sexta-feira, 27 de novembro de 2009

AC/DC

Lá estávamos novamente hospedados em nosso hotel predileto. Conseguimos a confirmação de que o AC/DC ficaria no Hilton duas semanas antes, quando nos hospedamos para tentar conhecer o pessoal do Twisted Sister, e um dos funcionários nos confirmou que Angus e os outros músicos também ficariam lá. Na mesma hora, fiz a reserva. Não fosse pelo Stratovarius, que em 2009 ficou no Mercure Moema (que então chamava-se, se não me engano, Parthenon), eu começaria a achar que o Hilton era o único hotel utilizado pelas bandas que tocavam em São Paulo. Todas as outras que tentei conhecer ficaram lá: Iron Maiden, Motörhead, Heaven & Hell, Twisted Sister e, agora, AC/DC.

No dia do show, Angus desceu com a esposa para o bar do térreo, mas a chance de contato foi zero, pois os seguranças que o acompanhavam não permitiram qualquer aproximação. Quando a banda saiu para o show, apenas eu, Sheila e Ricardo Pacheco estávamos no local por onde passou Brian Johnson, sozinho, sem segurança. É claro que o chamamos, mas ele não parou, apenas disse que estava atrasado e que nos atenderia no dia seguinte. Confiamos e o deixamos em paz.

Apenas um ano antes, em 2008, a HoundsTV.com postou um pequeno vídeo do vocalista do AC/DC sendo questionado por um fã se ele já havia se aproximado de alguém para pedir um autógrafo. "Sim, eu pedi para Chuck Berry uma vez em 1975", respondeu Brian. "Ele foi o maior babaca que já vi na minha vida - o homem mais rude que eu já conheci. Ele disse que assinava um autógrafo por dia e que, naquele dia, ele já tinha cumprido sua cota. Eu não quero ser um cuzão como ele foi".


O show foi absurdo em todos os sentidos, a começar pela venda dos ingressos. Lembro que fiquei  insanas nove horas tentando compra-los pela internet e mal acreditei quando consegui. Já no Morumbi, cometemos o erro de permanecer até a última música e, de onde estávamos, na arquibancada, foi possível ver que a van da banda deixou o estádio assim que o primeiro fogo de artifício pós show estourou. Como saímos junto com todos os fãs, foi muito difícil conseguir um táxi para o hotel, então chegamos muito depois da banda e, naquela noite, nada mais aconteceu.

No dia seguinte, cerca de 10 fãs hospedados aguardavam pela saída da banda. Um dos seguranças que acompanhava os integrantes veio falar conosco, alegando que a banda atenderia, mas apenas fora do hotel. Isso não parecia fazer sentido, mas ainda assim confiamos. Se somando aos de fora, eram 22 fãs.

Os seguranças do hotel, a pedido dos seguranças da banda, instalaram algumas grades de isolamento. Eis que surgiu o gigantesco baixinho. Angus Young foi um dos mais simpáticos, atendeu a todos com calma, a única exigência - feita pelos seguranças, não diretamente por ele - é que ele assinaria apenas um item por pessoa. Por mim, sem problemas, eu só estava com o Back In Black.



Malcom foi o segundo a sair, mas apenas olhou em nossa direção antes de embarcar na van. Por algum tempo acreditei que ele fosse mala. Eu não sabia que já estava doente e que estaria morto poucos anos depois, após sofrer de demência por um longo período.

Malcom apenas deu uma olhada rápida, mas entrou na van sem atender ninguém

O terceiro foi Phil Rudd, que veio até nós, mas não quis tirar fotos. Ao menos autografou um item de cada fã. Sheila aproveitou para tirar a minha primeira FOTASSA.

Phil Rudd assinando meu Back In Black
O quarto foi o simpaticíssimo Cliff Williams que, como Angus, atendeu a todos com calma e atenção

Restava Brian Johnson cumprir o que nos prometeu no dia anterior. Quando saiu, foi ainda pior do que Malcom, pois nem ao menos olhou antes de embarcar apressado. Brian foi conosco, assim como Chuck Berry fora com ele, um cuzão. Com a banda completa, a porta foi fechada, e a van seguiu rumo ao aeroporto. O final do corre estava decretado.

Kevin ainda nos chamou para ir do hotel ao Manifesto Bar tentar conseguir fotos com o Skid Row, que se apresentava naquela tarde, mas estávamos cansados e com visita em casa. Dois amigos, Alexandre e Jee, vieram do Rio de Janeiro e Manaus apenas para a ocasião. Passaram dois dias conosco no hotel, mas certamente não aguentariam mais algumas horas de correria. Acabei deixando para lá. No entanto, foi uma má decisão, pois desde então o Skid Row nunca retornou ao Brasil. Até foi confirmada uma turnê em 2013, mas provavelmente devido à baixa vendagem, as apresentações que a banda faria no país foram canceladas.


sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Twisted Sister

O Twisted Sister se apresentaria pela primeira vez no Brasil. Como eu me hospedaria, utilizei o banco de horas do serviço para não trabalhar na tarde daquela sexta-feira. Para chegar ao Hilton de transporte público era complicado, pois ainda não havia a linha amarela ligando o metrô à CPTM, então eu e Kevin usamos a ponte orca para chegar ao trem.


