Duas semanas antes do início do Street League Skateboarding 2021, que foi realizado em Salt Lake City, eu já sabia que Rayssa teria obrigatoriamente que passar por São Paulo para poder voar aos Estados Unidos. Entretanto, como desde 2016 as conexões de voos nacionais para voos internacionais são internas, acreditei que não fosse possível tentar o corre já na saída do Brasil.
Infelizmente, esqueci de verificar os horários dos voos. Eu já sabia que os voos para os EUA são mais a noite, mas não me atentei ao horário dos voos vindos de São Luiz para Guarulhos. Como eram horários muito diferentes, Rayssa desembarcou normalmente, aproveitou para almoçar, e passou boa parte da tarde no terminal 3. Ela postou alguns stories no Instagram atendendo fãs aleatórios. Fiquei um pouco chateado comigo por não estudar o corre como deveria. Entretanto, haveria a volta, onde certamente eu poderia tentar. O problema seria se ela retornasse campeã - como realmente aconteceu. Será que eu teria que enfrentar novamente aquele
monte de repórter do satanás???
Ao término da competição, Rayssa postou uma foto no aeroporto americano, que indicava seu retorno ao país. Um rápido cálculo me possibilitou saber com precisão qual voo ela viria, o das 05:40hs. Fiquei feliz, pois não seria necessário passar a noite no aeroporto. Bastaria sair de casa por volta de 04:00hs para pegar o trem na Luz às 05:00hs, que me possibilitaria estar no terminal 3 por volta de 05:40hs. Até ela pegar a bagagem e passar pelos processos alfandegários, haveria tempo de sobra. No entanto, foi uma noite que passei muito mal. Desde que tive problemas cardíacos - nesta época ainda não diagnosticados - às vezes me dava falta de ar muito forte, e eu estava em um estado que sabia não ser capaz de caminhar à estação de trem. Com uma puta dor no coração, abortei o corre cerca de duas horas antes de sair de casa. Mas fiquei monitorando.
Era previsto que ela retornasse ao Maranhão, mas isso não aconteceu. Para minha surpresa, ficou em São Paulo e postou uma foto com a vista de onde estava. Com a ajuda do Carlos, concluímos que ela provavelmente não ficou em hotel, pois nenhum dos hotéis que conhecemos tem essa vista. Após alguns dias, recebi a confirmação de nossa tese, com a notícia de que, com o sucesso olímpico, Rayssa
mudou-se para São Paulo, tornando-se a nova moradora de um condomínio que é alugado por temporada.
Continuei monitorando. Durante a semana, ela encontrou-se com Ronaldo Fenômeno, gravou uma participação para o programa da Ana Maria Braga, abriu uma conta no Banco do Brasil, foi ao Jockey Skatepark para praticar um pouco suas ténicas de campeã do mundo... Apesar do excesso de pistas, até aqui nada que me levasse até ela. Mas minha sorte estava começando a mudar.
Após alguns dias, ela postou uma foto no story do Instagram em um veículo sobre o minhocão. Reconheci imediatamente, pois é um acesso que utilizo desde que me conheço por gente. Até os dois anos, morei na rua Tupi, localizada logo abaixo do elevado, que para mim sempre será Costa e Silva, não importa que os esquerdistas mudaram o nome. Dos dois aos 14 anos, morei em Higienópolis; dos 14 aos 23 em Perdizes, daí em diante quase toda a minha vida morei na Pompéia... Então é uma vista que conheço muito bem, mas que ainda assim não me levou a ela.

No sábado, dia 4 de setembro, a coisa enfim esquentou. De manhã ela estava jogando futebol no Nossa Arena, um espaço para a prática de futebol de areia voltado às mulheres. É bem perto de casa, mas vi os stories com algum atraso, e temia que ela não estivesse mais lá. Continuei monitorando. De tarde, entretanto, ela me deu exatamente a pista que eu precisava. Vassoura Quebrada é uma hamburgueria com decoração e menu inspirados em Harry Potter. Apesar de ficar extremamente próximo de casa, eu nunca estive no local. Além de não ser grande fã do bruxinho, o excesso de fila na entrada nunca me animou a conhecer.
Essa imagem foi postada apenas 50 segundos antes de eu visualiza-la. Daria tempo de sobra para ir ve-la. Houve, porém, um imprevisto: as fotos que eu fiz para ela autografar simplesmente desapareceram. Cheguei a me desesperar: a menina do lado de casa e eu sem poder ve-la, mesmo tendo tudo antecipadamente preparado para tal. É desanimador. Porém, as encontrei em uma última busca, e corri para a frente do local, rezando para que ela ainda estivesse.
Após uma espera de 20 minutos, ela saiu do local e foi logo cercada por uma pequena multidão de fãs. A maioria deles queria apenas uma foto. Eu me posicionei de forma bem visível, em frente a ela, exibindo as fotos para autografar. Ela veio direto em minha direção e assinou. Expliquei que eram 3 fotos, e ela não se importou em autografar todas.
Como eu estava sozinho, tive que esperar algum tempo para que a tinta secasse adequadamente e não borrasse as assinaturas, para apenas assim tentar conseguir uma foto com ela. A essa altura, ela atravessou a rua e entrou em uma loja de aquários. Esperei pacientemente do lado de fora. Quando ela saiu, pedi a foto, e fui gentilmente atendido.
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Os repórteres e cinegrafistas atrapalharam demais minha primeira tentativa, mas consegui na segunda |