Apenas observe minhas fotos, qualquer uma: em 95% das vezes eu nem ao menos encosto na pessoa. Não abraço, apenas fico do lado. Isso chama-se respeito: a pessoa não é minha amiga, não tenho intimidade nenhuma com ela, eu sei quem ela é mas ela não sabe quem sou eu. Brasileiro adora achar que é amigo de todo mundo, gosta de pegar, de encostar, de ser "quente". Para os europeus, entretanto, isso é um costume no mínimo estranho.
Certa vez, por exemplo, vi uma fã pedir um abraço para Floor Jansen, vocalista do Nightwish, que respondeu "me desculpe, eu só abraço minha família e amigos próximos". Abraçar pode ser ok no Brasil, mas na Europa não é. Portanto, tomei como padrão não encostar no momento da foto, sendo o artista abordado europeu ou não.
Quando o ator e diretor sueco Alexander Skarsgård veio ao Brasil, mal sabia o que o esperava. Apenas imagine: os responsáveis por "The Legend of Tarzan", onde ele era o ator principal, entram em contato e dizem "você será enviado para o Brasil para divulgar o filme". Ele pensa "Brasil?! Carnaval, praia, mulheres, peitos, bundas?! Tô dentro!" e comemora. Embarca no avião, todo feliz e animado com as perspectivas que o aguardam.
De volta à realidade, quando pousou, mal deu dois passos após passar pelo portão de desembarque e já foi recepcionado pela líder dos hunters do bem, Dandara*. Sem repeito nenhum, ela sempre faz questão de tirar fotos bem agarrada, com rostinho colado. Isso, claro, se o infeliz for baixinho, o que felizmente não foi o caso.
Já no hotel, um fã, gay, também queria um abraço. Ao menos foi educado, pois pediu, e Alexander aceitou. O problema foi a quantidade: o ator ficou quatro ou cinco dias em São Paulo, e não via problemas em atender os fãs que o aguardavam, em todas as oportunidades: quando saía para almoçar, quando retornava, quando saiu para o evento, quando retornou, quando saía para jantar, quando retornava. Durante quatro ou cinco dias, esse fã ficou postado em frente ao hotel todo o tempo, e a cada vez que o ator atendia, tirava uma foto com ele, e lhe dava um abraço. A pergunta é: por que? Por mais que seja seu ator favorito, pra que 30 fotos? Isso é algo que nunca entenderei...
Um outro fã levou uma foto de Alexander pelado, para autografar. O ator olhou e disse que não iria assinar porque era uma montagem, colocaram o rosto dele no corpo de outro homem. O fã insistiu, pediu para ao menos assinar no verso, mas o ator negou-se terminantemente.
Por fim, no dia em que eu fui, havia uma fã que viu uma entrevista onde o ator declarou ter ficado encantado com a culinária brasileira, especialmente com farofa. Em frente ao hotel há um boteco, desses onde o pessoal dos escritórios da região almoça todos os dias. Ela foi lá e comprou uma porção para viagem, e entregou ao ator.
Muita calma nessa hora, vamos analisar: em primeiro lugar, Alexander jantou no Figueira Rubaiyat, um dos restaurantes mais caros e requintados da cidade. No site há a opção para fazer o download do cardápio, onde se observa que há três opções: Farofa Rubayat, Farofa Luiz Tavares e Farofa de ovos. Seja lá qual delas o ator provou, apenas imagine quanto custa a porção, que é minúscula. Por mais que tenha sido na melhor das intenções, não há como comparar a farofa em embalagem descartável metalizada do boteco com a farofa do Figueira. Apenas imagino o ator, desavisado, abrindo o presente sobre a cama do hotel... que desgraça! 😆😆😆😆😆
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Imagem ilustrativa |
Por tudo o que expus, não é difícil concluir com 100% de certeza: Alexander foi o cara mais legal que abordei em minha vida. Ele atendeu todos os dias, bem mais que uma vez ao dia. Passou por poucas e boas, e ainda assim continuou atencioso com os fãs. Não é por nada não, mas se eu fosse ele, jamais voltaria ao Brasil.
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