quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Ademir da Guia

No final de 2012, Ademir da Guia anunciou que estaria em um determinado horário no mercadão municipal, no centro de São Paulo. Fui até lá, mas o Divino não apareceu. Mais tarde, postou um pedido de desculpa em suas redes sociais, alegando ter passado mal, o que o obrigou a ver um médico. Ademir é considerado por muitos como o melhor jogador da história do Palmeiras. Não posso concordar nem discordar, pois não o vi jogar. Quando se aposentou do futebol, eu tinha apenas cinco anos. 

Existem alguns vídeos da época, mas apenas por vídeo já vi jogadores muito melhores. Entretanto, é necessário concordar que eram outros tempos. Ademir começou a jogar profissionalmente em 1960, mas a primeira transmissão colorida da televisão brasileira foi feita somente em 1972. Jogou apenas cinco anos com imagens registradas a cores. A primeira partida televisionada ao vivo no Brasil foi entre Corinthians x Palmeiras, válida pela decisão do Paulistão do IV Centenário de 1954 – disputada em fevereiro de 1955. No entanto, transmissões de futebol eram eventos raros, demorou quase duas décadas para que se tornassem corriqueiras.

A Copa de 1958 não foi televisionada, os brasileiros tiveram que acompanha-la pelo rádio. Em 1962 as coisas começaram a mudar com a televisão. Não era ao vivo mas o Chile é geograficamente perto. Numa façanha técnica e logística, os jogos realizados a tarde eram gravados em vídeo tape e a produção da TV Tupi se apressava para levar as fitas para o aeroporto, onde um avião aguardava para trazer a gravação para o Brasil. Pela primeira vez os paulistanos puderam ver, no mesmo dia, o jogo pela TV. Todos já sabiam o resultado, mas a emoção foi grande e os gols comemorados pelos telespectadores como se a partida fosse ao vivo. Em 1966, com a Copa sendo realizada na Inglaterra, os jogos só puderam ser vistos no dia seguinte, em razão da distância. A primeira Copa do Mundo transmitida ao vivo foi a de 1970.

O que quero dizer é que a maior parte de carreira de Ademir não foi registrada como deveria. Ou foram imagens em preto e branco ou foram momentos isolados. É difícil achar um jogo inteiro onde ele jogou para observar seus erros e acertos, sua movimentação, sua capacidade de dar assistências aos companheiros. Logo, não tenho como opinar sobre sua carreira.

A única coisa que me deixa com a pulga atrás da orelha em relação a ele é: por que não jogou uma Copa como titular? Ok, em 1962, 1966 e 1970 o titular era Pelé, mas Ademir não foi convocado nem mesmo para a reserva. Em 1974 foi, mas era reserva, jogou apenas 45 minutos na disputa de terceiro lugar com a Polônia, onde o Brasil foi derrotado por 1x0. Se observar que estamos falando do melhor jogador do Palmeiras de todos os tempos, sua falta de oportunidades na seleção me deixa incomodado. Foram apenas 12 jogos com a camisa da seleção brasileira.

Já no Palmeiras, ganhou cinco campeonatos Paulistas (1963, 1966, 1972, 1974 e 1976) e cinco campeonatos Brasileiros (1967, 1967, 1969, 1972 e 1973), mas só. Nada de Libertadores, foi apenas vice em 1968. Entre temporadas como titular e como reserva, o goleiro Marcos tem quatro campeonatos Paulistas (1993, 1994, 1996 e 2008), dois campeonatos Brasileiros (1993 e 1994), uma Libertadores (1999), além de títulos que não existiam na época de Ademir, tais como a Copa do Brasil 1998. Ok que o ilustre Borboleteiro despencou duas vezes para a série B mas ele, como Ademir, também é apontado como um dos grandes nomes da história do Palmeiras. Esse eu vi jogar, e não acho que tenha sido tudo isso. Ganhou apenas três torneios como titular: a Libertadores de 1999, o campeonato Brasileiro série B de 2003 e o campeonato Paulista 2008.

