sábado, 26 de outubro de 2019

Epica + Eder Jofre

Eu já tenho um monte de fotos com o Epica, mas como ficar em casa quieto quando Simone Simons está vindo aí?! Há muito fã de Epica que diz que Simone é chata, e eu discordo completamente. Chatos são os fãs de Epica, que andam em bando (apenas lembrando, por exemplo, de 2016 no Epica Fest: estava eu, o Carlos e a Jessica em frente ao hotel quando, de repente, chegou de uma vez cerca de 20 fãs. Que banda que gosta de ver multidão em frente ao hotel?!) e gostam de pegar no artista (como esquecer das inúmeras vezes que já ouvi Simone dizer a algum fã "don't touch my hair"?!). Então, com o Epica, vindo ao país mais uma vez, lá estava eu novamente.

Desta vez, fui com o amigo Roberto. Ele ainda não tinha fotos com a banda e adoraria ter conhecer Simone (quem não?!). Ele passou na minha casa de carro e fomos ao aeroporto. Quando chegamos, encontramos o mesmo pessoal de sempre. Corre de Epica é atemporal, pois em todas as oportunidades aparecem os mesmos fãs. Mas reparei algo que me chamou atenção: havia um grupo de torcedores com a camisa do São Paulo, incluindo um mascote fantasiado. Quem seria o são paulino ilustre prestes a desembarcar? Uma das meninas que estava conosco perguntou para eles, e a resposta foi sensacional: Eder Jofre, tri-campeão mundial de boxe. Sensancional! Com certeza o abordaríamos também.

Quando a banda desembarcou, todos atenderam na área onde as vans pegam as bandas. A primeira a atender foi justamente Simone. Em seguida consegui com os sempre gente finíssima Mark Jansen e Ariën van Weesenbeek, e com Isaac Delahaye. Por algum motivo, não vi Rob van der Loo e Coen Janssen, mas alguns de meus amigos tiraram fotos com eles. Provavelmente eles entraram na van enquanto eu estava tirando as fotos de Roberto e de outros amigos presentes, ou enquanto Roberto tirava as minhas fotos com os quatro que citei. Sem problemas, já tenho com todos mais de uma vez. O importante é que consegui mais uma foto com Simone, o resto sempre será bônus.

Simone Simons, vocalista do Epica
Mark Jansen, guitarrista e vocalista do Epica
Ariën van Weesenbeek, baterista do Epica
Isaac Delahaye, guitarrista do Epica

Quando a van partiu, todos os fãs se dissiparam e foram embora. Apenas eu, Roberto, Juliana e Luh retornamos ao terminal para esperar por Eder Jofre, que também não demorou a desembarcar. Neste dia, ele tinha 83 anos e eram notórios seus problemas de saúde que os anos de boxe lhe trouxeram. Após a recepção do grupo que o esperava, o abordamos assim que percebemos uma oportunidade. Sinceramente?! Deu dó! Quando o abordei, percebi que ele prestou atenção ao que falei, mas simplesmente não conseguiu reagir. Não me disse nem sim nem não. Sua reação foi próxima de zero. Triste demais!

Eder Jofre, a maior lenda do boxe brasileiro. Infelizmente, talvez ele mal pudesse compreender porque eu estava ali


domingo, 13 de outubro de 2019

Brasil Game Show e Whiplash

O evento Brasil Game Show, ou simplesmente BGS, trazia alguns convidados interessantes, especialmente John Romero, que é um conhecido designer de jogos e programador, responsável pela popularização dos jogos de tiro em primeira pessoa, como Wolfenstein 3D, Doom e Quake, que ficaram conhecidos mundialmente. Passei boa parte de minha vida jogando Doom e Quake, então é claro que eu gostaria de conhece-lo. Jogo até hoje, aliás.

Na sexta feira, 11 de outubro, fui com Alisson ao Novotel Center Norte. Era apenas um chute, pela proximidade do hotel com o evento, que aconteceu na Expo Center Norte. Após esperar por algumas horas, nem sinal dele ou de outros convidados do evento: não era o hotel correto. Eu monitorava muitos convidados no Instagram, mas nenhum deles postava nada que me ajudasse a descobrir onde estavam hospedados. No sábado, passei o dia todo monitorando, sem resultado algum. No domingo, restava o aeroporto, mas não havia como saber se ele passaria pelo terminal 2 ou pelo 3. O jeito foi tentar a sorte.

Carlos me acompanhou, ele não estava muito interessado nos convidados do BGS, mas sim, na banda Whiplash, que se apresentou no Guaru Metal Fest no mesmo final de semana. Mal chegamos ao terminal 3 e avistamos um suspeito - que usava um crachá do evento no pescoço. Ainda não tínhamos certeza de quem era, mas sabíamos que deveria ser um dos atores que veio para o BGS.

