segunda-feira, 8 de março de 2021

Abel Ferreira (fail)

Em 07 de março de 2021 o Palmeiras sagrou-se campeão da Copa do Brasil 2020, ao ganhar do Grêmio por 2x0, gols de Wesley e Gabriel Menino. Logo após o apito final e as devidas comemorações no gramado, o técnico português Abel Ferreira anunciou, na coletiva de imprensa, que passaria alguns dias em Portugal para matar a saudade da família.


Abel chegou ao Palmeiras no começo de novembro de 2020, e antes disso trabalhava no PAOK, da Grécia, então provavelmente estava sem ver esposa e filhos há mais de seis meses. Se fosse uma situação normal, é possível que sua família já estivesse no Brasil, mas estávamos em uma fase complicada da pandemia, e a situação brasileira sempre esteve muito pior do que a portuguesa.

Devido à paralização de quatro meses que ocorreu no futebol tão logo a pandemia começou, a temporada 2020 invadiu 2021 e terminou somente em março para o Palmeiras. Para tentar compensar, foram muitos jogos em pouco tempo, pelo Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Taça Libertadores da América, o que levou todo o elenco à exaustão. Mesmo com o Campeonato Paulista 2021 iniciando na mesma semana, o presidente Mauricio Galiotte autorizou 10 dias de férias para todos, comissão técnica e jogadores.

Um grupo formado pela maioria dos jogadores considerados titulares, mais o Abel Ferreira, tiraria a primeira folga de 10 dias, enquanto os demais disputariam o Paulistinha. Quando retornassem às atividades, um segundo grupo, formado pelos reservas mais utilizados na temporada, mais os outros integrantes da comissão técnica, iniciaria seus 10 dias de descanso.

O grande problema foi a pandemia. Abel simplesmente não encontrava uma maneira de ir a Portugal, já que as fronteiras estavam fechadas para viajantes brasileiros. Ele poderia entrar, pois é cidadão português, mas não havia voos. Mesmo assim, teria que cumprir um período mínimo de 14 dias de quarentena tão logo chegasse ao país. Com a moral em alta pela conquista da Libertadores da América e da Copa do Brasil, Abel teve a ampliação de seu período de descanso autorizada pelo presidente, mas ainda assim não conseguia uma maneira de chegar à Europa.

Os jogadores titulares iniciaram as férias, mas Abel permaneceu, participando normalmente dos treinamentos no CT. Entretanto, seguindo o que já estava estabelecido, quem comandou a equipe no jogo de estreia, contra o São Caetano, foi o auxiliar João Martins, embora Abel ainda estivesse no Brasil.

Sem ter toda essa informação, tão logo soube da intenção de Abel de ir a Portugal, enxerguei uma boa oportunidade para encontra-lo no aeroporto. A família de Abel mora em Porto, mas os únicos voos para Portugal a partir de Guarulhos são para Lisboa. Sem problemas, chegando lá ele poderia tomar outro voo para chegar em casa. Após uma pesquisa no Google, descobri que haveria um voo para Lisboa no dia seguinte à conquista da Copa do Brasil, às 17:00hs. Combinei com Anebelle e fomos.

Quando chegamos, o balcão de check-in da TAP estava fechado e o voo não aparecia no quadro como uma das partidas previstas para o dia. Conversei com funcionários do aeroporto, que informaram que a TAP não estava operando durante a pandemia. Google filho da puta, me induziu ao erro! Só nos restou comer um lanche no McDonalds e retornar para casa.

Passei a acompanhar as notícias intensamente, à procura de uma pista que me levasse a encontra-lo na saída do Brasil. Descobri que haveria um voo de repatriação na quinta feira, dia 11, e que Abel planejava estar nele. Embora fosse fruto de um acordo entre os governos do Brasil e de Portugal, não era nada barato ser um dos passageiros, pois era necessário desembolsar €890. Para Abel e seu salário de treinador de ponta no futebol brasileiro, não deveria ser um problema.

