sábado, 27 de novembro de 2010

Twisted Sister

Eu e Sheila planejávamos, mais uma vez, assistir ao show, mas ela recuperava-se de uma torção no tornozelo, que exigiu intervenção cirúrgica, devido ao rompimento nos ligamentos. Por isso, usava uma bota ortopédica imobilizadora, o que a deixava com os movimentos limitados. Ainda assim, passamos o dia inteiro no aeroporto de Congonhas, a espera do Twisted Sister, que não desembarcou. Concluímos que a banda desceu em Guarulhos.

Do aeroporto, seguimos ao Via Funchal, onde fomos à bilheteria para retirar os ingressos sem a maldita taxa de conveniência. A casa, entretanto, recusou-se a aceitar a carteira de estudante dela. Somando isso à condição física da Sheila, com a mobilidade reduzida, desistimos. Optamos por gastar o dinheiro dos ingressos na hospedagem, mais uma vez no Hilton. Iríamos ao hotel de qualquer maneira, mas planejávamos seguir para lá somente depois do show. Já que não assistiríamos mais a banda, seguimos para lá.

Levamos montagens feitas a partir das fotos que conseguimos com cada integrante no ano anterior. A idéia era conseguir o autógrafo de todos, emoldurar e colocar na parede de casa. A missão, mais uma vez, pareceu fácil demais.

Antes do show, Mark Animal Mendoza apareceu e confraternizou com os fãs que estavam fora do hotel. Perguntou a todos se iriam ao show, sugerindo que se apressassem para não perder o início. Quando retornou, nos viu e, pela expressão, lembrou-se de nós. No hall, sentados em um sofá, estávamos prestes a levantar para falar com ele. Quando percebeu a bota que a Sheila usava, ficou bastante preocupado, apressando-se em ajuda-la a levantar. Quis saber o que acontecera, e desejou completa recuperação. Depois, encontrou-se com os outros integrantes, e todos saíram para o show.


Quando a banda retornou, surpresa: apesar dos poucos fãs dentro e fora do hotel, os músicos usaram uma entrada alternativa, subindo rapidamente para seus aposentos. No entanto, não demorou para que Jay Jay descesse e atendesse a todos. Ele nos concedeu uma mini-entrevista, onde qualquer um poderia perguntar o que quisesse.

Uma van estacionou em frente à entrada principal e, de dentro, saiu o sempre doido e bem-humorado A.J. Pero – o único que ainda não havia voltado do show - dizendo algo como "por que vocês não me esperaram para a festa começar?!". A.J. foi cercado pelos fãs, atendendo a todos, enquanto fazia caretas e dizia frases engraçadas.

Meu último momento com o baterista A.J. Pero, que faleceu em 2015

O problema é que Jonas*, na esperança de ser o primeiro a ser atendido pelo músico, “voou em cima dele”, quase derrubando a Sheila que, lembrando, estava com o tornozelo imobilizado. O clima de festa estava estragado e a grande pergunta é “por que?”, já que A.J. sempre foi legal e sempre atendeu a todos. Quase soquei Jonas ali mesmo, mas deixei para lá. Depois ele se desculpou, mas não adianta, porque sempre consegue ser pior numa próxima ocasião.

Mark desceu a seguir e atendeu os fãs, embora o número tenha aumentado para cerca de 50. O bom é que, apesar do ocorrido, os fãs deixavam os músicos em paz ao conseguir fotos e autógrafos. Então eles permaneciam entre nós, sem que ninguém mais os cercasse, já que haviam atendido a todos.

Quando Eddie desceu, foi abordado, ainda dentro do hotel, por um fã. Eu e Sheila fomos os próximos e conseguimos nossas fotos e autógrafos. Neste momento, porém, a segurança falhou completamente ao permitir a invasão do hall pelos fãs que estavam do lado de fora, tendo certo trabalho para recoloca-los para fora. Fã que não sabe abordar banda é tenso, sempre atrapalha. Mas Eddie não os decepcionou e também atendeu fora. Diferentemente dos demais, fez apenas o básico, retornando ao hotel assim que não havia ninguém mais a atender. Ainda assim, fantástico!