Acompanhado por outro homem, ele seguiu a pé pela passagem que liga os terminais 2 e 3, rumo ao terminal 2. Os seguimos à distância, tentando identifica-los com a ajuda da internet. Quando concluímos que eram os atores Shawn Fonteno e Ned Luke, que emprestaram suas vozes a personagens de jogos famosos como Grand Theft Auto V, entre outros, os abordamos. Ambos foram muito gente boa.

Ned Luke e Shawn Fonteno eram atrações do BGS porque emprestaram suas vozes a personagens de GTA V

Eu ainda tinha esperança de encontrar ao acaso com outro bônus sensacional: o nipônico Shota  Nakama, criador da Video Game Orchestra e produtor musical de games. A bem da verdade: qualquer homem que se preze gostaria de conhecer Shota Nakama. Tirar uma foto com Shota Nakama, então, é coisa de louco. Ok, parei, estou muito quinta série hoje...

Foi uma longa tarde, nada acontecia, já havia até anoitecido... Sem ter o que fazer, ficávamos confabulando acerca de como abordaríamos Shota Nakama se ele aparecesse. Apenas nos imagine chamando por ele em pleno terminal 3: "Mr. Shota, Mr. Shota". Não dá pra ter maturidade com um nome desses, não dá! 😆

De repente, avistamos o Whiplash vindo em nossa direção, já que estávamos próximos ao portão de embarque. Aproveitamos para abordar os integrantes, que foram todos legais.

Tony Portaro, vocalista e guitarrista do Whiplash 
Dank Delong, baixista do Whiplash
Ron Lipnicki, baterista do Whiplash

Já estava conformado que os demais convidados foram pelo terminal 2, e que eu havia perdido a chance de conhecer John Romero e Shota Nakama. De repente, um oriental passou por nós, acompanhado por um casal brasileiro. Eles se despediram antes dele entrar no corredor que leva ao portão de embarque. Foi então que ficou de frente para mim, e pude ter certeza: era ele.

O abordei chamando-o por Mr. Nakama. Ele disse que ficou surpreso por alguém esperar por ele no aeroporto, e eu respondi que todos esperam por Shota Nakama o tempo todo e em qualquer lugar. Ele sabe bem o que a fonética de seu nome significa em português, então entendeu a piada. Todos rimos bastante. É um cara legal. Desejamos uma boa viagem e o vimos passar pelo portão.

Agora sou um homem feliz, tenho foto com Shota Nakama

Com John Romero, meu principal alvo no final de semana, não teve jeito, ele provavelmente embarcou no terminal 2. Agora é torcer para que um dia volte ao Brasil, e que eu tenha melhor sorte quando isso acontecer. Infelizmente, não é possível ganhar todas...


domingo, 6 de outubro de 2019

Iron Maiden + Richard Marx

Parte 1: aeroporto

Muitos fãs acreditam que o Ed Force One é um avião pertencente ao Iron Maiden. O Boeing 757-200 (G-OJIB), utilizado na turnê Somewhere Back in Time em 2008 e 2009, e o outro 757-200 (G-STRX), utilizado na The Final Frontier World Tour, eram da Astraeus Airlines, empresa aérea inglesa que tinha Bruce Dickinson como um de seus comandantes. Logo, a aeronave era apenas arrendada para uso da banda. Como a empresa interrompeu suas atividades em 21 de novembro de 2011, esse foi o principal motivo para a banda não utilizar o avião na Maiden England World Tour, que durou de agosto de 2012 a julho de 2014.

Para a The Book of Souls World Tour, que durou entre fevereiro de 2016 e julho de 2017, a banda conseguiu arrendar um avião maior, Boeing 747-400 (TF-AAK), da Air Atlanta. A turnê seguinte, a deste relato, chamou-se Legacy of the Beast World Tour e se inciou em maio de 2018. Embora a desculpa oficial fosse que os equipamentos da turnê não caberiam em apenas um 747, a verdade é que a banda teve dificuldades para arrendar uma aeronave. Em um mundo pré corona virus, os custos de arrendamento eram astronômicos até para uma mega banda como o Iron Maiden, então provavelmente não compensaria o investimento.

Deste modo, com meses de antecedência, eu já sabia que a banda chegaria ao país em um voo comercial e preparei-me para isso, estudando os possíveis voos de chegada e as possíveis conexões ao Rio de Janeiro, já que o primeiro show no Brasil seria lá. Não há voo direto da cidade do México para São Paulo, logo, a conexão em São Paulo é obrigatória.