Enfim, chega de papo e vamos ao corre. Houve mais um evento do "Casa Palmeiras", novamente na Casa do Espeto, na rua Cotoxó, com a presença confirmada de Ademir da Guia. Era a oportunidade que eu estava esperando, ainda mais "do lado" de casa. Eu e Sheila fomos, conseguimos fazer a abordagem na entrada do evento. Simples, rápido e preciso!

sábado, 24 de agosto de 2013

Igor Cavalera

Corre é feito de oportunidades. Se não for de uma maneira, será necessário encontrar outra para fazer dar certo. Em 2011 o Cavalera Conspiracy abriu o show do Iron Maiden em São Paulo. Na ocasião, consegui conhecer Max Cavalera, mas nem sinal do Igor. No ano seguinte, fiz o corre do Soulfly, mas mais uma vez não vi Igor. Mais um ano se passou e Igor anunciou que estava organizando um bazar onde venderia literalmente tudo o que tinha para poder mudar-se do Brasil para Londres. Entre os ítens à venda, havia camisetas de bandas de metal, utensílios domésticos, livros, quadros, vinis, instrumentos musicais, toy art e até mesmo o disco de ouro que celebra um recorde de vendas do álbum Root do Sepultura. E é claro, ele estaria presente, isso significa corre!

Eu e Sheila fomos ao evento nada interessados em qualquer peça que estivesse à venda. O importante eram fotos e autógrafos. Mal chegamos e já o encontramos perambulando por entre os possíveis compradores. Fizemos a abordagem, foi fácil como roubar doce de criança.

Igor queria vender suas coisas, mas transformei a oportunidade em um corre
Consegui também o autógrafo de Max em 2014

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Jefferson Starship

Quando o Jefferson Starship veio ao Brasil, em 2013, apenas dois integrantes eram realmente antigos: Paul Kantner e David Freiberg estavam na formação original de 1974. Claro que os outros interessavam, mas esses eram os alvos principais. Paul era um pouco mais importante pois, remanescente da banda Jefferson Airplane, fundou a então nova banda, após a dissolução da anterior. 

Como eu não tinha a menor ideia de em que hotel os músicos poderiam estar, o jeito foi realizar uma investigação, fuçando nos perfis do Facebook de todos os integrantes, na esperança que algum postasse algo que elucidasse a questão. Não demorou e um deles postou algo muito interessante:


O prédio antigo e, principalmente, os postes de iluminação me remeteram imediatamente ao centro da cidade. Eu tinha a sensação de que já os tinha visto antes. Comecei a investigar os hotéis com vista para grandes avenidas, a começar pela Ipiranga e pela São João. Logo achei o hotel correto: San Raphael.

No Google Maps, achei tudo o que é visto na imagem: o prédio, o cruzamento, as faixas de pedestres e as demais pinturas na rua, as ilhas de travessia para pedestres... Eu nem sabia que existia um hotel ali. Anos mais tarde, Carlos me disse que quando o Motörhead veio ao Brasil em 1989, foi nesse hotel que Lemmy & cia ficaram. Inacreditável!

No dia seguinte, fui com a Sheila comprovar a teoria. Era a primeira vez que eu identificava um hotel por uma foto, então queria ter certeza de que a banda estava realmente lá. Entramos e esperamos no hall. Não demorou muito e a maioria dos músicos desceu, pois já era hora de seguirem para o show. Quando os abordamos, todos foram simpáticos, mas um deles - justamente o que postou a foto - quis saber como sabíamos que eles estavam lá. Respondi algo como "lembra da foto com a visão da rua que você postou ontem a noite? Pois é, obrigado" 😆

O problema é que, enquanto conversávamos, Paul Kantner saiu do elevador, mas não veio até onde estávamos, virou e seguiu para fora do hotel. Então, o jeito foi tirar uma foto rapidinho com os quatro e correr atrás dele. Então, desceu também a vocalista Cathy Richardson, e fez o mesmo que  Kantner. Conseguimos pega-la, mas ele já havia entrado na van. Como foi direto para o fundo do veículo, fiquei um pouco sem graça de pedir para ele sair e nos atender.

Essa hesitação selou o destino do corre, pois o resto dos músicos entrou na van, a porta se fechou, e seguiram seu caminho ao Manifesto Bar. Ou seja: tirei foto com todos os integrantes, menos com o mais importante de todos. Esse é aquele corre que, apesar do sucesso relativo, te deixa chateado por não ter feito um pouco melhor, principalmente porque Kantner jamais retornou ao Brasil. Ele faleceu em 2016 😯

Da esquerda pra direita: Chris Smith, David Freiberg, Richard Newman e Jude Gold
Cathy Richardson, vocalista do Jefferson Starship