Até 2016, os voos para o Brasil eram um tanto imbecis, pois os hubs aeroportuários ficavam todos na região sudeste, especificamente em São Paulo (Guarulhos) e no Rio de Janeiro (Galeão), o que obrigava os viajantes estrangeiros a voar muito mais horas. Dave Mustaine, que estava em Los Angeles, teve que voar até São Paulo (12 horas e 49 minutos de voo) para fazer conexão para São Luís (3 horas e 14 minutos). Se considerar a espera mínima de uma hora entre as conexões, o tempo total de viagem foi de 17 horas e 03 minutos, com um voo longo e um curto.
Sabendo disso, resolvi espera-lo no aeroporto, para tentar aborda-lo quando desembarcasse do voo internacional e tivesse que subir uma escada rolante e caminhar cerca de 300 metros até o portão de embarque nacional. Seria a oportunidade ideal, já que a maioria dos hunters da época não manjava de conexão - para dizer a verdade, acho que fui o primeiro a estudar e tentar fazer corres dessa maneira.
Em 2010, desisti cedo demais, quando não acompanhei Leo, Renata e Rafael ao aeroporto. Eles conseguiram uma foto com Mustaine irreconhecível, de óculos escuros e touca, mas ainda assim era uma foto com Dave Mustaine. Desta vez, eu estaria sozinho ou acompanhado de no máximo uma pessoa, então quem sabe conseguisse convencer um cara chato como ele a tirar uma foto.
Em 2011, quando a banda veio para o SWU, uma amiga, que sempre foi apaixonada por ele (como homem, não apenas como artista) conseguiu realizar seu sonho mais profundo: não apenas o conheceu, como ainda passou uma noite com ele. Ela não é groupie, não era do tipo que sempre estava nos hotéis, pronta para transar com qualquer integrante de qualquer banda. Seu lance era único e exclusivo com Mustaine.
Sabendo disso, decidi convida-la para tentar comigo. Era uma aposta arriscada: ou ele a atenderia facilmente, ou poderia fugir dela como o diabo foge da cruz, mas decidi arriscar ainda assim. Em ambos os casos, a reação seria estendida para mim. Se ela fosse atendida, eu também seria. Se fosse naba, seria em ambos.
O voo pousou cedo, por volta das 07:15. Quando chegamos ao aeroporto, já avistei o segurança que esperava por ele, era o mesmo que fez a segurança da banda no ano anterior, um cara com quem já tive certa amizade, mas que estava estranho há algum tempo. Ele me viu e não esboçou reação, então não nos cumprimentamos.
Quando Mustaine passou pelo portão de desembarque, ambos se abraçaram e o segurança carregou suas malas. Logo que nos viu, Mustaine ignorou-nos completamente. Ele e o segurança caminharam para o portão de embarque nacional, no andar superior. Incrédulos, eu e minha amiga caminhamos também, mas mantendo certa distância.
Antes de embarcar, ele decidiu descer novamente a escada rolante para tomar um café. Nessa hora, disse algo para o segurança, que olhou para nós e comunicou que ele iria atender, desde que soubéssemos esperar, deixando-o em paz para tomar café. É claro que concordamos. Quando terminou e retornou, passou por nós e apressou o passo, compreendi que aquela oportunidade estava realmente perdida. Nem ao menos o chamei quando isso aconteceu. Ele ainda passou próximo a nós mais uma vez - mais uma vez nem chamei - e desta vez encostou a passagem na catraca e embarcou.
Kevin chamou-me para tentar encontrar Mustaine na conexão de retorno, mas eu não aceitei acompanha-lo. Hoje essa tentativa seria impossível, já que a partir de 2016, quando novas passagens internas foram inauguradas, não é mais necessário aos passageiros sair pelo desembarque nacional e caminhar para entrar no embarque internacional. Agora tudo é feito internamente.
Quando Mustaine passou, Kevin tentou aborda-lo, oferecendo um "presente" (na verdade era um livrinho que ele comprou no próprio aeroporto por 5 reais, apenas para ter algo que talvez fizesse Mustaine parar). Os músicos do Megadeth estavam com ele, e atenderam Kevin sem problemas, mas Mustaine aceitou apenas autografar. Tão logo conseguiu se livrar, passou por uma lixeira e jogou o presente, sem ao menos abrir para saber o que era. Cara chato do inferno!
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