Além disso, eu já tinha muitos amigos hunters mexicanos, e um deles confirmou o número do voo em que a banda embarcou para São Paulo. Apenas três fãs se aventuraram no aeroporto: eu, Carlos e Arianne. Quando chegamos, a área de desembarque no terminal 2 estava completamente vazia. Não havia ninguém esperando por parentes ou amigos, não havia seguranças, não havia nada. Estranho, mas mantivemos a espera.

Um a um, vimos quando os integrantes da equipe técnica da banda, que eu conheço tão bem, passaram pelo portão de desembarque e caminharam para o balcão de conexões. Os músicos, entretanto, não desembarcaram. Após esperar por algum tempo, concluímos que foram retirados por alguma saída especial, uma medida exagerada da segurança, já que não havia ninguém esperando por eles além de nós. Uma banda de seis músicos encontraria três fãs. Haveria, portanto, mais banda do que fãs.

Artistas com fãs problemáticos, com potencial para causar tumulto às operações normais do aeroporto sempre tem a alternativa de utilizar passagens especiais para embarcar, desembarcar ou fazer conexão. Esse, entretanto, é um procedimento que gera custo extra para a empresa responsável pelo artista, bem como é bastante burocrático: não basta querer utilizar passagens especiais, é necessário provar que é absolutamente necessário. Logo, não parecia possível ser o caso nesta ocasião.

Por alguns dias fiquei sem entender o que aconteceu. A informação do mexicano era certa. Por que, então, a banda não desembarcou? Dias depois, descobri a verdade: a equipe e Steve Harris seguiram para o Rio, enquanto os outros integrantes se hospedaram em São Paulo. Neste momento, é claro, eu não tinha ideia, então assumi que a banda seguiu para o Rio de Janeiro.

Parte 2: à procura do hotel

No dia seguinte ao show no Rock in Rio, era claro que a banda viria para São Paulo. Se aeroporto não foi opção na conexão, seria menos ainda no dia em que todos os fãs imaginavam que a banda chegaria. O jeito seria descobrir o hotel. Por meses eu e Carlos acreditamos que o Iron Maiden ficaria no Tangará, pois é um hotel isolado, de difícil acesso, ideal para uma banda que já está de saco cheio de interagir com os fãs. Quando, no mês anterior, Bon Jovi não ficou no Fasano, onde sempre ficou, mas também não ficou no Tangará, nossa tese foi por terra. A nova desconfiança era que a banda ficaria no Hyatt.

Aqui farei uma pausa para outra história relacionada: em 2018, um médico, que é meu amigo no Facebook, iniciou uma conversa no Messenger, dizendo que era muito fã, que gostaria de conhecer a banda e bla bla bla. Esse tipo de coisa acontece o tempo todo, mas o diferencial foi que ele ofereceu dois mil reais apenas para eu dizer em que hotel o Iron Maiden ficaria. Eu nunca fiz corres para ganhar dinheiro, e confesso que foi uma oferta tentadora, mas considerei absurdo lucrar com isso.

Como é alguém que eu sabia que não iria aprontar, causar ou atrapalhar, respondi que não precisava pagar, desde que aceitasse se hospedar e me registrasse como convidado. Eu adiantaria o lado dele, fornecendo a informação que ele queria, e ele adiantaria o meu, pois eu não precisaria gastar com hospedagem. Parecia um bom acordo para nós.

Comentei que achava que a banda ficaria no Tangará, e imediatamente ele fez a reserva, que não era reembolsável caso fosse cancelada. Eu disse "está maluco?! Isso é apenas uma suspeita, não significa que a banda realmente ficará lá". Ele respondeu "eu sei, mas confio em você, se você diz que ficará lá, então provavelmente fique". Esses caras realmente acreditam que eu faço mágica, fala sério!

Com o passar do tempo, a atitude dele foi ficando muito estranha. Primeiro, disse que a esposa decidiu acompanha-lo. Sem problemas, eu não precisaria dormir com eles no quarto. Se me registrassem como convidado, eu teria passe livre para não ser expulso do hotel. Conforme a data se aproximava, ele disse que levaria também um amigo que é muito fã.

Os hotéis permitem apenas um convidado por quarto, então começou a ficar claro que não seria eu. Achei que foi uma sacanagem sem tamanho, ainda mais porque recusei a grana para ajuda-lo. Por isso, quando tive certeza que não seria no Tangará, rolei no chão de dar risada: o cara gastou uma grana a troco de nada!