Mais uma vez fui ao aeroporto e acompanhei atentamente, à distância, o check-in de cada passageiro do voo. Nenhum deles era Abel. Confuso, retornei para casa, onde descobri que a dona da Crefisa e da Faculdade das Americas, Leila Pereira, cedeu gentilmente seu avião para que Abel fosse para Portugal. Sim, a aeronave tem autonomia para fazer a travessia do oceano Atlântico, fazendo apenas uma escala para reabastecimento nos Açores.

Não foi desta vez que consegui conhecer Abel Ferreira, apesar de ir duas vezes ao aeroporto

Pra quem acha que é sorte, ou que levo uma vida imensamente divertida conhecendo tantas celebridades e personalidades, é fato que ninguém leva em consideração a quantidade de horas que gasto para conhecer cada um deles, o dinheiro gasto, as diversas idas frustradas aos hotéis e aeroportos. A verdade é que as pessoas veem apenas o que consigo, mas não o que não consigo. Fazer corres, mesmo com uma taxa alta de sucesso como a minha, muitas vezes não é tão divertido nem tão fácil quanto parece.

Após passar 20 dias em Portugal, Abel retornou, mais uma vez utilizando o avião de Leila, que fez na volta as mesmas escalas da ida, quando retornou a Portugal para buscar o técnico. Eu acompanhei em tempo real pelo Flightaware, o que me fez prever com precisão que Abel desembarcaria em Congonhas. Após atravessar o oceano e o Brasil, o avião pousou por volta das 04:00hs no Galeão e lá permaneceu por algum tempo. Foi fácil adivinhar que estava à espera da abertura de Congonhas, o que de fato aconteceu.

No entanto, Anebelle estava sem carro, e eu não queria gastar com Uber para chegar lá, e de repente, o cara não atender. Sempre tem chance da naba acontecer, e eu não estava a fim de correr o risco após duas idas frustradas ao aeroporto. Seria desmoralizante. Melhor aguardar uma oportunidade melhor.

quinta-feira, 4 de março de 2021

Jogadores do Palmeiras - Parte II

Dois dias se passaram e retornei ao centro de treinamento do Palmeiras para tentar conseguir fotos e autógrafos com os jogadores. Logo na saída de casa, um pequeno contratempo: o motorista do 99 fez um caminho diferente, então o questionei e ele respondeu que estava a caminho do CT do Palmeiras. Como seguindo a rua onde estávamos provavelmente chegaríamos à Avenida Sumaré, sosseguei, pois pensei que poderia ser apenas um congestionamento na Avenida Pompéia, com o GPS sugerindo o caminho alternativo para nos livrar do trânsito.

Quando, no entanto, o carro ultrapassou a rua que deveria entrar para ir pela Av. Sumaré, questionei novamente, e realmente estávamos indo para o CT do Palmeiras, só que um em Cerqueira César ou algo assim. Não entendi nada, porque me certifiquei de colocar o endereço correto antes de sair de casa, até porque utilizei o celular da Arianne, e não conseguiria fazer mudanças de itinerário no caminho. Percebido que realmente houve um erro, pedi para finalizar a corrida e me levar até o CT correto, da Av. Marquês de São Vicente, com esse trecho da corrida sendo pago a parte em dinheiro.

Além da corrida sair pelo dobro do valor previsto, ainda perdi Gabriel Menino e Breno Lopes, que saíram do CT pouco antes de eu chegar, embora apenas Menino tenha atendido. Talvez se eu estivesse e mostrasse a foto, isso faria Breno Lopes parar. Talvez...

A dupla de amigos que estava há dois dias também estava lá, para eles só faltavam as assinaturas de Felipe Melo e Luiz Adriano para completar a tarefa. Eles comentaram que venderiam a camisa autografada para um comprador na Suíça. Certíssimos! Pandemia deixou ruim o lado de todo mundo, e todos temos que arrumar um jeito de ganhar dinheiro para sobreviver à crise.

