outros artistas, por mais que fossem chatos e não estivessem a fim de atender, pelo menos ofereceram a possibilidade de ser vistos. Madonna, nem isso. No entanto, ela, que faz tanta questão de ser invisível e insuportável no Brasil, hoje em dia se enfia no meio do povão em manifestações como “Black Lives Matter”, na easy London. Realmente não da pra entender o que se passa na cabeça dela, não pode perder 5 minutos para atender quem a admira, tirar uma foto ou dar um autógrafo...

Mas afinal, se eu não estava no Rio para tirar fotos, que diabos eu estava fazendo lá? Mais uma vez: o objetivo principal era saciar minha curiosidade de quanto difícil seria tentar abordar Madonna. Já o objetivo secundário... Eu tenho uma amiga no Facebook, chamada Alícia*. Certo dia, conversando no Messenger, acabamos caindo pra putaria, o papo esquentou tanto que decidimos nos pegar caso um dia ela viesse a São Paulo ou eu fosse ao Rio. Não estávamos interessados em nos relacionar, seria isso e acabou.

De fato, nosso encontro aconteceu no dia seguinte, justamente quando os outros integrantes do U2 resolveram sair do hotel para atender aos fãs que os esperavam. Se estivesse lá, teria conseguido fotos com toda a banda, mas não estava. Do U2 só tenho foto com o The Edge, mas não me arrependo. Não sou fã, seriam apenas figurinhas novas, duas fotos a mais. Preferi fazer o que fiz, com quem fiz.

Aproveitei a oportunidade para conhecer pessoalmente Leandro, um dos hunters do Rio. Na noite anterior, fiz o corre acompanhado por Vitor, outro hunter do Rio. É sempre bacana trocar informações com quem faz o mesmo que eu em outras cidades, estados e até mesmo países.

No dia seguinte, encontrei Luciana, com quem iria a São Paulo para fazer o corre do Helloween. Antes de seguir ao aeroporto, fomos a uma loja de câmbio, pois em dois dias seria a minha viagem ao Chile. Como encontrei uma ótima cotação para os pesos chilenos, decidi comprar 3.000,00 reais em pesos chilenos. Foi um erro que saiu muito caro, eu deveria ter mantido o plano original, de levar dólares para pagar os hoteis e pesos para as despesas menores.

Parecia muito, mas não vale porra nenhuma!

domingo, 22 de outubro de 2017

Venom

Em 2010, Kevin me chamou para acompanha-lo no corre do Venom, mas era uma época em que eu só fazia corres de bandas que realmente sou fã, e esse não era o caso, então não aceitei. Venom é uma banda legal, mas somente isso. Não fico ouvindo o dia inteiro, não sei o nome de todos os álbuns nem de todas as músicas. A morte de Dio mudou minha mente em relação a isso. Por que não poderia tirar uma foto com Cronos & cia, pegar autógrafos, se tenho a habilidade necessária para conhece-los?! Desta forma, esperei por uma nova oportunidade.

Em 2012, o Venom foi anunciado como uma das bandas que tocaria no MOA (Metal Open Air). Todos sabem o que aconteceu, foi justamente a primeira banda a cancelar a vinda ao festival. Meu plano era encontrar com os integrantes na conexão de entrada ou de saída, como fiz com Dave Mustaine, já que o Megadeth se apresentou em São Luís/MA.

Em 2014, a banda estava escalada para tocar no Zoombie Ritual Festival, em Rio Negrinho/SC. Como no caso anterior, a ideia era conseguir encontra-los na conexão, mas mais uma vez deu ruim, pois a banda cancelou a participação devido a supostas falhas e quebras de contrato da produtora local.

Ainda em 2014, embora o nome tenha sido confirmado como um dos músicos que viria com o Metal All Stars, Cronos logo tratou de desmentir em uma postagem no Facebook, informando que não viria. Ele referiu-se à suposta participação como "boato", agindo como se seu nome foi anunciado sem que ele fosse contratado.

Então, foi necessário aguardar sete longos anos para que, enfim, a banda estivesse novamente no Brasil. Meu amigo Rodrigo Scelza era também amigo no Facebook do baterista Danny Needham, mais conhecido como Dante, então perguntou o hotel onde a banda ficaria, pois gostaria de aparecer com alguns amigos (eu, Samii, Carlos e Jessica) para conseguir autógrafos e tirar fotos. Na maior educação, Dante respondeu. Isso foi excelente pois, como a banda não vinha há muito tempo para o Brasil, poucas pessoas já conheceram seus integrantes, então seria bom evitar o aeroporto, pois estaria tomado pelos hunters do bem. Apenas não contávamos com o que eles aprontariam, que mudaria completamente o rumo do corre.