Retomando: ele e a esposa foram para o Tangará, já que não foi possível cancelar a reserva. Ele ficou à espera da informação correta, mas é claro que eu não estava mais interessado em ajudar. Nesse momento eu não sabia onde o Iron Maiden estava, mas quando soubesse não passaria a informação. Meu messenger parecia uma árvore de natal, de tanto piscar. Somente nesse dia, foram quase 400 mensagens dele implorando, mas eu nem ao menos as lia.

Fiquei em casa, navegando em busca de pistas, pois quase sempre há um fã linguarudo que vê alguma coisa e espalha na internet. Também dei uma trollada básica, postando no Facebook fotos antigas de quando estive no Tangará. Sei bem que, em dia de Iron Maiden, muitos ficam de olho em mim. Depois soube, através do médico, que houve quem acreditasse e realmente tenha ido para lá.

Kevin e Gillian dividiam um quarto no Hyatt, pois também acreditavam que era onde a banda ficaria. Como no caso do médico, foi dinheiro jogado fora. Ninguém sabia onde o Iron Maiden estava. Por outro lado, a "fama" que consegui fazendo corres finalmente rendeu frutos: além do médico, Kevin, Gillian e Alex me ofereceram hospedagem grátis em troca de ajuda no corre. Modéstia a parte, quando o assunto é Iron Maiden, sei que sou o que teve os melhores resultados nos últimos anos. É para isso, aliás, que faço todos os outros corres: é apenas treino para quando o Iron Maiden estiver aqui!

Hunters do Rio informaram que ao menos Steve Harris permaneceu na cidade, mas não sabiam dizer se toda a banda ainda estava lá. Será que o Iron Maiden fez base Rio?! Se isso se confirmasse, já era, fim de corre. Ou não... quando comentei esse fato com Alex, decidimos que iríamos com Arianne para o Rio de Janeiro.

Parte 3: primeiro e segundo dias, com Kevin

No domingo, Kevin e Gillian informaram que descobriram que a banda estava em um novo hotel que, embora eu soubesse da existência, ainda não havia conhecido. Poucos artistas ficaram lá até então, sempre em corres que não fiz. Decidi aceitar a proposta de Alex. Fui ao hotel com a Arianne, onde nos registramos, ele e eu como hóspedes, ela como convidada.

No final da tarde, vimos quando a banda saiu para o show, acompanhada por diversos seguranças. Aquele não era o momento de tentar a abordagem, então apenas observamos quando Adrian, Dave, Janick e Nicko passaram por nós. Sabendo que Harris ainda estava no Rio... onde estava Bruce? Eu não vi, mas Arianne e Alex disseram que ele correu em direção à outra saída.

Durante o show, o médico, cansado de ser ignorado por mim, passou a mandar mensagens para Arianne. Ela reclamou para mim, e isso me fez falar com ele. Como eu não estava nem um pouco a fim de ajudar, disse que se ele quisesse teria que pagar pela informação. Ele aceitou. Combinamos 200,00 pelo nome do hotel e mais 100,00 por cada foto que ele conseguisse. Dessa forma, pelo menos ele pararia de encher o saco! Logo após o show, ele apareceu no hotel, acompanhado pela esposa, mas não foi até o bar, onde eu e Arianne estávamos.

Dave, Janick, Adrian e Bruce decidiram permanecer no bar do hotel, especialmente porque muitos alunos do clube de tiro onde, dias antes, Bruce e Janick estiveram para praticar, foram convidados pelos músicos para visita-los no hotel. Em relação ao nosso grupo, que incluía Kevin, os seguranças estavam muito mais chatos que o habitual, não possibilitando nenhum tipo de contato, mas talvez rolasse uma oportunidade quando os convidados da banda se retirassem.

Eu, Alex e Arianne estávamos sentados em torno de uma mesa, apenas observando. Às vezes parece que Kevin nunca fez um corre na vida, pois aguardava de pé, sempre cercando. Ele simplesmente não sabe ficar quieto e esperar pelo melhor momento. Como não estava próximo a nós, o médico não despertou a atenção dos seguranças, então aproximou-se de Janick e conseguiu tirar uma foto com ele.

Adrian Smith levantou para ir ao banheiro, sempre acompanhado por um segurança. Kevin achou que seria uma boa ideia aborda-lo quando saísse, disse que faria a abordagem, mas aconselhei-o a não fazer. Era uma ideia ruim, mas era o Kevin, né? Ele é chato, não dá ouvidos a ninguém e tentaria de qualquer maneira. Quando Adrian saiu, tentou, mas levou um esporro quase aos berros do segurança. Eu, Arianne e Alex permanecemos quietos onde estávamos.