Se você acompanha meus relatos, saberá que eu sempre disse que sou péssimo fisionomista. Neste dia eu descobriria quanto. Enquanto a dupla aguardava pelos jogadores faltantes estava fácil. Quando um carro saía, eles diziam quem era, e eu e Anebelle conseguíamos as fotos e, se fosse o caso, o autógrafo. O primeiro a sair foi Victor Luis. Atendeu e foi simpático. O segundo foi o zagueiro Alan Empereur que, como há dois dias, atendeu numa boa. Eu não tirei foto com ele na primeira oportunidade mas agora, com a câmera, a história foi outra.

Lateral-esquerdo Victor Luis
Zagueiro Alan Empereur

Na sequência, saíram dois carros, o da frente com Kuscevic e o de trás com Gabriel Veron. Decidimos tentar somente com Veron, até porque ele era um dos 13 jogadores que eu tinha foto para assinar. É meio quietão, mas assinou numa boa.

O atacante Gabriel Veron

Em seguida veio um dos alvos da dupla das camisas, Felipe Melo. Ele parou o carro e as assinou. Quando chegou minha vez, olhou para a foto que levei e perguntou se era para mim ou para vender. Respondi que era para mim e que, se ele quisesse, poderia colocar nominal. "Vou confiar em você. Você sabia que na Europa, quando alguém aparece com foto bonita assim, é pra vender"? Apenas concordei com a cabeça, mas sim, eu sabia. Sei bem como funciona o mercado de vendas de fotos mundial, tenho amigos europeus que vivem disso.

Pra dizer a verdade, todas as fotos que eu conseguisse eram sim pra vender. Mas não em eBay, não em leilão, não por rios de dinheiro. Eram para um comprador específico, que as encomendou, por absoluta falta de tempo e saco para conseguir por si mesmo. Se Felipe quisesse assinar nominal, sem problemas, eu passaria a me chamar "Fabio". Ele tem que entender que estamos em uma pandemia, muita gente impedida de trabalhar pelos (des)governantes, galera com uma puta dificuldade em ganhar dinheiro, sem auxílio emergencial e que cada um se vira como pode.

Se ele se incomoda com a venda de autógrafos, eu me incomodo com quem bate pênalti como o que ele perdeu na disputa pelo terceiro lugar do Mundial. Quem aguenta as gozações e provocações dos adversários somos nós. Daqui há 20 anos ainda ouviremos piadinhas sobre quando fomos para a Doha e perdemos do Tigres e do Al-Ahly. Então, Felipe Melo... Da um tempo e assina logo essa porra, que isso não te custa absolutamente nada!

Apesar do questionamento, o volante Felipe Melo também autografou numa boa

Nem tinha conseguido a foto ainda, e Anebelle já estava surtada porque outro carro parou, esperando que o carro de Felipe Melo saísse para poder passar. Com certeza ela pensou que fosse jogador. Eu sabia que não era, mas imaginava, pelo jeitão, que era alguém da equipe técnica. Ah, dane-se, tirei uma foto com ele também, por que não?! Depois pesquisei no site oficial do Palmeiras e descobri quem é.

Preparador físico Marco Aurélio Schiavo

Logo após, saiu o carro do Lucas Lesma, ops, Lima. Anebelle bem que tentou faze-lo parar, mas ele não quis saber de papo, nem ao menos abriu a janela. Só soubemos que era ele graças à dupla de amigos, que nos disse. E enfim aconteceu o que eu temia: Luiz Adriano apareceu e atendeu. Foi caladão, mas beleza, deve ser o jeito dele, o importante é atender. Mas isso significa que não teríamos mais a consultoria da dupla de amigos e que estaríamos à própria sorte para reconhecer os jogadores. Se estivessem sem máscara, provavelmente eu os reconheceria, mas se estivessem com, ferrou...