No aeroporto, Leo foi o primeiro a abordar a banda, já logo que os integrantes passaram pelo portão de desembarque. Foi atendido, foto e autógrafo, sem problema nenhum. Após atende-lo, Cronos disse que atenderia a todos os demais, mas antes queria fumar um cigarro. Sem entender inglês, uma das hunters do bem começou a berrar algo como "esperei 28 anos para te conhecer, por favor, tire uma foto comigo". Cronos respondeu: "Se você esperou 28 anos para me conhecer, então poderá esperar mais 5 minutos para eu fumar um cigarro".

Na época, a própria postou um vídeo onde se ouve claramente a resposta de Cronos, bem como os berros e o desespero, já que ninguém tinha inglês bom o bastante para entender o que ele disse, passando a acreditar que não atenderia mais ninguém. Infelizmente o vídeo foi apagado, seria delicioso exibir essa vergonha alheia por aqui, é uma verdadeira aula de como não fazer corre.

Com os pulmões devidamente abastecidos com nicotina, a banda toda atendeu todos que aguardavam, incluindo ela, que enfim conseguiu sua foto tão aguardada. Estaria feliz com o feito? Provavelmente não.

O grande problema veio a seguir: ela fez um post no Instagram acusando Cronos por uma suposta agressão. Em um mundo agora dominado pelas redes sociais, a coisa se espalhou como incêndio em um palheiro, e logo os principais sites especializados, no Brasil e no mundo, estampavam o relato em suas páginas.

A roadie Beatriz Paula descreveu o problema com o manager do Venom
Os fãs, é claro, ficaram revoltados. Alguns a criticaram por tentar conhecer o artista, mas a maioria abraçou a história e passou a hostilizar o vocalista e baixista. Um deles, entretanto, com um pouco mais de lucidez, conseguiu enxergar o óbvio: "eu gostaria de entender em que momento você foi agredida. Ele te disse "foda-se, esperou porque quis", depois tirou essa foto linda e te bateu... Não consigo entender a cronologia dos acontecimentos".

A verdade: após conseguir a foto com todos os integrantes, ela tentou conseguir uma foto individual com Cronos, que não entendeu sua intenção e respondeu que já tinha tirado foto com ela. Sem noção, ela é do tipo que abraça o artista, queira ele ser abraçado ou não - e sabemos que a maioria dos europeus não quer. Quando tentou abraça-lo, ele tentou afasta-la, e nesse movimento a mão de Cronos foi de encontro ao ombro dela, que interpretou o gesto como uma agressão, mas foi muito longe de ser um soco - isso é o que garantem outros hunters que estavam no local, inclusive Leo.

Inicialmente foi dito claramente: foi um soco. Quando questionada com "por que não fez boletim de ocorrência?" e "e seus amigos viram e não fizeram nada?", virou um soquinho. Depois da repercussão internacional, a história mudou mais uma vez: "nem doeu!". Simplesmente patético!

Como se isso já não fosse problema o bastante, o Venom também foi acusado de boicotar a banda brasileira de abertura no Chile. Beatriz Paiva, roadie do Nervosa, fez um post acusando o manager do Venom de sabotar deliberadamente o show das meninas, suprimindo a execução das últimas 4 músicas. Sem maiores explicações, a banda se viu obrigada a encerrar o show, deixando o palco livre para que o Venom se apresentasse.

Retornando à cena no aeroporto, Cronos ouviu a mesma figura que causou a confusão dizer que sairia do aeroporto diretamente para o hotel, então exigiu que o produtor os hospedasse em outro hotel. Esse é outro hábito irritante dela: o stalking. Já não conseguiu fotos e autógrafos?! Por que, então, continuar incomodando o artista? Vai no aeroporto, vai no hotel, volta no hotel no dia seguinte, vai no aeroporto novamente... É um grude que faz com que muitos artistas evitem fãs que agem dessa maneira. E Cronos já estava irritado o suficiente.

Dante entrou em contato com Rodrigo por mensagem, comunicando que o hotel mudaria, devido a problemas com fãs no aeroporto, mas que ainda não sabia para onde estavam indo. Da forma como foi dito, acreditamos ser muito pior do que realmente aconteceu, imaginamos pancadaria generalizada. Depois, Leo nos falou que não foi bem assim...