Foi então que percebi a presença de um fã aleatório, um verdadeiro imbecil alcoolizado, que decidiu causar. Ele posicionou-se no balcão do bar, como se fosse pedir alguma bebida ao atendente, mas passou a se mover lateralmente, em uma tentativa para aproximar-se de Bruce. É claro que foi impedido por um segurança. Ao invés de ficar na dele, começou a discutir, berrando, ameaçando até mesmo sair na porrada.

"Eu estou hospedado! Tira a mão de mim!". Falava como se o fato de ser hóspede lhe desse direito de abordar o vocalista. Por muito, mas muito pouco mesmo, o segurança, um novato que eu ainda não conhecia, não perdeu a paciência e enfiou a mão na cara dele. Quando a mulher que acompanhava o sem noção finalmente conseguiu retira-lo de cena, ao leva-lo para o quarto, me aproximei do segurança e iniciei uma conversa. Ele disse, entre outras coisas, que os seguranças estavam mais chatos que o normal devido à presença de Kevin, pois todos sabiam que ele vendia no eBay os autógrafos que conseguia.

De fato, Adrian subiu sem atender ninguém, os seguranças não permitiram. Bruce subiu em seguida, mas ele não atenderia de qualquer maneira, independentemente da presença dos seguranças. Janick também se retirou e mais uma vez os seguranças não permitiram que ele atendesse ninguém. Restou Dave, justo o que considero como o mais difícil.

Neste momento, chamei Kevin de canto e lhe disse "para mim está evidente que não estão deixando ninguém atender porque há um problema com algum fã que eles conhecem. Como os únicos conhecidos dos seguranças somos eu e você, vamos nos afastar para dar chance a quem ainda não tem fotos com a banda". Eu sabia que o problema não era comigo, mas ainda assim sugeri me afastar também, para possibilitar que Arianne e Alex tivessem suas chances.

Mais uma vez: era o Kevin! Você acha que ele iria escutar?! Que nada, permaneceu onde estava. Ao menos concordou que seria melhor se Arianne fizesse a abordagem pois, afinal, é uma mulher - e com mulheres geralmente é mais fácil. Quando Dave levantou e caminhou em direção ao grupo - eu me afastei, ainda que Kevin tenha permanecido. Arianne o chamou, pedindo para tirar uma foto com ele. Ele disse "sim", mas o segurança não deixou que ele atendesse. Dave insistiu, repetindo "Eu posso, eu posso", mas o segurança não permitiu novamente, praticamente arrastando-o para o elevador.

Chamei Kevin novamente de canto e lhe disse o que o segurança novato me contou, que não estavam deixando a banda atender porque ele pegava autógrafos pra vender. Pela terceira vez: era o Kevin! É claro que tomaria uma atitude sem noção! Durante a noite, escreveu e enviou um textão para o messenger de Sombra, o chefe dos seguranças. Eu e Arianne deixamos nossas coisas no quarto, mas retornamos para casa, pois tínhamos que cuidar de nossos gatos. Antes de sair, o médico me chamou de canto e entregou 300,00. Ao menos foi decente e cumpriu o combinado.

Na manhã seguinte, Kevin e Sombra se encontraram no restaurante, quando foram tomar o café da manhã. Sombra negou o que o outro segurança disse, afirmando que não permitiu porque Dave estava muito bêbado, e não seria legal ter fotos dele rolando por aí naquele estado de embriaguêz. Talvez fosse verdade em relação a Dave e Janick, mas e quanto a Adrian? Se ele não estava bêbado, por que então foi impedido de atender também? Além disso, Dave e Janick tiraram dezenas de fotos com os convidados, o pessoal do clube de tiro. Somente nossas fotos cairiam na internet, as deles não???

Eu e Arianne acordamos cedo, fizemos o que tínhamos que fazer e retornamos ao hotel. Quando chegamos, Alex estava no café da manhã, então, como o quarto estava vazio, ela disse que queria subir para se arrumar, passar batom, essas coisas de mulher. Eu a acompanhei. Quando descemos, o elevador onde estávamos parou no terceiro andar. A porta abriu, Janick entrou, a porta fechou.

Eu, Arianne e Janick dividíamos o mesmo elevador, e eu teria apenas 3 andares para convence-lo a tirar uma foto ao menos com ela. Ele nos cumprimentou e disse que estava curtindo uma ressaca infernal. Arianne respondeu algo que não prestei atenção, pois estava bolando o que faria para convence-lo a tirar a foto. Janick foi um dos mais integrantes mais legais no passado, mas não o vi em 2013 - e soube que estava chato, em 2016 ele não quis atender ninguém, e estava repetindo o mesmo padrão em 2019.

