Dois dias se passaram e retornei ao centro de treinamento do Palmeiras para tentar conseguir fotos e autógrafos com os jogadores. Logo na saída de casa, um pequeno contratempo: o motorista do 99 fez um caminho diferente, então o questionei e ele respondeu que estava a caminho do CT do Palmeiras. Como seguindo a rua onde estávamos provavelmente chegaríamos à Avenida Sumaré, sosseguei, pois pensei que poderia ser apenas um congestionamento na Avenida Pompéia, com o GPS sugerindo o caminho alternativo para nos livrar do trânsito.
Quando, no entanto, o carro ultrapassou a rua que deveria entrar para ir pela Av. Sumaré, questionei novamente, e realmente estávamos indo para o CT do Palmeiras, só que um em Cerqueira César ou algo assim. Não entendi nada, porque me certifiquei de colocar o endereço correto antes de sair de casa, até porque utilizei o celular da Arianne, e não conseguiria fazer mudanças de itinerário no caminho. Percebido que realmente houve um erro, pedi para finalizar a corrida e me levar até o CT correto, da Av. Marquês de São Vicente, com esse trecho da corrida sendo pago a parte em dinheiro.
Além da corrida sair pelo dobro do valor previsto, ainda perdi Gabriel Menino e Breno Lopes, que saíram do CT pouco antes de eu chegar, embora apenas Menino tenha atendido. Talvez se eu estivesse e mostrasse a foto, isso faria Breno Lopes parar. Talvez...
A dupla de amigos que estava há dois dias também estava lá, para eles só faltavam as assinaturas de Felipe Melo e Luiz Adriano para completar a tarefa. Eles comentaram que venderiam a camisa autografada para um comprador na Suíça. Certíssimos! Pandemia deixou ruim o lado de todo mundo, e todos temos que arrumar um jeito de ganhar dinheiro para sobreviver à crise.
Se você acompanha meus relatos, saberá que eu sempre disse que sou péssimo fisionomista. Neste dia eu descobriria quanto. Enquanto a dupla aguardava pelos jogadores faltantes estava fácil. Quando um carro saía, eles diziam quem era, e eu e Anebelle conseguíamos as fotos e, se fosse o caso, o autógrafo. O primeiro a sair foi Victor Luis. Atendeu e foi simpático. O segundo foi o zagueiro Alan Empereur que, como há dois dias, atendeu numa boa. Eu não tirei foto com ele na primeira oportunidade mas agora, com a câmera, a história foi outra.
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Lateral-esquerdo Victor Luis |
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Zagueiro Alan Empereur |
Na sequência, saíram dois carros, o da frente com Kuscevic e o de trás com Gabriel Veron. Decidimos tentar somente com Veron, até porque ele era um dos 13 jogadores que eu tinha foto para assinar. É meio quietão, mas assinou numa boa.
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O atacante Gabriel Veron
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Em seguida veio um dos alvos da dupla das camisas, Felipe Melo. Ele parou o carro e as assinou. Quando chegou minha vez, olhou para a foto que levei e perguntou se era para mim ou para vender. Respondi que era para mim e que, se ele quisesse, poderia colocar nominal. "Vou confiar em você. Você sabia que na Europa, quando alguém aparece com foto bonita assim, é pra vender"? Apenas concordei com a cabeça, mas sim, eu sabia. Sei bem como funciona o mercado de vendas de fotos mundial, tenho amigos europeus que vivem disso.
Pra dizer a verdade, todas as fotos que eu conseguisse eram sim pra vender. Mas não em eBay, não em leilão, não por rios de dinheiro. Eram para um comprador específico, que as encomendou, por absoluta falta de tempo e saco para conseguir por si mesmo. Se Felipe quisesse assinar nominal, sem problemas, eu passaria a me chamar "Fabio". Ele tem que entender que estamos em uma pandemia, muita gente impedida de trabalhar pelos (des)governantes, galera com uma puta dificuldade em ganhar dinheiro, sem auxílio emergencial e que cada um se vira como pode.
Se ele se incomoda com a venda de autógrafos, eu me incomodo com quem bate pênalti como o que ele perdeu na disputa pelo terceiro lugar do Mundial. Quem aguenta as gozações e provocações dos adversários somos nós. Daqui há 20 anos ainda ouviremos piadinhas sobre quando fomos para a Doha e perdemos do Tigres e do Al-Ahly. Então, Felipe Melo... Da um tempo e assina logo essa porra, que isso não te custa absolutamente nada!
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Apesar do questionamento, o volante Felipe Melo também autografou numa boa |
Nem tinha conseguido a foto ainda, e Anebelle já estava surtada porque outro carro parou, esperando que o carro de Felipe Melo saísse para poder passar. Com certeza ela pensou que fosse jogador. Eu sabia que não era, mas imaginava, pelo jeitão, que era alguém da equipe técnica. Ah, dane-se, tirei uma foto com ele também, por que não?! Depois pesquisei no site oficial do Palmeiras e descobri quem é.