Um corre simples e garantido arruinado por uma figura problemática, que em diversas outras ocasiões já "causou", seja porque chegava ao hotel ou ao aeroporto com um batalhão de 10 ou 15 pessoas (ela é daquelas que diz que todos os amigos devem ser ajudados), seja por uma abordagem ruim... 

Sei que muitos tem coisas não muito boas a dizer a meu respeito. Podem dizer que não ajudo, que não passo informações, mas nunca, jamais, alguém poderá dizer que perdeu uma foto por minha causa, até porque, como não gosto de abordar, prefiro deixar que alguém o faça, então geralmente sou o último ou um dos últimos a ser atendido.

Por outro lado, muita gente já perdeu foto por causa das atitudes de Jonas, Anebelle, Dandara, Lombrigas, entre outros que não tem educação ou estabilidade emocional para estar em um corre, estressando o artista, os seguranças, os fãs, os hunters, as groupies, os produtores e quem mais estiver envolvido.

Em tese seria muito simples: bastava apenas esperar a banda chegar ao hotel e em 5 minutos o corre estaria terminado. Como sabia que seria rápido, decidi passar o dia hospedado no Tangará - um novo hotel que estava nos dando muitas dores de cabeça, pela fama de ser impenetrável. Muitos artistas hospedavam-se lá, incluindo mas não somente U2 e Paul McCartney. Resolvi conhecer melhor, ver qual eram as dificuldades, estudar os pontos fracos. Por isso, com a mudança inesperada do hotel do Venom, interrompi o corre. Me encontrei com Karina e fomos ao Tangará, onde ficamos até a manhã seguinte. Por sua vez, Carlos e Jessica foram para o Beco do Batman para encontrar com o U2. Eles tinham uma informação de que a banda gravaria um video no local.

Eu, Carlos e Jessica sabíamos em qual voo o Venom embarcaria para sair do país. Infelizmente, no trajeto entre o hotel e o aeroporto, encontrei trânsito infernal, a Marginal toda parada. Talvez se o trem já estivesse operacional (o que aconteceu somente no ano seguinte) fosse possível chegar, mas de táxi realmente não deu: quando eu estava entrando na Dutra, Carlos avisou que o Venom embarcou. Todos atenderam numa boa, incluindo Cronos.

Observe minhas fotos, especialmente as mais recentes: eu jamais toco no artista. Sempre poso ao lado dele, com os braços abaixados. É um padrão que adotei ao perceber o quanto pode ser irritante a um europeu ser abraçado por um desconhecido, mesmo que apenas para tirar uma foto. É uma questão de respeito, a cultura europeia é diferente, e cabe a nós respeitar. Somos nós que queremos uma foto com o artista, não ele conosco! Agora veja a foto de Carlos com Cronos: o vocalista está com a mão no ombro dele, justamente para impedir que ele o abrace. Apenas isso. Não o socou. Ele "agride" os hunters do bem e trata bem os hunters do mal. Por que será????


O jeito foi retornar para casa, assumindo uma derrota que não poderia acontecer, já que eu esperava pela banda há sete anos, e sabe-se lá quando voltará. A boa notícia é que quando voltar eu já sei que essa cidadã não estará lá para atrapalhar novamente.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Ian Anderson's Jethro Tull

Fui neste corre repetido, em que eu já tinha foto com todos, de uma banda que não sou tão fã, apenas para dar uma força para Samii, que ainda não tinha foto com Ian Anderson. Eu e ela ficamos algumas vezes desde que retornei de Belém, então ajuda-la a conseguir era o mínimo que eu poderia fazer por ela.

Samii enfim conseguiu sua foto com Ian Anderson e com todos os músicos da banda dele

Acabei nem tirando foto com todos os integrantes, faltou com o baixista David Goodier, mas não me importei, pois já tinha foto com ele. O guitarrista Florian Opahle devia estar de saco cheio de ver a minha cara, pois estava sorrindo na foto que tiramos em 2012, quando o encontrei pela primeira vez; em 2015 estava um pouco mais sério, agora estava com cara de cu. De qualquer forma, ele saiu da banda pouco depois desse show.

Desta vez o mala estava bonzinho, pois a foto rolou sem problemas
Florian Opahle ja devia estar de saco cheio de ver a minha cara
Scott Hammond tem cara de bonzinho e é bonzinho mesmo, sempre atende numa boa
John O'Hara também sempre atendeu sem problema nenhum