Quando a porta se abriu, eu disse "Jan, ela nunca tirou uma foto com você, você poderia tirar uma foto com ela?". Ele respondeu que sim, desde que fosse muito rápido. Mal o flash disparou e ele ja tentou sair correndo, mas eu disse "falta a minha", e ele acabou tirando. Eu sei, já tenho, mas Iron Maiden é minha banda predileta e minha última foto com ele foi em 2011. Se a cada novo álbum a banda espera que compremos - o que fazemos com o maior prazer - eu também espero conseguir uma nova foto com cada integrante todas as vezes que eles estejam em minha cidade. Iron Maiden é minha banda favorita, porra!


De manhã, nada mais aconteceu. Nossa diária venceu, mas apenas retiramos as coisas do quarto e permanecemos no hall. Imagine um hóspede que tenha um voo agendado para noite, por exemplo. A diária vence meio-dia. É absurdo obriga-lo a pagar outra diária apenas por causa disso, a menos que ele pretenda usufruir do quarto, certo? Então, os hotéis permitem que o ex hóspede permaneça nas dependências, desde que desocupe o quarto e faça o check-out.

Por outro lado, quando a diária de Kevin venceu, ele se despediu e foi embora, sem conseguir nenhuma foto ou autógrafo. Porém, antes que partisse, eu e Arianne flagramos quando ele passou uma mensagem de áudio para uma amiga, informando o hotel. Ele nos mostrou a foto dela, e pediu para que nós a ajudássemos a conseguir as fotos.

Parte 4: segundo e terceiro dias, sem Kevin

"Incrivelmente", bastou Kevin sair, que as coisas começaram a acontecer. O primeiro a sair para um passeio, sem a companhia de seguranças, foi Bruce Dickinson, acompanhado por sua nova namorada, Leana Dolci. Eu jurei para mim mesmo que nunca mais o abordaria, já entendi que ele não quer contato nenhum com os fãs, então apenas acompanhei a tentativa de Alex, à distância.

Quando Bruce passou por ele, ele disse "Bruce, por favor, posso falar com você um minuto?". Sem parar de caminhar, a resposta foi bizarra: "eeeeeeeeeeeee". Mala chato do inferno, no palco somos todos blood brothers, uma grande família, mas pessoalmente é "eeeeeeeeeeeee". Não pode perder 5 minutos da vida dele pra atender quem admira seu trabalho, vai aos shows e compra os álbuns.

Carlos e Jessica enfim foram ao hotel, foram ao show no dia anterior e decidiram começar o corre apenas na segunda-feira. Somos um trio, se eu sei de algo eles sabem, se eles sabem eu sei. No entanto, mesmo eu dizendo que estava sossegado ficar dentro do hotel, preferiram esperar do lado de fora. No entanto, para eles, nada aconteceu, voltaram de mãos vazias.

Logo depois, chegou Leo. Fiquei curioso para saber como descobriu o hotel, então ele contou que estava no Hyatt com Karina, Kevin e Gillian na noite anterior, e que, como tem carro, saiu procurando em todos os hotéis da região. Ele dirigia e Kevin entrava nos hotéis para verificar. Enquanto ele contava, a tal amiga de Kevin chegou ao hotel, acompanhada por um batalhão de fãs, eram 15 ou 20 pessoas. Por isso, eu e Arianne nem quisemos saber de ajuda-la, ela que se virasse.

Eu, Leo, Arianne e Alex ficamos no bar, próximo aos elevadores. O "batalhão" se espalhou pelos sofás do hall. Estranhamente, os funcionários do hotel fingiam que tudo estava normal, era como se não houvesse ninguém ali. Quando Nicko McBrain desceu, já estávamos "na cara do gol", então fizemos uma abordagem educada e ele aceitou nos atender. Tirei as fotos de Alex, Arianne e Leo, mas quando seria a minha vez, o "batalhão" chegou correndo, cercando, cutucando e muvucando. Nicko se emputeceu e parou de atender. Mas que bando de imbecis! Fiquei sem minha foto, mas estava feliz que Arianne conseguiu a dela.

O próximo a descer foi Adrian Smith. Leo o abordou e, como Nicko, ele aceitou nos atender. Bati a foto de Leo, que ficou toda tremida, tirei mais duas e o resultado foi o mesmo. Só então compreendi que o modo de operação da câmera, controlado por um disco (representado pelo número 4 na imagem ao lado), estava configurado incorretamente, de "automático" para "scene". Isso infelizmente pode acontecer sem querer, ao passar a câmera para outra pessoa, por exemplo. Provavelmente aconteceu quando passei a câmera para um dos três tirar a minha foto com o Nicko, ou quando a câmera foi devolvida para mim. Problema corrigido, tirei as fotos de Alex, Arianne e Leo, e consegui a minha. É claro que o "batalhão" agiu da mesma maneira, mas Adrian teve mais paciência que Nicko e atendeu a todos.