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Preparador físico Marco Aurélio Schiavo |
Logo após, saiu o carro do Lucas Lesma, ops, Lima. Anebelle bem que tentou faze-lo parar, mas ele não quis saber de papo, nem ao menos abriu a janela. Só soubemos que era ele graças à dupla de amigos, que nos disse. E enfim aconteceu o que eu temia: Luiz Adriano apareceu e atendeu. Foi caladão, mas beleza, deve ser o jeito dele, o importante é atender. Mas isso significa que não teríamos mais a consultoria da dupla de amigos e que estaríamos à própria sorte para reconhecer os jogadores. Se estivessem sem máscara, provavelmente eu os reconheceria, mas se estivessem com, ferrou...
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O atacante Luiz Adriano também foi caladão, mas atendeu |
O primeiro carro a passar após a dupla ir embora foi o de Gustavo Gomez. Naqueles poucos segundos, eu sabia que o conhecia, mas não lembrei quem era, então não entreguei a foto para autografar. Foi só o carro sair que lembrei e lamentei. Boné + mascara, isso ajuda tanto [/ironia]... Weverton veio a seguir, mas não o reconheci, consegui apenas com ajuda de amigos, quando cheguei em casa e pedi ajuda no Facebook.
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Demorei demais para reconhecer o zagueiro Gustavo Gomez, fiquei sem autógrafo |
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Não reconheci o goleiro Weverton, e fiquei sem mais um autógrafo |
Viña foi o próximo e, como há dois dias, quando não tirei foto, atendeu numa boa. Wesley veio a seguir e também nos atendeu.
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O lateral esquerdo Matías Viña é sempre gente boa |
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Fiquei em dúvida se era mesmo o atacante Wesley ou se era Emerson Santos. Como disse, sou péssimo fisionomista |
Um carro saiu do CT com dois garotos da base que não fui capaz de reconhecer, mas mesmo assim Anebelle quis tirar as fotos, então tirei com eles também. Meus amigos palmeirenses do Facebook também não reconheceram. O próximo a sair foi um jogador que não fui capaz de reconhecer na hora mas em casa, por comparação, concluí que seria o goleiro Vinicius Silvestre. Como é difícil fazer corre pandêmico...
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Mesmo sem máscara não fui capaz de reconhecer |
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Também não fui capaz de reconhecer |
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Demorei mas reconheci, é o goleiro Vinicius Silvestre |
Mais um jogador que só reconheci em casa, com a ajuda dos amigos do Facebook: o atacante Rafael Elias, anteriormente conhecido como Papagaio. Ao menos, em minha defesa, posso dizer que não conhecia sua aparência, já que ele jogou pouco no time profissional, e estava afastado por doping há 14 meses.
A seguir veio Emerson Santos - desta vez não tive dúvidas de quem era - e fiquei feliz em ter conseguido essa foto, pois ele está de saída para o para o Kashiwa Reysol. A negociação será concretizada na próxima semana, após a final da Copa do Brasil. Ele fez parte do elenco campeão da Libertadores. Depois que cada jogador deixa o clube e toma seu rumo, é quase impossível conseguir conhecer todos.
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Atacante Rafael Elias, que no passado foi conhecido como Papagaio |
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Zagueiro Emerson Santos |
Anebelle tinha horário marcado na polícia federal para tirar passaporte. O local era próximo, mas ela se comprometeu a voltar quando fosse liberada. Após chamar o Uber, teve direito a uma última tentativa. Um carro saiu e ela acenou e berrou como sempre. Eu via que o motorista gesticulava algo, mas não sabia exatamente o que, pois os vidros eram muito escuros. Quando o vidro enfim foi abaixado, era o presidente Mauricio Galiotte, que disse no maior bom humor "eu já atendi vocês há dois dias". Realmente. Eu não tirei outra foto com ele, mas Anebelle sim. De certa forma, é justo, pois há dois dias tínhamos apenas um celular, e agora eu estava com a câmera boa.
Quando o Uber chegou, fiquei totalmente sozinho, mas com uma informação na cabeça, que a dupla das camisas passou há dois dias: o carro de Rony é vermelho e baixo. Algum tempo depois, um carro com essas características saiu do CT. Me posicionei e acenei, dando a entender que queria um autógrafo. O carro parou. Mas aí, fudeu! Não parecia ser o Rony. Fiquei completamente na dúvida, e pela terceira vez neste dia, estava com um dos jogadores alvo em minha frente e não entreguei a foto para autografar. Porra Rony... Boné + óculos fodeu tudo. Uma amiga de Facebook até o achou bonito quando postei a foto. Depois, quando mostrei uma foto dele como jogador, mudou de ideia.
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O atacante Rony pareceu completamente diferente do que é em campo. Ao menos foi mega gente boa |
Quando Anebelle retornou, começou a chover, e é claro que deste modo nenhum carro pararia mais. Finalizamos. Minha ideia era retornar no dia seguinte, pois haveria treino no Allianz Parque. A dupla das camisas informou que quando é assim, todos os jogadores se reúnem no CT, onde tomam um ônibus para ir juntos ao treinamento. A chance de uma nova tentativa seria no retorno ao CT, quando todos usariam seus carros particulares para deixar o local. Anebelle, entretanto, não poderia retornar, e deixamos nossa terceira tentativa para outra ocasião.