sábado, 27 de fevereiro de 2016

Karina Bacchi

A edição tupiniquim da revista Playboy foi criada em 1975 pela Editora Abril, que negociou o lançamento da edição brasileira com a direção da Playboy nos Estados Unidos. Em pleno governo militar, com a imprensa sob censura prévia, foi necessário conseguir o aval do então Ministro da Justiça, Armando Falcão, que recebeu garantias de que os ensaios seriam mais comportados e que o conteúdo editorial seria "muito mais intelectual e sofisticado que qualquer revista que circulava no país". Ainda assim, inicialmente, o plano foi vetado, pois o ministro declarou que "não poderia fazer nenhuma revista com o nome Playboy no Brasil, não importava o conteúdo". Observando uma brecha, a editora reenviou os planos sob o título "A Revista do Homem", conseguindo a aprovação.

Com a abertura política iniciada no governo Geisel, em 1978, a revista finalmente passou a se chamar Playboy no Brasil. Com efeito, os ensaios com as brasileiras eram mais artísticos e comportados, apenas de vez em quando aparecia um seio ou uma bunda desnuda. Os primeiros ensaios mais ousados das brasileiras, que mostravam os pelos pubianos, só começaram a aparecer lá por 1980.

Em uma década onde a depilação genital definitivamente não era um padrão, lembro a polêmica que houve com o ensaio de Terezinha Sodré, que era depilada. Em 1986, a revista manipulou as fotos, com as técnicas existentes em uma época em que o Photoshop não existia, inserindo pelos pubianos na área onde deveriam estar, a fim de "manter a intimidade de Terezinha" (wtf?!). Mostrar pelos era ok. Vaginas, jamais!

Ainda demorou 20 anos para que esse padrão fosse quebrado. Em 2006, a revista já agonizava com baixa vendagem, resultado direto da concorrência com o conteúdo diferenciado e a pirataria proporcionados pela internet. Ninguém estava mais interessado em pagar pela revista: mal era lançada nas bancas, e as fotos já começavam a pipocar em algum site ou grupo de discussão.

O ensaio de Karina Bacchi, em 2006, não apenas revelava sua vagina, como também uma surpresa adicional: um piercing digital. Deu o que falar e a revista foi uma das campeãs de vendagem, com 278.422 exemplares comercializados. É pouco se comparado com a campeão absoluta de vendas no país, a edição de dezembro de 1999, que trouxe Feiticeira (Joana Prado) na capa e no ensaio principal - foram mais de 1.247.000 cópias vendidas - mas, enfim, os tempos eram outros. Em 1999 eram poucos os usuários da internet no Brasil e não havia opções de banda larga para usuários comuns - a primeira opção, o Speedy, da Telefonica, foi lançada em São Paulo em 2000.

Dois anos depois do ensaio de Karina Bacchi, comecei a fazer corres. Quando fiquei bom o bastante, coloquei o nome dela em uma lista de celebridades que eu gostaria de conhecer. A oportunidade surgiu em 2016, quando ela anunciou no Instagram que faria um bazar fit para arrecadar fundos para a ONG Florescer. Fui até lá com o Carlos, e conseguimos, muito fácil. Depois, seguimos para o corre do Enforcer.

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