quinta-feira, 24 de junho de 2021

E o COVID enfim me pegou...

O terreno onde moro tem duas casas: a que eu moro, dos fundos, e a que meu pai morava, da frente. A casa principal é a dele, um sobrado com porão. Quando mudou para o Rio de Janeiro para ficar com a nova esposa, deixou a casa abandonada por quase um ano. Em novembro de 2020, veio rapidamente para fazer pequenas modificações que possibilitassem alugar a casa. Basicamente, colocou todas as coisas pessoais no porão, que passou a ficar trancado, e alugou apenas os outros dois andares. Apesar do quintal compartilhado, meu pai deixou claro que ele não fazia parte do aluguel. Eram apenas os dois andares - mobiliados - e a garagem. Em dezembro já havia um casal morando.

Em maio de 2021 os novos moradores desapareceram. A mulher que tem um bar em frente à casa principal avisou meu pai que um caminhão de mudança encostou e levou todas as coisas deles. Isso não seria problema se não tivessem firmado um contrato de 30 meses. No entanto, com apenas 5 meses, já estavam de mudança, praticamente em fuga. Levaram até mesmo a cama de um dos quartos.

Meu pai só deu sinal de vida no mês seguinte, quando apareceu em uma determinada manhã com a esposa, meu tio e três pedreiros - todos sem máscara. Eu, é claro, não uso máscara dentro de casa. E assim foi, interagimos todos sem máscara. A ideia era construir um muro que separasse o quintal em duas partes. Eu ficaria com metade e os novos inquilinos com outra. Não gostei muito da ideia, mas se isso fizesse meu pai retornar para o Rio mais rapidamente, que seja.

Na semana seguinte, tive sintomas que remetiam a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). É uma doença causada pelo cigarro que mistura bronquite com enfisema. Fumante há 37 anos, era de se esperar que um dia a conta chegasse, então considerei os sintomas totalmente naturais. Falta de ar, irritação na garganta, pigarro constante, tosse com secreção, chiado no peito... eu estava com tudo isso. Mas apenas isso, nenhum sintoma de COVID, como febre, perda de olfato e/ou paladar, etc.

Tudo começou ao tomar banho. Do nada, fiquei com a respiração super ofegante. A impressão que tive é que iria demaiar, mas consegui sair e me enfiar em frente ao ventilador, onde respirei por cerca de meia hora antes que a respiração voltasse ao normal. No dia seguinte, fui ao correio para postar algumas encomendas que vendi no Mercado Livre. Até lá é uma subida boa, então, preguiçoso, chamei um 99.

Foi só entrar no correio que tive uma falta de ar imensa. Eu simplesmente não conseguia ficar na agência com máscara. Saí, retirei a máscara, respirei um pouco, e consegui retornar para postar os objetos, mas foi difícil. O caminho para casa, que geralmente faço em 10 ou 15 minutos, foi tenso. Eu precisava parar para respirar a cada poste da rua. Tirava a máscara e ficava ali parado, totalmente ofegante. Demorei mais de uma hora para chegar em casa. Tive alguns outros episódios durante a semana, mas esses foram os piores.

Se tem uma coisa que não me descreve é hipocondríaco. Eu estava com um monte de sintomas, mas simplemente os aceitei. Nem passou pela minha cabeça de procurar um médico. Com a ajuda do Dr. Google, me diagnostiquei com DPOC e para mim estava bom assim. Não tenho plano de saúde, nem quero ter. Anebelle, por sua vez, passou a semana toda me convidando para fazer alguma coisa, mas eu sempre recusava, dizendo que não estava legal para sair.

Um dia a doida parou em frente de casa e ficou berrando - acho que ela não sabe para que serve a campainha. Fui atende-la, e ela disse que só sossegaria se eu fosse comer alguma coisa com ela. Contrariado, aceitei. Mas ela não me levou para comer, me levou direto a uma UBS - Unidade Básica de Saúde - o que achei totalmente desnecessário. Afinal, estava conformado com meu diagnóstico de DPOC.

Os médicos não queriam me atender - nem eu queria ser atendido - mas ela, grossa pra cacete, ficou ameaçando todo mundo, berrava que chamaria a polícia se não me atendessem. Até que, enfim, resolveram me atender. Pensei que confirmariam meu diagnóstico e me mandariam para casa.

Quando a médica chegou para me ver, perguntou o que estava sentindo, então respondi que estava com todos os sintomas de DPOC, e descrevi cada um deles. Ela mediu a pressão, que estava perigosamente alta - 20x13 - mas não era a primeira vez que isso acontecia, nem a era a primeira vez que tive falta de ar por causa disso. Ela me receitou uma porrada de remédios e pediu dois testes de COVID, um de sangue e um PCR, que fiz ali na hora. Achei que era excesso de zelo. Jamais passou pela minha cabeça que poderia ser COVID, até porque os únicos sintomas que eu tinha eram respiratórios. Porém, dois dias depois, a doença foi confirmada pelo PCR.


Não posso dizer que fiquei quieto em casa, pois continuava fazendo vendas no Mercado Livre e tinha que posta-las. O Mercado Livre não estaria nem aí se eu atrasasse por estar com COVID e eu não tinha ninguém que pudesse fazer isso por mim. Na medida do possível, evitava sair de casa. Nem retornei para fazer o exame de sangue. Segui o tratamento e os sintomas desapareceram. Após 10 dias, passei a retomar as atividades normais.

Apenas coincidência que os sintomas começaram na semana seguinte à aparição de meu pai em casa com um batalhão de gente sem máscara, né? Fiz tantos corres, tantas saídas nesse um ano e meio convivendo com a pandemia, mas tomando os devidos cuidados e sempre escapei ileso. Foi só meu pai aparecer que peguei essa porcaria...

sábado, 19 de junho de 2021

Kisser Clan

Um dos primeiros shows a acontecer no Brasil pandêmico pós COVID-19 foi do Kisser Clan, a banda de covers que o guitarrista do Sepultura, Andreas Kisser, tem com o filho Yohan. Eu tirei um monte de fotos com Andreas Kisser na última década mas Anebelle, pra variar, não tinha nenhuma. 

Marcio e ela torraram a paciência para que eu os acompanhasse neste corre. Fui mais porque vendi uma foto autografada por Bruce Kullick para Marcio e aproveitaria para entrega-la e receber a grana, mas achava uma bobagem fazer o corre, porque Andreas obviamente estaria de máscara e certamente Anebelle encheria novamente quando a pandemia acabasse, para conseguir uma foto sem máscara.

Anebelle passou em casa e seguimos até a rua Teodoro Sampaio, onde encontramos com Marcio. De lá seguimos para a frente do Manifesto, onde aguardamos por cerca de uma hora. Marcio foi o primeiro a notar que os Kisser, pai e filho, caminhavam em nossa direção. Ele os abordou com Anebelle, enquanto eu ajustava a câmera para tirar as fotos. Já cheguei batendo fotos e depois bateram a minha.

Foto totalmente pandêmica com Andreas e Yohan Kisser

Enquanto retornávamos para o carro, os dois ficaram reclamando, alegando que Andreas foi chato. Não achei, mas também não acompanhei toda a ação, pois me aproximei somente depois da abordagem inicial. Mas ele parecia um pouco incomodado pelo fato de ser abordado em plena pandemia. Já Yohan não estava nem aí.