domingo, 16 de maio de 2010

O falecimento de Ronnie James Dio

O  inesperado aconteceu. Em 15 de maio, diversos sites e tweets anunciaram a passagem de Dio. Wendy Dio, a esposa, desmentiu os boatos no twitter oficial. Aquele era o dia do corre do Napalm Death, cujos integrantes estavam hospedados no Braston Augusta. Leo e Kevin haviam me chamado para acompanha-los, mas a notícia, mesmo falsa, deixou-me suficientemente arrasado para não querer sair.

A confirmação, no dia seguinte, simplesmente tirou meu chão. Acho que nem mesmo quando minha mãe faleceu, alguns anos depois, me senti tão atingido. Toda criança sabe – ou deveria saber – que um dia perderá os avós e os pais, e de alguma maneira se prepara para isso - eu ao menos me preparei. Quando morre alguém  de forma inesperada, no entanto, é totalmente devastador. De acordo com as notícias divulgadas menos de um ano antes, as chances de cura eram boas,  pois a doença foi diagnosticada no início. Como assim, agora ele estava morto?!

Alguns anos depois, Tony Iommi afirmou que Dio já estava doente durante a turnê com o Heaven & Hell, citando algumas situações onde pareceu evidente que as insistentes dores de estômago do vocalista eram mais do que simples indisposição estomacal. Era maio e ele sugeriu a Dio que fosse ao médico, mas o músico postergou até o final de novembro para seguir o conselho.

Kevin me disse que quando abordou Dio, no bar, ele reclamou de dores no estômago, por isso não pediu nada para comer, apenas bebeu. Ou seja, o câncer não foi diagnosticado no início, e nem a morte era tão inesperada. Mas, com as notícias que foram veiculadas na época, criou-se uma falsa esperança nos fãs, todos acreditavam na plena recuperação.

A morte de Dio foi um divisor de águas para mim, me fez repensar sobre alguns conceitos de vida e morte. Até então eu fazia somente os corres das bandas que realmente era fã, tinha os álbuns, conhecia todas as músicas etc. No ano anterior, Kevin me chamou para acompanha-lo em diversos corres que não aceitei, incluindo Jon Lord, Jerry Lee Lewis, Tony Martin, Joe Lynn Turner, Chuck Berry, Vince Neil, entre outros. Ele conseguiu foto com quase todos, e eu poderia ter conseguido também. Até hoje não tenho com nenhum dos citados e com alguns é impossível ter uma segunda chance, pois não estão mais entre nós. Eu já tinha uma bela coleção de fotos com pessoas incríveis e, mais que isso, possuía muitas estórias para contar. Então... Realmente importava não ser fã?! Isso não faz de nenhum deles um músico desqualificado ou incompetente, faz?! Se agora eu tinha a oportunidade de conhece-los, por que não?!

A década que se seguiu foi especialmente devastadora para mim: perdi minha mãe, meus avós, grande parte da família, amigos, conhecidos e muitos, muitos músicos que admirava. Isso criou em mim a consciência de que o hoje é importante, pois o amanhã pode não existir. Embora às vezes eu tenha me ferrado por conta desse pensamento, é assim que conduzo minha vida desde então.


sábado, 8 de maio de 2010

Gamma Ray

O Gamma Ray ficaria no Novotel Center Norte, relativamente próximo ao local do show, Santana Hall. Quando a banda chegou, já estávamos esperando e conseguimos fotos e autógrafos com o baixista Dirk Schlächter e o baterista Dan Zimmermann.

Dirk Schlächter, baixista do Gamma Ray 
Dan Zimmermann era o baterista do Gamma Ray. Ele saiu da banda em 2012

Quando Kevin abordou Kai Hansen, que para nós era a grande cereja do bolo daquele corre, recebeu “deixe-me em paz” como resposta. Mais tarde, Kai se aproximou e desculpou-se, explicando que houve o extravio de uma mala no aeroporto e que estava tentando resolver. Tirou fotos com todos e distribuiu autógrafos.

Kai Hansen, vocalista, guitarrista e fundador do Gamma Ray

Faltava apenas Henjo Richter, que já estava no bar. Quando nos aproximamos, convidou-nos para beber e tivemos uma longa conversa. Na hora dos autógrafos, vexame. Algo aconteceu com a caneta, que vazou toda nas mãos dele. Felizmente não se importou muito e apenas riu da situação. Todos no Gamma Ray são incrivelmente amigáveis. 

Henjo Richter, guitarrista do Gamma Ray

Tivemos também um bônus inesperado: AC (Rüdiger Dreffein) foi baterista de bandas como Running Wild e Lacrimosa, mas atualmente se dedica à produção e gerenciamento de turnês com sua empresa All Access Entertainment. Neste dia, ele trabalhava com o Gamma Ray. O encontramos em diversas outras ocasiões, sempre trabalhando com alguma banda.

AC Dreffein aposentou as baquetas, passando a trabalhar somente com produção e gerenciamento de turnês

Quando o corre finalizou e caminhávamos para o carro, Leo contou que Renata, uma amiga nossa, tinha contato direto com Kai Hansen e sempre falava com ele pela internet, o que achei inacreditável - na época provavelmente era. Hoje em dia sei que é totalmente normal. 

Postei as fotos no Orkut, e outra amiga me chamou no Messenger para contar que, após o show em Manaus, em 2008, Kai Hansen saiu do local como se fosse apenas um fã, atendeu todo mundo e foi comer um “kikão” (hot-dog) com a galera, em uma das barracas montadas por ambulantes para o evento. Consegue imaginar o quão amigável é um dos um dos maiores nomes do Power Metal, senão o maior?!

Carlos contou que, em outra oportunidade, estava conversando com Henjo Richter, que demostrou espanto com a precaução da produtora que os contratou: “O Brasil é o único lugar do mundo que temos um segurança 24 horas”, dando a entender que é um exagero desnecessário. E é mesmo.