O atacante Luiz Adriano também foi caladão, mas atendeu

O primeiro carro a passar após a dupla ir embora foi o de Gustavo Gomez. Naqueles poucos segundos, eu sabia que o conhecia, mas não lembrei quem era, então não entreguei a foto para autografar. Foi só o carro sair que lembrei e lamentei. Boné + mascara, isso ajuda tanto [/ironia]... Weverton veio a seguir, mas não o reconheci, consegui apenas com ajuda de amigos, quando cheguei em casa e pedi ajuda no Facebook.

Demorei demais para reconhecer o zagueiro Gustavo Gomez, fiquei sem autógrafo
Não reconheci o goleiro Weverton, e fiquei sem mais um autógrafo

Viña foi o próximo e, como há dois dias, quando não tirei foto, atendeu numa boa. Wesley veio a seguir e também nos atendeu. 

O lateral esquerdo Matías Viña é sempre gente boa
Fiquei em dúvida se era mesmo o atacante Wesley ou se era Emerson Santos. Como disse, sou péssimo fisionomista

Um carro saiu do CT com dois garotos da base que não fui capaz de reconhecer, mas mesmo assim Anebelle quis tirar as fotos, então tirei com eles também. Meus amigos palmeirenses do Facebook também não reconheceram. O próximo a sair foi um jogador que não fui capaz de reconhecer na hora mas em casa, por comparação, concluí que seria o goleiro Vinicius Silvestre. Como é difícil fazer corre pandêmico...

Mesmo sem máscara não fui capaz de reconhecer
Também não fui capaz de reconhecer
Demorei mas reconheci, é o goleiro Vinicius Silvestre

Mais um jogador que só reconheci em casa, com a ajuda dos amigos do Facebook: o atacante Rafael Elias, anteriormente conhecido como Papagaio. Ao menos, em minha defesa, posso dizer que não conhecia sua aparência, já que ele jogou pouco no time profissional, e estava afastado por doping há 14 meses.

A seguir veio Emerson Santos - desta vez não tive dúvidas de quem era - e fiquei feliz em ter conseguido essa foto, pois ele está de saída para o para o Kashiwa Reysol. A negociação será concretizada na próxima semana, após a final da Copa do Brasil. Ele fez parte do elenco campeão da Libertadores. Depois que cada jogador deixa o clube e toma seu rumo, é quase impossível conseguir conhecer todos.

Atacante Rafael Elias, que no passado foi conhecido como Papagaio
Zagueiro Emerson Santos

Anebelle tinha horário marcado na polícia federal para tirar passaporte. O local era próximo, mas ela se comprometeu a voltar quando fosse liberada. Após chamar o Uber, teve direito a uma última tentativa. Um carro saiu e ela acenou e berrou como sempre. Eu via que o motorista gesticulava algo, mas não sabia exatamente o que, pois os vidros eram muito escuros. Quando o vidro enfim foi abaixado, era o presidente Mauricio Galiotte, que disse no maior bom humor "eu já atendi vocês há dois dias". Realmente. Eu não tirei outra foto com ele, mas Anebelle sim. De certa forma, é justo, pois há dois dias tínhamos apenas um celular, e agora eu estava com a câmera boa.

Quando o Uber chegou, fiquei totalmente sozinho, mas com uma informação na cabeça, que a dupla das camisas passou há dois dias: o carro de Rony é vermelho e baixo. Algum tempo depois, um carro com essas características saiu do CT. Me posicionei e acenei, dando a entender que queria um autógrafo. O carro parou. Mas aí, fudeu! Não parecia ser o Rony. Fiquei completamente na dúvida, e pela terceira vez neste dia, estava com um dos jogadores alvo em minha frente e não entreguei a foto para autografar. Porra Rony... Boné + óculos fodeu tudo. Uma amiga de Facebook até o achou bonito quando postei a foto. Depois, quando mostrei uma foto dele como jogador, mudou de ideia.

