Em 1996, o Iron Maiden realizava a turnê The X Factour, a primeira com Blaze Bayley. Seria a terceira vez que eu veria a banda ao vivo. Antes disso, vi em 1992, no Palestra Itália, e em 1985, no Rock in Rio. O ingresso estava comprado, estava tudo sossegado quando, de repente, uma amiga me avisou que Nicko McBrain faria um workshop de bateria em dois horários, para menos de 200 pessoas em cada um.
Imediatamente corri atrás dos ingressos, porque com certeza seria um evento muito concorrido. Minha intenção era comprar para os dois horários, assim eu veria duas vezes, mas quando consegui, um dos horários já estava esgotado. Ainda assim, eu teria a chance de ver de perto meu baterista predileto, e quem sabe conseguir trocar uma palavra com ele, ah que sonho, mal
Imediatamente corri atrás dos ingressos, porque com certeza seria um evento muito concorrido. Minha intenção era comprar para os dois horários, assim eu veria duas vezes, mas quando consegui, um dos horários já estava esgotado. Ainda assim, eu teria a chance de ver de perto meu baterista predileto, e quem sabe conseguir trocar uma palavra com ele, ah que sonho, mal
sabia eu que o futuro me reservava oportunidades muito melhores que essa.
Como eu não tinha câmera fotográfica, pedi uma emprestada para meu avô, pois ele tinha várias. Acho que foi uma péssima ideia, pois apesar de ter câmeras mais novas, ele também era amante de velharias, e me emprestou uma extremamente antiga. Funcionava, mas chamava a atenção de qualquer um por seu tamanho e aparência. De qualquer forma, era melhor do que nada. Se fosse possível conseguir uma foto com Nicko, valeria a pena pagar o mico.
Apesar da proibição, consegui entrar no local com uma filmadora - e lembre-se: em 1996 as filmadoras eram analógicas e utilizavam fitas VHS-C, uma versão reduzida das fitas VHS. Logo, eram ainda maiores do que é uma câmera fotográfica semi-profissional hoje. Exatamente por isso, quase não a utilizei, pois chamaria muito a atenção dos seguranças, sempre atentos para impedir fotos e videos. Fiz apenas uma pequena gravação após o workshop, quando Nicko recebeu os fãs para fotos e autógrafos.
Como eu não tinha câmera fotográfica, pedi uma emprestada para meu avô, pois ele tinha várias. Acho que foi uma péssima ideia, pois apesar de ter câmeras mais novas, ele também era amante de velharias, e me emprestou uma extremamente antiga. Funcionava, mas chamava a atenção de qualquer um por seu tamanho e aparência. De qualquer forma, era melhor do que nada. Se fosse possível conseguir uma foto com Nicko, valeria a pena pagar o mico.
Apesar da proibição, consegui entrar no local com uma filmadora - e lembre-se: em 1996 as filmadoras eram analógicas e utilizavam fitas VHS-C, uma versão reduzida das fitas VHS. Logo, eram ainda maiores do que é uma câmera fotográfica semi-profissional hoje. Exatamente por isso, quase não a utilizei, pois chamaria muito a atenção dos seguranças, sempre atentos para impedir fotos e videos. Fiz apenas uma pequena gravação após o workshop, quando Nicko recebeu os fãs para fotos e autógrafos.
O workshop começou com "Where Eagles Dare", seguida por um solo destruidor. Bem humorado, Nicko bateu um papo com a galera, no esquema de perguntas e respostas. Houveram muitos momentos memoráveis, mas um, em especial, arrancou risadas de todos os presentes, quando, para surpresa geral, Nicko baixou a calça para fingir batucar sentado no "trono" de seu banheiro, quando ainda era um adolescente que sonhava se tornar baterista. Um figuraça! O "show" continuou com músicas como "The Trooper", "Running Free" e "Run to the Hills, além de algumas do novo álbum, como "Man on the Edge", sempre acompanhado pelo público, que "fazia" o som dos outros instrumentos e os vocais. Para mim, foi a realização de um sonho, até porque, como todos os presentes, consegui a sonhada foto com McBrain.
O problema é que eu estavagiava no departamento de contabilidade em uma grande empresa de construção civil, e fui demitido logo depois. Estagiário, como todos sabem, não tem direito algum na demissão, então saí "com uma mão na frente, outra atrás". Isso fez com que eu não tivesse recursos para revelar as fotos. Por mais de um ano, o filme ficou jogado em uma gaveta. Quando revelei, a maioria das fotos havia estragado. Algumas simplesmente se fundiram em outra imagem, resultando em algo confuso de entender. A foto que tirei com Nicko "se salvou", mas ainda assim ficou escura demais.
Menos mal que, doze anos depois, comecei a desenvolver as habilidades que tenho hoje, que me possibilitaram encontrar Nicko em diversas outras ocasiões, então consegui novas fotos, autógrafos e até mesmo conversas memoráveis.
No dia seguinte, após o show, passei com um camarada no Maksoud Plaza, hotel onde o Iron Maiden estava. Inexperientes, não tivemos coragem para entrar, então aguardamos em frente ao hotel por algumas horas, não vimos ninguém e desistimos. Alguns anos se passaram, e conheci alguém que contou que encontrou Steve Harris na fila do McDonalds da Paulista, aquele que existia em um casarão, próximo à rua Brigadeiro Luís Antônio. Por muitos anos, achei que era um mentiroso, que apenas quis contar vantagem. No entanto, a mesma situação aconteceu comigo, em 2019, quando entrei no McDonalds da rua Augusta e, logo à minha frente, estava Michael Weikath, guitarrista do Helloween. Situações como essa podem ser surreais, mas estão longe de ser impossíveis.
1996 foi um tempo em que São Paulo contava com pouquíssimos hotéis capazes de hospedar as grandes bandas. As opções limitavam-se a apenas 3 nomes: Hilton (que era localizado em um prédio redondo próximo à Praça da República), Maksoud Plaza e Della Volpe. Era normal que o hotel correto fosse citado no anúncio do show, que era veiculado em jornais e revistas. Se isso não acontecesse, como os três hotéis eram relativamente próximos, a tática utilizada pelos hunters da época era chamada "via-crucis", ou seja, eles passavam em cada um até descobrir o correto.
Quando conheci Carlos, anos depois, ele disse que deveríamos ter entrado, completando que provavelmente seria sossegado e que ninguém tentaria nos expulsar. Porém, se fosse o caso, havia uma tática para impedir a expulsão: bastava comprar o brunch, um pacote gastronômico comercializado pelo bar do hotel (localizado próximo à entrada principal).
Após pagar pelo brunch, Carlos passava o dia inteiro confortavelmente sentado no bar, comendo e bebendo, enquanto observava a movimentação dos elevadores panorâmicos. Ao perceber que algum integrante descia, já se preparava para aborda-lo. Também era possível ver quando algum integrante entrava no hotel. O brunch garantia que nenhum segurança o colocasse para fora, já que ele tornava-se cliente ao consumir.
Todos os hunters da época conheciam e usavam essa tática, exceto o Mestre, que se recusava a pagar para comer no hotel. Carlos disse que muitas vezes tentou convence-lo a pagar, mas era inútil. "Não é pra comer, Mestre, é para impedir que nos expulsem do hotel". "Não vou pagar porque já almocei e não estou com fome". Desde os velhos tempos, o Mestre já demonstrava ser um idiota. Muitas vezes ele era colocado para fora, exatamente porque se recusou a pagar pelo brunch.
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Observe o anúncio de 1992: Hilton. Carlos, que faz corres desde 1987, confirmou que foi lá que o Iron Maiden ficou |