Eu e Sheila planejávamos, mais uma vez, assistir ao show, mas ela recuperava-se de uma torção no tornozelo, que exigiu intervenção cirúrgica, devido ao rompimento nos ligamentos. Por isso, usava uma bota ortopédica imobilizadora, o que a deixava com os movimentos limitados. Ainda assim, passamos o dia inteiro no aeroporto de Congonhas, a espera do Twisted Sister, que não desembarcou. Concluímos que a banda desceu em Guarulhos.
Do aeroporto, seguimos ao Via Funchal, onde fomos à bilheteria para retirar os ingressos sem a maldita taxa de conveniência. A casa, entretanto, recusou-se a aceitar a carteira de estudante dela. Somando isso à condição física da Sheila, com a mobilidade reduzida, desistimos. Optamos por gastar o dinheiro dos ingressos na hospedagem, mais uma vez no Hilton. Iríamos ao hotel de qualquer maneira, mas planejávamos seguir para lá somente depois do show. Já que não assistiríamos mais a banda, seguimos para lá.
Levamos montagens feitas a partir das fotos que conseguimos com cada integrante no ano anterior. A idéia era conseguir o autógrafo de todos, emoldurar e colocar na parede de casa. A missão, mais uma vez, pareceu fácil demais.
Antes do show, Mark Animal Mendoza apareceu e confraternizou com os fãs que estavam fora do hotel. Perguntou a todos se iriam ao show, sugerindo que se apressassem para não perder o início. Quando retornou, nos viu e, pela expressão, lembrou-se de nós. No hall, sentados em um sofá, estávamos prestes a levantar para falar com ele. Quando percebeu a bota que a Sheila usava, ficou bastante preocupado, apressando-se em ajuda-la a levantar. Quis saber o que acontecera, e desejou completa recuperação. Depois, encontrou-se com os outros integrantes, e todos saíram para o show.
Quando a banda retornou, surpresa: apesar dos poucos fãs dentro e fora do hotel, os músicos usaram uma entrada alternativa, subindo rapidamente para seus aposentos. No entanto, não demorou para que Jay Jay descesse e atendesse a todos. Ele nos concedeu uma mini-entrevista, onde qualquer um poderia perguntar o que quisesse.
Uma van estacionou em frente à entrada principal e, de dentro, saiu o sempre doido e bem-humorado A.J. Pero – o único que ainda não havia voltado do show - dizendo algo como "por que vocês não me esperaram para a festa começar?!". A.J. foi cercado pelos fãs, atendendo a todos, enquanto fazia caretas e dizia frases engraçadas.
Meu último momento com o baterista A.J. Pero, que faleceu em 2015 |
O problema é que Jonas*, na esperança de ser o primeiro a ser atendido pelo músico, “voou em cima dele”, quase derrubando a Sheila que, lembrando, estava com o tornozelo imobilizado. O clima de festa estava estragado e a grande pergunta é “por que?”, já que A.J. sempre foi legal e sempre atendeu a todos. Quase soquei Jonas ali mesmo, mas deixei para lá. Depois ele se desculpou, mas não adianta, porque sempre consegue ser pior numa próxima ocasião.
Mark desceu a seguir e atendeu os fãs, embora o número tenha aumentado para cerca de 50. O bom é que, apesar do ocorrido, os fãs deixavam os músicos em paz ao conseguir fotos e autógrafos. Então eles permaneciam entre nós, sem que ninguém mais os cercasse, já que haviam atendido a todos.
Quando Eddie desceu, foi abordado, ainda dentro do hotel, por um fã. Eu e Sheila fomos os próximos e conseguimos nossas fotos e autógrafos. Neste momento, porém, a segurança falhou completamente ao permitir a invasão do hall pelos fãs que estavam do lado de fora, tendo certo trabalho para recoloca-los para fora. Fã que não sabe abordar banda é tenso, sempre atrapalha. Mas Eddie não os decepcionou e também atendeu fora. Diferentemente dos demais, fez apenas o básico, retornando ao hotel assim que não havia ninguém mais a atender. Ainda assim, fantástico!
Ás vezes me pergunto se os integrantes do Twisted Sister já foram fãs abordando suas bandas prediletas, porque eles têm a noção exata do que muitos passam para viver aqueles momentos. Como no ano anterior, a banda encomendou pizzas para distribuir aos fãs. Mas já era tarde, e após se alimentar, os fãs se dispersaram. Não demorou para que eu Sheila fôssemos dormir. Entre quem não estava hospedado, houve quem passou o resto da noite esperando pela descida de Dee Snider, que não aconteceu.
No dia seguinte, quando desci para fumar um cigarro, encontrei Jay Jay mais uma vez atendendo a todos fora do hotel. Mark também apareceu, mas o ponto negativo foi mesmo Dee Snider, que deu as caras somente para ir embora, ignorando a todos completamente. Cercado por seguranças, tirou foto somente com um conhecido produtor de shows de São Paulo, obviamente amigo pessoal do produtor responsável pelos shows da banda no Brasil. Dee ignorou até mesmo os seis fãs que estavam hospedados. Quem não estava, sequer conseguiu vê-lo. Diz a lenda que ele estava doente. Para mim, Dee foi simplesmente um babaca.
O pior dos piores
Conheci Jonas na fila do Manifesto Bar, no After Party do Kiss, no ano anterior. Ele, como Carlos, Estéfano e o Mestre, faz corres há muito mais tempo que eu. À primeira vista é simpático, tenta ser amigo de todos, elogia o tempo todo. Sempre diz que a amizade é mais importante que as fotos: “a banda vai, os amigos ficam”. Mas não tem o menor pudor em atrapalhar quem quer que seja. Não respeita nada nem ninguém. Depois que a merda está feita, sempre se desculpa, alegando ficar emocionado quando o artista aparece - mesmo fazendo isso há pelo menos 30 anos.
Já o vi ser arrastado para fora do hotel por não saber se comportar. Em 2015, foi bêbado ao hotel do Testament e incomodou hóspedes, fazendo com que um hotel que sempre foi bacana com os fãs adotasse políticas para mante-los longe. Mas o auge foi quando Ace Frehley veio a São Paulo em 2017. Ao passar pelo portão de desembarque, o músico foi abordado por Léo, e aceitou tirar fotos. Sem nunca conseguir esperar a vez, Jonas grudou no Ace, atrapalhando a foto do Léo e conseguindo uma selfie ruim. Tanto fez, que o músico reclamou para o dono da produtora, alegando que não foram contratados seguranças para protege-lo. A partir de então, recusou-se a atender qualquer outro fã em São Paulo.
Tudo o que posso dizer sobre Jonas é ruim. Ele é a pessoa mais desprezível que conheci nesta vida.