Com a câmera configurada incorretamente, Leo quase ficou sem foto. Se eu não entendesse o que estava errado, nós também

O único comentário adicional é que, na vez da Arianne, ela entregou o The Book of Souls para Adrian autografar. Ele olhou para o segurança, o mesmo com quem conversei na noite anterior, e perguntou "esse eu posso?". Com a afirmativa, assinou e devolveu. Curiosamente, após essa turnê, Adrian reclamou, em uma entrevista, de caçadores profissionais de autógrafos na América do Sul, que conseguem autógrafos para vender.

Nesse dia, nada mais aconteceu, exceto a chegada de Janick, que mais cedo provavelmente usou outra saída, sem que percebêssemos. Determinado a não atender ninguém, entrou quase correndo, como um touro brabo. Determinado a conseguir a foto, Leo correu ao lado dele e conseguiu convence-lo a parar para uma única foto. Mal tirou e ja correu para os elevadores.

Não, eu não pediria outra, mas fiquei chateado por Alex, ele merecia ter conseguido também. Por outro lado, que lábia! O papo de Leo sempre funciona! Funcionou com Malmsteen, com o Manowar, e até mesmo com Bruce Dickinson em 2011. Ele foi um grande companheiro de corres, lamento que hoje em dia quase não apareça mais.

No dia seguinte, a estratégia que usamos para entrar no hotel era, logo ao entrar, ir direto ao bar, onde pedimos café. Alex salientou que, se não nos deixassem entrar, ou se fôssemos expulsos, ele pagaria outra diária, o que felizmente não foi preciso. Havia poucos fãs, todos de boa, e foi tranquilo durante quase todo o dia. Como já conseguimos os "possíveis" - Bruce é impossível e perdemos a oportunidade de ouro com Dave, que certamente não se repetiria - decidi dar uma força para amigos. Muitos me pedem para ajuda-los com o Iron Maiden, mas não da pra ajudar todo mundo.

De qualquer forma, em todos os corres do Iron Maiden acabo ajudando alguém, por isso, desta vez passei o hotel para Leandro Caíque - apesar de ser um dos fundadores dos "hunters do bem", fizemos alguns corres juntos nos últimos tempos, estávamos de boa - e para Yanca, uma menina que não é hunter, mas tem o Iron Maiden como sua banda predileta. Ambos foram, não levaram ou avisaram ninguém - exceto uma "ex namorada" de Leandro Caíque - comportaram-se exemplarmente e conseguiram fotos com alguns dos "possíveis".

De manhã nada aconteceu. De tarde, vimos quando Richard Marx, que se apresentaria naquela noite no Tom Brasil, entrou no hotel, acompanhado provavelmente por sua esposa, mas como demoramos para reconhece-lo não houve tempo para aborda-lo antes que entrassem no elevador. Bônus! Se ele saísse, com certeza o abordaríamos.

Carlos e Jessica passaram mais um dia inteiro fora do hotel, mas só conseguiram Richard Marx.

Parte 5: Nicko soube da morte de Ricardo Pacheco

Nicko McBrain desceu sorridente, disposto a atender, principalmente porque percebeu que todos estavam de boa. Ninguém nem ao menos se levantou quando ele saiu do elevador, no máximo, acenamos e o cumprimentamos a distância. Isso deixava claro que não haveria nenhum imbecil que tentaria cerca-lo como no dia anterior. Entre nós, antes mesmo que ele aparecesse, já combinamos de tirar todas as fotos em uma única câmera, a minha. Organizamos uma fila e foi tudo muito rápido, foto atrás de foto.

Propositalmente fui o último, não apenas porque tirei as fotos de todos, mas porque queria dar uma notícia não muito boa para Nicko. Quando entreguei a câmera para o Leo e me aproximei, Nicko me estendeu a mão. Retribuí, mas antes mesmo de posar para a foto, perguntei se ele ficou sabendo do falecimento de Ricardo Pacheco, ocorrido 13 meses antes. Surpreso, ele mostrou-se totalmente interessado no que eu tentava dizer, mas a princípio não entendeu de quem eu estava falando. Pra piorar, meu inglês não é fluente, e eu não estava entendendo muito bem suas respostas. Felizmente, Leo fala muito melhor que eu e nos ajudou a conversar.