O atacante Rony pareceu completamente diferente do que é em campo. Ao menos foi mega gente boa

Quando Anebelle retornou, começou a chover, e é claro que deste modo nenhum carro pararia mais. Finalizamos. Minha ideia era retornar no dia seguinte, pois haveria treino no Allianz Parque. A dupla das camisas informou que quando é assim, todos os jogadores se reúnem no CT, onde tomam um ônibus para ir juntos ao treinamento. A chance de uma nova tentativa seria no retorno ao CT, quando todos usariam seus carros particulares para deixar o local. Anebelle, entretanto, não poderia retornar, e deixamos nossa terceira tentativa para outra ocasião.

terça-feira, 2 de março de 2021

Jogadores do Palmeiras - Parte I

Fiz algo que queria há muito tempo, mas sempre adiava: ir até o Centro de Treinamento do Palmeiras, na Avenida Marquês de São Vicente, para verificar se é possível conseguir fotos e autógrafos com os jogadores. Eu realmente não sabia muito o que esperar. Convidei Denis, que sempre me chamava para fazer corre de jogadores do Palmeiras, mas até então não fizemos nenhum, exceto uma comemoração com ex jogadores no Espaço das Américas. Estava tudo mais ou menos combinado, quando ele notou o horário da maioria dos treinos da semana (10:00hs) e disse que não rolaria, pois teria que trabalhar. O jeito foi chamar Anebelle, mas isso sempre acaba custando caro demais.

Estou sem celular há muito tempo, então não tenho como me comunicar quando estou fora de casa. Combinamos de nos encontrar no CT por volta das 15:30hs, já que o treino seria às 16:00hs. Pouco antes de sair de casa, um contratempo. Eu vendi alguns livros para o Carlos, que sugeriu encontra-lo na catraca da estação Água Branca para entrega-los. Isso, porém, não deveria gerar grande atraso, pois eu estaria de 99. Eu tinha avisado a doida que eu teria que passar na Foto Aleska (onde faço a revelação das fotos para autógrafos) e depois seguiria para o CT. Com a nova informação, avisei que daria também uma passada na estação Água Branca, mas que não deveria demorar e que, mesmo que atrasasse um pouco, chegaria antes das 16:00hs. De fato, cheguei antes das 15:45hs, mas nem sinal da louca.

Por volta das 16:30, ela apareceu. Disse que chegou às 15:35hs, não me viu, achou que eu tinha dado o cano, mandou 500 mensagens me xingando no Messenger (que estava online no computador de casa) e foi passear no shopping Bourbon, já que não apareci. Mas que diabos de louca do inferno... Quem diabos chega e não é capaz de esperar 10 minutos sem fazer loucura?????? Enfim, eu sabia o que me aguardava quando aceitei fazer corres com ela, tinha certeza que mais cedo ou mais tarde viria xaropada...

Reconhecer os jogadores era responsabilidade minha, já que ela não para de falar, não presta atenção no corre, mas também não é capaz de identificar os jogadores. É daquelas que diz que é palmeirense mas que nem ao menos assiste aos jogos. Se não bastasse, somos péssimos fisionomistas. No primeiro corre pandêmico que fizemos, do Salt Bae, ele provavelmente passou na nossa frente, de máscara, no aeroporto, e simplesmente não o reconhecemos. Eu realmente não me sentia seguro para fazer corre dos jogadores, ainda mais com ela. Denis tem uma capacidade de reconhecimento muito maior que a minha, mas infelizmente não pode me acompanhar.

Pouco mais tarde, chegaram 3 ou 4 torcedores para fazer o mesmo que nós. Mal os viu, e Anebelle já começou a reclamar. Por minha vez, achava ótimo, pois alguém poderia ajudar a reconhecer os jogadores de máscara. Uma dupla de amigos trouxe duas camisas do Palmeiras já quase totalmente assinadas, e um cartaz com o nome dos jogadores que faltavam: "só falta vocês, por favor, pare e assine". É claro que vieram outras vezes para conseguir os autógrafos, e já estavam familiarizados até mesmo com os carros dos jogadores. Quando era um carro que já conheciam, nos avisavam quem estaria nele. Quando não, eles mesmo tentavam abordar. Eu estava adorando aquilo, e Anebelle reclamando, mas agora um pouco menos, já que percebeu que poderiam ser úteis.