Ás vezes me pergunto se os integrantes do Twisted Sister já foram fãs abordando suas bandas prediletas, porque eles têm a noção exata do que muitos passam para viver aqueles momentos. Como no ano anterior, a banda encomendou pizzas para distribuir aos fãs. Mas já era tarde, e após se alimentar, os fãs se dispersaram. Não demorou para que eu Sheila fôssemos dormir. Entre quem não estava hospedado, houve quem passou o resto da noite esperando pela descida de Dee Snider, que não aconteceu.

No dia seguinte, quando desci para fumar um cigarro, encontrei Jay Jay mais uma vez atendendo a todos fora do hotel. Mark também apareceu, mas o ponto negativo foi mesmo Dee Snider, que deu as caras somente para ir embora, ignorando a todos completamente. Cercado por seguranças, tirou foto somente com um conhecido produtor de shows de São Paulo, obviamente amigo pessoal do produtor responsável pelos shows da banda no Brasil. Dee ignorou até mesmo os seis fãs que estavam hospedados. Quem não estava, sequer conseguiu vê-lo. Diz a lenda que ele estava doente. Para mim, Dee foi simplesmente um babaca.


O pior dos piores

Conheci Jonas na fila do Manifesto Bar, no After Party do Kiss, no ano anterior. Ele, como Carlos, Estéfano e o Mestre, faz corres há muito mais tempo que eu. À primeira vista é simpático, tenta ser amigo de todos, elogia o tempo todo. Sempre diz que a amizade é mais importante que as fotos:  “a banda vai, os amigos ficam”. Mas não tem o menor pudor em atrapalhar quem quer que seja. Não respeita nada nem ninguém. Depois que a merda está feita, sempre se desculpa, alegando ficar emocionado quando o artista aparece - mesmo fazendo isso há pelo menos 30 anos.

Já o vi ser arrastado para fora do hotel por não saber se comportar. Em 2015, foi bêbado ao hotel do Testament e incomodou hóspedes, fazendo com que um hotel que sempre foi bacana com os fãs adotasse políticas para mante-los longe. Mas o auge foi quando Ace Frehley veio a São Paulo em 2017. Ao passar pelo portão de desembarque, o músico foi abordado por Léo, e aceitou tirar fotos. Sem nunca conseguir esperar a vez, Jonas grudou no Ace, atrapalhando a foto do Léo e conseguindo uma selfie ruim. Tanto fez, que o músico reclamou para o dono da produtora, alegando que não foram contratados seguranças para protege-lo. A partir de então, recusou-se a atender qualquer outro fã em São Paulo.

Tudo o que posso dizer sobre Jonas é ruim. Ele é a pessoa mais desprezível que conheci nesta vida.

domingo, 21 de novembro de 2010

Paul McCartney

Mal sabia eu que estava prestes a conseguir o maior feito de minha “carreira”, e sozinho, sem ajuda de ninguém. Paul McCartney se apresentaria em São Paulo. Todos os hunters com quem falei disseram que seria impossível, e nenhum deles apareceu no hotel naquele final de semana. 

Antes de continuar, é necessário compreender porque era tão importante para mim conseguir conhece-lo. Apesar de a banda da minha vida ser o Iron Maiden, sei, desde que nasci, que sou um filho dos Beatles. Meus pais se conheceram em 1970 e o primeiro papo entre eles foi sobre a banda de Liverpool. Nasci dois anos depois, e cresci cercado das músicas deles e das carreiras solo de seus integrantes. Lembro bem da cara de bunda que meu pai chegou em casa no dia em que John Lennon foi assassinado. Lembro das discussões intermináveis que apontavam Yoko Ono como a causadora da separação do quarteto. Lembro da viagem para o Rio de Janeiro que eles fizeram em 91 para ver Paul McCartney pela primeira vez no Brasil, e de quanto eles comentaram sobre o show de 93 em São Paulo.

Quando foram anunciados os shows no Brasil, uma ideia me veio à mente: se consegui abordar a banda da minha vida, por que não proporcionar aos meus pais a mesma oportunidade?! Não é mais possível conhecer John e George, e Ringo até então nunca tinha vindo ao Brasil, mas poderíamos tentar abordar McCartney para, quem sabe, conseguir uma foto e um autógrafo. Após falar com meus velhos, e perceber que se animaram com a ideia, bolei cuidadosamente um plano para fazer dar certo.