Fátima, Nicko e Ricardo no Rio, em 2011 - logo após o show adiado pela quebra da grade que separa o público do palco

Ricardo Pacheco não foi um fã comum. Nós, fãs, conhecemos o Iron Maiden, mas o Iron Maiden não nos conhece. Muitos acham que sou amigo dos caras, mas realmente não sou. Em 2011, pensei ter me tornado ao menos conhecido do Nicko, de tantas vezes que nos encontramos e conversamos. Em 2013, quando ele retornou ao país, já não se lembrava de mim. É super compreensível, esses caras conhecem pessoas o tempo todo, é complicado lembrar.

Por outro lado, o Iron Maiden conhecia Ricardo Pacheco. Todos os integrantes sabem quem ele foi: o brasileiro que, sempre acompanhado pela esposa Fátima, assistiu a 128 shows em dezenas de países, e estava quase sempre hospedado no mesmo hotel que a banda. Não importava se o show era no Rio de Janeiro, em Milão, em Jacarta e até mesmo na Transilvânia: eles invariavelmente o encontravam. Certa vez Adrian Smith perguntou "velho, o que você faz da vida?", e ele, com um enorme sorriso, respondeu: "eu sigo vocês!", finalizando com uma belíssima gargalhada, sua marca registrada.

Quando Nicko compreendeu sobre quem eu estava falando, ficou realmente chateado. Ele pediu para eu enviar suas condolências para Fátima, mas sugeri que ele gravasse um video, que eu me encarregaria de fazer chegar até ela. Tirei a foto com ele e fizemos a gravação. Foi um dos momentos mais emocionantes que tive como fã de Iron Maiden, que orgulho de ser fã desses caras - apesar do Bruce. Nicko é um ser humano incrível!

Minha cara não ajuda, mas eu havia acabado de informar Nicko sobre o falecimento de nosso amigo


Se você não entende inglês, ele disse, em tradução livre: "Eu recebi a notícia da perda do velho, meu coração está partido e eu gostaria de te enviar as minhas profundas condolências e te desejar o melhor. Nós sempre lembraremos dos velhos tempos e celebraremos a vida. Fique em paz!"

Sem que eu percebesse, outros presentes gravaram seus próprios vídeos, que demonstram como tudo aconteceu. E sim, eu sei que meu inglês é péssimo, mas ainda assim foi o suficiente para que eu me virasse quando fui sozinho ao Reino Unido para conhecer Paul Day.


Parte 6: conclusão

Nada mais aconteceu, exceto a saída de Richard Marx para o show. Ele foi direto do elevador para uma saída lateral, então o seguimos e fizemos a abordagem fora do hotel. Foi inacreditavelmente  educado, diferenciado mesmo.

Richard Marx

Logo depois, fui ao sozinho ao shopping, que fica encostado ao hotel, para comer. Se algo acontecesse, eu seria avisado e retornaria o mais rápido que pudesse, nem que deixasse o lanche pra trás, dane-se. Se Dave ou Bruce atendessem, eu poderia comprar outro depois.

Porém, Leandro Caíque teve uma recaída digna de seus tempos de "hunter do bem" e pediu-me para trazer um lanche do McDonalds. Me deu o dinheiro, eu comprei e entreguei, mas é claro que, assim que começou a comer, um dos seguranças do hotel o abordou e disse que não era permitido comer qualquer coisa que não fosse feita no restaurante do hotel. Tem gente que faz questão de passar vergonha sempre. Depois os funcionários do hotel começam a ficar chatos com fãs, como já vi acontecer dezenas de vezes, e ninguém sabe o porquê.

A essa altura, a informação já havia se espalhado. Anebelle e alguns hunters do bem começaram a entrar no hotel. Era hora de finalizar. Os músicos ainda ficariam mais um dia, mas eu sabia que Bruce e Dave não atenderiam ninguém. Corre de Iron Maiden é sempre muito cansativo, são muitos dias acordando cedo e dormindo tarde. Para mim estava bom, eu só retornaria se Arianne pedisse, mas ela não pediu. Pelo contrário, estava brava porque percebeu que passei o hotel para Yanca e Leandro Caíque. Fim de corre para nós. Com efeito, Carlos e Jessica retornaram no dia seguinte. Na saída da banda, conseguiram fotos com Janick, Adrian e Nicko. Dave e Bruce passaram sem atender ninguém. Não perdemos nada.

Quanto a Harris... ele veio com o filho, George Harris, que toca no Raven Age, então decidiu ficar com ele curtindo o Rio de Janeiro. Passou por São Paulo apenas para tocar e já retornou ao Rio. Ele fez base, mas o Iron Maiden, felizmente, não.