Sonata Arctica é uma banda que eu queria muito conhecer, mas que não interessava a Kevin. Então, eu não tinha ideia de como descobrir o hotel. Na véspera do show, fui com a Renata em alguns possíveis hotéis, mas não encontramos sinais que indicassem que os músicos estavam em nenhum.
No dia do show, eu estava em frente ao Carioca Club quando a van chegou com a banda. Um único fã solitário tentou aborda-los para conseguir autógrafos em um CD, mas tomou uma naba gigantesca. Todos o ignoraram, como se ele não existisse. Embora eu soubesse que ali não era hora nem lugar, também compreendia que não é todo mundo que faz o que eu faço, e que as oportunidades não são as mesmas. Ele tentou o que estava ao alcance dele.
Quando o show terminou, fiquei em frente ao local, comendo um hot-dog naquelas barracas montadas em dias de show, esperando que algum milagre de última hora pudesse me indicar onde estavam. Mas isso não aconteceu, pois a van com a banda se foi e, com ela, minha esperança.
No dia seguinte, quase meio-dia, recebi uma mensagem da Renata, que disse ter seguido a van de carro, com amigas, e que a banda estava no Estanplaza da rua Funchal. Já era próximo do horário do check-out, então nem arrisquei sair. Mas tomei uma decisão: estava na hora de parar de depender dos outros e descobrir como “a mágica” era feita. Não adiantaria perguntar ao Kevin, pois ele não falaria: ele me dava o peixe, mas não me ensinava a pescar.
Anos depois, quando comecei a fazer corres com o Carlos, descobri o segredo de Kevin: ele não sabia nada, apenas recebia as informações mastigadas. Carlos geralmente encontrava com a banda, conseguia fotos e autógrafos, e somente depois passava a informação para ele ou, então, com uma boa suspeita de hotel, o enviava antes para confirma-la. Kevin era uma farsa! E uma farsa chata!