sábado, 30 de outubro de 2010

Sonata Arctica

Sonata Arctica é uma banda que eu queria muito conhecer, mas que não interessava a Kevin. Então, eu não tinha ideia de como descobrir o hotel. Na véspera do show, fui com a Renata em alguns possíveis hotéis, mas não encontramos sinais que indicassem que os músicos estavam em nenhum.

No dia do show, eu estava em frente ao Carioca Club quando a van chegou com a banda. Um único fã solitário tentou aborda-los para conseguir autógrafos em um CD, mas tomou uma naba gigantesca. Todos o ignoraram, como se ele não existisse. Embora eu soubesse que ali não era hora nem lugar, também compreendia que não é todo mundo que faz o que eu faço, e que as oportunidades não são as mesmas. Ele tentou o que estava ao alcance dele.


Quando o show terminou, fiquei em frente ao local, comendo um hot-dog naquelas barracas montadas em dias de show, esperando que algum milagre de última hora pudesse me indicar onde estavam. Mas isso não aconteceu, pois a van com a banda se foi e, com ela, minha esperança.

No dia seguinte, quase meio-dia, recebi uma mensagem da Renata, que disse ter seguido a van de carro, com amigas, e que a banda estava no Estanplaza da rua Funchal. Já era próximo do horário do check-out, então nem arrisquei sair. Mas tomei uma decisão: estava na hora de parar de depender dos outros e descobrir como “a mágica” era feita. Não adiantaria perguntar ao Kevin, pois ele não falaria: ele me dava o peixe, mas não me ensinava a pescar.

Anos depois, quando comecei a fazer corres com o Carlos, descobri o segredo de Kevin: ele não sabia nada, apenas recebia as informações mastigadas. Carlos geralmente encontrava com a banda, conseguia fotos e autógrafos, e somente depois passava a informação para ele ou, então, com uma boa suspeita de hotel, o enviava antes para confirma-la. Kevin era uma farsa! E uma farsa chata!


sábado, 16 de outubro de 2010

Doogie White e Nick Simper

Kevin me convidou para ir atrás de Doogie White e Nick Simper, que fariam uma apresentação no Blackmore. Simper foi o baixista da formação original do Deep Purple. White passou por muitas bandas importantes, incluindo, entre outras, Rainbow, Yngwie Malmsteen, Praying Mantis, Rata Blanca e Michael Schenker Group.

Chegamos ao hotel, mas eles já haviam saído para o show, então caminhamos algumas quadras e conseguimos as fotos em frente ao local. Kevin viu o produtor, Milton (da AWO Production) e foi falar com ele. Que cara legal! Ainda que não precisasse, nos ajudou com as fotos. Ele sabia que não ficaríamos para o show, mas ainda assim nos ofereceu um par de ingressos. Eu tinha algum compromisso, não pude aceitar. Pelo que lembro, Kevin também tinha algo para fazer.

Na volta para casa, conversamos sobre sobre o comportamento de Milton, quase que legal demais para ser verdade. Kevin me disse que era um ótimo produtor, mas possuía um defeito: não trazia bandas para ganhar dinheiro, trazia as que ele era fã e queria assistir ao show ou conhecer os integrantes. Desta forma, trazia artistas com pouco interesse do público, o que resultava em shows quase intimistas, de tão poucas testemunhas que se dispunham a pagar por eles. Isso era bom para nós, pois trazia artistas que outros produtores sequer cogitavam, mas ele, com certeza, amargou grandes prejuízos.

Foi a quarta vez consecutiva que fiz o corre sem ir ao show (antes houve Scorpions, Lacrimosa e Rush), mas também não era grande fã de nenhum desses artistas. Até assistiria de boa um show do Scorpions, mas não fazia muita questão.

Doogie White 
Nick Simper

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Rush

Outra banda que não sou tão fã veio ao Brasil: o Rush. Deca convidou-me para esperar com ela no aeroporto, mas não pude ir porque não daria tempo de sair do trabalho e ir a Guarulhos. Uma pena, pois ela e Bono conseguiram fotos lindas com Geddy Lee e Alex Lifeson.

Neil Peart não desembarcou com eles. Aliás, tudo para ele tinha esquema especial. Nem mesmo ficou no mesmo hotel que os outros músicos. O que ouvi é que ele tinha síndrome do pânico, e que evitava fãs a qualquer custo. Ainda assim, quando a banda foi para o Rio de Janeiro de avião, ele foi de moto, acompanhado por um segurança. 

Kevin tinha um plano para espera-lo na estrada, próximo a Taubaté, com uma faixa com dizeres em inglês, algo como “Neil Peart, pare e tire uma foto comigo”. Ele me chamou para acompanha-lo, mas achei idiota demais para ser tentado. Se o cara não quer atender meia dúzia de fãs comportados na porta do hotel, até parece que pararia para tirar foto com um maluco segurando uma faixa em uma estrada.

A questão é: como Kevin sabia que Neil iria de moto para o Rio? A essa altura, já sabíamos que os seguranças que acompanhavam as bandas eram sempre os mesmos. Conhecíamos todos pelo nomes, mantendo com eles uma relação cordial. Eles não se importavam muito conosco, pois sabiam que não iríamos “causar”, seria apenas foto, autógrafo, e era isso. Um deles, o que acompanhava Neil, comentou sobre os planos de Neil de seguir de moto.

Foi um corre desgraçado e sem grandes resultados. Ficamos na frente do hotel Emiliano por cerca de 14 horas, de manhã até de noite. Era um dia frio, com garoa. No meio da tarde, um dos funcionários saiu do hotel com uma bandeja repleta de copos de café, e nos ofereceu: “A banda pediu para servir vocês”, justificou. O episódio ficou conhecido entre nós como “o café do Rush”.


A banda chegou a São Paulo em uma quinta feira a noite. Na sexta, alguns hunters, como Kevin, conseguiram a foto com Alex. No sábado, dia em que fui, não houve sinal do Alex. De noite, um dos seguranças saiu do hotel para falar conosco: “Geddy está doente, mas ficou com pena de ver vocês aí o dia inteiro. Ele vai atender, mas somente um autógrafo por pessoa e uma única foto com todos vocês”. Foi assim que aquele corre finalizou para mim: uma porcaria de uma foto coletiva. Lamentável, pois a banda nunca retornou. 

Neil Peart, a foto impossível, faleceu em janeiro de 2020. R.I.P.