O primeiro jogador a deixar o local foi Zé Rafael. A doida pulava, berrava e gesticulava em frente ao carro, dando a entender que queria uma foto. Peguei a câmera para tirar a foto dela, mas mais uma surpresa não muito agradável aconteceu: simplesmente esqueci de verificar se estava com o cartão de memória. Pedi o celular dela para tirar a foto e ela, ao invés de ser ágil, queria discutir porquê esqueci o cartão. Felizmente Zé Rafael teve paciência para que a foto pandêmica com celular rolasse. Eu não tirei com ele, tirei apenas a dela, o que se repetiria em todas as fotos que aconteceram esse dia. Foto pandêmica de celular não dá, né?!

Kuscevic foi o segundo a sair e também parou o carro, numa boa. Viña foi o terceiro, mas usando máscara, não o reconheci. Como Anebelle também não sabia quem era, tirei a foto dela, e os torcedores presentes nos ajudaram a identificar. Um carro chegou e os torcedores perceberam que o cidadão que ocupava o banco de passageiro era o presidente Mauricio Galiotte. Era a chance da doida conseguir a foto, já que eu havia conseguido a minha um mês antes, em um evento no Palmeiras. Todos os presentes foram falar com ele, que tirou fotos e ainda cumprimentou um a um pandemicamente (ou seja, aquela encostada de mão fechada). É um cara legal!

Empereur saiu do local caminhando e atendeu numa boa também. Alguns carros importados, um mais caro que o outro, saíram do local, mas não pararam. Às vezes parece que Anebelle nunca levou uma naba na vida, fica reclamando, é um saco... Também não reconheci o próximo a deixar o local, embora estivesse sem máscara: o ex jogador Edu Dracena, agora integrante da equipe técnica. Gente finíssima, não apenas parou o carro e tirou foto, mas ainda trocou ideia com quem estava no local.

O funcionário responsável pela portaria deu um toque na galera que o que tinha que acontecer já tinha acontecido. "Hoje os titulares não treinaram e os reservas ficarão em concentração para o jogo de amanhã contra o Corinthians". Era semana de final de Copa do Brasil, o Palmeiras venceu o primeiro jogo em Porto Alegre por 1x0 e estava em preparação para o segundo confronto.

Os outros torcedores desistiram e foram embora, não sem antes anunciar que retornariam em dois dias. Então chegou uma mulher carregando um uniforme do Palmeiras para bebê e disse que tentava conseguir um presente para seu chefe, cuja esposa estava para dar à luz. O tempo todo repetia que estava morrendo de vergonha, e que não era capaz de reconhecer nenhum jogador. Isso não nos ajudaria em nada. Porém, após falar com um dos funcionários da portaria, ele incrivelmente pegou a peça, levou para dentro, e devolveu devidamente autografada após alguns minutos. Confesso que fiquei com certa inveja, mas a maioria dos jogadores que eu realmente queria ver não estavam lá.

Eu tinha uma lista com 14 alvos, 13 jogadores e o técnico Abel Ferreira. São eles: Jaílson, William, Luiz Adriano, Raphael Veiga, Felipe Melo, Patrick de Paula, Gabriel Menino, Rony, Gustavo Gomez, Gabriel Verón, Gustavo Scarpa e Weverton. Somente deles eu tinha imagens para autografar. O resto, seria apenas para tirar foto. Só que, neste dia, não vi nenhum deles. Já estava anoitecendo, finalizamos, mas decidimos retornar em dois dias, quando haveria treino dos titulares.