No dia do show, lá estávamos eu, Sheila e meus pais, hospedados no Grand Hyatt. Você, fã de Paul, sacrificaria o espetáculo pela possível oportunidade de ver Sir Paul McCartney de perto? Foi o que meus pais fizeram. Chegamos de manhã ao hotel, e não havia sinal dele, certamente recluso em sua suíte presidencial.

De tarde, o único sinal de vida foi na hora da saída de Paul para o estádio do Morumbi. Uns vinte fãs estavam na parte de dentro do hotel, hospedados, e não poderiam ser retirados pelos seguranças. Mais quarenta o esperavam do lado de fora. Os seguranças bem que tentaram isolar a área, mas os fãs que estavam fora deram um show de má educação ao cercar o carro e bater nos vidros. Sinceramente: o que eles achavam que iriam conseguir se comportando assim, berrando e pulando?! Depois não sabem porque falam mal do Brasil lá fora...


Ao perceber o número de fãs que também tiveram a idéia de se hospedar, e constatar a atitude chiliquenta de alguns deles, comecei a desconfiar que seria muito difícil ter acesso a ele. No entanto, nossa grande vantagem estava justamente no fato de não irmos no show. Aos poucos, os fãs foram se encaminhando ao estádio, mas ficamos ali, no hall, esperando pela volta de Paul. Somente quatro pessoas talvez não o assustassem, e quem sabe conseguíssemos alguma coisa. 

De repente apareceu um homem, que sabemos tratar-se do segurança pessoal de McCartney. Ele observou o álbum que minha mãe carregava, Ram, e disse, em inglês, para ela relaxar, pois ainda faltava pelo menos uma hora para Paul retornar. Em seguida, se dirigiu a mim e à Sheila, dizendo que Paul havia pedido para que ele selecionasse vinte fãs, que seriam atendidos assim que retornasse ao hotel. Todos nós estávamos entre os escolhidos, primeiro porque não havia muita gente a escolher, segundo porque fomos observados de tarde pela segurança, que percebeu que não éramos ameaça alguma ao Paul. Uau! Por essa eu não esperava mesmo!

Após uma hora, ele nos chamou e pediu para que aguardássemos do lado de fora do hotel. A essa altura, estava no hall também um casal, que também foi convidado para participar. Ela estava com um vestido extremamente curto e um decote provocante, enquanto ele não largava a filmadora. E foi ali que percebemos que havia algo errado. Ao invés de comemorar a grande chance oferecida, o casal iniciou uma discussão, dizendo que estavam hospedados e não iriam sair, mas acabaram cedendo. Lá fora, nos unimos a cerca de dez fãs que não estavam hospedados, mas também foram selecionados para a inusitada sessão de autógrafos. 

O segurança explicou que seria apenas um autógrafo por pessoa, e que fotos e filmagem estavam proibidos. Também pediu para que organizássemos uma fila. O casal mais uma vez começou a destoar, primeiro por não o deixar falar, interrompendo a cada instante, e depois, tentando retornar para dentro do hotel, com câmeras na mão - especialmente quando enfim chegou o ônibus com Paul. Eu perdi a foto com o Dio por causa de fãs assim, e agora ele estava morto. Se isso acontecesse novamente, por causa dos dois, certamente o pau ia comer. Todos na fila estavam irritados com o casal, que parecia estar ali apenas para tumultuar.

Após a chegada do ônibus, outra coisa passou a nos preocupar: se começassem a chegar os fãs que foram ao show, ninguém conseguiria nada, nem nós, nem eles. Seria muita gente, muita bagunça. Percebendo isso, os seguranças fizeram quem estava na fila entrar para a área em frente ao hotel, onde os carros manobram. Foi tudo extramamente organizado. 

Quando nos demos conta, lá estava ele, bem na nossa frente. Eu era um dos primeiros da fila e logo estava cara a cara com ele, tão próximo que se esticasse o braço poderia toca-lo. Ele me disse "good night", eu respondi o mesmo, retribuindo o cumprimento. Entreguei uma foto da banda e ele, sem querer, começou a autografar sobre outro músico. Percebendo o erro, olhou para mim e disse "eu assinei em cima dele, mas você sabe que o autógrafo é meu". Extremamente simpático e amigável. Foi tudo muito rápido, mas simplesmente mágico.