Quando chegamos no hotel, fiz o check-in e decidimos esperar no bar do térreo. Estávamos lá, conversando e petiscando, quando o Supla apareceu. Mal chegou e veio falar com a gente, fazendo algum comentário sobre a minha camiseta do Iron Maiden. Disse também que havia acabado de entrevistar Dee Snider. Foi tão legal que não teve como não tirar uma foto, tornando-se, assim, o meu primeiro bônus.


Pouco depois, o gigantesco baixista, Mark "The Animal" Mendoza, saiu do elevador e caminhou em nossa direção. Já estávamos levantando para aborda-lo, mas ele nos manteve sentados com um sonoro “sit down”. No entanto, foi apenas uma brincadeira, já que ele é dos caras mais legais que conheci. Veio até nós, tirou foto e autografou tudo que tínhamos. O problema é que, apesar da discografia lançada pela banda nos anos 80 ter apenas cinco álbuns, Kevin levou 25, vários repetidos. No dia seguinte, não apenas tinha todos autografados por todos os integrantes como, não contente, foi à Galeria do Rock e comprou mais alguns álbuns e um pôster. A banda pareceu não se importar, e quase todos os integrantes realmente demonstraram estar felizes em tocar no Brasil e de ter a oportunidade de interagir conosco.

Não demorou e os demais músicos, exceto Dee Snider, apareceram. Como havia alguns fãs fora do hotel, fomos para lá. Não foi como tinha sido com o Iron Maiden ou com o Motörhead, quando quase sempre havia um integrante da produção ou algum segurança para que as coisas acontecessem o mais rápido possível. A banda passou a tarde conosco, tirou fotos, deu autógrafos, distribuiu fotos autografadas - que trouxe apenas para presentear os fãs - e fez questão de tirar uma foto conosco, que ilustrou a página principal do website da banda.

Eddie Ojeda, guitarrista do Twisted Sister
A. J. Pero, hoje falecido, era o baterista do Twisted Sister 
Jay Jay French, guitarrista do Twisted Sister

Quando saiu do serviço, Sheila juntou-se a nós e também conheceu todos, incluindo Dee Snider, que finalmente apareceu. Destoando dos demais, não foi muito simpático. Mas atendeu e isso é o que importa.

Dee Snider, vocalista do Twisted Sister
No dia seguinte, muitos fãs esperavam fora do hotel. Quando a banda saiu para passar o som, a cena se repetiu: muita simpatia, fotos, autógrafos, brincadeiras, caras e bocas. Até mesmo Dee Snider parecia estar de bom humor. Mark Mendoza pegava as mulheres no colo para posar para fotos, e enforcava os homens.

Mark "The Animal" Mendoza, baixista do Twisted Sister
A essa altura, alguns rostos bem conhecidos haviam aparecido. Ricardo e Fátima Pacheco vieram do Rio de Janeiro especialmente para a ocasião. Deca também se juntou a nós. Estávamos todos no bar do hotel quando anunciei que subiria ao quarto para deixar algumas coisas e, então, seguiríamos para o show. Quando retornei, Kevin, que não estava hospedado, perguntou se poderia deixar algumas coisas no nosso quarto.

Quando o conhecemos, no dia do Motörhead, Sheila me disse que o havia achado chato. Ele tomava conta da conversa, falando alto, demais e sem parar, sem dar espaço para os outros. A princípio eu não concordei, mas naquela situação foi exatamente o que aconteceu. Eu começava a concordar: Kevin é chato! Não demorou para que esse fosse o apelido dele. Até mesmo na agenda de contatos do celular, eu o cadastrei como Kevin Chato. Curioso foi descobrir que não fui o único que teve essa ideia: ele também está como Kevin Chato no celular do Carlos. E é unânime, não há quem o conheça que seja capaz de discordar.

Após o show, houve uma última surpresa: a banda percebeu que muitos fãs a aguardavam fora do hotel, e encomendou algumas pizzas para eles. As letras TS foram cuidadosamente “impressas” em cada uma com ketchup ou maionese, quando salgada, ou com leite condensado, quando doce. Achei sensacional, pois os músicos mostraram saber que muitos fãs passam horas tentando algum contato, vão ao show e, às vezes, passam o dia sem se alimentar direito. Embora eu não precisasse, achei de uma gentileza sem tamanho, um profundo respeito pelos fãs.

Twisted Pizza
Naquela noite, conhecemos o tour manager da banda, Danny. Ele nos contou que o dinheiro de todos acabou, então foi essa a motivação que finalizou qualquer atrito entre os integrantes e os colocou novamente na estrada. Melhor para nós, o importante é que estavam de volta, prontos para chutar bundas e nos pagar pizza!

Danny era o tour manager do Twisted Sister