Meus pais foram atendidos na sequência. Ao sair, meu pai tremia como se não tivesse acreditado que conseguiu conhecer Paul McCartney após quase 50 anos como fã. Minha mãe olhava o autógrafo, como boba, petrificada. Eu disse: “mãe, aproveite enquanto ele ainda está atendendo, e olhe para ele. Você terá todo o tempo do mundo para olhar o autógrafo, quando ele entrar”.


Acho que Paul não demorou nem dois minutos para atender a todos. Ele acenou, despedindo-se, e entrou no hotel sem ser incomodado. Olhei em volta: tinha gente chorando, mas todos estavam em êxtase, com a exata noção de quanto foram privilegiados. A única coisa a lamentar foi não ter conseguido uma foto com ele, mesmo que coletiva. Ainda assim, não havia o que reclamar. Tínhamos quatro itens autografados, fantástico!

A dispersão dos fãs também foi rápida. Quem não estava hospedado se despediu e voltou para casa. Quem estava, entrou no hall. Então, os seguranças abordaram o casal que ficou tumultuando, confiscando os autógrafos que conseguidos. Mais tarde, encontramos um outro fã, arrasado, que havia levado um baixo idêntico ao utilizado por McCartney, mas o músico se recusou a autografar. Por um momento fiquei com pena.

Mais tarde, reencontramos o segurança, que perguntou se estávamos felizes. Estávamos extasiados, claro. Ele explicou que os dois que formavam o casal eram impostores do Pânico, estavam lá só para tumultuar mesmo. Quanto ao cidadão que teve o autógrafo no baixo negado, explicou que ele já havia conseguido o autógrafo em outro baixo idêntico, em Porto Alegre. Outra fã argumentou que não era o mesmo fã, mas se era, perdi a pena dele na mesma hora, pois certamente conseguiria o autógrafo para vender. Nem mesmo eu, que sou fã do Iron Maiden, venderei meu autógrafo um dia. Sei bem quanta gente gostaria de estar em meu lugar. E, sem dúvida, é uma bela história para contar em qualquer ocasião...


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Carl Palmer

Houve o show do lendário baterista Carl Palmer, ex integrante da banda Emerson, Lake & Palmer. Não sabíamos em qual hotel ele estava, então encontrei-me com Kevin e Deca no Carioca Club, onde aconteceu o show. Claro que tínhamos em mente que o Carioca é uma casa de pagode que ganha dinheiro extra alugando suas dependências para a realização de shows de rock e metal. Mas é desolador perceber que, naquela noite, Carl Palmer “abriu” para o Art Popular, o que estava bem claro no luminoso que tem na entrada do lugar.


Fernando, um amigo de Kevin, apareceu e também queria tentar conseguir fotos e autógrafos. Isso foi bom, pois como tinha carro, nos deu a possibilidade de seguir a van após o show. A banda estava no Estamplaza da Alameda Santos (que mais recentemente teve o nome alterado para Capcana). Na chegada, Palmer entrou sem atender ninguém; mas o motorista da van disse que logo desceria, pois ele o levaria para jantar. Aproveitamos para abordar os músicos da banda.


Paul Bielatowicz, guitarrista do Carl Palmer
Simon Fitzpatrick, baixista do Carl Palmer

Quando Palmer deceu, Kevin o abordou. Na maior má vontade, tirou fotos com Kevin, Deca e o Fernando. Então, olhou para mim e correu para a van. Se desse naba em todos, não haveria problema. Mas que palhaçada é essa de atender alguns e outros não?! Isso eu não iria tolerar. Puto da cara, decidi espera-lo pelo tempo que fosse necessário. Kevin e Deca, embora tivessem conseguido, resolveram ficar, apenas para me fazer companhia.

Foram longas cinco horas até que ele retornasse. E eu lá, em frente ao hotel, com cara de quem mataria alguém naquele dia. Palmer, embora fosse bem maior que eu, percebeu minha expressão de poucos amigos, então assinou tudo o que eu tinha e tirou a foto sem reclamar.